Sasuke

Sakura segurou em meu braço delicadamente, e fomos até a cozinha. Coloquei a pizza sobre a mesa.

Sakura soltou meu braço. Não gostei.  Gostava de sentir o contato das mãos dela com a minha pele, era quente e delicado. Fiz uma careta, mas ela não percebeu, pois já havia se sentado em uma das cadeiras e dava uma olhadinha na pizza.

Peguei dois pratos, dois copos, e uma garrafa de refrigerante que eu nem sabia que estava na geladeira. Coloquei tudo na mesa.

_Uau, não sabia que você guardava refri em casa. – disse Sakura.

_Eu também não. – rimos.

Sakura aparentou perceber que ainda usava o disfarce e retirou o chapéu e os óculos, me encantando de novo com seus lindos e brilhantes fios peculiares e cor-de-rosa e seus olhos verdes sonhadores. Senti meu coração bater com mais força. Juro que pude ouvir as batidas naquele instante.

Chacoalhei a cabeça. Tinha que parar de pensar coisas assim, Sakura iria embora ao fim de uma semana. E eu, com certeza, iria sentir falta dela.

_Senta aí, Sasuke. – disse ela, com um sorriso gentil. Em condições normais, eu ficaria irritado por mandarem em mim na minha própria casa, mas aqueles olhos tiravam qualquer irritação que eu estivesse sentindo. E eu me sentei, como ela havia dito.

_Qual sabor vai querer? – perguntei.

_Calabresa. – respondeu ela, servindo o refrigerante nos dois copos, empurrando um deles para mim. – Olha, só para avisar, estou agindo como se estivesse em casa, ok?

_Estou vendo. Mas obrigado por avisar. – falei.

Cortei um pedaço da pizza da parte de calabresa e coloquei em um dos pratos. Sakura pegou o prato, juntamente trazendo o copo dela para si.

Também peguei um pedaço para mim, mas sabor mussarela.

_Acho que não tem problema comermos na sala uma vez, certo? – disse, já me levantando com o prato em uma mão e o copo na outra.

_Mesmo? – perguntou Sakura, surpresa. – Legal! Assitir Bob Esponja comendo pizza!

Ela pegou o prato e o copo e foi correndo para sala.

Me sentei novamente no sofá de três lugares. Puxei a mesinha de centro para mais perto e deixei minha pizza ali. Sakura, que estava de pé, fez o mesmo, sentando-se ao meu lado, com um sorriso feliz no rosto.

Bob Esponja era o único que fazia barulho na sala, enquanto eu e Sakura comíamos nossas pizzas.

_Vou buscar o resto. – avisou ela. Se referia à pizza. Se levantou, buscou a pizza e voltou. Sentou no mesmo lugar, cortou outro pedaço e comeu.

Ficamos lá, comendo. Mas eu parei no segundo pedaço, dedicando meu tempo para apreciar Sakura.

Linda. Delicada. Adorável. Gentil. Doce. Divertida. Inteligente. Surpreendente. Única. Essa é a Sakura. E eu, um idiota que a elogia como se estivesse apaixonado. Argh.

Acabei sorrindo sozinho, e quando percebi, Sakura me encarava de volta. Os olhos verdes eram tão brilhantes que eu podia ver os meus próprios refletidos neles. Os olhos dela me lembravam o mar...

O que será que os meus olhos lembravam a ela? Vazio? Só pensar nessa possibilidade já me deixava triste.

Sakura

Eu já estava acabando o meu quarto pedaço. Não que eu seja esfomeada, ok? É só que eu estava com fome! Só isso.

Aí eu notei que Sasuke estava me encarando. Parei de comer na hora.

Os olhos dele estavam grudados em mim, com um brilho diferente, eu não consegui identificar o que era. Em seus lábios estava um pequeno sorriso. Um conjunto perfeito.

Eu não conseguia mais desviar o olhar dele, e meu coração batia muito mais rápido do que o normal, além de que me sentia quente.

O resto do mundo havia sumido. Era como se eu e Sasuke estivésses sozinhos, sem problemas, sem preocupações, sem pizza, só nós dois. Deu aquele climinha de romance, sabe? E eu, sinceramente, queria muito que acontecesse um romancezinho.

Aos poucos, inconsientemente, senti que estávamos diminuindo a distância entre nós.

Mais perto, mais perto e mais perto. Fechei os olhos.

E assim, me dei conta de que, realmente, eu já estava gostando do Sasuke. Talvez tenha chegado até a virar paixão, pois ainda não era forte o suficiente para ser chamado de amor. Nesse momento, só o que eu queria, era beijá-lo.

Sasuke

Minha boca estava a pouco centímetros de distância da dela. Sakura tinha os olhos fechados, e seus lábios estavam levemente entreabertos.

Segundos depois, senti o contato leve dos lábios dela com os meus, e acabei fechando os olhos também. Senti necessidade de me aproximar mais, como se eu precisasse sentir o beijo, sentir que Sakura estava ali comigo. Sim, eu era um cara romântico. Mas só nos meus pensamentos, tá?

E... Bem, foi o que fiz. Transformei o leve contato em um beijo de verdade. Sakura não me impediu, e acabou colocando os braços em volta do meu pescoço, do mesmo jeito que minhas mãos foram parar na cintura dela, puxando a para mais perto de mim.

Com a força do momento, aprofundei o beijo, ansioso para conhecer cada pedaço da boca dela com a minha língua. Ela fez o mesmo. Às vezes, seus dedos puxavam levemente alguns fios do meu cabelo, mas eu não me importei, já que chegava a ser bom. 

Ficamos o máximo de tempo possível assim. Os lábios dela eram doces e macios, mas tinham um toque salgado por causa da pizza que tínhamos acabado de comer.

Se eu ainda fosse uma criança, diria que estava me sentindo como os príncipes dos contos de fadas, quando beijam a princesa. Ahn... A Sakura era a princesa, sim.

Mas, o ar acabou e tivemos que nos separar. Não mais do que alguns centímetros. Abri os olhos, e vi que Sakura ainda respirava ofegante, tendo o rosto um pouco corado e os lábios inchados por causa do beijo. Mérito meu.

Modéstia à parte, eu sabia que beijava bem, já tinham me dito isso antes. Mas Sakura também não deixava para trás, não.

Ela abriu os olhos. Viu que eu a estava observando e ficou completamente vermelha. Tirou os braços do meu pescoço e levou-os para junto do peito. Tive que rir.

Dei um selinho nela. Sakura arregalou os olhos e olhou para beixo, vermelha e envergonhada. E linda.

_O que foi? – perguntei, ainda com vontade de rir das atitudes infantis e adoráveis dela.

_N-nada... – respondeu. Dei outro selinho nela, e me levantei. Eu estava adorando beijá-la quando bem entendesse. Os lábios de Sakura eram viciantes.

Levei os pratos, os copos e o resto da pizza até a cozinha. Voltei e me deitei no sofá maior, puxando Sakura para que ela deitasse a cabeça no meio peito. Instintos protetores, possessividade, essas coisas.

Sakura ficou fazendo círculos em meu peito com o dedo indicador. Beijei o topo da cabeça dela, e mudei o canal da TV, deixando em um outro onde passava um filme. Comédia romântica.

_Quer ver o filme? – perguntei para Sakura.

_Ahaaam. – disse ela, esfregando o rosto em mim como uma carícia.

Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti verdadeiramente feliz e completo. E isso tudo apenas por ter Sakura ali comigo.

Durante o filme todo, eu deixei meus braços em volta de Sakura, e quando terminou, desliguei a TV. Minha doce rosada havia caído no sono, com um sorriso encantador no rosto.

Só que eu não sabia se o que eu sentia era um simples desejo ou algo mais. Sabe, nunca fui um grande especialista em assuntos do coração... Na época de escola, eu simplesmente ficava com algumas garotas, mas nunca nada me fez sentir como eu havia me sentido com Sakura, o que me deixava um pouco confuso, ou frustrado, não sei.  

Eu havia gostado. Até demais, na verdade. Mas, Sakura iria embora ao fim de uma semana. Então, eu aproveitaria esse meu surto de carinho para com ela o quanto eu pudesse.

Sakura era... especial.

Acabei adormecendo, com ela ali, com a cabeça apoiada em mim.

Quando acordei novamente, Sakura me olhava, os dedos brincando com mechas do meu cabelo. Tinha um sorriso no rosto, daqueles que eu adorava.

_Bom dia, Sasuke! – disse ela. – Ou melhor, boa noite! Já são seis horas da tarde!

Esfreguei os olhos, e vi, pela janela, que já havia escurecido. A lua já era visível. Minha segunda noite com Sakura. Sem malícia! Hunf.

_Você tem algum filme aí? – perguntou Sakura, apoiando o queixo no meu peito. Vendo-a ali, agindo tão naturalmente, como se estivesse em casa, me fazia pensar que eu já a conhecia a vida toda.

_Sim. Naquelas gavetas. – apontei para a mesa que segurava a TV. Tinham quatro gavetas, uma ao lado da outra.

Sakura se levantou e remexou nas gavetas. Voltou com uma pilha de filmes.

_Qual desses é o melhor? – perguntou, me mostrando dois filmes ao mesmo tempo. Um era aventura, o outro era ação.

_Os dois são bons.

_Vamos ver ação, então. Me deu vontade de ver explosões! – Sakura colocou o filme do leitor de DVD.

Deitou-se de novo em cima de mim, e ficamos lá, assistindo filmes. Ação, comédia, um terror, e por último, um filminho água com açúcar para acalmar Sakura do susto por causa do filme de terror.

Acabamos dormindo no sofá mesmo. E duvido que se eu tivesse dormido no quarto, sem Sakura, fosse mais confortável do que ali, com Sakura.

Foi um dia cansativo. Mas valeu a pena.