Crazy escrita por Guardian


Capítulo 22
Um, dois, três tiros


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas novamente pela demora na resposta dos reviews >.< Mas estou postando um capítulo grande para compensar, tudo bem? ó.ò



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– Um... Dois...

Merda...

Antes que o idiota terminasse de contar eu me levantei. O que mais eu poderia fazer?!

– Ora, muito bom, Mello. Muito bom mesmo - ele falou aumentando o sorriso.

Ahhh, se ele não tivesse uma arma!... Eu apanharia do mesmo jeito, mas pelo menos teria a chance de dar outro soco na cara dele e ficaria satisfeito.

...

Eu sou realista, tá legal?

Agora, se eu conseguir manter o monitor distraído por tempo suficiente, daria a oportunidade para Matt e Near fugirem. Quero dizer, daria a oportunidade para Matt puxar Near e fugir, já que o pirralho parecia que tinha paralisado.

Foi isso o que eu pensei, mas... O que aquele idiota está fazendo?!




Logo depois que Mello levantou, se mostrando, eu fiz o mesmo.

Não preciso nem dizer que ele me encarou como se perguntasse "O que você está fazendo, seu idiota?!". Eu sei que foi exatamente isso que ele pensou, eu o conheço bem demais para saber disso. E por conhecê-lo tão bem que eu tenho uma boa idéia do que ele estava planejando.

E eu não ia deixar. Não ia mesmo.

Eu tentei manter uma expressão de desafio, mas independente do que eu aparentava (nem sei se tinha conseguido), eu tremia por dentro. Não tenho vergonha de admitir. Experimente ser torturado e quando achar que vai conseguir fugir e que tudo vai dar certo, o seu cárcere aparece na sua frente segurando um revólver. Se você não ficar com medo, então sinto muito, mas você não é humano.




Esse idiota... Ele não podia ficar quieto escondido não?! E a essa altura Near pareceu "acordar" e levantou, se mostrando também. E agora?!

O monitor lançou um rápido olhar para Near e logo em seguida transferiu sua atenção para Matt, dando um risinho baixo. E o que ele falou me embrulhou o estômago, tamanha foi a minha raiva.

– Hum... Será que eu peguei leve demais com você, Matt? Por que você não se aproxima um pouco mais?

Quem esse imbecil pensa que é?!

Matt não se moveu.

É lógico que ele não se moveu! Por que se moveria?!... Tá certo que o cara tem uma arma, mas...

– Se você não vier eu vou atirar no Mello - ele falou , erguendo a arma e apontando diretamente para mim.

Há! Como se Matt fosse cair nessa chantagem barata de...

...

M-Matt?




Ele acertou em cheio o ponto sensível do Matt.

Ameaçar o Mello para fazer Matt agir como ele quer... Não foi nenhuma surpresa quando Matt deu um passo à frente, trêmulo.

Corrigindo, não foi nenhuma surpresa nem para mim, nem para o monitor. Porque Mello estava parecendo bastante surpreso com aquilo. Só não consigo imaginar como. É um cego mesmo...




– O... Mas que merda você está fazendo, Matt?! Ele que atire em mim se quiser, mas volte aqui!

Tentei segurá-lo pelo braço e fazê-lo voltar, mas ele se desvencilhou sem nem mesmo olhar para mim.

Um caroço enorme pareceu se formar na minha garganta. Medo? Era. Eu não queria, eu não podia deixar Matt se aproximar daquele homem!

Saí do meio do arbusto o mais rápido que consegui e desta vez consegui fazer Matt parar de andar. Puxei novamente seu braço (infelizmente segurei em cima de uma queimadura, fazendo-o soltar um gemido contido de dor) e o fiz virar para o lado, para que ficasse de frente para mim.




Mello me fez parar de avançar, e doeu quando ele segurou por cima de uma das queimaduras do meu braço.

Eu não queria ir até o monitor. É claro que eu não queria, afinal, eu gostava de viver. Mas mais do que isso, eu não queria ir pelo simples motivo de que eu odiava ver medo, tristeza, e qualquer outro sentimento negativo que não fosse a tão conhecida irritação, nos olhos de Mello. E provavelmente esses sentimentos seriam o meu último vislumbre quando Corliss atirasse em mim.

Mas eu não iria correr o risco daquele cara atirar no Mello, e era por esse motivo que eu iria. Complicado? Eu não acho. Eu não queria morrer por causa de Mello e eu morreria por ele. É bem simples de entender.

Mas eu não consegui me mover. Por longos segundos, eu não consegui dar um mísero passo sequer. E nem foi pela mão do Mello ainda no meu braço. Não, foi pelo olhar dele. O olhar que possuía um mudo e apelativo pedido para eu não fazer isso.

Aquele olhar me imobilizou.




Eu também saí de entre os arbustos, um pouco depois de Mello, e ao ir me aproximando deles, fiquei apenas a observar sua muda tentativa de deter Matt.

Apenas por um instante eu desviei o olhar dos dois, um único instante, e a visão com a qual me deparei fez um medo gélido ainda mais forte me invadir. E essa visão foi a do monitor.

Pela primeira vez, Corliss não estava sorrindo. Pela primeira vez, sua máscara serena e despreocupada não estava no lugar. Sua expressão estava fria, e quase denunciava uma grande onda de raiva, e acredite, a mescla de frieza e ódio em seus olhos verdes era a coisa mais assustadora que eu já vi em toda a minha vida.

E este olhar medonho era dirigido à Matt e à Mello.

...

É verdade, ele tinha dito que havia gostado do Mello, não era? Talvez o que tenha causado esta mudança em seu semblante tenha sido a atitude de Mello e a preocupação que demonstrou para com Matt naquela situação.

Possessivo, ciumento e irracional. Características básicas da maioria dos psicóticos.

Eu só vi quando o monitor ergueu mais uma vez a arma, com o dedo indicador prestes a apertar o gatilho.

E antes que eu percebesse, eu me movi.




Foi tudo muito rápido.

Eu senti "algo" em minhas costas me empurrar, e pela falta de equilíbrio e, principalmente, pela surpresa, eu caí em cima do Mello. E foi praticamente no mesmo instante que esse "algo" me empurrou, que eu ouvi o estrondo de um tiro.

O problema era que esse "algo" era o Near. E foi ele que o tiro acertou.




Esse tipo de atitude não combinava... Comigo. Mas esse pensamento só me ocorreu depois que eu já tinha feito.

Quando dei por mim, eu estava empurrando Matt, de modo que ele caísse em cima do Mello, e quase no mesmo instante que eu ouvi o barulho do revólver disparando eu senti uma dor excruciante na minha barriga.

Pude ver pelo canto do olho uma enorme mancha vermelha se alastrando rapidamente pela minha blusa.

Cerrei os olhos, mas antes de fechá-los completamente, acho que vi vagamente as expressões chocadas dos três. É, eu também estava chocado.

Nem senti o impacto ao cair no chão. Na verdade, eu apenas percebi que tinha caído porque pude sentir o cheiro de terra bem próximo do meu rosto.




Eu não acreditava nos meus olhos.

Foi como algo ensaiado. A visão de Near caindo molemente no chão, com sua imagem sempre branca manchada e salpicada de vermelho, fez Matt e eu nos movermos ao mesmo tempo.

Levantamos praticamente juntos, e literalmente partimos para cima do monitor.




Corliss ainda parecia estar em "choque" pelo Near ter levado o tiro; é a única explicação que eu encontro para ele não ter atirado em nós quando corremos até ele.

Na verdade nós também estávamos chocados, mas a raiva gritou mais alto.

Eu nem sentia mais meus machucados, eu nem sentia mais cansaço algum. Apenas raiva.




Concentrei toda a minha força no meu punho e o direcionei direto no estômago daquele nojento pedófilo doente (nem conseguia definir!) monitorzinho de merda. E o punho de Matt fez companhia ao meu.




Socamos ele juntos, mas tudo o que conseguimos foi derrubá-lo no chão e acho que despertá-lo para a realidade.

Ele não parecia satisfeito, nem arrependido. Apenas determinado. Friamente determinado.

Ele levantou antes que Mello e eu pudéssemos acertá-lo mais uma vez.

Mais um tiro.




PUTA MERDA!!!




Mello caiu no chão, segurando a perna ensanguentada, os lábios contraídos e os olhos fortemente fechados, provavelmente tentando se impedir de gritar de dor.

Quando Near levou o tiro, eu fiquei furioso. Agora, quando eu percebi que aquele segundo tiro tinha acertado Mello... Não consigo pensar em nada que consiga definiir o que eu senti. Raiva, ódio, desespero, dor, tudo parece fraco demais para ser a definição certa.

Eu literalmente me joguei em cima do Corliss, o derrubando pela segunda vez. Não importava que ele era maior, mais velho e mais forte do que eu, eu só queria machucá-lo, eu só queria fazê-lo sofrer.

Pressionei minhas pernas dobradas nas laterais do corpo dele, tentei segurar a mão dele que ainda portava a arma, fazendo-a ficar no chão para que ele não pudesse usá-la, e comecei a socá-lo com a minha mão livre.

Um, dois, três socos e ele finalmente revidou. Ele esticou a outra mão dele (que eu também tinha tentado manter presa com a minha perna) e a fechou no meu pescoço com força. Quando me dei conta, eu estava caído no chão e ele estava em cima de mim.

Sua mão aplicava cada vez mais força no meu pescoço. Meus pulmões pediam por ar, minha cabeça girava, minha visão falhava. Eu não acreditava que a última coisa que eu veria na minha vida seria o brilho doentio do olhar daquele monitor que surgiu do nada e do nada acabou com tudo.

Eu não acredito...

...




Merda, eu preciso tirar aquele cara de cima de Matt! Mas a minha perna direita doía demais para sequer permitir que eu me movesse...

– Porcaria... - reclamei baixo, tentando me levantar, e é claro, não conseguindo.

No começo Matt tentava se defender, ele se debatia e tentava afastar o monitor dele, mas agora seus braços repousavam no chão e ele não fazia mais nenhum movimento.

Ele não estava... Ele não podia estar...

CRACK!

Ouvi aquele barulho e pensei o pior.

– MATT!!! - gritei, deixando o desespero finalmente me dominar.

– Afaste-se dele. AGORA! - uma voz ordenou. Uma voz que definitivamente não era a do monitor.

Aquele era...

Foi então que eu olhei melhor para onde Matt e o monitor estavam e eu não consigo descrever o alívio que senti quando percebi que o sangue que escorria e formava uma mancha na terra, vinha do ombro esquerdo de Corliss.

Aquele realmente era...

Virei a cabeça, apenas para confirmar o que eu já tinha certeza. L estava se aproximando lentamente, segurando um revólver, L tinha nos achado, L tinha atirado no monitor maldito!

– Saia. De. Perto. Dele. - L repetiu enfaticamente.

Eu nunca o tinha visto tão furioso assim...

Mas mesmo levando um tiro, mesmo com L apontando uma arma para ele, a expressão do monitor não se alterou. Apenas uma careta de dor, mas ele não desfez a expressão que mantinha e também não saiu de cima de Matt.

Ele não estava planejando resistir, estava?


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Notas finais do capítulo

Eeeeeee... O L APARECEU!!! ^o^/
Eh... Por favor, não me matem pelo estado do trio ó.ò