Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

E estamos quase chegando ao fim. Muitas intrigas, rolos e confusões amorosas. O que pode resultar disso? Só lendo pra saber ^.~

Boa leitura e espero que gostem ^-^

Ah, contém doses de glicose, cuidado XD~



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Matoi levantou-se de um pulo quando ouviu a campainha tocar, indo receber os amigos que faltavam, poupando o trabalho do garoto de cabelo rosa levantar.

Jun aproveitou que sua mãe estava trabalhando e que já estava se sentindo melhor para reunir os amigos para conversarem.

Havia muita coisa para resolver, fatos do começo do ano escolar que queria esclarecer e assuntos recentes que não sabia como havia se espalhado.

_ Entrem logo! O lanche é por conta do Jun! – o moreninho recebeu Riku e Kisaki, dando um tapa forte nas costas do ruivo e recebendo um olhar nada amigável – Ops... foi mal...

_ Oi, Jun. Iori. – o loiro adentrou a sala, sentando no sofá de frente para o casal – E o braço?

_ Bem melhor! – Iori mostrou o gesso, agora completamente rabiscado – Vou ficar livre disso daqui uns dias.

_ Você não falou que vinha tudo mundo... – Kisaki não conseguiu esconder o desagrado ao ver Iori.

Depois da briga no hospital, eles evitaram se encontrar, contando com a ajuda de Riku para intercalarem os horários de visitas. Não era um bom momento para desavenças e não queriam preocupar Jun. Mas agora que o garoto estava bem, eles não precisavam mais fingir que se entendiam.

_ Eu queria perguntar umas coisas pra vocês. – Jun começou assim que todos se acomodaram – Principalmente pro Kisaki e pro Iori.

_ O que você quer saber? – o loiro virou-se no sofá, ficando de frente para Jun.

Estavam se encontrando de vez em quando, mas não sabia bem se haviam voltado, se o namoro estava firme ou se voltaram a ser só amigos. E se Jun tinha dúvidas sobre eles, esse seria o momento de descobrir como ficaria a relação de ambos.

Porque motivo para ser abandonado não faltava e ele ainda não havia explicado sobre seu sumiço.

_ Bom... vou começar com o Matoi. – respirou fundo, encarando o moreninho – Você e o Ryo são amigos?

_ Não. – respondeu de prontidão, sem entender de onde o amigo tirou aquela ideia.

_ A gente não se entende com aqueles três, Jun. – o ruivo tomou a palavra – Isso eu tenho certeza. Eles vivem falando mal da gente no colégio. De todos nós, sem exceção.

_ É que... na noite da formatura, o Zechs me disse que o Matoi e o Ryo eram amigos. Foi assim que eles descobriram que eu e o Iori estávamos namorando.

_ E você acreditou nele? – a expressão de indignação do ruivo jogava na cara de Jun o quanto ele estava sendo ingênuo.

_ Dá um desconto, ele tinha bebido. – Matoi tentou argumentar pra amenizar a situação.

_ A biblioteca! – Riku elevou um pouco a voz, sorrindo de canto com a descoberta – O Ryo estava por lá quando eu e o Matoi comentamos do sumiço do Iori.

_ Ele deve ter ficado muito feliz por ter uma notícia pra contar pro Zechs. – o loiro comentou desgostoso.

_ O cara aproveitou que a gente não estava por perto pra encher sua cabeça, Jun. Inventou a própria versão pra isso e te fez acreditar nela.

O que Kisaki queria no momento era procurar aqueles três para dar uma boa lição, mas não ia ser fácil encontrá-los agora que as aulas terminaram. E também, estavam ali porque Jun queria tirar essas dúvidas sobre a mentira. Ele parecia bem receoso quanto a isso.

_ Jun, o que o Zechs te falou naquela noite? – Riku o interrogou de modo firme, mas seu olhar dizia que ele podia negar uma resposta.

O garoto de cabelo rosa olhou para o ruivo a sua frente e o namorado dele ao lado, olhando também de relance para Iori, e depois daquela declaração no hospital, tudo que pensara sobre eles podia estar equivocado. E Iori dissera que sentira sua falta e foi por medo de perdê-lo que entrou na frente do carro.

_ Ele disse que o Kisaki foi o primeiro amigo do Iori no colégio...

Loiro e ruivo se encararam sem entender.

_ Mas isso é verdade, Jun. – explicou Iori – Você me ignorava na época, mas deve se lembrar que eu entrei no time de vôlei e depois disso comecei a andar com vocês.

_ O que mais ele falou? – foi Matoi quem perguntou dessa vez. Ele sentia que Jun estava com receios de falar.

_ Que o Kisaki tinha brigas com quase todo mundo no colégio e que era bom eu saber os motivos. Porque a gente tava comprando as brigas dele.

_ Não é segredo pra ninguém que eu não sou muito sociável. – o ruivo comentou em tom irônico – E muita gente tem inveja porque sou o capitão do time. Acho que eles esperavam alguém mais sorridente. – abriu um sorriso falso e cheio de dentes – Eu não ligo para o que pensam, mas não costumo arrumar brigas de graça.

_ Kisaki... por que você não gostou de me ver com o Iori? – não era exatamente o que queria saber, mas era praticamente uma indireta para tirar parte de suas dúvidas.

O ruivo ficou em silêncio, encarando-o atônito, enquanto os outros três riam baixinho.

_ Porque ele é um desgraçado de um ciumento! – Matoi aproveitou a chance para tirar sarro com o ruivo – Ele é mais protetor que a sua mãe! Olha, eu tenho quase certeza que o Kisaki também é filho dela!

Os dois loiros e o moreninho riam alto da cara de poucos amigos do mais velho, mas Jun ainda não se sentia muito a vontade.

Se ele era considerado um irmão, o que Iori significava pra ele? Só um amigo também ou algo mais?

_ Vocês dois brigaram quando eu estava no hospital, não é?

_ E daí? – o ruivo deu de ombros, pouco se importando da grosseria.

_ Por quê?

_ Porque foi por culpa dele que você sofreu o acidente!

Aos poucos, o riso pela brincadeira de Matoi foi morrendo e o clima foi ficando pesado. Os outros três prestavam atenção na discussão de Jun e Kisaki, temendo o desfecho de tantas perguntas e acusações.

_ Ele não me pediu pra correr na frente do carro, Kisaki.

_ Mas você estava bem antes dele chegar.

_ Antes de chegar no colégio, no começo do ano ou antes de chegar na festa?

_ Antes de tudo! Principalmente antes de você conhecê-lo. – o ruivo ergue-se, andando a esmo pela sala – Eu devia ter escutado você e tirado ele do nosso grupo.

_ Queria ficar com ele só pra você?

Riku estranhou aquela questão e Iori sentiu-se como um objeto. Novamente estava perdido em um assunto que só aqueles dois pareciam entender.

Todos sabiam que Kisaki culpada o loiro pelo acidente, mas achavam que era mais como uma válvula de escape, pra descontar a raiva que sentia por não estar por perto para ajudar Jun quando ele mais precisou.

_ Do que está falando, Jun? – o tom de Riku era grave e preocupado.

_ O Kisaki estava interessado no Iori. Por isso não queria a gente junto.

Matoi encarou o amigo boquiaberto e Iori chegou a engasgar também incrédulo com a informação. Riku por sua vez, apenas ergue a sobrancelha, achando o fato no mínimo curioso.

_ Eu? Gostando dele? – o ruivo se apontou e depois apontou para Iori, também não acreditando no que ouvira.

_ Foi o Zechs quem disso isso? – questionou Riku.

_ Ele disse que o Iori ia esquecer de mim quando soubesse da minha saúde e que foi o Kisaki que contou pra mãe dele sobre a gente.

_ E você acredita mais nele do que em nós?! – o ruivo esbravejou, andando na direção de Jun com os punhos cerrados – Depois de tudo que a gente fez por você, entrando em briga, te defendendo, escondendo sua doença, te apoiando, você prefere acreditar nele? Por que eu ia querer o seu namorado?

_ Não sei. Mas era você quem não queria aceitar o nosso namoro.

_ Por que eu queria proteger você, sua criatura rosa! Eu tentei juntar vocês e depois fiquei com ciúmes!

_ Calma, Kisaki. – o loirinho revirou os olhos, aproximando-se para abraçá-lo – A gente veio conversar e não brigar.

_ Como eu posso ficar calmo depois de ouvir isso?!

_ Deixa que eu explico. – roubou um selinho do ruivo, virando-se a seguir para Jun – O Kisaki nunca esteve interessado no Iori, Jun. A prova disso é que estamos namorando há quase dois anos, bem antes do Iori entrar no colégio. Depois que o Matoi viu a gente se beijando e não contou pra ninguém, eu achei que não precisava mais esconder. O Kisaki tinha medo dos pais descobrirem, por isso escondemos de todo mundo, até mesmo de vocês.

_ Vocês já estavam namorando? – agora era Matoi quem estava surpreso com essa outra descoberta – E conseguiram esconder de mim?!

O loirinho apenas concordou, encarando Jun com pena. Ele parecia sem graça, agora que sabia a verdade. Talvez fosse mais fácil pra ele encarar o sumiço de Iori se soubesse que fora por gostar de outra pessoa, por encontrar alguém mais interessante do que si próprio.

_ Nós gostamos muito de você, Jun. Por isso ficamos de olho no Iori. Pra ver se ele cuidava bem de você.

_ Ficavam de olho ou ameaçavam? – o moreninho tentou quebrar o gelo novamente – Porque eu já vi ele sair de cada lugar com uma cara...

_ Tem alguma coisa que acontece e você não sabe? – foi a vez de Iori questionar Matoi, surpreso por ele ver tudo e nunca ser visto.

_ Só uma coisa... pra onde você foi, depois que pegaram vocês aos amassos?

Iori encarou Jun com receio, mordendo o lábio inferior nervosamente. Era algo tão idiota, mas que podia salvar sua relação.

_ Acho que é hora de vocês dois conversarem sobre isso. – sugeriu Riku, puxando o namorado pela mão – Vamos deixar vocês sozinhos e qualquer coisa, podem ligar pra gente.

_ É... depois nós dois nos acertamos também... – sugeriu Kisaki, com um sorriso maldoso na face. Era um claro sinal que, se magoasse Jun mais uma vez, ele não sairia ileso.

_ Podem ficar. – pediu  Iori, olhando principalmente para o ruivo – Acho que vocês também querem saber o que aconteceu.

_ Com certeza! – Matoi, que havia se levantado, voltou a se jogar no sofá, encarando Iori atentamente, mas depois fingindo desinteresse ao ver o olhar mortal de Riku – Quer dizer... é melhor vocês conversarem sozinhos e se acertarem.

_ Vamos pra casa do Kisaki, assistir filme. Depois vocês podem se encontrar com a gente lá. – Riku afirmou em tom definitivo, não deixando margem para que Matoi se oferecesse pra ficar. Eles também queriam saber o que houve, mas o principal era que Iori se explicasse para Jun, para que finalmente se acertassem.

* * *

Sentaram no banco da praça, cada um olhando para uma direção, esperando que o outro tomasse a iniciativa.

Assim que os três amigos saíram para a casa de Kisaki, Iori acabou ficando sem palavras, não sabia por onde começar e tinha medo que seu motivo não fosse o suficiente para reatarem.

Depois do beijo no hospital, o loiro ainda visitara Jun algumas vezes por lá, e depois em sua casa, mas eram sempre visitas rápidas. Não tocaram no assunto de seu sumiço e o pior, não comentaram como iam ou se iam mesmo continuar. Se seriam só amigos a partir de agora, se podiam voltar a ser namorados... um namoro que nem começara realmente.

_ Jun... – respirou fundo, finalmente se virando para encarar o outro garoto – Naquele dia, depois que você e sua mãe foram embora... – esfregou a nuca nervosamente, procurando as palavras certas – Não tem como amenizar, a minha mãe simplesmente surtou! Acho que quando eu pedi pra sair do colégio ela desconfiou que alguma coisa estava errada, mas eu consegui contornar, só que depois do que ela viu...

_ Você... pediu pra sair? – Jun encarou-o boquiaberto com a nova informação – Não foi decisão deles?

_ Ahm... isso. – baixou a cabeça, estapeando-se mentalmente por ter deixado aquela informação vazar – Eu já gostava de você naquela época, Jun. E você sempre me dando o fora, não me querendo por perto, ignorando. Eu não entendia o que tinha feito de errado pra merecer isso. E depois, do nada, você começou a me cumprimentar, fizemos trabalhos juntos, saímos. Pensei que finalmente daria certo... Só que começou tudo de novo, você com seus segredos e eu curioso demais, tentando descobrir o que era.

_ O que isso tem haver com o sumiço?

_ Eu pedi pra sair do colégio porque não aguentava mais essas idas e vindas. Eu queria saber o que estava acontecendo e estava me sentindo excluído do grupo. Pensei que o problema era comigo. Mas depois que eu vi o que aconteceu com você, eu decidi que não queria mais sair e meus pais ficaram mais desconfiados. Começaram a me observar mais de perto. E foi nisso que minha mãe pegou a gente. Ela realmente estava de olho.

_ Entendo... e pra onde você foi?

_ Quando meu pai chegou, ela contou tudo e ele achou que era hora da gente ter uma conversa de homens. Me chamou pra dar uma volta e... foi a coisa mais idiota que aconteceu! Ele simplesmente travou o carro e continuou dirigindo, sem falar nada, sem perguntar nada. Só parou quando chegamos na casa dos meus avós. Três horas de viagem e eu estava num fim de mundo! Sem celular e sem comunicação!

Como Jun apenas continuou a encará-lo sem dizer nada, Iori não sabia o que pensar.

_ Ele me deixou lá e retornou pra casa. No outro dia voltou com uma mala com algumas roupas. Disse que não tinha nada contra o que fiz, que eu já sabia o que queria pra minha vida, mas estava fazendo aquilo só porque minha mãe pediu. De acordo com ele, minha mãe não queria esse tipo de vida pra mim, eu tinha um bom futuro pela frente e ela queria que eu formasse uma família... Você entende, Jun? Não foi porque eu quis sumir, ou não me importava com você, mas meu pai queria que eu ficasse por lá, apenas pra fazer as vontades da minha mãe. Ela achou que ia resolver tudo afastando a gente.

O garoto de cabelo rosa continuou calado, olhando para as próprias mãos, pensativo. Realmente não tinha muita coisa que Iori pudesse fazer naquela situação. Ele concordou com o que o pai pediu para não contrariar a mãe, mas pelo visto o homem não era totalmente contra os dois, apenas a mulher.

_ Jun... me perdoa? – segurou-o pelos ombros, virando de frente para si – Eu não queria sair de repente, sem te avisar e te deixar preocupado. Mas o que eu podia fazer?

_ E como voltou? – questionou impassível, deixando o loiro mais angustiado.

_ Meu pai convenceu minha mãe que eu precisava terminar o colégio. Ele conversou com a diretoria e me deixaram fazer as provas em outro horário. Minha mãe me levava e esperava até que eu terminasse. Ela não me deixava sozinho um segundo sequer. Eu estava ficando louco com essa marcação! No dia do baile eu esperei eles dormirem e sai escondido.

_ Faz sentido... – Jun suspirou fundo, ainda olhando pra baixo – E eu pensei em tanta coisa, tantos motivos...

_ Eu sinto tanto. O Matoi me contou que você ficou muito abatido, que estava se isolando... Se eu pudesse mudar o que aconteceu...

_ Não foi sua culpa. – o garoto finalmente ergueu o rosto, presenteando-o com um pequeno sorriso – Agora eles não vão proibir, não é? Mamãe disse que eu ia ter uma surpresa quando saísse do hospital. Eles concordaram, não foi?

_ Sim. – o loiro puxou-o para um abraço apertado, sentindo todo o peso sair de seus ombros – Sua mãe conseguiu assustá-los, dizendo que iam ficar com a consciência pesada se eu tivesse morrido.

_ Ela sabe ser persuasiva. – riu baixo, correspondendo ao abraço, apoiando o rosto contra o pescoço do loiro, aspirando seu perfume – Ela sempre consegue me convencer a fazer o que ela quer.

_ Mas dessa vez temos muito que agradecer a ela.

_ E eu tenho que agradecer a você. Por tudo e principalmente por não ter desistido de mim.

_ Depois de batalhar tanto? Não ia desistir tão fácil! – segurou seu rosto com carinho, colando seus lábios e pedindo passagem para um beijo urgente.

Ninguém mais iria atrapalhar, proibir ou tentar afastá-los. Agora sim, tinham certeza que não precisavam temer a nada.


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Notas finais do capítulo

E o próximo é o epílogo. Agora não tem mais como enrolar ^-^
O que acharam? Mereço reviews?