“Eu sou forte o bastante é o que sempre disse a mim mesma

Eu nunca quero ou preciso de mais alguém

Mas eu já caí daquela colina

Então, eu estou baixando a guarda, aqui está sua chance no meu coração.”

            Ninguém soube dizer o que havia acontecido, somente viram quando Madame Lestrange despencava do alto do balanço sem nenhuma explicação.

oOo

            - Senhor Cullen! o senhor não pode entrar, o médico está verificando o que está acontecendo com Madame Lestrange! – Alice o advertiu, impedindo o homem a sua frente de entrar no aposento onde Isabella se encontrava em total repouso.

            O Cullen respirou profundamente contando mentalmente até dez para não mandar aquela moça sair da frente e entrar com tudo naquele aposento.

            - Por favor Alice... sei que o médico está examinando-a, mas creio que ela irá se sentir melhor se eu estiver junto a ela neste momento...

            Alice mordeu o lábio inferior, afinal não podia revelar ao Conde que Lorde Denali já estava ali, senão seria uma confusão na certa.

            - Olha aqui moça – continuou Edward já exaltado – Se não me deixar entrar, eu vou entrar do mesmo jeito! – e assim, como o homem turrão que era pegou sua bengala e abriu o quarto, deparando-se com Lorde Denali sentado lendo um livro.

            - Mas o que é que está fazendo aqui, Denali? – Edward já partira pra cima do Lorde, quando Alice entrara no meio.

            - Parem já os dois! – Alice disse – Senão terei que expulsar os dois daqui!

            Edward bufou indignado, era terrível ter que olhar para Denali depois de tudo, ainda por cima sempre atrapalhando a sua vida. Agora, queria atrapalha-lo com Isabella.

            Teve que se conformar em ficar naquele lugar com o homem olhando-o com escárnio.

            O médico ainda demorou um pouco para verificar o que havia acontecido com a jovem, e enquanto isso os dois senhores continuavam sentados nas poltronas, pensando em suas próprias vidas.

            Rupert Nolan, esse era o nome do médico que cuidava de Isabella, ou melhor dizendo, cuidava de Sophie Lestrange, afinal ninguém aceitara cuidar de uma cortesã cuja máscara lhe protegia de ser reconhecida. Somente Rupert, que um dia recebeu a proposta e como era novo, aceitou sem delongas.

            Ele pigarreou para os senhores que estavam sentados e para a moça que olhava aflita para ele.

            Edward e Denali levantaram-se num átimo. – Então doutor... o que há? – Edward perguntou.

            O homem barrigudo coçou a cabeça e pensou por alguns segundos antes de responder.   - O quadro de madame Lestrange parece ser grave, mas pelo que ouvi das bailarinas ela não estava tendo nenhum sintoma ou algo parecido...

            Eleazar respirou fundo – Então, o que pode ser?

            - Talvez seja um estresse que lhe causou a perda da voz e o desmaio...

            Alice pigarreou – Talvez... e ultimamente andam lhe deixando muito nervosa – a moça alfinetou o Conde e o outro senhor que a olharam sem graça.

            - Mas isso vai passar? – Edward perguntou.

            O médico olhou para a jovem estirada sobre o leito e suspirou – Espero que sim... temos que analisar o quadro clínico dela com o passar dos dias... para ver se vai ter mais alguma crise. – o homem pegou um papel e caneta e fez algumas anotações entregando em seguida para Alice – Dê este chá para ela, vai fazer a voz voltar ao normal e o sangramento parar.

            - Sangramento? – Alice perguntou alarmada.

            - Sim, houve um sangramento... nada com que possam se preocupar, talvez tenha forçado a voz.

            - Doutor, agradecemos a sua vinda e espero que volte aqui para ver o que há com a nossa Sophie – Alice estendeu a mão e cumprimentou a do médico, logo em seguida Edward o acompanhou até a saída.

            Edward segurou a porta e com raiva fechou os punhos – Denali, o que ainda está fazendo aqui?

            O Lorde riu – O mesmo que o senhor Conde.

            - Eu quero que pegue tuas coisas – Edward lhe jogou seu paletó e com tom autoritário lhe advertiu – e quero que saia daqui, agora!

            Lorde Denali olhou para o Cullen – E o que vai me fazer sair daqui? Edward, você sabe muito bem que pode ter tido suas aventuras com Sophie, mas ela pertence a mim!

            Edward teve que rir mediante aquela balbúrdia. – Denali, ela não pertence a você, sabe porque? PORQUE ELA NÃO É NENHUMA ESCRAVA!

            E assim abriu a porta – Ou terei que avisar Tânia sobre seu pai estar traindo sua mãe com uma cortesã?

            Denali mordeu os lábios apreensivo. – Edward, você sabe que há muito mais do que isso.

            - Eleazar, eu sei que você me deve muito mais do que eu à você... e que se eu for cobrar, você fica sem um tostão!

            O homem sentiu que não poderia vencer Edward, afinal tinha sua vida ligada a dele de certa forma... e que se não fosse o Conde, não teria porcaria alguma e talvez até sua filha precisasse ser vendida para lhe perdoarem algumas dívidas.

            E foi por esse motivo que decidiu se retirar – Edward, eu ainda terei você em minhas mãos e você irá me pagar muito caro por isto!

            Edward fingiu não ouvir aquela ofensa e soltou a porta para que batesse na face de Lorde Denali.

            Alice viu tudo aqui com a boca aberta, não sabia que o Conde exercia tanto poder, até mesmo com o Lorde Denali. Respirou fundo e viu quando o jovem se aproximou de Isabella, que mais parecia estar morta do que dormindo. Viu quando ele com cuidado retirou sua máscara e a cobriu para que não sentisse frio. Viu quando ele pegou o pedaço de pano que estava numa vasilha com água e passou por sua testa.

            Alice respirou fundo e percebeu aquilo que estava difícil para Isabella perceber. O Conde havia se apaixonado por ela!

            Ele a tratava com tal cuidado que ninguém nunca jamais lhe tratara antes! Algo que ninguém poderia explicar, por que somente ela estava vendo.

            Isso explicava o motivo de Edward arrancar para fora um pervertido como Denali, explicava o porque de Isabella receber tantas jóias e presentes... Explicava por que ele se dizia o único!

            - Senhor Cullen, pode deixar que eu mesma cuido dela...

            O homem rapidamente segurou forte o pano e olhou para Alice como se ela fosse uma estranha – Não! Eu mesmo farei isso!

            Alice suspirou.

            - Você poderia me fazer um favor? – o homem perguntou. Alice respondeu que sim com a cabeça e o homem continuou – Vá até a cidade e compre comidas para deixa-la forte novamente... – ele então desviou o olhar para a jovem que dormia. – Não quero que ela se sinta fraca e para isso precisa comer coisas saudáveis.

            Alice sorriu – Claro senhor, deseja algo mais?

            Edward suspirou – Por enquanto só isto...

            E antes que Alice pudesse sair do aposento, Edward a chamou novamente, ela o olhou e então viu nos olhos do Cullen uma coisa que nunca vira desde que o conhecera.

            Medo.

            - Será que ela ficará bem? – o jovem perguntou, sentindo-se indefeso diante daquilo que acontecera a sua amada.

            Alice sorriu. – Não se preocupe, ela é forte e irá vencer isto, seja lá o que for. Continue ao seu lado, ela precisa do senhor mais do que imagina...

            Edward deu um meio sorriso e então gesticulou com a mão para que a pequena Bailarina se fosse e ele pudesse ficar a sós com Isabella.

            Sentou-se no aposento e observou a jovem dormindo, as olheiras demonstravam que há tempos não conseguia dormir.

            Se perguntava o que acontecera no show. Isabella parecia tão perfeita em sua música e de repente viu os olhos da jovem fechando-se e então soltando suas mãos do balanço feito de brilhantes e viu quando ela despencou. Se não fosse os homens que estavam em baixo, por Deus, ela teria morrido naquela queda.

            Olhou ao redor e não viu nenhuma jarra com água, afinal quando ela acordasse com certeza iria pedir por tal. Então olhando para a jovem viu que tão cedo ela não acordaria, saiu do aposento e se dirigiu pelo corredor aonde dava para a sala aonde as jovens ficavam quando não tinham nada para fazer.

            A sala estaria vazia se uma jovem não estivesse sentada pintando suas unhas. Ela ergueu os olhos para Edward e sorriu, ela era bonita de fato.

            - Conde... – ela disse sorrindo – Prazer, sou Carinne, uma das novas Bailarinas.

            Edward sorriu e cumprimentou a jovem.

            - Preciso de água para Is... – e no mesmo instante o rapaz se calou. – Para a Madame Lestrange.

            A jovem gargalhou – Que susto! Pensei que havia descoberto o verdadeiro nome de Madame Lestrange!

            Edward sorriu sem graça – Ela não revelaria isso a ninguém, eu creio...

            A jovem o olhou da cabeça aos pés, imaginando o quanto de prazer ele proporcionava àquela cortesã maldita.

            - Bom... você pode ir por aqui – ela mostrou outro corredor – e vai chegar à cozinha...

            Edward então seguiu para o corredor – Obrigada senhorita!

            - Bem, me agradeça de outra maneira... – a jovem disse deixando suas intenções transparecerem.

            Edward de costas riu, Isabella as treinava muito bem. – Sabes que não sou homem de me envolver com uma cortesã que se envolve com todos os homens da cidade...

            A mulher sentiu o rosto ferver de raiva – Então deves saber que sua cortesã preferida se deita com vários homens deste lugar, o senhor não é o único!

            O sangue do homem ferveu e o mesmo nem percebeu quando pegou a jovem pelo pescoço e a encostou na parede. – Cale a sua boca sua cortesã de quinta, você não deves falar assim de Madame Lestrange, porque a mesma não chega nem aos seus pés... e aliás, se fosse igual a você, nunca teria chegado a ser dona deste lugar!

            A jovem pôde ver a fúria do homem ao falar daquela mulher. Realmente achou que ele era mais um que se renderia aos seus encantos assim como Lorde Denali. Pediu pelo amor de Deus que a soltasse e disse que nunca mais falaria algo que se referisse à Madame Lestrange.

            - Eu acho muito bom a senhorita manter-se em seu lugar! – Edward cuspiu as palavras – Ou então eu mesmo mandarei expulsarem a senhorita deste lugar!

            O homem a soltou bruscamente deixando que a jovem caísse no chão, assim como faria com qualquer uma.

            Edward sempre foi um homem que nunca se rendeu a qualquer prostituta que encontrava em seu caminho. Em Londres, usava uma ou duas que apareciam e se mostravam ser úteis... mas em Paris algo estava diferente.

            O jovem olhou para a menina que se encontrava caída olhando-o com terror, com medo de sequer dizer algo. Edward olhou para suas próprias mãos e não acreditou no que fizera, nunca defendera nem mesmo sua mulher!

            Por Deus, o que aquela mulher estava fazendo com sua sanidade?

            Maldizendo-se a si mesmo partiu para a cozinha, pegou o jarro com água e rapidamente se dirigiu para o aposento de Isabella, quase deixara escapar o nome de Sophie para aquela menina... iria ser um estrago total!

            Entrando no aposento assustou-se ao ver a jovem tentando se levantar do leito, com dificuldade e a mão apertando a garganta como se algo estivesse sufocando-a.

            - O que pensas que estas fazendo? -  O homem se aproximou deixando o jarro ao lado do aposento.

            A jovem olhou para Edward não acreditando que ele estava ali, vendo-a passar por aquilo.

            - O que você está fazendo aqui, Conde? – perguntou com dificuldade enquanto tentava associar a respiração e a dor que sentia no peito.

            Edward ignorou a pergunta e com um pouco de força fez com que a mulher voltasse a se deitar na cama.

            - Vou lhe passar algumas regras, a primeira delas é Sem Shows por pelo menos um mês!

            Isabella riu com gosto, quem ele pensava que era pra lhe dar regras?

            - Eu não vou lhe obedecer, se é isso o que pensas... sem contar que daqui a um mês o senhor nem mais estará em Paris.

            Ouvir Isabella lembrando-o que precisaria ir embora era demais...

            - Não me interessa saber se irei daqui a pouco ou se nunca irei, senhorita... – disse com escarnio – Agora me interessa que a senhorita vai fazer tudo o que eu lhe disser...

            Isabella bufou descontente, o que aquele ser queria afinal?

            - O que você quer de mim? Acabou o show... será que o senhor não percebeu isto?!

            A jovem colocou uma mecha do cabelo para trás de sua orelha e desviou o olhar do homem.

            Edward nada respondeu, afinal, porque iria discutir com ela? Era realmente teimosa... assim como dissera Emmett.

            Isabella ficou em silêncio somente observando o homem sentar-se na beirada de seu leito. Ele parecia aflito... talvez pensativo, mas diferente das outras vezes que o vira...

            - O que há contigo? – ela perguntou, surpreendendo o homem por ela ter quebrado o silêncio.

            Ele respirou fundo – Não sei como lhe explicar... mas estou preocupado com isso que lhe acontecera.

            A jovem ficou sem palavras mediante o que aquele homem lhe dissera... nunca pensou que ele pudesse sentir preocupação, ainda mais por ela?

            Afinal, algo estava acontecendo ali... e por mais que tentasse descobrir, a jovem não conseguia, e aquilo a deixava aflita a cada dia.

            - Não precisa se preocupar, Conde... creio que o médico já me examinara e já me dera um resultado, não estou certa?

            Edward a encarou – Se é isso o que pensas... ele nem sabe definir o que aconteceu.

            Isabella revirou os olhos... – Médicos incompetentes!

            A jovem ficou por um tempo encarando os orbes verdes à sua frente, seria inútil expulsá-lo dali, sabendo de sua teimosia.

            Ele a encarava como se quisesse dizer algo, porém, nada o fazia falar.

            - Vai ficar me encarando? – perguntou carrancuda.

            Edward não aguentou e lançou um sorriso. – Teimosa, grosseira... porém, bela como sempre.

            A jovem teve um pouco de vergonha pelo que lhe fora dito.

            Então uma dor atingiu novamente o peito de Isabella e sua respiração falhou. Uma tosse teimava em lhe roubar o folêgo. Edward sem saber o que fazer apenas lhe deu um pano para colocar na boca enquanto tossia.  Quando Bella parecia ter se recuperado um choque lhe atingiu. O lenço estava manchado com sangue.

            - Meu Deus o que é isto? – Edward perguntou aflito, nunca vira algo daquele jeito.

            A jovem ainda mais assustada não sabia o que dizer, na verdade não sabia o que estava acontecendo.

            - Eu preciso voltar para casa – ela disse – Por favor, me leve embora.

            O Conde respirou fundo e achou melhor leva-la mesmo para casa, aquele lugar a deixava ainda pior!

            Com todo o cuidado a pegou no colo, mas antes a cobriu com o sobre tudo para que ninguém a visse.

~~

            Já se aproximava da hora do almoço, os empregados andavam para lá e para cá, mais entusiasmados por conta da falta da presença de Isabella que se mostrava uma senhora muito exigente.

            No aposento do Barão Windsor, alguém lhe fazia companhia.

            - Sua mulher deve estar preocupada com você – a jovem riu – Não desceu até agora para se alimentar.

            O Barão riu – Tenho coisas melhores a fazer aqui, do que encontrar a face dela... – O barão riu novamente e juntou seu corpo ao da jovem nua em seu leito.

            Ele a beijou nos lábios – Seu esposo deve estar preocupado também... deve estar pensando que você está doente... ou algo do tipo.

            Tania riu. – Edward deve estar nos braços daquelas cortesãs do Moulin Rouge, é só nisso que ele pensa...

            O Barão sorriu – Elas realmente valem a pena... principalmente a estrela daquele lugar – seus olhos brilharam – Mas ela nunca me escolheu... uma grande pena.

            Tania revirou os olhos – Mas garanto que melhores do que eu não são! – ela sorriu maldosamente e beijou o homem nos lábios.

            Um barulho de carruagem tirou a atenção dos dois. – Não me lembro de receber nenhuma visita hoje – O Barão comentou.

            Tania se alarmou – Se for Edward? Pelo amor de Deus! Não diga que estou aqui!

            Marcus pegou suas roupas e vestiu-as depressa. Quando chegou junto a janela para ver quem era, viu que realmente era o Conde, mas com Isabella nos braços!

            O Barão se encheu de fúria e desceu as escadas num átimo. Quando chegou na sala viu o Conde colocando Isabella no sofá.

            - O que significa o senhor trazendo minha mulher nos braços?

            - Me desculpe Barão... mas eu estava andando na cidade e de repente encontrei com a Baronesa e de repente ela desmaiou... então eu a trouxe o mais rápido que consegui.

            Marcus respirou fundo e chegou perto de Isabella, porém nem quis muito olhar para a jovem.

            - Então está tudo certo, Conde... agradeço que a tenha trazido... – O Barão disse com frieza – Agora creio que devemos deixa-la descansar.

            Edward queria se despedir de Isabella, porém a pressão que o Barão fazia para ir embora era demais.

            - Tudo bem, depois venho visita-la...

            - Mandarei notícias por Emmett... não se preocupe em vir visita-la.

            O Conde respirou fundo e tratou de se retirar. O Barão respirou fundo e se amaldiçoou por ter deixado aquele maldito Conde conhecer sua esposa Isabella.

            Com a raiva em seu peito subiu para seu aposento onde despachou Tania, precisava de meios para cortar esse sentimento de Edward pela raiz.

             No caminho de casa, o Conde então soube o que realmente estava acontecendo. Marcus Windsor não queria que ficasse perto de Isabella, por isso havia terminado as negociações antes do prazo.

            Marcus sabia que o Conde estava definitivamente apaixonado por Isabella Windsor.

Continua