Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Saindo mais um capítulo!

Estou com essa fic bem adiantada, então a qualquer momento posso postar mais.

Eu sei que o fandom de SPST ainda não é muito conhecido, mas já ganhou um cantinho especial pra mim.

Espero que estejam gostando!



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Pelo pouco tempo que Iori andava com aquele grupo foi fácil distinguir a ‘função’ de cada um, como por exemplo, distinguir que Kisaki era o líder e Jun o humor.

E o fato do ruivo em questão sorrir menos nos últimos dias não passou despercebido por ninguém. Conseqüentemente, o humor do grupo também não estava dos melhores.

Desde aquele dia que se reuniram para ver o filme, as coisas começaram a desandar e Iori sabia que a parte da culpa era sua.

Não conhecia bem a vida pessoal do outro, mas conseguiu juntar pecinhas suficientes para notar que ele era tratado de modo diferente, não só pelos amigos, como também pela maioria dos professores. Só não sabia ainda o real motivo.

O pior de tudo é que o líder do grupo também notou que a culpa era sua e agora vivia lançando olhares mortais em sua direção.

Já virara rotina: o grupo estava conversando, o ruivo sorrindo, ele chegava, o ruivo ficava amuado, o líder o fuzilava e ele fazia cara de inocente.

Não podia se culpar totalmente por algo que não entendia.

Infelizmente Kisaki pensava da mesma forma.

Ao final das aulas daquele dia, pegou seu material pronto para ir embora, mas foi barrado por Riku, que o arrastou até o vestiário, onde Kisaki já esperava por eles.

Enquanto o loiro trancava a porta, o líder tratou de empurrá-lo contra uma parede, segurando-o pela frente do uniforme.

Iori engoliu em seco, pensando se seria sensato pedir por ajuda.

_ Você fez merda novato, e a gente quer saber o que é. – esperou um instante, mas como não obteve resposta, Kisaki acertou um soco no armário ao lado, amassando a folha de metal – Vamos começar de novo: o Jun está mal porque você fez alguma coisa e nós queremos saber o que é?

_ Mas eu não fiz nada com ele! – intercalou olhares entre Kisaki e Riku, esperando que eles acreditassem.

_ E o fato dele fechar a cara só quando você está por perto é coincidência? – Riku escorou ao seu lado, encarando-o de perfil.

_ É serio! Eu não perguntei nada demais!

Desde o começo, sabia que Kisaki não era flor que se cheirasse, mas nunca imaginou que ele e Riku juntos podiam ser tão intimidantes.

_ Começamos a andar. O que exatamente você perguntou pra ele? – finalmente o mais velho o soltou, podendo respirar um pouco aliviado.

Mas o fato dele ter agora as duas mãos livres não era nada agradável. Não era por menos que era líder do time de vôlei: suas sacadas eram ponto na certa.

_ Bom... eu queria entender porque ele me odiava.

_ Ele não odeia ninguém. – Riku tentou explicou, cruzando os braços e parando à sua frente – Jun às vezes é... inocente demais. Ele tem coisas mais importantes pra se preocupar e com isso se esquece das coisas ao redor.

_ Inocente? Ele não me pareceu inocente quando me mandou calar! E ele ainda me ignora e não me chama pelo nome.

_ Ele ama chamar a atenção, por isso faz tanta cena. – o mais velho aproximou um passo, fazendo-o recuar contra a parede – Mas esse ainda não é o X da questão. O que mais você perguntou?

_ Não perguntei mais nada. Só queria saber mesmo porque ele me odiava e ele disse que eu podia fazer algo que ele não podia, ou algo nesse sentido.

_ Ah... isso explica tudo... – Riku coçou a cabeça nervosamente, suspirando fundo e caminhando até a saída, logo sendo seguido por Kisaki.

_ Explica o que exatamente? Porque eu ainda não entendi nada! Por que ele está chateado comigo?

_ Se ele não te contou, nós é que não vamos falar. – Kisaki fechou a porta, deixando um moreno confuso dentro do vestiário.

x-x-x

O mais estranho para Iori foi o ruivo voltar a falar consigo no dia seguinte, como se nada tivesse acontecido. Não que eles se falassem muito, mas foi uma surpresa ser cumprimentado.

Depois daquele pequeno susto, aprendeu que não podia perguntar qualquer coisa para Jun. Aprendeu também que mexer com qualquer um deles era o mesmo que mexer com o grupo todo, e isso não era nem um pouco inteligente.

Naquela mesma tarde, Riku fora até a casa de Jun para tentar amenizar a situação dele com o novato. E, por sorte, não foi tão difícil quanto ele imaginou. Apenas explicou que Iori não tinha culpa por estar no time, e a não ser que Jun estivesse disposto a contar sobre suas limitações, o novato também não podia ser culpado por ficar curioso com certas atitudes.

Era uma questão de ter um pouco de paciência e boa vontade, afinal de contas, Iori era uma pessoa legal e não custava nada dar uma chance para ele mostrar que podia ser um bom amigo.

O plano daquele trio era simples: pintar um ao outro da melhor forma possível e assim conseguir a reconciliação.

Para todos os efeitos, tendo ou não manipulado aqueles dois, em poucas semanas eles haviam se entendido e as desavenças de meses atrás fora esquecida. Contudo, conforme iam se conhecendo, a curiosidade de Iori só aumentava, pois agora observava de perto detalhes que antes passavam despercebido.

x-x-x

Com a chegada do inverno, vieram também várias novidades e mudanças no grupo, algumas sutis e outras bem extravagantes.

Após três dias de neve, nos quais Jun faltara às aulas, ele retornou no dia seguinte com o cabelo rosa e coberto de agasalhos, mais do que eram necessários para o clima.

Iori caíra na gargalhada, mas os outros três descobriram que foi um acordo feito com a mãe do ex-ruivo: ele só sairia no frio se estivesse bem agasalhado, em troca ele queria mudar o cabelo.

Ao final da primeira temporada de jogos, dos quais o time de Kisaki vencera todas as partidas, houve uma festa para comemorar a vitória e junto com ela um trote no qual descoloriram o cabelo do vice-capitão.

O novo loiro do grupo também foi motivo de curtição por um bom tempo.

Outra situação estranha era o fato de Matoi começar a rir baixinho sempre que olhava para Kisaki, conseguindo irritá-lo facilmente. Ele não sabia quando a troca de olhares começara, mas sabia que havia um sentimento diferente nascendo no grupo.

E após ter visto Riku e Kisaki aos amassos em uma sala de aula vazia, suas suspeitas se confirmaram.

Mesmo sob ameaça, o baixinho não conseguia se controlar e começava a rir sempre que olhava para o casal, pois nunca, nem em seus sonhos mais loucos, imaginou encontrar o líder em uma cena romântica.

Por sorte ele ainda não havia dado com a língua nos dentes.

Ainda...

Em outra ocasião, foi Riku quem notou olhares diferentes vindos de Iori. A sua curiosidade por Jun aos poucos foi mudando para algo como admiração. Ele prestava muita atenção quando o outro falava, sempre o apoiava e praticamente se derretia ao receber um sorriso fofo.

Quem não gostou desse flerte foi Kisaki e seu instinto protetor, oferecendo a Matoi mais um motivo para rir e zombar de si, dizendo achar muito engraçado o modo do mais velho tratá-lo como um irmão que nunca teve.

Para o garoto de cabelo rosa, o grupo nunca esteve tão animado. Sabia do interesse de Riku pelo outro amigo e ficara muito feliz por eles estarem juntos. Matoi estava mais sorridente do que o normal e Iori havia se mostrado um bom amigo.

Contudo, algo andava incomodando-o mais do que o normal nos últimos dias: os sonhos pioraram.

Internamente, Jun suspeitava que não fossem sonhos comuns e sim presságios. Odiava mais ainda o momento em que aquilo decidia surgia. Era como se os sonhos esperassem o momento em que ele estivesse mais indefeso, para então amedrontá-lo e mostrar o que poderia acontecer.

Em seu último sonho teve a infelicidade de descobrir que o tal rapaz misterioso era Iori, e sentiu que aos poucos tudo se encaixava. Chegaria o momento em que ele descobriria o fim daquele pesadelo.

O problema é que seria na vida real.

Por outro lado, achava ter um trunfo a seu favor: ele sabia como o acidente aconteceria. Sempre eram as mesmas cenas, mesmo que em locais diferentes. Ele e Iori estavam andando sozinhos, quando o som do automóvel se aproximava e tudo sumia.

A solução que encontrara para evitar o pior era nunca ficar sozinho na rua com o amigo. E como tudo tinha um porém, ele também se lembrava que no sonho não eram apenas amigos, havia algo mais entre eles.

E se queria evitar que o pior acontecesse, temia ter que se afastar novamente.

x-x-x

_ Vai ser muito divertido! – o loiro alto sorriu para Matoi, confirmando sua presença no passeio – Você vai, Jun?

Iori, Matoi e Jun caminhavam para fora do colégio, todos bem agasalhados para se protegerem do frio e da neve que caíra durante a manhã, mas um deles não estava ali em pensamento.

_ Jun? – Matoi chamou um pouco mais alto, notando o olhar perdido do amigo.

_ Hei! Terra para Jun! – Iori estalou os dedos à frente do seu rosto, conseguindo sua atenção.

_ Oi?

_ Tudo bem? – o baixinho sabia que o clima não era o favorito de Jun.

_ Uhum... só estava pensando...

_ Quer conversar?

_ É sério, Matoi. Eu estou bem! – sorriu minimamente, arrancando um suspiro aliviado do menor.

_ Então... você vai? – Iori tentou participar da conversa, pois odiava quando eles começavam a trocar olhares suspeitos.

_ Aonde?

_ Patinar, no fim de semana.

_ Não. – odiava ficar se controlando para não ser nem amistoso e nem rude demais. Seria imparcial em relação ao loiro, até ter certeza do que fazer.

_ Ah, vai sim! – intrometeu o menor – Kisaki disse que vai te buscar.

_ Eu não sei patinar.

Pararam ao lado do ponto de ônibus, onde Matoi pegaria sua carona. Jun ia esperar sua mãe por ali também e Iori pegaria o metrô em seguida.

_ A gente ensina! Eu sei um pouco. – o loiro tentou animá-lo, mas não conseguiu ganhar seu sorriso.

_ Não posso ir.

_ Mas... – naquele instante a mãe de Jun chegou. O garoto acenou em despedida, não deixando Iori terminar de falar.

_ Por que eu sinto que ele ainda está chateado comigo? – olhou para Matoi, não esperando realmente uma resposta.

_ Não é com você. Ele não gosta do frio.

_ Por quê?

_ Porque é frio, oras!

Mesmo que o menor sorrisse, o loiro sabia que aquilo envolvia algo pessoal da vida de Jun. Uma parte da qual ele era excluído e que o incomodava.

Logo o ônibus escolar chegou e Matoi teve que ir embora, deixando o loiro seguir seu caminho com os pensamentos a mil.


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Notas finais do capítulo

Continua...