Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês! Espero que estejam gostando!

No capítulo anterior, eu esqueci de postar uma nota comentando sobre a doença do Jun, então fiz nesse aqui, para esclarecer mais a situação dele.

Boa leitura!



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Atravessou a rua, indo até o outro lado da avenida que levava ao colégio. Era bastante agradável atravessar aquele caminho a pé, principalmente porque as sakuras desabrocharam e deixavam no ar um aroma leve e doce.

Como sua mãe estava ocupada com o serviço, ela não podia levá-lo todos os dias, mas não reclamava pela caminhada, até gostaria de fazer isso mais vezes, mesmo que o caminho fosse longo.

_ Jun!

Olhou para trás, mas não havia ninguém ali. Deu de ombros e continuou seu caminho, tentando não deixar seus pensamentos vagarem tão longe. Já acontecera antes de ouvir alguém o chamando e no final descobrir que era apenas sua imaginação.

_ Jun!

Virou-se novamente, tendo certeza que não imaginara. Também não conhecia a voz. Mas dessa vez viu uma sombra. Havia alguém escondido atrás do muro da casa da esquina.

Não podia ser Matoi nem Iori, já que eles iam de ônibus e de metrô. Só podia ser Riku, tentando lhe pregar uma peça, afinal Kisaki era sério demais para aquele tipo de brincadeira.

Refez o caminho de volta até a sombra, vendo-a se afastar mais ao ouvir seus passos.

_ Riku, isso não tem graça! – mas não foi Riku quem surgiu após virar a esquina.

Era Seiya.

De um passo para trás, pensando em correr, contudo Zechs estava atrás de si e o empurrou para o beco.

_ O coitadinho do Jun! – recebeu outro empurrão, batendo as costas na parede.

_ Nós não temos pena de você! – Seiya acertou o punho em sua face, derrubando-o no chão.

_ Precisa disso? – Ryo apareceu acima de si, balançando a bombinha de remédios de um lado para o outro.

_ Ele vai morrer antes. – Zechs anunciou como um agouro, puxando-o pela frente das vestes e jogando-o novamente contra a parede.

_ Isso não vai demorar!

Jun cerrou os olhos com força, esperando o próximo golpe de Seiya, despertando com o som da pancada.

_ Jun, levanta! – sua mãe bateu novamente na porta – Seus amigos vão chegar daqui a pouco!

_ Já vou! – respondeu para mostrar que estava desperto, mas continuou deitado, respirando fundo e tentando parar de tremer.

Outro sonho estranho. E não era o primeiro com Seiya e os amigos dele. O pior era não saber o significado daquilo.

Olhou pela janela, os cantos dela cobertos de neve e o céu cinzento. Devia estar muito frio lá fora. Não precisava se preocupar com o sonho até a chegada da primavera.

As aulas haviam terminado na semana anterior, e para comemorar as férias de inverno, combinaram de ir patinar, já que da outra vez que marcaram não conseguiram ir.

Convencer a mãe de Jun foi quase impossível, mas a lábia de Riku e a promessa de Kisaki que iriam cuidar muito bem do amigo foram suficientes para fazê-la mudar de ideia.

E como não era sempre que ela o deixava sair, tinha que aproveitar aquele dia. Não ia deixar que pesadelos estragassem sua vida ou ditassem com quem e onde ele devia andar.

Se fosse acontecer algo de ruim, queria ter a certeza de ter aproveitado tudo que pode ao máximo.

x-x-x

_ Está atrasado, Matoi! – o garoto de cabelos rosa pulou do banco, indo cumprimentar o amigo.

_ Até você? Não tenho culpa se eles dirigem tão devagar e param tanto!

_ Podia ter saído mais cedo de casa. – sugeriu Riku, dando um tapinha em seu ombro.

_ Mas assim eu ia ficar esperando sozinho. E vocês não devem ter chegado há muito tempo.

_ No máximo dez minutos. – contou Kisaki – Mas tempo é diversão, vamos logo!

_ Sim, senhor! – debochou Iori, ganhando um peteleco na cabeça.

Por ser meio de semana, a pista de patinação estava praticamente vazia, deixando os rapazes felizes por terem mais espaço para se divertirem.

Pegaram seus patins e desceram até a pista, sentindo a temperatura baixar também, agradecendo por estarem bem agasalhados.

_ Aqui é bem frio. – comentou o loiro alto, enquanto trocava os tênis pelos patins.

_ Hmm... verdade... – resmungou o outro loiro, olhando de soslaio para Jun – Tudo bem para você?

_ Sem problemas, eu agüento. – sorriu tranqüilo. Antes ficava sem graça com esses cuidados dos amigos, mas já havia se acostumado.

_ Qualquer coisa você chama a gente. – avisou Kisaki, entrando na pista e estendendo a mão para ajudar Riku, arrancando risadinhas de Matoi – Você me paga... – rosnou para o moreno, se afastando em seguida.

Iori pisou no gelo logo em seguida, tomando cuidado para não desequilibrar. O que não precisava era de Matoi rindo de si também.

_ Tem certeza que vai ficar aqui? – o moreninho se apoiou na parede, testando o quanto o gelo deslizaria consigo.

Ele não gostava daquilo e achava perigoso, mas Kisaki gostava e Jun admirava qualquer tipo de esporte, Ruki apoiava os dois e ele que não ficaria de fora da diversão.

_ Daqui a pouco o Kisaki vem me ajudar. Vai se divertir!

_ Ok! E nem adianta ficar me olhando! Eu não vou cair!

_ Duvido! – esboçou um sorriso de canto e começou a rir ao ver o moreno se desequilibrar.

_ Para de olhar!

_ Não posso fazer nada! É divertido!

Apontando-lhe a língua, Matoi se afastou indo na direção do casal de amigos. Para o moreninho, não bastava cair sozinho, tinha que levar o maior número de pessoas consigo.

_ Não vai patinar? – estava tão distraído rindo do amigo que não notou que o loiro havia se aproximado novamente.

_ Ah... depois... talvez... – olhou para o casal mais a frente, pensando se iriam se lembrar dele – Vou esperar o Kisaki pra me ajudar.

_ Sei... não acho que eles vão se separar tão cedo. – intercalou olhares entre a pista e o garoto a sua frente – Vem, eu te ajudo!

_ Melhor não. Vai se divertir.

Já estava acostumado a ficar de fora de várias atividades no colégio, sempre sentado esperando enquanto os jogos tinham andamento. Ficar na torcida não era de todo mal. Pelo menos estava com seus amigos. Seria pior se não o tivessem chamado para ir junto.

_ Pare de se excluir. Além do mais é ruim ficar patinando sozinho e em círculos.

_ Então vai patinar com o Matoi. – porque negava tanto? Ele era seu amigo e estavam ali para aproveitarem o dia.

_ Ele já arrumou companhia. – o loiro sorriu de canto, apontando para o baixinho, que conversava com uma garota.

_ Iori...

_ Chega de desculpas, Jun. Coloca os patins e vem pra cá! – estendeu a mão, esperando-o se mexer – Eu prometo que não deixo você cair sozinho!

_ Ok, você venceu.

O loiro tentou pular em sinal de vitória, mas desistiu quando começou a se desequilibrar. Queria passar um pouco de segurança para Jun, mostrar que podia confiar nele.

x-x-x

Levaram algum tempo para chegar ao meio da pista, pois o garoto de cabelos rosa calculava com calma cada um de seus passos.

Iori patinava de costas para o percurso que trilhavam, oferecendo os braços como apoio e puxando-o devagar para que se movimentassem.

Sempre que achava que ia cair ou que escorregava demais, Jun segurava no antebraço do loiro com toda a força de tinha, lutando contra a gravidade para se manter em pé e arrancando risadas do amigo, mas aquilo não o incomodava nem um pouco. Estava se divertindo, e isso sim contava.

_ Eles formam um casal bonitinho. – comentou Riku para o namorado, vendo-o torcer o nariz.

_ Eu não acho. – virou o rosto para o outro lado, para evitar a cena.

_ Não? Não era você que queria fazer os dois se entenderem? – o sorriso irônico não ajudou no humor de Kisaki.

_ Como amigos, sim!

_ Mas eles são amigos agora. E podem evoluir, como aconteceu com a gente.

_ Aquele novato não merece o Jun. Eles mal se conhecem! – o ruivo rosnou entre dentes.

_ Você está com ciúmes! Kisaki, você é muito super protetor! Deixa o Jun se divertir, ele não tem muitas oportunidades como essa!

_ Hunf... tudo bem. Mas eu vou ter uma conversinha com esses dois.

_ Claro... agora vamos lá comprar um lanche. – Riku saiu puxando o namorado para longe, olhando para trás e sorrindo novamente ao ver os dois amigos se entendendo tão bem.

x-x-x

_ Você está melhorando! – o loiro elogiou após algumas voltas.

_ Não é tão difícil. Só preciso praticar mais um pouco.

O sorriso que recebeu fez o loiro se sentir mais aquecido que seu agasalho. Com certeza tinha ganhado o dia.

_ Podemos vir mais vezes. Eu não tenho planos pras férias.

_ Sério? – recebeu um aceno em concordância – Vai ser ótimo sair mais de casa!

_ Sua mãe não gosta que você saia muito de casa, não é?

_ É... ela é protetora demais...

_ Mas já aconteceu algo pra ela agir assim? – questionou em tom receoso.

_ Vamos deixar esse assunto pra outra hora... eu...

_ Tudo bem. – Iori bagunçou os cabelos de Jun, vendo-o corar um pouco – Eu sei que vai me contar quando achar que é a hora certa.

Pelo menos ele não negara a informação, como aconteceu quando se conheceram. Ele pediu um tempo e não iria pressioná-lo.

_ Jun! Iori! – o ruivo aproximou-se rapidamente, trazendo-os de volta para a realidade – Melhor a gente ir embora e rápido!

_ Por quê? – o loiro estranho a reação.

_ Tem um pessoal na entrada comentando que o tempo vai piorar. Pode ser só um pouco de neve, mas é melhor não arriscar.

_ Vamos! – Jun pareceu entrar em estado de alerta, puxando Iori para que o ajudasse a sair dali.

Se já tinha problemas com o frio comum, uma queda brusca de temperatura o manteria em casa por um longo tempo. E ficar doente nas férias não estava nos seus planos.

Riku e Matoi aguardavam de fora da pista, também parecendo incomodados. Esperaram os amigos retirarem os patins e pegarem as mochilas, saindo para as ruas, para enfrentarem o vendo frio e cortante.

Pegaram o metrô, separando-se no meio do caminho. Kisaki ia acompanhar Matoi até sua casa e depois voltaria com Riku e encarregou Iori de acompanhar Jun até em casa também. Ordem que o loiro nem cogitou desobedecer. Não conseguiu evitar se preocupar com a saúde do amigo.

x-x-x

O tempo ficava mais nublado aos poucos e os garotos apertaram o passo, com medo que começasse a nevar a qualquer instante. Jun ia indicando o caminho e rapidamente conseguiram percorrer várias quadras, agradecendo por não ter esfriado muito.

Em certo momento, o garoto de cabelo rosa simplesmente parou de caminhar, olhando com temor para os últimos metros que deveriam percorrer.

_ O que houve? – o loiro estranhou a parada brusca, olhando tanto para a rua quanto para o final da rua, não encontrando nada de diferente.

_ Vamos dar a volta. – iam demorar mais pra chegar à casa, mas não queria passar naquele trecho.

Seu sonho ainda estava fresco em sua memória e pra piorar estava sozinho com Iori. Se tinha uma hora para se desesperar era aquela.

Deu alguns passos na outra direção, mas o maior o segurou pelo braço.

_ Você me disse que sua casa é quase no final da avenida. Já estamos chegando.

_ Vamos pegar outro caminho. – afastou seu braço do toque, desviando também o olhar.

_ Nós vamos demorar, é melhor continuar por aqui. Além do mais o tempo pode piorar.

_ A gente vai andar rápido. Não vai nevar agora.

_ Poder ser verdade, Jun. Mas eu ainda tenho que voltar pra casa também e não quero ficar preso no meio do caminho.

_ Então volta agora! – bradou em tom alterado – Eu não pedi pra você vir comigo! Posso me virar sozinho muito bem!

_ Eu sei que você pode se cuidar, mas o Kisaki pediu pra te acompanhar.

_ E você morre de medo dele! – apontou um dedo em seu peito, empurrando-o – Pare de me tratar como um coitado!

_ Por que você está tão alterado? Não estou fazendo isso só porque o manda-chuva pediu. Eu me preocupo com você!

_ Ah, conta outra! Você até queria sair do colégio e agora se preocupa com todo mundo? Vai embora! – virou-lhe as costas, caminhando apressado, mas o loiro novamente o impediu.

_ Com todo mundo não... com você. – pousou a mão em seu ombro, mantendo-se bem próximo – Jun... todo mundo já percebeu que eu...

Não... ele não estava falando aquilo. Não podia estar acontecendo! Não queria que os pesadelos virassem realidade. Iori não podia corresponder seus sentimentos.

Acabou notando que havia assumido, mesmo que para si próprio, que gostava do amigo. Ou melhor, gostava dele mais do que como amigo.

Sobressaltou-se ao ouvir algo atrás de si. Tentou se virar para ver o que era, mas só então notou braços ao seu redor.

Iori o abraçava.

E não era como o abraço divertido de Matoi ou carinhoso como de sua mãe. Era protetor, mas sem sufocá-lo, quente e gentil.

Era bom. Muito bom.

Sentiu seu rosto esquentar aos poucos, abaixando a cabeça por reflexo e apoiando-a contra o ombro do loiro. Não queria que ele visse que estava corando.

Outro estampido. Mais perto.

Apertou os olhos e envolveu o maior em um abraço apertado.

_ Eu também gosto de você.

Sussurrou de modo que só Iori pudesse ouvir. Seja lá o que fosse acontecer, não ia se arrepender por não ter dito o que queria.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar explicar um pouquinho por cima, afinal não sou nem um pouco expert em medicina:

A asma é um doença que inflama as vias respiratórias, reduzindo ou até mesmo obstruindo a passagem de ar.
Como sintomas temos a dificuldade em respirar, tosse e dor no peito. O tratamento consiste em drogas que melhoram o fluxo de ar.

Existem 4 tipos de asma, sendo uma intermitente, com sintomas menos de uma vez por semana, uma leve, que também ataca pelo menos uma vez por semana, mas nunca duas vezes no mesmo dia, uma moderada com sintomas diários, mas não em todas as noites e o persistente grave, com sintomas diários e noturnos.

Classifiquei a asma do Jun como leve e piorei um pouco a situação devido ao clima frio e ao seu esforço físico.

Espero que estejam gostando! Críticas e comentários são sempre bem vindos!