Kizu escrita por Aislyn


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

A culpa pela demora na atualização é da Lily u.u *aponta pra criaturinha*

Eu tinha o capítulo pronto, aí ela leu alguns trechos, opinou e me fez reescrever TUDO! Mentira, mas reescrevi boa parte da história XD~

Mas, ficou melhor assim. Pra quem está gostando e acompanhando a fic, ela terá agora mais dois capítulos... ou quem sabe mais... o.o

Então, boa leitura!



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O médico terminava de engessar seu pulso, recomendando que não o forçasse por alguns dias. Tivera muita sorte por não ter se machucado tanto.

Na verdade, tinha sorte em estar vivo.

Foi a maior loucura que já cometera em sua vida. Entrar na frente de um carro para salvar alguém.

Mas o que realmente o incomodava era a cena de Jun conversando com Zechs. O mais velho deve ter dito algo muito ruim para deixá-lo perturbado. Sua expressão dizia isso.

E o modo como foi encarado... ele sabia que deixa explicações ao namorado, se é que ele ainda o considerava assim depois do longo sumiço, mas ele tinha uma justificativa. Só esperava que fosse suficiente pra o garoto de cabelos rosa.

x-x-x

Kisaki, Riku e Matoi estavam sentados lado a lado em cadeiras dispostas em um trecho do corredor. O loirinho parecia ter chorado um pouco e agora era consolado pelo ruivo. Matoi tinha uma expressão perdida, como se ainda não acreditasse no que aconteceu.

Os pais de Iori também estavam por perto, conversando em tom baixo e olhando ao redor para ver se alguém prestava atenção neles.

A mãe de Jun podia ser vista mais a frente, preenchendo uma papelada enquanto conversava com uma enfermeira.

Assim que se aproximou, Iori foi recebido por um abraço apertado de sua mãe, que começou a chorar em seu ombro. Seu pai parecia ter envelhecido alguns anos.

Talvez esse susto os fizesse mudar de opinião quanto à transferência, apenas para mantê-lo por perto.

Mal se afastou do casal e Riku se aproximou, abraçando-o também.

_ Cuidado com o Kisaki. – o loirinho sussurrou em seu ouvido e depois se afastou.

Não entendeu o que ele queria dizer até que olhou para o ruivo. Ele cerrava os punhos com tanta força que achou que poderia ferir as mãos. E o fato de Matoi segurá-lo não era nada confortador.

Sentiu que ia começar tudo de novo. Com certeza viria alguma acusação pra cima de si. Mas aquilo não importava, a única coisa que queria era saber o estado de Jun. O resto podia esperar para ser resolvido depois.

_ Vamos embora, Iori. – chamou o pai do loiro, quebrando a tensão do momento – Você precisa descansar um pouco.

_ Eu vou ficar aqui. Podem ir, se quiserem.

_ Querido, seja sensato. Você já está aqui há algumas horas. Vamos pra casa, você dorme um pouco e depois nós voltamos. – sua mãe também tentou persuadi-lo, mas Iori voltou a negar.

_ Só vou embora depois que ver o Jun. Quero ter certeza que ele vai ficar bem.

_ Os pais vão cuidar dele, Iori. E os amigos também. – o pai ainda tentou argumentar, apesar de saber que era em vão.

_ Também sou amigo dele. Vou ficar. – e, parando pra pensar, Iori sempre via a mãe de Jun, em qualquer situação que fosse. Nunca tinha visto o pai dele.

Era mais um item para acrescentar na lista de coisas que não sabia sobre Jun, mas perguntaria assim que pudesse.

_ Iori? – afastou os pensamentos ao ouvir uma voz diferente o chamando: a mãe de Jun – Eu nem sei como te agradecer pelo que você fez... Se você não estivesse lá para ajudá-lo...

E mais uma vez foi abraçado. A mulher não parava de agradecê-lo, apontando o quanto fora corajoso e a cada palavra ele se sentia mais sem graça. Não via necessidade naquilo tudo. Só agira por instinto, não tinha pensado muito em suas ações.

_ Eu vou conversar um pouquinho com seus pais, se não se importar. – avisou assim que o soltou – Me chamem quando o médico liberar as visitas.

Assim que os três adultos se afastaram, Kisaki partiu para cima de Iori, desvencilhando facilmente de Matoi e segurando o outro pela frente da roupa.

_ Eu vou acabar com você, desgraçado! – o ruivo parecia cuspir cada palavra.

_ Kisaki, calma! O Iori está machucado e ele não tem culpa pelo acidente! – Riku segurou seu pulso, tentando contê-lo.

_ Vou aproveitar então que já estamos num hospital, pra quebrar o resto! – gritou em tom irônico – Jun não teria ficado tão abalado se esse idiota tivesse parado de intrometer na vida dele! Devia ter sumido pra sempre!

_ Eu não devo satisfação do meu sumiço pra ninguém. – podia aproveitar que Riku estava do seu lado para jogar algumas verdades na cara do ruivo – Muito menos pra você, que também sumiu e deixou o namorado sozinho em casa!

_ Ora, seu...!

_ Hei, ele tem razão. – Matoi também tentou segurá-lo, ganhando espaço para Iori se afastar – A gente está aqui pra ver o Jun, ninguém precisa dar satisfação agora.

_ Vamos sentar e esperar o médico. Brigar não vai resolver nada. – Riku conseguiu afastar o namorado e levá-lo de volta para os bancos, vendo Matoi levar Iori para o outro lado.

_ Como está o braço?

_ Um pouco dolorido. – ergueu-o para analisar se estava tão ruim quanto sentia – Vai ficar engessado uns vinte dias ou mais. Mas eu acho que tive muita sorte.

_ Também acho. – sorriu nervosamente – Quando eu vi o carro freando, pensei que tinha acertado vocês com tudo, igual nos sonhos.

_ Que sonhos? – ergue a sobrancelha, estranhando a nova informação.

_ Ahm... é que, às vezes, o Jun tinha uns sonhos... e alguns aconteciam... – por que não ficou de boca fechada? Agora o loiro ia querer saber tudo, e sabia que Jun não ia gostar nada disso.

_ Ele sonhou que a gente ia sofrer um acidente e não me contou? – se ele soubesse daquilo, podiam ter evitado, não podiam?

_ Não é bem assim... por exemplo, há alguns meses ele sonhou que ia conhecer um cara loiro e que os dois seriam bons amigos. Quando você entrou no colégio era moreno, não tinha como ele adivinhar sem todas as peças. O mesmo vale para o acidente.

_ Isso são como visões?

_ Não sei bem. Acho que é só um sexto sentido muito aguçado.

_ Certo...

_ Quanto ao que houve essa madrugada, foi por isso que ele tentou se afastar de você. Não queria que se machucasse. No começo ele não sabia quem ia sofrer o acidente, mas sabia que seria no colégio e que estaria sozinho com a pessoa.

_ Mas depois ele descobriu, e mesmo assim não falou nada?

_ Você não se contenta com poucos fatos, não é? – o moreninho revirou os olhos, se sentando na cadeira e encarando o teto – O Jun sabia que ia te conhecer e sabia do acidente, mas ele achou que ia morrer. Por isso jogou todas as preocupações pro ar e se envolveu. Ele achou que não ia conseguir evitar nada. O último sonho que ele me contou e quase aconteceu foi passar sozinho pela avenida perto da casa dele.

_ O dia da patinação! – Iori bateu com os punhos nos joelhos, fazendo uma careta de dor – Por isso ele queria dar a volta! Agora tudo se encaixa.

_ O mais interessante nisso tudo pra mim, é que depois que ele assumiu que gostava de você, os sonhos pararam.

x-x-x

A mulher já estava lá dentro há quase uma hora e a espera os deixava agoniados. Não sabiam se ele estava bem ou muito ferido, se estava consciente, nada.

Assim que o médico liberou as visitas, a mãe de Jun correu para o quarto e se fechou lá, não se dando ao trabalho de dar nenhuma notícia para os amigos.

Kisaki andava de um lado para o outro, resmungando que odiava esperar. Os outros três continuavam sentados, roendo as unhas ou batendo o pé nervosamente, sempre lançando olhares para a porta.

_ Por que ela não deixa a gente entrar? – o ruivo parou com a mão na maçaneta, mas se segurou.

_ Ela é mãe, tem o direito de vê-lo primeiro. – Matoi ponderou sabiamente, mas também estava ansioso.

_ Eles devem ter muita coisa pra conversar. – completou Riku, olhando para a porta mais uma vez, torcendo para que a abrissem logo.

Iori, seguindo o conselho de Riku, achou melhor ficar quieto quando estivesse perto do ruivo. Não queria arrumar brigas com nenhum deles.

Após longos minutos de espera e silêncio, que mais pareceram horas, a mulher finalmente saiu para o corredor, fechando a porta atrás de si e esperando que os rapazes se aproximassem.

_ Como ele está? – Matoi não agüentava mais aquela espera.

_ Podemos vê-lo? – Riku também se juntou ao interrogatório, temendo uma negação.

_ Ele vai ficar bem. – ela suspirou aliviada, mas parecia um pouco tensa – Vocês podem entrar, mas, por favor, não exijam muito dele. – e olhou diretamente para Kisaki, pois sabia que o ruivo era esquentado – Não o deixem se esforçar e nem falar demais. Ele precisa descansar. – recebeu quatro acenos em concordância – Iori, eu falei com seus pais e sei que vocês dois tem muita coisa pra esclarecer, mas isso pode esperar. Se puder, deixe essa conversa pra quando ele receber alta.

_ Sim, senhora. – assentiu rapidamente. O que ele queria mesmo era saber o estado do namorado, se é que ele ainda o considerava assim, As explicações realmente podiam esperar.

_ Eu vou comprar um lanche e volto logo. Cuidam dele pra mim? – novamente todos concordaram.

Ela abriu novamente a porta, dando-lhes passagem e saindo em seguida. Entraram em silêncio, observando o garoto deitado na cama. Jun parecia estar com os pensamentos distantes e sua aparência era muito cansada. Tinha vários arranhões pelo rosto e braços, seus cabelos estavam desgrenhados e também tinha olheiras, como se tivesse passado a noite em claro. Mas fora isso, ele parecia bem, não tinha nada engessado, nada quebrado, nada de ponto, nenhuma pancada mais forte.

Até parecia milagre.

_ Querem parar de me olhar como se eu fosse um fantasma? – a voz baixa e fraca tirou os rapazes de seus devaneios. Mas o sorriso ainda estava ali. Aquele que Iori tanto amava, contagiando e sendo espelhado no rosto de cada um deles.

_ Seu irresponsável! – Kisaki foi o primeiro a se aproximar, acariciando seus cabelos e lhe abraçando desajeitado. Uma reação nada condizente com seu modo de ser.

_ Me desculpem... por preocupar todos vocês. – segurou a mão de Kisaki com força, procurando um pouco de carinho e compreensão.

_ Preocupados? – Matoi aproximou-se também, sentando aos pés da cama – Que nada! O Kisaki estava histérico!

Jun sorriu um pouco, voltando o olhar para o mais velho do grupo.

_ Isso é verdade? – mordeu os lábios para evitar o sorrisinho maroto que queria surgir. Era difícil imaginar o ruivo preocupado a tal ponto.

_ É. – confirmou o próprio Kisaki.

_ Legal.

_ Como se sente? – Riku aproximou-se pelo outro lado da cama, pegando-lhe a mão e acariciando com cuidado, pois além dos ferimentos, ainda havia o tudo que passava o soro.

_ Ahm... bem... só um pouco cansado e...

_ Como se tivesse sido atropelado por um caminhão? – sugeriu Matoi, rindo alto da própria piada.

_ Se não ficar quieto vão expulsar a gente daqui! – Kisaki deu-lhe um peteleco, fechando a expressão para mostrar que falava sério.

_ Cansado e o que mais? – Riku retomou a conversa.

_ Bom, eu estou com dor de cabeça também, mas o médico disse que é ressaca. Eu tive que contar que bebi muito, já que não bati a cabeça e estava zonzo, então não é nada sério.

_ E os machucados? – o moreninho apontou para os curativos – Nada sério também?

_ Só arranhões. Disseram que eu tive sorte.

_ Muita sorte. – ponderou Riku.

_ Uma sorte chamada Iori? – Matoi indicou o loiro com a cabeça.

_ Se ele mesmo não tivesse causado isso... – Kisaki resmungou mais para si do que para os outros.

_ O que os seus pais diriam se soubessem do nosso namoro? – Riku pareceu perder a paciência, apontando um dedo na sua direção.

_ Eles não vão descobrir. – o ruivo ficou em alerta após a acusação, sabendo que havia ultrapassado os limites da tolerância de Riku.

E essa briga ele ia sair perdendo.

_ Não vão é? – o sorriso do loiro fez Kisaki engolir em seco – Não vão descobrir porque a gente vai continuar namorando escondido? Você tem vergonha de assumir nosso relacionamento?

_ Na-não. Nossos amigos sabem...

_ E se eu disser que não é suficiente? – dessa vez o líder do grupo ficou sem resposta e ninguém ousou rir – Medo de ser expulso de casa, não é? Devia parar de julgar os outros tão criticamente. Você pode passar por coisa pior.

Riku estava realmente magoado com o namorado. Eles mesmos passavam por problemas no relacionamento, principalmente com relação a opção sexual de ambos e saber que o ruivo tinha vergonha era incômodo.

_ Me desculpe. – Kisaki estendeu a mão livre sobre a cama, segurando a do loirinho e entrelaçando seus dedos – Eu realmente tenho medo das conseqüências. Então, só espera eu arrumar um bom emprego e eu assumo nosso namoro pra quem você quiser. Eu... amo você, ok?

Jun ficou sem graça por estar vendo aquela cena de tão perto, assim como Riku, que nunca esperava nada romântico vindo do ruivo. Mas pelo visto ele sabia surpreender.

_ Muito bem, casalzinho do amor, agora vão se pegar lá fora que tem gente querendo conversar aqui. – Matoi pulou da cama, dando um empurrão em Iori como encorajamento e puxando o casal de amigos para fora.

_ Acho que te devo algumas explicações. – Iori aproximou-se da cama assim que Matoi fechou a porta do quarto, dando-lhes privacidade – Mas sua mãe me pediu pra esperar até você receber alta, assim nós podemos conversar melhor. Agora você só precisa descansar e se recuperar.

Jun acenou em concordância. Realmente tinham muito para conversar, mas isso podia esperar mais um pouco. Os remédios faziam efeito e ele estava se esforçando para não dormir. Queria aproveitar a companhia do loiro, agora que ele estava de volta.

Baixou os olhos um instante, procurando algum assunto ameno que pudessem conversar e quebrar o silêncio que se instalara, notando então o braço de Iori.

_ Seu braço...

_ Ah, isso... – ergueu a mão para mostrar o gesso – Vai ficar um tempo assim, mas não foi nada demais. – estendeu a mão para segurar a de Jun, que mesmo com todas as dúvidas, não negou o toque.

_ Você se machucou por minha causa. Sinto muito. – correspondeu ao carinho que recebia, sorrindo-lhe em agradecimento.

_ Fiquei com medo de te perder.

A confissão fez Jun corar e desviar o olhar. Depois de toda a desconfiança que teve contra o loiro, não esperava uma declaração, ainda mais depois de tanto tempo sem se verem. Por outro lado, o seu fantasma da dúvida estava se dissipando, afinal Iori também sentira sua falta e agora estava ali com ele.

_ Pensei que você não fosse voltar. – contou num sussurro, apoiando-se meio desajeitado na cama para sentar, apoiando a cabeça contra o corpo do loiro – Tentei te ligar, mas seus pais disseram que você tinha viajado. Eu não queria acreditar, mas quando você não apareceu no colégio...

_ Sinto muito. Depois de tudo que a gente passou, o que eu menos queria era ficar longe de você. – envolveu-o num abraço, beijando o topo de sua cabeça.

_ Promete que não vai embora de novo sem me avisar? – o garoto de cabelo rosa ergueu o rosto, encarando o loiro de modo pedinte. Ele agüentaria ser deixado pra trás, desde que tivesse pelo menos uma boa justificativa.

_ Eu não vou te abandonar de novo. Prometo que vou fazer o que puder pra ficar com você.

Iori segurou a face de Jun com cuidado, colando seus lábios e aprofundando o beijo, sem medo de serem interrompidos ou represálias.

_ Te amo... – Jun sussurrou contra os lábios do maior, quando se afastaram para respirar.

Não guardaria mais só para si o que sentia. Não iria privar Iori de saber que era correspondido. Já negara por tanto tempo, e não queria perder mais nenhum segundo, inventando desculpas para suas ações e escondendo seus sentimentos.

_ Também amo você. – acariciou seu rosto com cuidado, notando que ele estava cansado e seus olhos pesavam, ajudando-o a se deitar novamente – Agora você precisa dormir. Vou ficar aqui até sua mãe voltar.

Queria perguntar se Iori também estaria ali quando ele acordasse, mas já tinha se entregado ao sono, embalado pelos carinhos que tanto gostava.


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Notas finais do capítulo

Continua...