Soldados da Dor escrita por Natii_C


Capítulo 10
Capítulo 10 - Interrogada


Notas iniciais do capítulo

Galera, desculpem a demoora!
:$



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/119394/chapter/10

Tirar minha própria vida parecia a saída mais inteligente que poderia tomar. Por outro lado, era a mais imbecil. Por dois motivos. Primeiro: eu havia feito um pacto, prometendo que levaria todos os humanos sobreviventes para Seth. Segundo: Bella precisava de mim. Bem, ambas necessitávamos uma da outra para sobrevivermos.

Fui avisada de que a vida não seria fácil aqui, na Terra, mas jamais pensei que seria tão dolorosa assim.

A primeira noite não foi a melhor. O mesmo pesadelo que tivera no laboratório de Emmet ressurgiu, só que de uma forma mais violenta.

Bree continuava a me mirar com seus olhos cor de sangue. Suas guarras rasgavam o meu corpo hospedeiro. O sangue brotava ali como água na nascente de um rio. O cheiro de ferro misturado a enxofre me deixava em frênesi. Tonta, talvez seja a melhor consideração a se fazer. A águia voava de um lado para o outro no céu azul. As nuvens estavam carregadas, cor de chumbo. A tempestade se aproximava, eu podia prever, meus instintos animais estavam a flor da pele. ´

Lá estava ela, Bree. Voando alto pelo céu, rodopiando com uma leveza sobrenatural.

O corte das garras finas me faziam soltar gritos horrendos. Doía tanto! Eu arfava toda hora em busca de um pouco de ar, a minha respiração falhava mais e mais. Não sei se conseguiria sobreviver. Estava perdendo sangue demais e o ar não circulava mais da mesma forma nas minhas veias. Perdi muita energia tentando me manter equilibrada, tentativa que era em vão.

O corpo hospedeiro estava todo retalhado. Não havia mais vida em mim nem em Bella. Ambas tínhamos sido destruídas.

Mas o problema não está aí e sim no fato de que Edward aparecia do nada. Ele ria e zombava de mim. Me xingava de todos os nomes horrorosos que se pode imaginar.

*********************************************************************

Era dificil ter que dormir naquele cubículo. Bella tinha o corpo pequeno, mas o espaço era ainda menor, completamente desproporcional. Haviam alguns momentos na noite em que a neve passava pelas pequenas aberturas e pingavam em mim. O corpo hospedeiro estava quente, porque a medida que a neve caía, ela virava água.

Febre.

O corpo estava quente demais. Aquilo não era normal.

Sentia frio. Meu corpo todo se arrepiava. Me encolhi sob mim mesma, vendo se dava ou não para me aquecer. Isso amenizou um pouco a situação. Me senti melhor.

Quando finalmente peguei no sono, ouvi um barulho. Vinha de algum lugar perto de onde estava dormindo. Silêncio e depois o barulho voltou. Meus ouvidos captaram o barulho e percebi que aquele era o barulho do gatilho de uma arma.

Me levantei imediatamente, o braço machucado resvalando numa pedra pontuda. Segurei o grito, sabia que era mais forte que isso. Escondi-me no fundo do cubículo de pedra, fazendo o máximo de esforço possível para não fazer barulho algum.

Os passos ecoaram pelo espaço vazio. Senti a morte perto de mim. Bastava um movimento rápido com as mãos no gatilho e aquele ou aquela que estava atrás de mim poderia ter o seu maior desejo realizado: me ver morta. A primeira pessoa que passou pela minha cabeça fora ele, Edward.

Não, Edward não seria capaz disso. Ele me ama, Renesmee.

Humanos pensam que amam uns aos outros, Bella. Edward já lhe mostrou o contrário do que pensa.

Nossa, desde quando eu era apta a filosofar bonito desse jeito? Deixei minha filosofia barata de lado. Agora, o que importava era eu dar um jeito de sair dali e viva. Não sei como isso iria acontecer. O cubículo parecia não ter saída e tudo era escuro demais, meus olhos não eram capazes de enxergar nada ali além do bréu. As coisas iam ficando cada vez mais tensas.

-Quem está ai? - perguntei, a voz tremendo. Nada de resposta.

-Quem está ai? - perguntei de novo.

Quem quer que estivesse do outro lado, não estava para conversa. Ouvi-o arfar. Abaixei-me a medida que ele ou ela ia se aproximando de mim. Uma pedra bateu no meio da minha testa. Queria gritar e chorar de dor. Passei a mão pelo local. Não sangrava - ainda bem! Mas esta inchado, muito inchado, por sinal.

Não era mais medo que eu sentia. Era pânico!

-Bella?

Uma coisa gelada se encostou em mim. Eram mãos. Mãos enrugadas, já degradadas pelo tempo. Senti seu perfume. Era tão bom. Tinha cheiro de infância, como Bella dissera uma vez.

-Bella? Desculpe ter te assustado, garota.

Um lampejo de luzes veio dos seus olhos, tão lindos. Sorri diante disso. Billy, era ele. Pode parecer estranho, até porque eu não confiava em ninguém ali, desde que chegara todos olhavam feio pra mim como se eu fosse um ser de outro planeta (o que, em parte era verdade), mas com Billy era diferente. Ele me fazia sentir bem. O calor amigável que emanava dele me dava rumo.

-Desculpe. - sussurrei ao seu ouvido. Ele estava sentado ao meu lado, nossas mãos entrelaçadas.

-Eu é que tenho que me desculpar, por causa do comportamente hoje de tarde de Edward. Sabe, ele é meio ignorante tem horas.

Deixe eu falar com ele, Renesmee.

Sim, claro!

-Ela quer falar com você.

-Tudo bem . - um amplo sorriso apareceu no rosto envelhecido de Billy. Senti as vibrações do seu corpo tensas, seus dedos formando laços ao redor dos meus. -Ah, Bella, nem sabe quanta falta eu senti de você!

Ele é louco ou o quê? Como ele pode dizer que sentiu minha falta depois de tudo de ruim que fiz pra ele ? Só pode ter esquecido de tomar o remédio ou então é a idade que tá chegando mesmo.

Bella e suas piadas nas horas mais inadequadas!

-Ela quer saber se isso que você disse é mesmo verdade e por que sente isso.

-Sim, Bella. Acho que nunca falei tão sério. Senti muito a sua falta. Sei que, pra maioria das pessoas, eu era um velho babão e mal-humorado. Muitos me julgavam pelo que eu parecia ser e não pelo que eu sou de verdade. E apesar de todas as suas brincadeiras de mal gosto, sempre gostei de você.

Sorri. Ou melhor,  Bella sorriu. Ela estava achando isso muito divertido. Jamais pensara isso de Billy.

Pergunte a ele como a guerra.

-Billy, como foi é que tudo aconteceu? A guerra, você sabe.

-Foi horrível, querida. Horrível mesmo. Nunca vou me esquecer de toda aquela gente chorando, gritando. O desespero das mãos com filhos mortos nos braços; maridos e esposas com seus companheiros, tentando reanimá-los... O fogo e a destruição se espalhando por todo canto... Foi terrível. E eles, aquelas coisas, riam como se fosse normal.

-Desculpe, Billy. - abaixei a cabeça. Senti nojo de mim mesma, da minha espécie. Seres que antes, por mim, eram considerados pacificadores, tinham o desejo da vingança em si.

-Tudo bem, Renesmee. Bella, ainda lhe resta algum sentimento humano.

Com essa coisa me controlando dia e noite, é meio impossível.

-Sim, Billy. Não precisa se preocupar. Quando acontece a inserção, sentimentos humanos e de almas se interligam como uma ponte, e entre ele há uma mútua relação, ou seja, nem um nem outro tem um sentimento mais forte que se prevalece sobre o outro. - De certo modo, no caso de Bella e eu, isso era mentira. Os seus sentimentos sempre se sobrepunham sobre os meus.

-Sim entendo. Um dia você poderá voltar a forma normal? Humana, quero dizer.

-Não. Não há reversão nesse processo. Apenas o corpo de Bella vive, não a alma dela, Billy. As almas humanas são levadas para uma espécie de depósito, até que apodreçam e não possam ser mais utilizadas por nós.

-Não entendo.

-Isso é mesmo difícil de entender, mas vou tentar explicar da forma mais simples possível. Na inserção, a alma humana é retirada e levada para um depósito e nunca mais a vemos. Almas como eu, são projetadas e criadas no planeta das Almas Torturadas - Billy estava muito concentrado, seus olhos presos em mim, fixo em algum transe hipnótico. Ele parecia estar gostando da história -.Desde o momento em que nascemos, somos colocadas numa espécie de cárcere, depois treinados a obedecer ordens superiores e então, quando finalmente chegamos a fase de amadurecimento, que vocês chamam de fase adulta, temos uma missão a cumprir.

-E qual a sua missão aqui, Renesmee?

Pergunta inesperada! Meu cérebro me avisou.

Já estava mais do que na hora de te desmacarar, Renesmee. Ou você achou que ia pagar uma de santinha pelo resto da vida, hein? Bella me ameaçou. Ela estava ficando cada vez melhor nisso.

Não tinha coragem de dizer a verdade. Sabia que magoaria Billy e todos ali ficariam com mais ódio de mim. Porém, se eu mentisse e depois eles descobrissem o que eu realmente viera fazer ali, seria condenada até a morte, concerteza.

Optei pela segunda opção: mentir.

-Eles querem apenas que eu veja o comportamento de vocês para se certificarem de que não irão se revoltar e começar uma nova guerra. - minha voz falhou no fim. Mentir não era comigo!

Billy ficou calado. Não sei se ele percebeu que havia mentido. Melhor seria continuar acreditando que sim, que ele havia acreditado. Sua mão se recostou no meu ombro. Logo, sua cabeça caiu sob meu colo e ele começou a assoviar. Bella reconheceu imediatamente a batida da música: Patiente, Guns n' roses.

http://www.youtube.com/watch?v=ErvgV4P6Fzc


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaaram?
Se sim, maanda review
Logo logo postando o proximo cap.
Beeijokas'



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Soldados da Dor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.