Fugindo da Fama escrita por meglois


Capítulo 10
Bob Esponja


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Sakura

Ino não era uma boa ajudante. Certo, ela era a pior ajudante que alguém poderia querer ter. Ela só me deu problemas na hora de colocar a maldita peruca. Mas depois de alguns longos minutos, eu consegui colocar aquilo do jeito certo. E isso foi quando consegui fazer Ino parar quieta e tentei arrumar a peruca sozinha.

_Não. Essa ficou horrível. – disse Ino, fazendo careta.

_Você é muito incentivadora, Ino. – ironizei. Ela riu, mas não disse nada, preferindo arrancar a peruca da minha cabeça, tirando junto a touca que segurava meus cabelos.

A mesma coisa aconteceu com a peruca de cabelos ondulados castanhos, e novamente a touca foi arrancada junto com a peruca, deixando meus cabelos soltos novamente. Ino e suas mãos leves. Tsc, tsc.

Quando eu peguei a touca da mão de Ino, um vulto vermelho passou ao nosso lado. Foi só então que percebemos que havia uma fresta, e qualquer pessoa que estivesse na rua e olhasse bem, poderia ver a mim, com meus cabelos anormais soltos e a Ino ali dentro.

O vulto, que havia passado rápido, parou um pouco mais a frente. Depois foi voltando lentamente, até parar na fresta. A única coisa que eu vi foram os cabelos vermelhos e o reflexo de um óculos de armação marrom com lentes médias. Nem tive tempo de observar com atenção, pois a pessoa abriu a boca, deu um sorriso cínico e saiu correndo.

Uma onda de pânico tomou conta de mim. Aquele vulto me pareceu muito com Karin, e se fosse ela, não hesitaria em falar para quem quisesse ouvir que eu estava ali. A menos que tivesse planos mais cruéis.

Mas não tinha como confirmar, pois não houve tempo para ver detalhes... Poderia ser outra pessoa! Ou não...

Ino parecia não ter notado nada, estava mais ocupada escovando a peruca com os dedos, já que esta estava um pouco descabelada.

_I-Ino... – gaguejei.

_Fala, Saky. – disse, sem olhar para mim.

_E-eu vi um vulto... A-ali... – apontei para a fresta da janela. Ino se sobressaltou um pouco e olhou pela fresta, mas logo sorriu.

_Pode ficar tranquila, não tem ninguém na rua.

_Mas eu vi! – insisti. – Tinha alguém ali! E eu acho que pode ter sido a Karin! Lembra que nós vimos ela lá fora?

_Você deve ter se enganado. Está certo que a Karin vaca estava por aí, mas duvido que ela tenha vindo até aqui para te ver. Ela nem sabia que era você! Esquece isso, vai. 

Ino tentava me traquilizar. Eu preferi não insistir mais, mas ainda não estava convencida de que tinha sido só alguma coisa da minha cabeça. Estava certa de ter visto alguém, possivelmente a Karin, observando a mim. E pelo sorriso cínico, a pessoa havia me reconhecido. Que azar o meu, hein.

Com a minha animação diminuida pela metade, provei a peruca sem muito entusiasmo, e apenas concordei quando Ino disse que havia ficado incrível.

_Saky... Você ficou incrível de cabelos castanhos! – gritou ela. – Pena que teremos que esconder esses seus lindos olhos verdes atrás de óculos...

_É... – sussurrei vagamente.

_Sai! – berrou Ino. – Precisamos de óculos e roupas!

_Claro, Ino. – concordou ele, sorrindo docemente para Ino, depois de aparecer de trás de um pilha de saias havianas. – Venham comigo.

O seguimos. Sai tinha uma coleção incrível de óculos muito bons, todos feitos por ele mesmo.

Escolhemos um óculos muito bonito, com armação cor de negra com detalhes em rosa, por insistência de Ino. Passamos mais umas três horas dentro da loja escolhendo roupas, dos mais variados tipos, todas para o dia-a-dia normal de uma pessoa como qualquer outra.

Não vi quando Sasuke havia voltado para a loja, mas o encontrei estirado em cima de alguns pufes quando fomos pagar por nossas compras.

Não vi quantas investidas Ino deu no Sai, não vi o quanto tive que pagar, não vi quando nos despedimos de Sai, não vi quando colocamos as sacolas no porta-malas do carro de Sasuke, e não ouvi nada do que falaram comigo durante a volta para a casa de Ino. Eu estava preocupada demais com a possibilidade de Karin ter me encontrado.

Deixamos Ino sã e salva – até demais – em sua casa, e voltamos para a casa de Sasuke, que também parecia preocupado com alguma coisa.

Subimos as escadas lentamente, sem nem pensar nos vizinhos que antes eu estava ansiosa para conhecer. Poderíamos conhecê-los depois. Fazer novas amizades não tem hora, né?

Sasuke entrou no apartamente e eu entrei logo depois.

Resolvi não comentar nada com ele sobre Karin, talvez fosse só coisa da minha cabeça mesmo. E Sasuke também não falou nada sobre nada, apesar de ainda parecer preocupado com alguma coisa.

_Que horas são? – perguntei, querendo diminuir a tensão que pairava no ambiente.

_13h10min... E nós nem almoçamos.

_Podemos pedir uma pizza. Estou morrendo de fome! Eles vendem pizza na hora do almoço, né? – perguntei, me dando conta que já estava a mais de 5 horas sem comer, enquanto me sentava em um sofá de dois lugares da sala de Sasuke.

_Tudo bem. – concordou ele.

Fiquei observando-o enquanto ele pegava o telefone sem fio, e colocava-o junto ao ouvido. Fez uma careta e tirou o telefone de perto do rosto. Soltei um riso baixo. Sasuke era tão fofo!

_Onde é que eu coloquei a maldita lista telefônica...? – reclamou ele.

Sasuke adentrou no corredor, atrás da tal lista. Eu não liguei. Meus pensamentos estavam um caos, milhões de coisas passavam pela minha cabeça a cada segundo, de modo que não conseguia me concentrar em nada direito: meu reencontro com Ino, os amigos de Sasuke, o possível aparecimento de Karin, fingir ser uma pessoa normal e, principalmente, o próprio Sasuke.

Sasuke, Sasuke, Sasuke... Sua voz, seu rosto, seu sorriso, seus atos doces e até os não tão doces... Ele não saia de minha cabeça. Meu Deus, estou muito romântica ultimamente... Ino diria que estou gostando dele. Talvez (mas só talvez!), ela esteja certa.

_Achei! – gritou Sasuke, saindo dos meus pensamentos e aparecendo em carne e osso, com uma lista telefônica em uma mão e o telefone sem fio na outra. Discou algum número, esperando até atender. – Alô? Sim, eu quero uma pizza média... Sabores? Hm, pera aí... – e se dirigiu à mim. – Sakura, que sabor você quer?

_Sei lá... Pode ser calabresa... O outro você escolhe.

_Ok. – e falou de novo com o telefone. – Calabresa e... mussarela,  vai essa mesmo. Com azeitonas e orégano, por favor. É... Isso... O endereço é esse mesmo. Certo, obrigado. – e desligou.

Sasuke apertou um botão e jogou o telefone no outro sofá. Agora que eu reparei, a sala é bem grande. Três sofás, um de três lugares e os outros de dois lugares, todos de couro preto. Um grande tapete felpudo adornava o chão, e uma televisão de plasma 42 polegadas brilhava em frente aos sofás. No meio, uma mesa de centro com superfície de vidro servia de apoio para um vaso com flores de plástico.

_Cadê o controle da TV? – perguntei.

_Por aí. – respondeu Sasuke, se sentando no sofá de três lugares. – Eu não assisto muita TV.

_Nem eu. – falei. – Me falta tempo...

Sasuke sorriu de lado, me olhando pelo canto dos olhos. Corei. Merda.

_Sakura...? – perguntou, com uma sobrancelha erguida, ainda me olhando pelo canto do olho. Corei mais ainda. – Tudo bem?

_S-sim... – gaguejei. Mas por que diabos eu gaguejei?

Sasuke esfreguiçou os braços e bocejou, logo depois deitando-se, apoiando a cabeça em um dos braços do sofá.

Bem, se agora há pouco eu estava triste e em meu momento emo, agora não estou mais. Não sei por que, talvez a ideia de comer pizza tenha me animado de novo. Afinal, pizza é só um codinome para uma das 7 maravilhas alimentícias, se é que isso existe. Se não existe, algum dia eu crio.

Sasuke

Depois de um tempo, já estava ignorando o incidente com Karin. Eu a vi saindo de perto da loja sem nem mesmo entrar nela, então presumi que ela não faria nada. 

Mas ainda assim, eu estava cansado. Havia acontecido tanta coisa que minha cabeça estava explodindo. Provavelmente Sakura deveria estar ainda mais cansada do que eu, mas ela não reclamava, então só me restava conversar comigo mesmo.

Para rezumir: eu havia me demitido, conhecido uma celebridade pessoalmente, passado a noite na cobertura de um prédio, fugido de um bando de fãns que nem eram meus, visitado uma loja de disfarces, conhecido a amiga hipócrita da tal celebridade, e... detalhes. Poderia até dizer que foram poucas coisas, mas aconteceram em tão pouco tempo que chega a me assustar.

Me senti como se estivesse participando de um longa-metragem de ação.

Então, lá estava eu, deitado no sofá da minha sala, hospedando Sakura Haruno na própria casa. Espero que ela não descubra que eu tenho alguns CDs dela no meu quarto. Mas é segredo, ok?! SEGREDO! Não é bom que ela saiba que eu... hm... gosto das músicas dela. É que existe uma coisa chamada orgulho, já ouviu falar? Pois então. Eu tenho o meu, e quero que ele permaneça intacto.

Notei que Sakura estava olhando para mim de novo. Do mesmo jeito que me olhou no metrô: me secando. Não me incomodei, mas ficava surpreso que alguém como ela estivesse me secando. Digo, eu era um desempregado que ninguém conhecia. E sim, eu quero continuar assim. Menos a parte do “desempregado”. As pessoas precisam ter renda, entende?

Posso me considerar uma pessoa privilegiada, acho. Sei lá. Se eu fosse um fã maluco, provavelmente estaria tendo o vigésimo ataque histérico do dia. Felizmente, tenho meus pés no chão.

Em algum momento, Sakura se levantou. Andou pelo cômodo inteiro, mas depois voltou. A olhei interrogativamente. Ela levantou uma das mãos.

_Achei o controle. – falou. Ah. A mão que havia levantado segurava o controle. Preto, cheio de botões coloridos.

Ouvi o chiado da TV enquando Sakura mudava os canais, depois de ter se instalado em um dos meus amados sofás de dois lugares. Notei que ainda usava o disfarce velho, com chapéu e óculos. Parecia se sentir em casa, na minha casa.

_Oba! Está passando Bob Esponja. – disse ela, segurando uma almofada no colo, depois de jogar o controle na minha mesinha de centro.

_Bob Esponja? – falei incrédulo. Sakura assitia Bob Esponja. – Quantos anos você tem mesmo?

_É! Tenho 22, lembra que eu te disse para fingir que eu não tive infância? Entãããão, é bem isso que é para você fazer! A além disso, não vivi nem metade da minha vida ainda.  – disse ela. – Bob Esponja também é cultura, sabia? Aprendemos muito sobre o que não se deve fazer na vida real.

_Bob Esponja... – continuei falando, ainda sem acreditar naquilo.

_É. Eu gosto do Gary, o caracol, ele é bonitinho. Agora deixa eu ver o desenho em paz.

Sakura abraçou a almofada e grudou os olhos na TV. Eu ri do comportamento infantil e doce dela, e cruzei os braços atrás da cabeça, fechando os olhos. De vez em quando escutava aquelas risadas que só os personagens do desenho sabiam dar.

Às vezes, quando abria os olhos e dava uma olhada em Sakura, ela tinha um sorriso tranquilo no rosto. Sorriso o qual me deixava tranquilo, que eu teria prazer em ver todos os dias. E que sempre acabava me fazendo sorrir também.

Respirei fundo.

Alguém bateu a campainha.

_Pizza! – berrou Sakura, direcionando seus olhos para a porta.

Me levantei calmamente, andei até a porta e olhei através do olho mágico. Um cara de uns 17 anos vestido com roupa vermelha e um boné da mesma cor, segurava uma caixa  quadrada. Era a pizza, óbvio.

Abri a porta.

_Entrega de pizza. – disse ele, fazendo barulho mascando um chiclete com cheiro forte de morango.

_É aqui mesmo. – falei. O carinha fez uma bolha com o chiclete e estourou-a fazendo mais barulho ainda. Idiota.

_São US$ 22,50. – falou. Peguei o dinheiro e dei a ele, recebendo em troca, a pizza. – Obrigado por escolher nossos serviços. Fui.

_É, tchau. – fechei a porta sem cerimônia. Voltei até a sala com a pizza na mão.

_O que foi aquilo? – perguntou Sakura, com os olhos esbugalhados. Era uma cena engraçada.

_Motoboy. Disk entrega. Adolescente revoltado. Chame como preferir, eu não gosto de nenhum deles. – respondi. Ela soltou uma risadinha leve e melodiosa. Encantadora.

_Compreendo. – ela se levantou do sofá, deixando a almofada para trás. – Vamos comer... Estou com fome e a pizza está com um cheiro ótimo! Onde fica a cozinha?

Diminuiu o volume da TV e andou até chegar ao meu lado. Sorri para ela, e indiquei a porta da cozinha com o queixo.

Hora do almoço. Bem, já fazia mesmo bastante tempo que eu não comia pizza. 


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Notas finais do capítulo

Eu me diverti escrevendo esse cap. Hehehe.

Para falar a verdade, eu não gosto mto do Bob Esponja, mas acho que ficou legal no contexto.
Entããão, acho que todo mundo tem uma ideia de quem era a pessoa que Sakura viu, né? Hehehe.

Eu estou adorando os comentários que vcs me mandam!
Quero reviews, viu?? Ahaam. Sem reviews eu perco a vontade de escrever...