Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de drama pra começarmos bem e um moreno, alto e gostoso pra refrescar as ideias.



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Olhou rapidamente para a professora e em seguida para os dois alunos ao seu lado, logo desviando o olhar para a janela, encarando a quadra de esportes do lado de fora do prédio.

Contando com aqueles dois, havia cinco novatos em sua classe, todos transferidos há menos de um mês. Ou os outros colégios eram bem ruins ou o seu estava fazendo uma boa propaganda, mas realmente não se importava com aquilo.

As aulas haviam começado há três meses e em breve começariam a seleção para os integrantes dos times que representariam o colégio nos jogos inter-colegiais, e ele ficaria de fora novamente esse ano, devido à sua saúde.

Suspirou pesadamente enquanto a professora apresenta os novatos, tentando fazê-los se sentirem a vontade para falarem um pouco sobre suas vidas.

Ignorou o restante daquela aula e todas as outras que se seguiram até a hora do almoço. Não estava com cabeça para conhecer gente nova ou desvendar sonhos estranhos, muito menos com ânimo para lidar com falsas esperanças.

x-x-x

Sentaram numa das mesas ao fundo da lanchonete, onde não seriam importunados por nenhum outro aluno e teriam privacidade para conversarem, já que ninguém ocupava as mesas próximas à daquele grupo.

A conversa fluía animadamente, mas nem todos participavam dela.

_... legal, não acha, Jun? – o ruivo recebeu uma cotovelada de Matoi, só agora notando que seus amigos estavam ali e queriam sua participação.

Matoi, assim como Jun, estava no segundo ano. Estudavam juntos desde a terceira série e desde então se mantém nas mesmas escolas. Kisaki e Riku eram do terceiro ano e conheceram os outros dois em um evento do colégio, após quase terem estragado a festa durante uma confusão.

_ Você está muito distraído. – Kisaki fixou o olhar sério em sua face, pronto a não lhe dar brechas para desconversar – O que houve?

_ Nada demais... – deu de ombros, tentando passar uma imagem descontraída – Só um sonho que tive.

_ Tem certeza que não é por causa dos jogos? – Riku perguntou como quem não quer nada, mas o sorriso de canto em sua face mostrava que ele tinha tocado na ferida.

E o silêncio de Jun só provava que o loiro estava certo.

_ Você devia parar de tentar esconder as coisas da gente. – pediu Matoi, sorrindo minimamente – Somos amigos, a gente se conhece bem demais.

_ Por que não participa apenas dos treinos? – o olhar de Kisaki estava no seu almoço, mas ele escutava tudo atentamente.

_ Você sabe que eu não posso... – Jun respondeu fazendo bico, tentando amansar o outro ruivo, mas não funcionou.

_ O que eu sei é que você seria um ótimo jogador. – deu fim àquele assunto, vendo os outros dois acenarem em concordância.

x-x-x

Agradeceu internamente quando o professor de química passou um trabalho em dupla para ser feito em classe.

Rapidamente, Jun e Matoi juntaram suas carteiras, o ruivo copiando as questões do quadro, enquanto seu parceiro procurava as respostas no livro ou perguntava a outros colegas.

Como seriam duas aulas seguidas, o plano de todos os alunos era terminar os exercícios o mais rápido possível, para poderem aproveitar o restante do tempo conversando ou fazendo qualquer outra coisa que não fosse estudar.

Como a parte de Jun era mais simples, não demorou muito para que ele voltasse a encarar a paisagem pela janela, pensando na conversa que tivera com seus amigos durante o almoço. Não faria mal em tentar, faria?

Ele só precisava convencer o treinador de que era bom e estaria no time. Ah, sem contar que precisava persuadir também sua mãe, caso conseguisse o feito. Ela nunca permitiria que ele praticasse esportes.

Não ia dar certo...

O fim da aula se aproximava e o professor começou a rondar pela sala, auxiliando as duplas que não haviam terminado o trabalho.

Matoi empurrou uma folha para Jun, pedindo que ele fizesse a capa e sussurrando quando o viu começar a escrever:

_ Ele não para de olhar pra você.

_ Ele quem? – não se deu ao trabalho de levantar o olhar do papel.

_ O novato. – falou como se fosse óbvio.

_ Qual deles? – questionou desinteressado – Eu mal conheço os que eram da nossa turma no ano passado.

_ O de hoje cedo. Moreno, alto, sentado lá no fundo, com a representante.

Tentando se mostrar um pouco curioso, ergueu a cabeça e olhou para trás, encontrando rapidamente o rapaz, que desviou o olhar naquele instante.

_ Por que acha que ele está me encarando? – voltou-se para o amigo, concentrando também em terminar o trabalho.

_ Hm... talvez porque você ignorou ele o dia todo, foi o único a não dar as boas-vindas antes do almoço, não sorriu e não cumprimentou ninguém, está tentando se passar por um fantasma. – enumerou contando nos dedos – Eu posso pensar em várias possibilidades.

_ Se eu ignorei o cara, era de se esperar que ele fizesse o mesmo. Ou algum outro novato fica me encarando também?

_ Nem todo mundo age igual, Jun. – sorriu divertido antes de continuar – Ou ele pode ter achado você interessante, com esse cabelo quase rosa...

Recebeu um olhar de soslaio, corrigindo a frase:

_ Ok, vermelho claro. Mas o fato é que você chama a atenção de longe. – conclui como se aquilo explicasse o fato.

_ E você? Baixinho e com mechas azuis não é chamativo? – cutucou-o nas costelas, arrancando uma risada baixa – Quem garante que ele não está olhando pra você?

_ Tenho uma ideia: vamos perguntar pro cara na hora da saída.

_ Não mesmo!

O sinal anunciou o fim das aulas, causando tumulto nas salas e nos corredores, todos se apressando para irem embora.

x-x-x

O trajeto de volta foi feito no mais completo.

Repassava em sua mente o plano que armara com seus amigos. Precisava convencer sua mãe a autorizar sua participação nos treinos e nos jogos. Depois, isso se conseguisse fazer a cabeça da mulher, iria contar com a ajuda de Kisaki e dos outros para treinar. Sem contar que precisava falar com o treinador também. Isso tudo sem entrar em pânico ou ter uma crise.

Quando retornou à realidade, já estavam em casa e sua mãe desligava o carro. Pegou a mochila e entrou rapidamente, anunciando que ia tomar um banho. Ainda tinha que pensar em como contar a ela sobre o que queria fazer.

E tendo uma mãe tão super protetora, imaginava que seria muito difícil convencê-la, mas Riku garantiu que nada era impossível e não ai perder nada tentando.

Guardou seu material e tomou um banho rápido, decidindo que era melhor ser sincero e direto, antes que sua coragem o abandonasse.

Encontrou sua mãe terminando de arrumar a mesa para os dois, ajudando-a enquanto ela olhava o andamento do jantar.

Esperou que a mulher servisse ambos os pratos e sentasse ao seu lado antes de começar:

_ Ahm... posso te pedir uma coisa? – questionou incerto, colocando um pouco de arroz na boca para ter com o que se ocupar.

Pela maneira como ela o encarava, já sabia que tinha algo de errado ou o incomodando. Como mãe ela não deixava nada passar despercebido.

_ E essa coisa inclui o motivo de você estar tão quietinho? – recebeu um aceno em concordância, sorrindo para o filho – Pode falar, querido.

_ Vão começar a seleção para o torneio de vôlei e eu queria participar. – olhou-a o mais pedinte que conseguiu, rezando internamente para que ela deixasse.

_ Jun... – sua voz, apesar de doce e gentil, saiu em um tom sofrido.

Ela largou os hashis, virando-se para sentar de frente para o garoto, levando a mão aos seus cabelos, acariciando.

_ Eu prometo que não vou me esforçar demais! – continuou a falar, antes que ela o convencesse do contrário – Nem é para competir, só por diversão! E meus amigos vão me ajudar a treinar, então vou saber meu limite. Eu só quero fazer algo diferente e que não seja tedioso. Só esse ano! A senhora só precisa conver-...

_ Eu não vou fazer isso, querido. – puxou-o para um abraço, apertando-o protetoramente – Eu sei o quanto você gosta de esportes. Seria muito bom se você pudesse participar, eu sei que se sairia muito bem, mas eu não posso deixar.

_ Mas...

_ Eu não vou agüentar perder mais alguém... Eu não quero correr esse risco com você...

O tom choroso seguido de um soluço fizeram o garoto relaxar no abraço. Não que ele entendesse ou aceitasse, mas porque ele havia desistido.

A mulher não medira esforços para atingi-lo, usando bem as palavras que sabia que o comoveriam.


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Notas finais do capítulo

Alguém consegue sentir a dor do personagem? Ou são sádicos ao ponto de gostar de vê-lo sofrer?

E o drama está apenas começando...

Continua...