“Você levou meu coração

Me enganou desde o começo

Você me mostrou os sonhos

E eu desejei que eles se tornassem realidade

Você quebrou a promessa e me fez perceber

Que tudo não passava de mentira.”

Within Temptation - Angels

             No caminho de casa, o Conde então soube o que realmente estava acontecendo. Marcus Windsor não queria que ficasse perto de Isabella, por isso havia terminado as negociações antes do prazo.

            Marcus sabia que estava definitivamente apaixonado por Isabella Windsor.

~~

            O tédio estava consumindo-a dos pés a cabeça. Como Marcus poderia ter feito aquilo com ela? Por Deus! Precisava de ar puro...

            “Você não irá sair deste quarto enquanto não estiver curada, senão trago-a a força senhora”

            Essas foram as palavras do Barão há alguns dias atrás.

            Isabella já estava se recuperando, não estava mais pálida como antes e nem cansada. Gostaria muito de sair daquele inferno pessoal e poder ver como seu Conde estava.

            Seu Conde?, ela riu internamente com esta ironia.

            Uma profunda tristeza atingiu-a por completo. Estava confinada a morrer ao lado de seu marido... um marido que não amava.

            A porta do leito abriu-se e uma das criadas entrou – Mademoiselle, a jovem Alice deseja vê-la.

            Alice era a única que podia visitar Isabella e deixa-la por dentro dos assuntos do Moulin Rouge. Mas tudo com muito cuidado, Marcus não poderia nem sonhar que a jovem Alice era uma cortesã.

            - Deixe-a entrar – respondeu animada, Alice era como o seu jornal matinal.

            A criada se abaixou numa reverência e então a jovem entrou pela porta e saiu correndo para abraçar Isabella.

            - Minha querida Isabella – Alice sussurrou.

            Isabella a abraçou com força, por Deus... aquela menina lhe era tão especial.

            A criada deixou-as a sós e fechou a grande porta do aposento luxuoso. Alice admirou a vista que seu aposento lhe dava, claro... podia ver de longe a torre do Moulin Rouge.

            - Por Deus Alice! Conte-me as novidades... – Isabella rugiu – Estou aqui trancafiada em meu calabouço luxuoso!

            Alice jogou a cabeça para trás e gargalhou.

            - Bom, não tenho muitas novidades... mas acho que se a senhora estiver melhor... teremos uma grande festa em Paris!

            Os olhos de Alice brilharam em satisfação, ela verdadeiramente adorava uma festa.

            - Bom... de quem esta vez?

            Alice revirou os olhos – Seu marido não lhe contou?

            - E você acredita que ele ache que sou competente para saber de algo? – Isabella cuspiu as palavras sentindo nojo de Marcus.

            - Bom, é de seu irmão mesmo – Alice confessou – Ele está preparando algo belíssimo!

            O rosto de Isabella se iluminou, de fato poderia ver seu Conde.

            Alice continuou sua explicação. – Bom, na verdade será um Baile para promover a eleição de algum cidadão de Paris... sabe como são esses homens...

            - Toda Paris foi convidada? – Isabella perguntou atônita.

            Alice balançou a cabeça – Não e sim... eles convidaram a alta sociedade é claro, mas também deixaram alguns convites para os plebeus – ela riu – E eu me encaixo nessa dos plebeus então eu vou!

            Isabella riu, praticamente era a primeira vez que ria depois de seu estado. – Você me parece muito animada para este baile... precisamos lhe comprar algo para vestir.

            Os olhos de Alice brilharam – Eu tenho outra coisa para lhe contar...

            - Pois então me conte, oras... – Isabella revirou os olhos impaciente. Ver toda aquela excitação de Alice lhe deixava com a pulga atrás da orelha.

            - Bom, saiba que o seu Conde continua indo ao Moulin Rouge viu... – ela riu enquanto viu o rosto de Isabella inchar e ficar vermelho – E levou o Jasper também...

            - Jasper é o primo, certo?

            Alice balançou a cabeça e certa vergonha lhe atingiu.

            Bella olhou-a descrente – Ande Alice, conte-me a verdade! – exigiu autoritária.

            A jovem encolheu-se aonde estava e com o rosto corado resolveu contar a verdade.

            - Ele se deitou comigo...

            O rosto de Isabella só não foi ao chão porque não tinha como. Se fosse qualquer jovem que Alice tivesse levado para o aposento tudo bem, mas Jasper? Isabella sabia muito bem que Alice nutria sentimentos por aquele jovem e que isso poderia ser perigoso.

            - Você não tem juízo, Alice? – Isabella perguntou após longos minutos de silêncio.

            A jovem suspirou por um segundo e voltou seu olhar à mulher a sua frente.

            - Eu o amo Baronesa... eu estou perdidamente apaixonada por Jasper...

            Novamente o rosto da Baronesa não foi ao chão porque não tinha como. O que diria a menina? O que poderia dizer à ela quando passava por uma situação semelhante.

            - Alice...você não pode amá-lo – disse com a voz baixa.

            A pequena jovem a sua frente olhou-a com descrença e o seu sentiu seu sangue ferver.

            - Como não posso amá-lo? Não é porque sou uma cortesã que tenho que deixar de amá-lo minha senhora! E a senhora não pode dizer absolutamente nada mediante o relacionamento esquisito que mantém com o Conde Cullen!

            Isabella olhou-a com raiva – Mantenha-se em seu lugar, Alice!

            A jovem respirou fundo e as lágrimas começaram a rolar por seu rosto. Como gostaria de ter nascido em uma família de bem, mas não...fora abandonada quando ainda era um bebê e vagou durante anos procurando por alguém que pudesse cuidar de si.

            - Perdoe-me Alice – Bella suspirou e chegou mais perto da jovem. Passou uma das mãos no rosto da menina e secou suas lágrimas. – Eu realmente não posso lhe dizer nada... ainda mais que...

            Alice olhou-a de esguelha. – Por mais que o quê?

            Isabella suspirou. – Ainda mais que eu descobri que eu estou apaixonada por Edward Cullen.

~~

            Edward tentava tocar algo no piano enquanto seus pensamentos vagavam longe. Sua viagem de volta para casa estava perto, porém não queria ir.

            Respirou fundo e deixou as notas de lado e resolveu fumar um charuto, sentia falta dela... sentia falta de Isabella, sentia falta de fundir seu corpo no dela.

            Sentou-se na poltrona da grande sala aonde Emmett recebia seus convidados. Nesta manhã o Barão resolvera sair para ver algumas terras e Edward lhe dera uma desculpa de que não se sentia bem.

            Edward tentava pensar em outra coisa quando viu a esposa de Emmett se aproximando, ela fechou as portas da sala.

            - Olá Conde, como o senhor está? – perguntou animada.

            O Conde lhe sorriu – Estou bem...

            Rosalie percebeu que algo estava errado com Edward, ele sempre parecia tão animado e confiante, porém nesta manhã parecia que estava sofrendo com algo.

            - Está sentindo falta dela? – Rosalie perguntou baixo, porém o Conde olhou-a aturdido.

            Antes que pudesse pronunciar algo a mulher se aproximou dele e sentou a sua frente.

            - Eu estou falando de Isabella... eu sei muito bem o que acontece entre vocês...

            O Conde continuou sem fala por alguns segundos, até que depois relaxou e soltou uma gargalhada.

            - Não tenho idéia do que a senhora está falando...         

            Rosalie o olhou com a cara fechada – Por favor Edward, Isabella não me conta o que acontece em sua vida, mas eu sei de tudo... eu a conheço a muitos anos e ela não consegue me enganar... – ela sorriu – Não se preocupe eu não irei contar para ninguém, Isabella é como uma irmã para mim e bem... eu não quero que ela sofra mais do que já sofreu...

            Mas que diabos era aquilo? Edward se perguntou. Do que ela estava falando? Seria do seu caso com a Baronesa?

            Resolveu arriscar.

            - Mademoiselle... do que a senhora esta falando exatamente?

            Rosalie riu, gostou de ver a expressão de surpresa de Edward. Ela levantou-se e foi até o piano... tocou algumas notas.

            - Isabella e Sophie Lestrange tem algo em comum, não acha? Elas são muito parecidas... – Edward congelou mediante aquelas palavras – Bom, o senhor tem um caso sério com Sophie Lestrange pelo que sei... e eu vejo como vocês se olham nos bailes... e eu sei que vocês dois se amam... – ela finalizou, deixando o Conde com o rosto por terra.

            Ele se levantou aturdido, Rosalie poderia dizer para Emmett e aí sim tudo iria para o espaço.

            - Por favor, não conte a ninguém!

            A jovem sorriu – Já lhe disse que não contei e nem contarei a ninguém, Isabella é como uma irmã... e se o que ela faz a deixa feliz, o que eu posso fazer?

            O Conde passou as mãos nervosamente pelos cabelos e dirigiu-se ao pequeno bar “particular” de Emmett, precisava de um conhaque.

            Rosalie tocou mais algumas notas e suspirou – Eu gostaria de vê-los juntos... mas acho que seria impossível com Marcus e ainda a sua mulher Tânia.

            - Estão falando de mim? – a voz irritante e estridente ecoou pela sala, aonde o Conde mantinha-se com o olhar perdido e com um copo de conhaque na mão e Rosalie sentada tocando algumas notas.

            - Olá Tânia, estávamos falando sobre como Edward é apaixonado por você!- Rosalie disse em tom de brincadeira, o Conde entendeu e revirou os olhos enquanto Tânia enchia o olhar de alegria.

            - Eu sei disso Baronesa – Tânia exclamou. – Vim avisar sobre os preparativos de sua grande festa.

            Rosalie sorriu e levantou-se do piano. – Certo, vamos até a biblioteca.

            Tânia acompanhou Rosalie e Edward suspirou aliviado. Estava devidamente preocupado. Rosalie já sabia do caso que ele e Isabella tinham e ainda sabia do segredo do Moulin Rouge... era muita informação para digerir.

            - Primo! Eu estava lhe procurando! – a voz de Jasper tirou o Conde de seus devaneios.

            - Jasper, o que há? – perguntou.

            O jovem loiro entrou pela porta e sentou-se em frente ao seu primo. Os olhos estavam vermelhos e seu semblante estava caído.

            - Por Deus Jasper, o que aconteceu? – O Conde estava preocupado já com aquilo tudo quando Jasper caiu aos seus pés e lágrimas rolaram por sua face.

            Edward ficou em silêncio para esperar que o menino recuperasse o fôlego e lhe contasse o que havia acontecido.

            - Meu primo! – ele exclamou – Eu fui enganado!

            Edward arregalou os olhos, por Deus... alguém fez algo para o jovem e ele mataria o filho da mãe!

            - Diga-me logo Jasper!

            Ele fungou e recomeçou – Ela... a jovem do Moulin Rouge e Alice são as mesmas pessoas!

            Edward arregalou os olhos em pânico, por Deus, o que estava acontecendo? Contou até dez mentalmente e se amaldiçoou por ter deixado Jasper a vontade na casa de perdição.

            - Jasper, deve ser coisa da sua cabeça... por Deus!

            - Não primo! – ele exclamou – Eu a vi saindo de lá... ela nunca quis me contar aonde morava então eu a segui e a vi entrando naquele lugar e eu sei que é ela!

            Realmente era ela, pensou o Conde. E agora o que faria com Jasper? Ele parecia tão apaixonado por aquela mocinha...

            - Jasper, você a ama? – perguntou enquanto colocava uma mão no ombro do rapaz.

            Não precisava nem desse tipo de pergunta, ele sabia qual era a resposta... mas precisava ouvir do rapaz.

            - É claro meu primo, eu não teria entregado a minha virgindade à ela se não a amasse.

            Os olhos de Edward se arregalaram mais ainda.

            - Quando você se deitou com ela já sabia que ela era uma cortesã?

            Jasper balançou a cabeça afirmativamente.

            - Eu não sei o que você vai fazer sobre isso primo, nós estamos indo embora de Paris daqui umas duas semanas e eu não quero vê-lo sofrendo... você está se preparando para ser alguém de bem assim como eu – Edward suspirou – Eu o quero um grande homem e talvez uma mulher irá atrapalha-lo neste momento...

            - Eu não quero amá-la primo.. mas não consigo esquecê-la desde o primeiro dia em que a vi – ele resmungou.

            Edward suspirou e veio a sua memória sua situação com Isabella, era da mesma forma... mas diferente ao mesmo tempo. Jasper se quisesse poderia tirar Alice da vida e casar-se com ela, mas Edward não podia, afinal ela era uma mulher casada e ele também.

            - Jasper, infelizmente o coração não escolhe quem vai amar...

            O jovem ergueu os olhos para o Conde e viu que o que ele dizia era sincero e se perguntou se estava apaixonado por alguém proibido.

            O conde respirou fundo e continuou vago com seus pensamentos, realmente a vida não valia nada.

~~

            Marcus Windsor espreguiçava-se enquanto se enrolava mais perto de Tânia. Ultimamente ela estava sendo sua diversão, já que sua mulher o ignorava completamente.

            - Hoje será o Baile, não vai liberar Isabella de sua prisão pessoal? – a mulher riu em deboche. O Barão respirou fundo, por mais que quisesse fazer mal à sua mulher, algo dentro de si não deixava.

            - Preciso liberá-la... – ele resmungou passando uma mão nervosamente por seu cabelo longo.

            Tânia revirou os olhos, por ela, ele a deixava trancada o resto da vida.

            - Preciso ir embora, Barão – Tânia resmungou – Edward deve estar me procurando e eu saí com a desculpa de comprar algum vestido novo para o baile.

            O Barão sorriu – Vá depressa, não deixem que a vejam.

            Tânia pegou suas roupas e as vestiu e rapidamente se retirou do aposento do Barão Windsor. Ele respirou fundo e decidiu ver como sua esposa estava e liberá-la para comprar algo para vestir no baile.

            Isabella estava no quarto lendo um livro quando viu a porta sendo aberta e seu marido entrando.

            - Olá... – ele murmurou, recebendo de volta o olhar gelado de Isabella.

            Ela respirou fundo e continuou intrigada com os passos de seu marido. Ele se aproximou e sentou ao lado dela no leito.

            Passou a mão na face lisa de Isabella e aspirou o cheiro de perfume de rosas. Ela pegou sua mão e a retirou do seu rosto com brusquidão.

            - Você está liberada, creio que já esteja melhor... – o Barão disse suspirando – Vá e compre algum vestido novo... teremos um Baile esta noite e quero você apresentável e não com essa face doente.

            Isabella sorriu, finalmente estaria livre de sua gaiola de luxo.

            - Obrigado, Marcus. – murmurou baixo.

            O Barão assentiu e saiu do aposento, deixando Isabella feliz por poder sair e sentir o ar fresco de Paris.

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http://www.youtube.com/watch?v=E2uOGOqIyC4

            A grande mansão dos Cullens estava cheia, pessoas de todos os lugares de Paris haviam comparecido. Ao fundo uma orquestra tocava uma das obras de Vivaldi, natural de Veneza.

            Rosalie estava satisfeita ao ver sua mansão cheia, ela adorava festas.

            Os homens como sempre conversavam animadamente sobre os negócios e a política local. As mulheres por sua vez, algumas dançavam com jovens senhores e outras arriscavam algumas apostas nas mesas de jogos, assim como sua cunhada, Isabella.

            - Eu estou ganhando Rosalie – Isabella disse radiante – Já vejo que vou vencer todos os senhores, meus amigos.

            E assim eles riam, bebiam e apostavam.

            Marcus se juntou á alguns de seus amigos para uma conversa branda sobre os negócios, junto dele estavam Emmett e Edward.

            - Mas as coisas estão boas, são esses sensacionalistas que querem colocar tudo a perder! – Emmett disse exasperado – Meus amigos, mais uma rodada de bebida?

            Uma das criadas lhes serviu uma taça com um bom e puro vinho.

            - Sua mulher adora mesmo jogar, Marcus – Charles, um dos amigos ricos comentou. Todos eles viraram o olhar para onde Isabella estava passando a perna nos senhores que jogavam com ela.

            - Minha irmã – Emmett revirou os olhos como se desaprovasse a atitude da irmã – ela realmente não muda.

            Marcus não dizia nada, porém olhava atentamente para o Conde Edward que não tirava os olhos de sua mulher.

            A Baronesa mesmo distraída desviou o olhar e seus olhos se encontraram com os dele. Ela sentiu um calafrio percorrer seu corpo e lhe deu um sorriso singelo.

            Edward acenou com a cabeça, discretamente, pois tinha consciência que seu marido os observava.

            - Ela realmente é uma linda mulher – Marcus comentou, observando a reação do Conde.

            Edward se sentiu desconfortável, mas concordar com ele não seria errado, seria? Com um sorriso maléfico nos lábios virou seu olhar para Marcus.

            - Ela é linda, jovem... atraente e tudo mais o que o senhor quiser acrescentar, Barão.

            A boca de Emmett e dos outros senhores só não foi ao chão porque não havia como. Emmett ficou aturdido, como Edward poderia dizer algo assim à Marcus? Ele era um ciumento descontrolado e por Deus...!

            Emmett deu um risinho sem graça e puxou seu amigo pelo braço – Mas que diabos foi aquilo?

            Edward bebericou um gole de sua bebida despreocupado – O que você está falando Emmett?

            O jovem Barão arregalou os olhos em alarme – Por que diabos você disse aquilo a Marcus?

            Edward revirou os olhos – Ele disse que sua irmã era linda e eu só confirmei oras... ele é um homem de sorte afinal! – Edward levantou a taça e sorriu para Emmett.

            - Pelo amor de Deus não quero confusões em meu Baile, controle-se com seus comentários Edward...

            Edward revirou os olhos novamente enquanto via o jovem Barão se afastando, ele era louco de dizer aquelas coisas, sabia. Mas eram a realidade... então não poderia deixar de dizer a verdade doa a quem doer.

            Então novamente ele desviou seu olhar para a Baronesa que o olhava atentamente da parte de baixo da escada. Ele sorriu e levantou a taça mostrando claramente suas intenções devastadoras.

Continua...