Á Sua Procura escrita por HopeL


Capítulo 3
II. Estranhos


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários, fico muito feliz por estarem lendo. E já que pediram eu vou postar antes. Espero que gostem.



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Isabella PDV

Fazia uma semana exata que eu estava em casa, e apesar dos avisos, eu me sentia melhor do que eu esperava, conseguia caminhar sem cair e até andar um pouco mais rápido do que o normal. Por um momento me deixei sentir esperança, que logo depois afoguei junto com a depressão que eu tentava evitar.

Eu já saia para fora e via o sol todas às manhãs, me sentindo muito melhor do que antes, parecia que eu estava mais viva, me deixando leve e animada, talvez eu estivesse melhorando de qualquer forma.

O sol estava ao pino quando eu fitei o morro para onde gostava de ir e escrever. Meus pais não iam almoçar em casa e meu irmão estava na escola, me deixando sozinha e sem ninguém para me dizer não. Ri como uma criminosa.

Subi as escadas até meu quarto e vesti um shorts e tênis para a caminhada que era a até o topo. Era época de florescer, e sabia que a macieira estaria cheia de frutos, os mais deliciosos que eu já havia provado.

Caminhei com um pouco de dificuldade até o topo, mas compensou, aquele era o meu lugar, o meu porto seguro, um lugar onde eu poderia imaginar que não estava doente e tinha toda uma vida pela frente.

Sentei-me em baixo da arvore, respirando com dificuldade e com uma maça gigantesca na mão.

Enquanto eu comia fitei a cidade de cima. Era tudo tão cinza, tão apagado, mas mesmo assim era vivo, e eu queria poder voltar a como era antes. Quando todas as manhãs eu saia correndo porque estava atrasada para a faculdade ou quando todas as sextas eu tinha um encontro a noite. Mas isso nunca voltaria, como uma roleta russa, um dia eu corria o risco de ser escolhida, esse dia havia chegado.

Fechei meus olhos e deixei a melanina de minha pele absorver o sol, eu precisava de cor, apesar de ter melhorado nos últimos dias continuava muito pálida e com aparência doentia. Alem do fato de que a sensação do sol em minha pele era deliciosa.

- Quem é você? – a voz masculina perguntou me assustando.

Abri meus olhos e encarei o rapaz não muito longe de mim, me analisando. Levantei-me e o olhei de cima abaixo.

Era alto, pele alva e cabelos de um tom diferente, que eu não conseguia definir a luz do sol. Olhos escuros, como a noite e uma expressão cansada.

- Quem é você? – repeti sua pergunta, sentindo que haviam invadido o meu espaço, o meu lugar.

Ele pareceu ofendido com a minha pergunta e continuou a me encarar, seus olhos começaram a me dar medo, seria um psicopata?

- Vai me responder? – pedi petulante.

Ele era a primeira pessoa estranha que eu conversava a meses, com exceção dos médicos e enfermeiras, e também a primeira pessoa que não sabia da minha historia. Analisei seu rosto com mais atenção, o queixo travado e uma expressão de tristeza, seu maxilar tinha traços forte e o nariz era reto, uma pessoa bonita, não havia como negar, apesar das olheiras.

- Sou Edward e você? – me indagou.

- Muito prazer Edward, sou Isabella, e esse é o meu lugar. – disse a ele com o máximo de educação possível.

- Ah – ele pareceu surpreso -, foi você que escreveu na macieira. – ele disse perdido em pensamentos.

- Foi, mas agora eu preciso ir. – disse já começando a descer, eu não estava forte o suficiente para me socializar com malucos.

Edward PDV

Enquanto a garota descia o morro eu analisei seu rosto em minha mente. Tinha quase o formato de coração, sua pele era tão clara e frágil que eu sentia que poderia rasgar se a tocasse, e seus olhos castanhos era tristes, quase mortos, tudo em contrastes com longos e espessos cabelos castanhos. Seria muito bonita se não fosse tão pálida e não tivesse a aparência tão doentia.

Então era ela a garota da arvore, aquilo era interessante, então porque durante esses seis meses em que eu estive aqui ela não apareceu para pedir que eu me retirasse do “seu lugar”? Será que esta viajando? Não parecia ser tão mais nova do que eu, podia até dizer que tínhamos a mesma idade.

Eu não costumava me concentrar no rosto de estranhos, mas aquela garota não saia de minha mente, principalmente a sua palidez.

Só percebi o que estava fazendo quando realmente o fiz, me levantei e desci atrás dela.

- Espere. – chamei, quando a vi descer lentamente.

- O que foi? – ela se virou. Em seu rosto final gotas de suor marcavam sua testa e seus olhos pareciam ter olheiras maiores.

- Você está bem? – ela não parecia nada bem.

- Não se preocupe, isso é normal. – ela piscou demoradamente, mas quando seus olhos castanhos se abriram e fitaram os meus pareciam desfocados.

Suas pernas pareceram perder as força e seu corpo começou a cair. Rapidamente me aproximei e a segurei.

- Ei, respire. – a peguei no colo e voltei para debaixo da árvore, onde havia sombra.

Ela começou a respirar lentamente, enquanto eu a sentava ao lado da árvore. Sua pele estava mais pálida do que o costume e seus olhos escuros.

- Você está bem? Se alimentou? – perguntei exasperado, sua fraqueza estava me assustando.

- Calma, está tudo bem, isso vive acontecendo. – sua voz estava fininha e sem força.

- Vive? – não pude conter minha pergunta.

- Sim, é uma coisa comum a pessoas como eu. – deu ombros, agora respirando quase normalmente.

Um grande ponto de interrogação surgiu em minha mente. “Pessoas como ela?

- Pessoas como você? – minha boca pronunciou sem ordem.

- Acredito que não queira ouvir minha historia. – ela disse encostando a cabeça na árvore e fechando os olhos.

- Prefiro ouvir a sua a pensar na minha. – disse me sentando ao seu lado.

Ela abriu os olhos e me encarou com descrença, como se eu estivesse falando a mais grave das blasfêmias, ela não conhecia minha historia para reagir daquela maneira.

Não disse nada, apenas continuei ali, perdido no castanho, um pouco mais vivo, de seus olhos misteriosos. Parecia que algo dentro dela se comparava a mim, mas de uma forma muito mais real e profunda. Diferente das outras garotas que eu havia visto durante toda a minha vida, ela não estava toda maquiada, não usava roupas da moda, não, nem ao menos parecia saudável, mas mesmo assim era bela, como um anjo pintado por Da Vince.

Ela parecia não querer falar, talvez pensando se deveria contar sua a vida a um estranho com aparência de lunático, era assim que eu me via, mas mesmo assim, a curiosidade de conhecer sua historia era grande dentro de mim.

Sim, ela era uma estranha para mim, eu também era um estranho para ela, mas havia algo naquela garota de aparência cansada que me intrigava, sem nenhuma outra explicação plausível.

Ela fechou os olhos por alguns segundos e suspirou pesadamente.

- Depois de ouvir minha historia, nunca mais vai reclamar da sua… - ela disse baixinho.

- Conte-me… - pedi.

Isabella PDV

Plumb – Cut

http://www.youtube.com/watch?v=diaHnF-zfEg&feature=related

Olhei para seus olhos, agora, perto, eu podia ver que eram verdes. Ele parecia tão ciente de que sua vida era horrível, em que ponto poderia ser pior do que a minha?

- Há seis meses atrás… eu fui internada em um hospital, depois de um desmaio… - falei muito baixo, ele se aproximou para ouvir e eu senti seu perfume, era masculino e bom.

Respirei fundo por alguns segundos e fitei o chão, arrancando uma erva daninha que cresci em meio à grama.

- De inicio eu não teria nada de grave, mas agora… eu tenho três meses de vida! Fim. – disse com amargura.

Era a primeira vez que eu falava com desprezo do meu próprio destino, mas parecia que ali, perto daquele rapaz que eu só sabia o nome, eu não precisava esconder coisas que eu costumava esconder até de mim mesma.

Ele não disse nada, e eu não levantei meu rosto para olhá-lo. Ficamos um longo tempo em silencio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Eu queria ver se ele tinha pena de mim agora, mas não tinha coragem de levantar minha face, não queria piedade de ninguém, queria ser tratada normalmente, pena só fazia doer mais.

- Eu tinha uma vida perfeita… pai, mãe, irmãs… uma família digna de final feliz… - sua voz soou sofrida.

Levantei meu rosto e percebi que ele me encarava, nossos olhos se prenderam e ele continuou a falar.

- Tudo estava bem, nós tínhamos dinheiro, viagens, felicidade. Mas ninguém desconfiava que meu pai tivesse algo mais… o jogo. – uma lágrima escorreu por sua face.

Sua dor pareceu doer em mim, algo me afeiçoou a aquele estranho, fazendo minha dor se conectar a dele, as fazendo andar de mãos dadas.

- Nós perdemos tudo… o dinheiro, a casa, os imóveis, a felicidade…

Algo dentro de mim pareceu queimar, e meus dedos gelados se aproximaram de suas mãos que ele tinha cruzadas sobre o colo.

- Ele arranjou dividas, milionárias, que mesmo que nós quiséssemos, não poderíamos pagar, e isso assinou nossa sentença de morte.

Meu coração se apertou, ele estava tão sentenciado a morte quanto eu, mas a sua poderia ser evitada, a minha não.

- Agora ele está por ai, contraindo mais dividas… enquanto eu, tenho que cuidar de uma família, fazendo o papel dele! Eu não sou capaz de lidar com isso… - seus dedos se afastaram dos meus e ele cobriu o rosto com as mãos… parecendo uma criança perdida.

- Mas você pode viver… - disse sem tocá-lo.

- Por quanto tempo? – ele tirou as mãos do rosto e seus olhos perfuraram os meus.

Eu posso parecer louco

Ou dolorosamente tímido

E estas cicatrizes não seriam escondidas assim

Se você me olhar apenas nos olhos

Eu sinto solidão e frio aqui

Embora eu não queira morrer

Mas o único anestésico que me faz sentir bem, mata por dentro

- Você não sabe o que eu daria pela simples possibilidade de viver. – disse tocando sua mão.

- Você não sabe o que eu daria para voltar para casa. – ele enlaçou nossos dedos.

- Sua casa esta aqui. – guiei nossas mãos a seu coração.

Ele não disse nada. Seus olhos analisavam nossos dedos entrelaçados, assim como os meus.

- Você é um estranho…

- Mas parece que a conheço. – ele terminou minha frase.

Não disse nada, mais uma vez seus olhos me prenderam, mas eu não me mexi, sabia que deveria ir embora, já estava chegando o fim da tarde e meus pais voltariam logo, ficariam preocupados, mas eu queria encontrar uma maneira de ajudá-lo, Edward parecia ainda mais perdido do que eu me sentia.

- Desculpe-me, não sei o que está acontecendo, não sei o que estou fazendo, mas você parece entender a minha dor, mesmo eu não a entenda! – ele disse ainda fitando nossas mãos!

- Por que faz isso? Por que está dizendo essas coisas a mim? Eu não tenho mais tempo… eu não posso ter amigos… não sem fazê-los sofrer… - disse deixando uma lágrima escapar.

- Acredita em amor a primeira vista? Ou melhor, já ouviu falar em amor a primeira vista? Pois bem, eu estou vivendo… agora… – sua voz saiu rouca e insegura.

- Há quanto tempo me conhece? Dez minutos? Uma hora? Algumas horas? Me viu uma vez, ouviu minha historia mórbida… por favor, não tire conclusões precipitadas.

Eu tentava desacreditar de suas palavras para não dar esperanças a coisas que minha cabeça formava sem ordem.

Sim, eu sentia meu coração balançar por aquele desconhecido que eu conhecia por apenas alguns minutos, mas que sentia conhecer a vida toda, mas isso não era possível ser chamado de amor. Passei a minha vida toda acreditando que amor era algo que se demorava anos pra acontecer, mas agora, ali, diante daquela jovem de olhos escuramente verdes, meu coração batia mais forte e minha mente não raciocinava bem, minhas mãos suavam e eu sentia a súbita vontade de sorrir. Mas não podia ser amor, eu nem ao menos o conhecia!

Eu não sou um desconhecido

Não, eu sou seu

Com raiva aleijada

E lágrimas que ainda gotejam feridas

Como um momento tão triste, num encontro tão dês-convencional, um sentimento tão bonito poderia nascer? Aquilo era impossível, chegando a ser doentio.

Eu não estava à procura de ninguém, mas agora, ali, eu percebia que eu estava à procura dele.

Edward PDV

Ela parecia estar em uma batalha interna, uma que eu vinha participando também.

- Por favor, não tenha as mesmas duvidas que eu tenho, apenas aceite como eu estou aceitando. – apertei seus dedos em volta dos meus e ela balançou a cabeça brevemente antes de levantar seus olhos e mais uma vez encontrar os meus. Parecia que aquele era o nosso ponto de equilíbrio, os olhos, quando nos éramos iguais, e não se necessitava de palavras para explicar.

Eu não queria falar nada, levantei brevemente minha mão e meus dedos circularam as olheiras escuras sobre seus olhos, ainda mais evidentes na pele clara de seu rosto.

Analisei cada detalhe de sua face, decidido a guardar para sempre aquele rosto que eu sentia que só veria uma vez. O rosto redondo quase em forma de coração, os olhos chocolates, o sorriso meigo através dos lábios incrivelmente vermelhos e pálidos ao mesmo tempo, a pele branca e polida, envolta por uma manta de cabelos castanhos, quase negros.

- A morte pode ser apenas mais uma porta… - disse a ela, quase em silencio.

- Mas é uma porta sem volta! – ela rebateu.

- Como pode saber?

- Alguém já voltou para contar? – mais uma lágrima escorreu por sua face e eu a limpei com cuidado, ela não afastou meus dedos de sua face, então acariciei sua bochecha, seus olhos que se fecharam e por ultimo seus lábios apertados em uma linha severa, como se ela segurasse o choro.

- Você precisa que alguém lhe conte para acreditar em algo? – seus olhos se abriram ao ouvir minhas palavras.

- Não acredita que a morte seja o fim? – seu tom era quase desafio.

Eu tentava entender como um simples encontro de desconhecidos estava se tornando algo tão importante em minha vida, mas o principal, eu queria entender como meu coração poderia bater tão forte e não parar de repente.

- Eu acredito que nada tem fim. – me aproximei mais dela, meus lábios formigavam pelos seus.

Nunca havia sido um homem romântico, não me criaram desta forma, mas ali, ao lado dela, tudo o que importava era ela acreditar em mim, custe o que custasse. Queria que ela acreditasse no amor inesperado que surgia e se espalhava em meu peito, como uma chama na grama seca.

- Meu coração bate tanto que eu seria capaz de apostar que ele pararia a qualquer momento, eu amo você. – disse com meu rosto muito próximo ao seu.

- Você não pode me amar. – ela disse virando o rosto e fitando o horizonte que escurecia aos poucos.

- Por quê? – a dor era palpável em meu tom.

- Eu… eu estou morrendo Edward! – ela se levantou e caminhou até a beira do penhasco.

- Eu também estou. – me levantei e caminhei até ela, ficando á suas costas.

- Não transforme minhas palavras Edward… você entendeu… - respirou profundamente e se virou, ficando de frente para mim e muito próxima – eu não posso… não há futuro…

Peguei sua mão e trouxe ate meus lábios.

- Pense no agora… - beijei seus dedos.

Ela fechou os olhos, sucumbindo a meu pedido, me aproximei e falei baixinho em sua orelha.

- Eu posso te beijar Bella? – minha voz era um sussurrou rouco, mas ela pareceu entender muito bem, sem abrir os olhos assentiu em silencio enquanto uma lágrima escorria por sua face.

Depois de muito tempo eu senti medo ao me aproximar de alguém, medo de não ser o suficiente para ela. Minhas mãos suaram ainda tocando a suas mãos geladas. Virei meu rosto, roçando meus lábios em sua bochecha enquanto me aproximava dos seus. Ela respirava com calma, e eu senti o gosto de suas lágrimas salgadas em minha boca. Não havia pressa naquele momento, só o momento, que acontecia de forma mágica, banhado pelas primeiras estrelas da noite.

Acabei com os poucos centímetros entre nossos lábios, os unindo com carinho. Ela parecia ter sido projetada para mim. Meus braços enlaçaram os seus em meu pescoço e logo depois eu a segurei pela cintura a puxando para mais perto.

Sua boca se abriu recebendo minha língua com carinho, um gemido escapou de meus lábios ao mesmo tempo em que os dela.

O beijo inseguro se tornou exigente, enquanto seus dedos acariciavam minha nuca, mas mesmo a necessidade que sentíamos um pelo outro não tirava a delicadeza de como seus lábios se moldavam aos meus.

Os minutos passavam e eu não sentia a mínima necessidade de me afastar dela, mas o ar era algo completamente inevitável. Separei minha boca da dela e respirei com dificuldade assim como ela, deixei nossas testas unidas, ainda estava de olhos fechados.

- Eu… - ela balbuciou, mas um de meus braços soltou sua cintura, posicionando um dedo sobre sua boca.

- Não preciso ouvir suas palavras… - minha voz parecia viva depois de muito tempo – o som de seu coração é mais do que o suficiente. – ela sorriu levemente.

- Você percebe o que estamos fazendo Edward? – sua voz era baixa, se adaptando a escuridão que tomava o local.

- Eu estou lutando por algo que nunca esperei sentir… - disse a ela, abri meus olhos sentindo a confusão em minha face.

- Você consegue entender que me terá por apenas um dia? – ela fez uma expressão de dor.

- Não importa o tempo, só o sentimento. – respondi tentando lutar contra a dor em meu peito.

- Eu tenho medo… - ela murmurou olhando para o chão.

- Do que? – pedi levantando o seu queixo.

- De morrer amanha. – seus olhos prenderam os meus.

- Então aproveite o hoje. – disse selando seus lábios mais uma vez.

Isabella PDV

Nós estávamos deitados sobre a árvore, seus braços envoltos em mim e sua jaqueta nos servindo de cobertor. Ele me fazia perguntas esporádicas e beijava meus cabelos com freqüência, fazia muito tempo que eu não me sentia jovem daquela maneira.

- Faça algo por mim depois desta noite. – eu pedi e me sentei olhando para ele com um meio sorriso.

- O que? – me perguntou, visivelmente abalado por tudo o que eu havia contado, por minhas percepções, por minha maneira de encarar a vida ou o fim dela, por melhor dizer, abalado também pela facilidade com que eu enfrentava tudo aquilo que acontecia ao meu redor.

Muitas vezes o senti prender a respiração enquanto eu respondia suas perguntas… principalmente quando a pergunta rodava em torno de minha doença.

- Viva, viva o que eu não posso viver. Saia, divirta-se, namore, conheça as pessoas que eu não vou conhecer. Minha vida está acabando, mas a sua está só começando. Gosto de pensar que você será feliz por mim. – sorri e toquei sua mão.

Eu estava fraca, e estava difícil respirar, eu estava realmente cansada sem nenhum motivo aparente, mas ainda assim sorri para ele.

Ele engoliu seco ao ouvir minhas palavras.

- Eu não posso ser um jovem normal… - murmurou fitando o chão.

- Por quê? – sorri pra ele e toquei seu rosto. – Você pode e deve Edward, não deixe que os erros de seu pai estraguem sua vida, corra atrás de seu futuro e leve suas irmãs e sua mãe com você… eu sei que pode. – me aproximei e beijei seus lábios.

- Eu me sinto impotente… - ele murmurou e uma lágrima escapou. – eu quero salva-las… mas não sei se posso…

- Eu sei que pode… vai encontrar uma maneira. – me arrumei em seu colo e enlacei seu pescoço, enquanto ele pegava minha cintura e me puxava mais para perto.

O silencio se instalou entre nós, e só agora eu percebi como o tempo havia passado. O sol nascia no horizonte, meus pais deveriam estar desesperados.

- Edward, eu acho que nosso tempo acabou. – sussurrei contra a curvatura de seu pescoço.

- Você quer que acabe? – ele me pediu, sem nem ao menos se mexer.

- Você sabe que eu não tenho essa escolha. – murmurei.

- É, eu sei. – suspirou pesadamente e levantou meu rosto para olhar meus olhos.

Por um segundo eu senti que poderia ler sua mente, através daqueles olhos verdes, que agora pareciam mais claros, eu via o príncipe que minha mãe contava nas historias de minha infância, mas agora que eu havia encontrado, não poderia ter o meu final feliz, pelo menos eu não… mas ele.

- Nunca vou esquecer-me de você… de cada detalhe de seu rosto, da cor dos seus olhos… do som da sua voz. – ele murmurou.

- Eu vou cuidar de você, onde quer que eu esteja. – selei seus lábios.

- Meu anjo da guarda, ainda vou encontrá-la.

Nenhuma outra palavra foi dita, apenas mais um beijo intenso, o último.

Nós descemos o morro em silencio, de mãos dadas. Seus olhos fitavam o horizonte, enquanto eu aproveitava os últimos minutos para memorizar seu rosto angelical. Só então eu percebi, era por ele que eu ainda estava viva, eu precisava conhecê-lo antes de partir, para ter alguém de quem cuidar.

Nós paramos diante do portão dos fundos de minha casa e ele selou meus lábios uma ultima vez.

- Eu te amo. – pronunciou singelamente.

- Te amo. – murmurei, sentindo algumas lágrimas fugirem.

Depois de beijar meus dedos com cuidado ele partiu, olhando para trás, enquanto eu entrava pela porta, perdendo a visão de meu anjo humano.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu amo esse casal, apesar de eles não serem muito felizes.

Bom, eu mereço um comentariozinho? *cílios*

Se gostaram indiquem aos amigos, se não gostarem... ah, indiquem também :D

Beijos, até o próximo capitulo.