Mit Dir escrita por Chiisana Hana


Capítulo 24
Capítulo 23 - Sentença




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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MIT DIR

Chiisana Hana

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Capítulo 23 – Sentença

– Só temos um problema – Siegfried diz, depois de vários minutos trocando beijos com Hilda, alguns um tanto ousados para a recatada princesa. – Se você é a sacerdotisa, quem vai celebrar nosso casamento?

Hilda fica pensativa, um pouco pela pergunta, um pouco porque precisava retomar o fôlego.

– O ideal seria que houvesse um parente mais velho para realizar a cerimônia – ela diz. – Mas como não há, acho que basta selarmos a união com a troca das alianças. Talvez eu também faça um breve discurso.

– Isso nunca aconteceu na história de Asgard, não é?

– Não. Pelo menos não num passado próximo. A família real reduziu-se a mim e Freya. Nossos pais estão mortos e nosso tio, que seria o regente, também se foi sem deixar herdeiros. Ficamos só nós duas...

– Sim, eu me lembro. Houve muita polêmica porque você assumiu o trono com apenas dezesseis anos.

– E já se passaram dez anos...

– Dez anos que provaram que você era a escolha certa.

– Não se considerarmos o último ano... – constata a princesa com pesar.

– Você não teve culpa.

– Mas eu me sinto culpada mesmo assim... Ainda acho que podia ter resistido ao anel... – ela murmura.

– Você sabe que não podia, que não dependia da sua vontade.

– Talvez um dia eu acredite nisso e pare de me sentir culpada... talvez...

– Vamos esquecer esse assunto e voltar a falar do casamento?

Hilda sorri.

– Sabe, Siegfried – ela começa a falar –, eu estava decidida a fazer uma cerimônia íntima, só nós dois, Freya e os outros guerreiros. Mas hoje eu vi a felicidade do meu povo na festa da minha irmã. Eu os vi dançando, bebendo e comendo sem se preocuparem com nada. Sequer notaram a pequena confusão com a Grethe... Por isso quero que eles possam desfrutar de mais uma grande festa. Você está de acordo com isso?

– Será como você desejar, minha princesa – Siegfried assente e volta a aninhar-se nos braços de Hilda. – E não se entristeça mais. Em breve Freya terá filhos e Odin também nos abençoará com algumas crianças. A família real vai crescer, minha princesa. Vai ser uma família de verdade outra vez.

M -I -T -D–I -R –

Na suíte nupcial, Freya e Hagen preparam-se para a primeira noite juntos depois do casamento. Apesar de não ser a primeira vez do casal, ambos sentem-se felizes e ansiosos, especialmente o noivo, que sonhava com isso há muito.

– Estou tão feliz! – exclama a recém-casada, que começa a se livrar do pesado vestido de noiva.

– Eu também estou, minha querida – Hagen diz, ajudando a esposa a desamarrar os laços do traje.

– Odin está conosco. Deu tudo certo, apesar do plano maléfico daquela... daquela mulher.

– É, deu – Hagen disse, parecendo distante. Depois de desamarrar, ele deixa o vestido de Freya cair e envolve-a com os braços. – O importante é que não aconteceu nada com você, nem com a sua irmã.

– Sim. Felizmente acabou tudo bem – Freya diz e deixa-se ficar nos braços já desnudos dele. Depois, ele ajuda a esposa a tirar também o pesado corselet e então os dois entram na enorme banheira que as criadas haviam preparado com óleos aromáticos e pétalas de rosas vermelhas. Inebriados de felicidade e paixão, eles se entregam ao amor na água tépida e perfumada. E pelo menos enquanto está amando Freya, Hagen consegue deixar de lado certa ideia que lhe passou pela cabeça.

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Enquanto isso, a festa continua no pátio, apesar de algumas pessoas já começarem a deixar Valhalla porque estão empanturradas e embriagadas demais. Os que ainda resistem, continuam aproveitando a comida e a música. O incidente com Grethe foi notado por poucos e, mesmo os que perceberam algo errado, ficaram sem entender direito do que se tratava.

Shido é um dos que resolveram ir embora. Antes, porém, ele procura Judith.

– Você está realmente de parabéns – ele fala para a criada que se tornara chefe de cerimonial.

– Obrigada, senhor – Judith responde, fazendo uma mesura.

– Acho que já sei quem devo contratar quando fizer uma festa lá em casa – ele diz, jogando charme.

– O senhor sabe que eu não posso, que trabalho exclusivamente para o palácio. Mesmo assim, agradeço.

– Sim, eu sei – responde o rapaz. – Mas será que... que não gostaria de ir jantar lá em casa essa semana? Talvez amanhã?

Judith sente as pernas fraquejarem, mas consegue manter uma expressão neutra, apesar do susto.

"É isso mesmo?", ela pensa. "Ele está me convidando para jantar? Meu Deus..."

Ela sente as mãos frias e trêmulas e quase um aperto no peito, que a impede de falar. Diante da falta de resposta, Shido insiste.

– Então, aceita?

Judith respira fundo, buscando fôlego e coragem para dar uma resposta.

– Agradeço o convite, mas infelizmente não posso aceitá-lo – ela dispara.

– Que pena – um desapontado Shido responde. – Fica para uma próxima ocasião.

– Claro, senhor Shido...

Quando ele se afasta, ela solta a respiração que prendera inconscientemente.

"Não sei como consegui...", pensa, levando uma das mãos à boca. "O que ele pensa que eu sou? Só me enxergou porque agora estou usando essas roupas de nobre. Nem olhava para mim antes, agora me chama para jantar? O que ele pensa que eu sou? Eu não sou tão fácil assim!"

Judith recompõe-se, reassume uma postura altiva e continua circulando pela festa, dando ordens e cuidando para que tudo continue perfeito.

M -I -T -D–I -R –

Cansado do excessivo contato com outras pessoas, Fenrir também resolve ir embora. Liselotte ainda desejava ficar um pouco mais, mas acaba cedendo e vai embora com o patrão.

Já na casa dele, a moça cumpre o prometido e oferece a Ensom um belo pedaço do pernil assado que sobrara do almoço.

– O senhor ainda vai precisar de mim? – Liselotte pergunta a Fenrir.

– Na verdade, não – ele responde, abrindo alguns botões do fardão e jogando-se no sofá. – Mas se quiser ficar um pouco mais eu não vou reclamar.

Liselotte surpreende-se com o convite.

– Ficar?

– É... ficar... sei lá... conversar...

– O senhor nunca foi muito de conversa... quase não falou durante a festa...

– Eu sei, mas... mas é que lá tinha muita gente. Que tal mais um pouco de vinho? – ele pergunta sorrindo.

– É uma boa ideia – ela cede. Não estava mesmo querendo voltar para casa sozinha àquela hora e, além disso, gosta da companhia de Fenrir.

Liselotte vai à cozinha e volta com duas canecas da bebida nas mãos. Entrega uma a Fenrir e senta-se ao lado dele no sofá. Ensom enrodilha-se perto deles e logo cochila.

– O senhor não estava gostando da festa, não é? – Liselotte pergunta, bebericando o vinho.

– Pare de me chamar de senhor... E sim, eu não estava gostando. É que não gosto de muita gente junta, sabe?

– É, eu sei. Já foi uma vitória convencê-lo a ir, ainda mais de fardão. Não sei como consegui. Mas o senhor ficou tão elegante quanto os outros guerreiros-deuses.

– É que eu simplesmente não consigo... resistir... – Fenrir confessa envergonhado. – Liselotte, eu... gosto muito da sua companhia.

– Senhor...

– Fenrir, Lise. Me chame pelo meu nome...

Ele se sente confuso e sem saber como agir com uma mulher. Tinha passado tempo demais entre os lobos, mas vasculhava a memória em busca de lembranças de como seus pais tratavam um ao outro, além de ter observado os casais durante a festa.

Timidamente, ele segura a mão de Liselotte. Induzida pelo toque, ela o surpreende com um beijo. Fenrir recua assustado.

– Senhor, me perdoe – Liselotte diz, constrangida..

– Lise... Eu só não esperava... eu me assustei um pouco, mas... eu quero que me beije.

Liselotte sorri aliviada e então beija Fenrir outra vez. Dessa vez, ele não recua.

M -I -T -D–I -R –

No pátio de Valhalla, Thor e sua acompanhante também são vencidos pelo cansaço.

– Acho que devemos entrar – murmura Sidsel, bocejando. – Estou muito cansada, Thor.

– Na verdade, também estou cansado – ele admite.

Para não enfrentar a longa viagem de volta à vila, Hilda tinha previamente convidado o guerreiro-deus para passar a noite no palácio. Os dois procuram Judith, que os acompanha até os aposentos.

– Não sabíamos que o senhor viria acompanhado – ela diz quando chegam ao quarto. – Mas já resolvi o problema. O quarto vizinho está pronto para a senhorita.

– Está tudo bem – Sidsel diz, surpreendendo Thor e Judith. – Vamos ficar no mesmo quarto.

Judith sorri meio encabulada e olha para Thor, cujo rosto está vermelho de vergonha.

– Então fiquem à vontade e tenham uma boa noite – ela diz, saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

– Ehr... eu... eu durmo no tapete – disse Thor, ainda envergonhado.

– Não precisa... – Sidsel responde, insinuando-se para ele. – A cama é grande o suficiente para nós dois.

– Na verdade, acho que não – ele murmura inocentemente. – Eu sou meio grande...

Sidsel aproxima-se do guerreiro-deus e começa a abrir o fardão dele.

– Tenho certeza de que a cama dá para nós dois.

– Ehr... Sidsel... – ele balbucia muito encabulado e corado. Ela continua abrindo-lhe o fardão.

– A noite vai ser longa – ela diz e passa a abrir a calça de Thor.

Além de muito envergonhado, ele está surpreso por ver a moça tímida transformar-se nesse furacão, por isso conclui que é efeito do álcool ingerido durante a festa.

– Você tem certeza disso, Sidsel? – ele pergunta, erguendo a face dela para olhá-la diretamente nos olhos. Deseja a moça, mas não quer que ela faça algo só por causa da bebida.

– Mas é claro que tenho – ela responde e abaixa a calça dele. – É, a noite vai ser realmente longa.

M -I -T -D–I -R –

Também a caminho de casa, Ann e Bado comentam sobre a festa.

– Eu comi como se não houvesse amanhã – Ann diz, passando a mão sobre a barriga. –Agora parece que vou explodir.

Bado ri.

– Comeu e bebeu... – ele corrige.

– E como não? A primeira-doida se ferrou! Eu tinha que beber pra comemorar, tigre! Vadia desgraçada filha de uma puta sem dente! Só estou esperando para ver o que a princesona vai fazer com ela. Eu queria que ela fosse torturada. Sabe a banda que eu amo, Iron Maiden? O nome vem de um instrumento de tortura medieval, a dama de ferro, sabe? Já que essa terra parou na Idade Média, será que não teria alguma por aqui?

– Fala do caixão em forma de mulher, com espinhos dentro?

– Isso mesmo!

– Ouvi falar disso quando era criança, mas não acho que ainda exista algum aqui em Asgard.

– Pois adoraria ver a primeira-doida sendo enfiada numa dama de ferro. Mas me conformo se a princesona mandar a piscoputa de volta para Narvik. A cadeia de lá vai ser um bom lugar para ela passar o resto da vida.

– Acho que isso é o mais provável – Bado diz. – A princesa poderia condená-la à morte, mas ela é piedosa, sei que não vai fazer isso. Ela deve mesmo mandá-la de volta para o continente.

– Bom, só espero que ela não seja burra o suficiente para perdoar a primeira vadia.

– Também espero...

Ainda no caminho, Ann começa a passar mal.

– Cara, eu não devia ter comido tanto... – ela reclama;

– Isso é o que acontece quando se exagera – ele ri. – Quando chegarmos, farei um chá.

– Chá o cacete... eu só preciso dormir um pouco, tigre.

Mal acaba de falar, Ann vomita.

– Droga – ela murmura, limpando a boca na manga do vestido.

– Agora que colocou tudo pra fora, vai melhorar – Bado diz, preocupado com a mulher. – Já estamos chegando.

Até chegarem de fato, Ann vomita mais duas vezes. Em casa, Bado pega a esposa no colo e a leva para o banheiro.

– Você está imunda – ele brinca. – Parece que estava na masmorra com a Grethe.

– Brincadeira sem graça – ela murmura. – Eu só vomitei um pouco.

Bado banha a mulher, depois faz com que ela vista o pijama e vá para a cama.

– Fique quietinha aí, sim? Vou fazer seu chá.

– Não precisa. Já estou melhor.

– Precisa, sim – ele diz e a beija na testa. – Não seja teimosa e me deixe cuidar de você.

– Tá... mas não se acostume com isso, tigre.

– Pode deixar, doutora.

M -I -T -D–I -R –

No dia seguinte, Hilda acorda antes de todos e desce sozinha à masmorra para comunicar a Grethe sua sentença.

– Como regente e sacerdotisa de Asgard, eu poderia condená-la à morte – ela diz, do lado de fora da grade. Lá dentro, Grethe estava acorrentada pelos tornozelos. Enquanto ouve a princesa, ela mantém um risinho desdenhoso na face.

– Mas eu não vou fazer isso – Hilda continua. – Eu sei que me salvou em Narvik por seus próprios interesses, não por altruísmo. Ainda assim, e mesmo tendo tentado me matar envenenada, sinto-me em dívida com você. Portanto, ao invés de condená-la à morte, eu determino seu retorno a Narvik. É com a justiça de lá que você vai acertar suas contas.

– Então é isso? Vai me mandar de voltar a Narvik?

– Sim. O barco que a levará deve partir nos próximos dias. Até lá, você permanecerá aqui.

Grethe não diz mais nada, apenas alarga o sorriso quando Hilda dá as costas, pois sua cabeça já começa a maquinar um jeito de fugir assim que desembarcar em Narvik.

Depois de visitar a prisioneira, Hilda encontra Saori debruçada no balcão da varanda do palácio, contemplando os resquícios da festa de casamento.

– As pessoas se divertiram tanto, não é? – Saori pergunta ao ver a princesa se aproximando.

– Sim – Hilda responde sorrindo serenamente e também se apoia no balcão. – Foi bom ver meu povo se divertindo. Tão bom que até decidi fazer outra festa como essa no meu casamento.

– Quase não conversamos durante a festa, mas notei que você e o Siegfried...

Hilda sorri encabulada. – Ele é uma pessoa muito especial na minha vida e vamos nos casar em breve.

– Fico feliz por vocês – diz Saori, com o olhar fixo no horizonte.

– Obrigada. Depois daquela guerra que quase tirou a vida dele e dos outros guerreiros-deuses, aprendi a valorizar ainda mais a paz.

– Ela é tudo de que precisamos... – murmura Saori.

– Tem razão – concorda Hilda. – Somente quando tudo está em paz é que podemos buscar as outras coisas.

Continua...


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