Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Agora tenho pra quem dedicar Kizu! o/

Por que ela é praticamente a vida da Dust-box. Só falta ela ser homem, japa e estar com os cabelos rosas XD~
[eu ia acrescentar gostosa, mas o Jun está mais pra fofo *apanha*]

Obrigada por insistir tanto que eu digitasse!

Boa leitura!



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Esperava sozinho naquela cadeira há apenas dez minutos, mas parecia que haviam se passado horas. Jun estava inconsciente na enfermaria, Matoi saiu para avisar a mãe do rapaz e ninguém aparecia para dar notícias.

Diante do acontecido, depois de vê-lo sofrer antes de perder a consciência, percebeu que seus problemas eram insignificantes. Foi egoísta ao pensar apenas em si, sentindo-se excluído do grupo por não saber tudo de todos.

Colocando-se na pele de Jun, sentiu vergonha pelo modo que o tratou mais cedo. Apesar do problema de saúde, nunca vira o garoto reclamar ou se fazer de coitado para ter vantagem em algo. Ao contrário, ele sorria sempre e com isso conseguia o apoio dos amigos e professores. Se ele reclamava de algo, fazia de modo imparcial, então nunca descobriria o problema se não tivesse visto com os próprios olhos.

Suspirou aliviado ao ouvir passos no corredor, anunciando o retorno de Matoi, acompanhado de Riku. A mãe de Jun levaria um tempo para sair do trabalho e chegar ao colégio.

_ Como ele está? – Riku questionou ao se aproximar, lançando um olhar para a porta da enfermaria.

_ Eu não sei... a enfermeira pediu pra esperar... – sua voz tremia e seu olhar era assustado.

Riku sentiu pena do outro rapaz. Deviam tê-lo preparado para o susto. Mas era decisão de Jun escolher em quem confiar seus segredos.

_ Vem, você também precisa de uns curativos. – acenou com a cabeça para a porta, chamando-o para entrarem.

_ Eu estou bem. – olhou para as próprias mãos, passando-as pelo rosto e sentindo arder em alguns lugares.

Tinha se esquecido completamente da briga. Devia ter alguns hematomas e arranhados espalhados pelo corpo e rosto. Olhando para Matoi, notou que ele tinha o lábio um pouco inchado e um curativo perto do olho.

Riku chamou-o novamente para entrarem na enfermaria, e dessa vez não pestanejou. Estava preocupado com Jun e sabia que não adiantava tentar esconder isso.

Cumprimentaram a mulher que andava em torno da maca, e ela logo explicou que ele ficaria bem, mas ia precisar de repouso, e que não precisavam se preocupar. Já devidamente medicado, não tinham muito a fazer a não ser esperar que o garoto acordasse.

Riku e Matoi postaram-se ao lado da cabeceira, conversando em tom baixo e decidindo o que fazer com o outro grupo. Iori sentou em uma cadeira perto da porta, ainda desnorteado com tudo que aconteceu.

Ele e Matoi conseguiram carregar Jun pelas escadas, para fora do velho prédio, atravessaram o pátio coberto de neve e mais alguns corredores até ali. Por sorte a enfermaria do colégio tinha os remédios necessários para aquele caso.

Despertou de seus pensamentos ao ouvir uma batida na porta, vendo uma mulher entrar esbaforida e andar apressada até o grupo, conversando rapidamente com a enfermeira, trocando alguns termos médicos que ele não entendeu.

Se não a tivesse visto antes e não soubesse de antemão quem era, nunca teria adivinhado. Ela era jovem demais para ser mãe de um adolescente, seu olhar, entretanto, era sério e passava uma sensação de segurança e amabilidade.

Com um pouco de dificuldade, conseguiram acordar Jun e levá-lo até o carro, com Riku e Matoi o apoiando, já que ele não estava em condições de se manter sozinho.

Iori pensou em acompanhar os amigos até fora da escola, mas como ninguém comentou nada, decidiu ficar quieto. Permaneceu na enfermaria, recebendo os cuidados necessários e ainda ouvindo reclamações da enfermeira por terem brigado. Não haviam contado aquele detalhe à mulher, mas ela devia estar acostumada a cuidar de alunos encrenqueiros.

x-x-x

Como aconteceu várias outras vezes, Jun não compareceu ao colégio nos dias seguintes, saindo de casa apenas para uma consulta e retornando para ficar em repouso.

Sua mãe estava mais protetora que de costume, mimando-o e tentando agradá-lo, para que ele não se sentisse entediado ou solitário enquanto ela estivesse trabalhando.

O garoto não se queixou uma vez sequer, estava gostando daquela atenção e dos cuidados. Era ruim quando ela se preocupava sem necessidade, mas depois de uma forte crise de tosse, era mais do que merecido aquele descanso.

Ligou para Matoi alguns dias depois, querendo saber se espalharam mais algum boato maldoso a seu respeito e a resposta foi negativa.

O moreninho contou que ele e Riku foram à casa de Kisaki no mesmo dia e contaram tudo que aconteceu. O ruivo ficou possesso e na manhã seguinte se juntaram para vingar.

O grupo de Seiya havia levado uma surra tão grande que faltou dois dias de aula. E quando voltaram, ainda tinham as marcas nos rostos e se comportaram perfeitamente bem.

Já Iori voltara a andar com o grupo, mas estava introspectivo e distraído, sendo necessário chamá-lo várias vezes para conseguir alguma reação. Em contrapartida, ele havia comentado também da desistência em sair do colégio e isso fizera Jun sorrir.

Haviam concordado em contá-lo tudo que fosse necessário quando Jun voltasse ao colégio, afinal já eram amigos e precisava confiar nele.

x-x-x

_ Cheguei! – Matoi desceu do ônibus e correu até o grupo parado na entrada do colégio.

_ Está atrasado! – ralhou Riku, sorrindo de canto.

_ Reclama com o motorista! Aquele bode velho! – bufou, fingindo irritação – Ele volta hoje mesmo?

_ Já deve estar chegando. – Kisaki olhou ao redor, procurando um carro em particular.

_ Ali. – Iori apontou para o automóvel preto que surgia na esquina, vendo um sorriso de alívio surgir no rosto dos outros três.

Eles se aproximaram quando o carro estacionou, mas levou alguns instantes para a porta abrir. Jun recebia as últimas recomendações de sua mãe, pedindo para que se cuidasse e se acontecesse qualquer coisa poderia ligar que ela viria buscá-lo.

Sorriu para os amigos, recebendo um abraço de Matoi e depois outro de Riku. Iori apenas acenou com a cabeça enquanto Kisaki o olhava com estranheza.

_ Eu acho que isso está começando a afetar o seu cérebro. – o líder finalmente se aproximou, pegando uma mecha do cabelo de Jun – Rosa e azul? O que vem a seguir? Laranja e verde?

_ É uma boa idéia! Eu preciso expressar minha criatividade de alguma forma. – sorriu minimamente, fazendo o ruivo revirar os olhos.

Riku tomou a frente do grupo, caminhando para dentro do colégio. Kisaki passou um braço pelo ombro de Jun, caminhando ao seu lado e conversando animado. Matoi e Iori fecharam a fila, rumando para a lanchonete.

Sentaram em sua mesa de costume, chá quente servido para cada um e o silêncio imperando por um instante.

_ Vamos começar antes que a gente precise ir pra sala – Riku inclinou-se para frente, chamando a atenção de todos – O que vamos fazer com aqueles três?

_ Outra surra. – sugeriu Kisaki com um brilho sádico no olhar.

_ Não podemos bater neles sempre, isso pode deixar a gente com problemas. – o loiro mais baixo contra-argumentou, revirando os olhos ao ver o quase bico do ruivo.

_ Avisar algum professor ou a direção? – sugeriu Iori – Eles precisam tomar alguma providência.

_ Sim e não. – ponderou o outro loiro.

_ Eles precisam ser pegos na hora que aprontam. – explicou Matoi – Precisamos de provas, já que eles não costumam dar crédito aos alunos.

_ A notícia boa é que eles vão querer se vingar de novo. – Jun tomou um gole do seu chá, resmungando a seguir – A ruim é que eu vou ser o alvo... de novo.

_ Não vai. Eu vou ficar de olho dessa vez. – o líder encarou o amigo de forma decidida – Mas acho que outra surra ajudaria.

_ Hum... pode ser. – Jun deu de ombros, pesando suas chances – Mas você não pode me vigiar o tempo todo. Está no último ano, precisa se preparar pra universidade.

_ Eu ajudo. – Iori atraiu olhares, no mínimo, curiosos e um sorrisinho malicioso de Riku – Ahm... estamos na mesma classe, então eu e Matoi podemos ajudar.

Ter incluído Matoi não ajudou muito. O moreninho começou a rir baixinho e o sorriso de Riku também lhe pareceu mais provocativo. Kisaki, como sempre, lançou um olhar repleto de avisos e ameaças, e Jun fingiu não ter escutado, mas sorriu minimamente.

Foram interrompidos pelo sinal, avisando o começo das aulas, então tiveram que se separar.

x-x-x

Diferente dos outros dias, eles não foram almoçar na lanchonete e sim no pátio, em uma das mesinhas dispostas ali.

Os dois alunos do terceiro ano se encarregaram de comprar o lanche e os outros três ficaram esperando, comentando banalidades das aulas.

_ Começando a segunda sessão do debate! – Riku bateu no centro da mesa com a sua latinha de refrigerante, fazendo o ruivo revirar os olhos – Desculpe, empolguei com a aula.

_ Odeio debates... – Kisaki deitou a cabeça na mesa, ganhando um cafuné de Jun.

_ A gente entende.

_ Por que não podemos conversar lá dentro? – Iori esfregava as mãos nos braços, tentando se aquecer – Aqui está bem frio.

_ Privacidade. – Matoi deu de ombros, não se importando com a temperatura – Ninguém é doido de ficar aqui fora.

_ Está frio pra você, Jun? – Kisaki o encarou seriamente, recebendo um aceno negativo e um sorriso travesso.

_ Estou bem aquecido. O novato é que não agüenta um ventinho.

_ Ha-ha-ha! Isso é neve, se não percebeu!

Iori pegou um punhado que se acumulou na mesa, jogando em Jun e recebendo olhares mortais de Riku e Kisaki, que o fizeram se arrepender no mesmo instante.

_ Não repita isso. – o líder alertou em tom baixo.

_ Tem certeza que vai contar pra ele? – questionou Riku.

_ Acho que sim. Ele já viu demais. – o garoto de cabelo rosa comentou em tom grave, como se o amigo tivesse presenciado algum assassinato.

_ É. Qualquer coisa a gente elimina ele depois. – Matoi entrou na brincadeira, arrancando risadas do grupo, menos de Iori que sorriu sem graça.

_ Só espero que você realmente não conte pra ninguém, ou teremos que dar um jeito em você – alertou Jun, deixando o loiro desconfortável – E o Kisaki está louco para acertar alguém.

_ Ahm... ainda tenho tempo de desistir? – Iori olhou para os amigos, recebendo quatro acenos negativos e engolindo em seco.

Parecia que estava pisando num campo minado.

Jun respirou fundo, encarando os dedos entrelaçados sobre a mesa, antes de encontrar a coragem necessária para começar a contar o que queria.

_ Eu tenho asma. Esse é o motivo de tantas limitações. Não vou te dar detalhes da doença, porque é muita coisa. No geral tenho ataques de tosse uma vez por semana, pela manhã ou à noite, e junto com isso vem a falta de ar. A bombinha que eu carrego sempre tem uma combinação de remédios para amenizar os sintomas e eu preciso fazer exames periódicos para ver se ela está regredindo ou não.

O silêncio na mesa era absoluto. Cada um encarando e cutucando o próprio lanche. Iori mantinha os olhos pregados em Jun, que parou um instante para respirar e só então continuar.

_ Não posso praticar exercícios porque me cansam muito rápido e acabam com meu fôlego, correr nem em pensamentos, frio, poeira, pêlos de animais, pólen, fortes emoções, fumaça, mudanças bruscas de temperatura, entre outras coisas são como veneno pra mim. – a cada proibição citada sua expressão entristecia mais, pensando em tudo que gostaria de fazer e não podia – A doença pode ser muito prejudicial se eu não me cuidar, mas se seguir as recomendações à risca, ela vai amenizando com o tempo e posso viver normalmente. – parou mais uma vez, recapitulando se esquecera alguma coisa – Então... é isso.

O silêncio pesou novamente e dessa vez ninguém se encarava. O loiro digeria as informações aos poucos, fazendo um registro mental para pesquisar mais a fundo em casa.

_ Iori? – o novato encarou Jun, recebendo um sorriso acolhedor – Eu não quero que me trate diferente. As coisas vão continuar sendo do mesmo jeito. – esperou alguma resposta, mas o loiro não disse nada, então lançou um sorriso de canto – Da minha parte, eu vou continuar implicando com você, novato!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Acabei enrolando um pouquinho pra digitar esse chap, mas consegui terminar (com alguns puxões de orelha) XD~

Continua...