Sobrado Azul escrita por Chiisana Hana


Capítulo 8
Capítulo VIII




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

SOBRADO AZUL

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Capítulo VIII

– Ai, meu Deus, que horas são? brada Pandora assim que abre os olhos e vê o sol já alto.

– Hein? Ikki responde, sem abrir os olhos, deitado ao lado dela. O que foi?

– Meio-dia! Meio-dia, Ikki! ela sacode o rapaz, que responde com um sonolento "Aham... e daí?"

– Perdemos a aula!

Pandora senta-se na cama sem acreditar que dormira tanto. Ikki volta-se para ela e, esfregando os olhos, diz:

– Olha a minha cara de quem está preocupado com isso.

– Estou falando sério! Você não se importa, mas eu sim!

– Relaxa, Pand. Ficamos acordados até as três da manhã fazendo as coisas mais inimagináveis e você ainda queria levantar às seis e ir para a aula?

– Eu devia! ela responde, e debruça-se sobre o rapaz. Mas você tem razão, a noite foi incrível, fizemos coisas inimagináveis mesmo.

– Ainda lembra seu nome ou eu fiz você esquecer? ele pergunta ao se sentar na cama. Engoliu em seco a dor que sentiu no abdome, resquício da briga com Radamanthys.

– É, eu lembro. Mas você quase me fez esquecer, hein? Só lamento ter perdido a aula.

– Você não vai perder a matéria porque faltou um dia.

– Ai, tem razão. Tem toda razão. Amanhã copio a aula do caderno de alguém. Ei, Ikki, esses machucados não estão doendo?

– Um pouco. Mas já estou acostumado. Lutador vive cheio de dor mesmo. Sabe o que eu queria?

– O quê?

– Fazer de novo tudo que fizemos ontem à noite – ele sussurra ao ouvido dela.

– Agora? Ao meio-dia e sem almoçar? Você não cansa?

– Nunca canso. Eu sou uma máquina.

– Máquina? Faz-me rir! Acontece que euzinha aqui não sou uma máquina, meu querido. Vou fazer um almocinho rápido para nós dois, senão desmaio. Depois a gente vê se recomeça ou não.

– Hum... ele se deita na cama outra vez, enquanto ela se levanta enrolada no lençol. E vê se capricha nesse almoço. Não me venha com uma gororoba qualquer.

– Ah, seu filho da mãe! Está pensando que eu sou empregada, é? – ri Pandora.

–S -A -

Enquanto isso, Shiryu, Shunrei, Shun e Hyoga estão saindo da universidade.

– Estou muito preocupado com o Ikki Shun diz para Shiryu, enquanto andam em direção ao estacionamento.

– Relaxa. Aquele ali sabe se cuidar melhor que nós todos juntos – Shiryu diz e aperta o passo. – Agora vamos logo. Vou deixar você e Shunrei em casa, depois deixo Hyoga no estágio e vou trabalhar.

– Você sabe que se deixar a gente em casa vai acabar se atrasando, né? Hyoga pergunta.

– Sim. Não tem problema.

– Olha o que o amor faz! Shun ri. Shiryu dizendo que não tem problema chegar atrasado!

– Não vou deixar minha namorada ir pra casa de ônibus ele diz e a abraça.

– Ah, que meigo Shunrei diz fazendo um biquinho, e depois completa: Mas se você for se atrasar, não precisa.

– Tudo bem. Sempre chego cedo, não faz mal se eu me atrasar alguns minutos hoje.

– Então está certo – ela assente.

Todos entram no carro e Shiryu dá a partida. Depois de alguns poucos minutos de silêncio, Hyoga pergunta:

– Ué? Cadê o som? Não vai ligar?

– Melhor não – Shiryu responde.

– Sabia que o Shiryu é roqueiro, Shunrei? – Shun indaga.

– Não – ela ri. – Acho que ainda não sei muita coisa sobre ele.

– É, sim! Só tem cd de rock aqui no carro dele.

– Ah, eu vou gostar de ouvir você tocar! – ela se empolga. – E se quiser pode colocar um cd de rock. Acho que não vou me incomodar.

– Tá... Então pega o porta-cds, por favor.

Ela abre o porta-luvas e pega a bolsinha com os cds.

– Pega o do U2. Vamos começar com algo leve para você não se assustar muito.

Shunrei retira o cd e põe no player.

– Põe a faixa sete, amor – ele diz para Shunrei.

Shunrei aperta o botão de avanço até chegar à faixa que ele pediu. Já nos primeiros segundos da música Hyoga diz:

– Huuuummm! A man and a woman(1)! Olha a declaração de amor!

– Ah, gente, assim fico com vergonha – Shunrei diz. Depois, Shiryu começa a cantarolar junto com a música.

And you're the one, there's no one else. You make me want to lose myself in the mysterious distance between a man and a woman – Shiryu cantarola, depois traduz, olhando para Shunrei: – "E você é a única, não há mais ninguém. Você me deixa com vontade de me perder na misteriosa distância entre um homem e uma mulher."

– Uau! – Shun exclama.

Shunrei volta-se para o namorado com os olhos brilhando e uma expressão amorosa.

– Se o Ikki estivesse aqui, ele diria "quanta melação!" – ri Hyoga. – Mas é muito bonito mesmo. Shiryu é romântico! Quem diria?

–S -A -

Noutro canto da cidade, um carro de luxo preto segue em direção à Mansão Kido.

– Eu sei, eu sei Saori fala ao telefone. Sei que preciso assinar esses papéis com urgência, Srta. Meneghetti. Vá almoçar comigo na mansão. Leve os papéis e eu os assinarei depois da refeição. Até lá.

– Nossa, você está sempre trabalhando? Seiya diz, enquanto belisca salgadinhos.

– O que eu posso fazer? Tenho que cuidar dos negócios do meu avô, Seiya.

– Eu sei, né? Mas você trabalha demais, amoreco.

– E você de menos – ela alfineta.

– Ah, depois do almoço eu vou trabalhar.

– Pensa que não me contam que você só chega atrasado, que cochila no meio do serviço e que larga tudo quando está passando jogo na tevê?

– Contam? – ele arregala os olhos. "Preciso ter uma conversinha com aquele povo fofoqueiro", ele pensa e depois diz: – Eu não faço nada disso! É inveja! Inveja porque eu namoro a dona da empresa.

– Certo, amor, certo. Acredito em você – ela diz, nem um pouco convincente.

– Com quem estava falando afinal? Num-sei-quem "meguete"?

– Srta. Meneghetti. Ela é o meu braço direito na empresa, sabe? É durona e às vezes muito mal humorada, mas é muito competente e excelente funcionária. Você vai conhecê-la durante o almoço.

– Tá bom – ele diz, com um punhado de salgadinhos enfiado na boca. "A 'meguete' deve ser uma baranga", ele pensa.

– Não fala de boca cheia, amor. É muito feio.

– Desculpa – ele diz, e cospe farelos de salgadinho.

– Ai, meu Deus, você não tem jeito mesmo. Depois mando alguém passar o aspirador de pó no carro. Chegamos.

Ele salta para fora do carro.

– Oba! Almoço!

– É, meu querido, é – Saori diz. "Por que ele é tão infantil?", ela pensa.

A milionária entra na casa seguindo o namorado, mas ao invés de continuar andando em direção à sala de jantar, ela se senta no sofá.

– Ué? Não vamos sentar à mesa? E o rango? – ele pergunta.

– Vamos esperar a Srta. Meneghetti chegar.

– Ah! Poxa! Queria almoçar logo. Deixei de almoçar no bandejão para vir almoçar com você.

– Você não vai morrer se esperar alguns minutos.

– E se eu morrer?

– Morre coisa nenhuma.

– Mas e se eu morrer?

– Para, Seiya!

– Senhorita, a convidada já está chegando – Tatsumi avisa.

– Pronto. Já vamos almoçar, seu esfomeado.

– Ebaaaaaaaaaaaa! – ele comemora.

Uma mulher alta entra na sala andando elegantemente, equilibrando-se num salto bastante alto e fino, que parece nem tocar o chão. Veste um tailleur verde bastante ajustado ao corpo e uma saia na altura dos joelhos. A blusa branca que usa por dentro do tailleur tem um decote generoso que não passaria despercebido por ninguém. Os cabelos castanho-claros têm ondas e os olhos são de um verde intenso. Seiya olha para ela admirado. Formalmente, ela cumprimenta Saori.

– Boa tarde, senhorita Kido.

– Boa tarde, senhorita Meneghetti. Esse é o meu namorado, Seiya Ogawara. Seiya, Shaina Meneghetti(2), diretora de finanças da Fundação GRAAD.

– Prazer – ele diz, quase hipnotizado pela beleza exuberante da mulher.

– Igualmente – ela responde, ainda mais formalmente, e volta-se para Saori. – Trouxe os papéis, senhorita.

– Ah, sim. Vamos almoçar e depois assino tudo.

– Pois não, senhorita. Como quiser.

As empregadas de Saori servem um farto almoço aos três, seguido por uma bela sobremesa. Logo em seguida, eles vão ao escritório, onde Saori assina todos os papéis que Shaina levou.

– Eram só esses, senhorita – ela diz, recolhendo a papelada.

– Ainda bem! Obrigada por ter vindo, srta. Meneghetti.

– Não há de quê. Bom, agora tenho de ir. Até outro dia, senhorita Kido.

Shaina recoloca os papéis na pasta e deixa o escritório. Assim que fica sozinha com Seiya, Saori levanta-se da cadeira e avança furiosamente na direção do sofá onde ele está sentado.

– Ok, Seiya! Agora você vai ouvir! – ela brada.

– O quê?

– Você passou o tempo inteiro olhando para os peitos da Srta. Meneghetti!

– Eu? – ele desconversa. – Eu não!

– É, você, seu safado!

– Não olhei, não!

– Não só olhou como quase babou no prato durante o almoço. O que é que ela tem que eu não tenho, hein?

– Nada, meu amoreco! Eu nem reparei que ela tinha peitão.

– Dessa vez passa, seu sem-vergonha! – ela diz e dá um tapa na cabeça dele. – Vai trabalhar! E só apareça na minha frente quando esquecer os peitos da Shaina!

– Tá, tá – ele se levanta do sofá e sai do escritório. – Mulher brava do caramba!

–S -A -

Assim que entram em casa, Shunrei e Shun conversam.

– Hummmm! Você e Shiryu estão num romance só!

– Para, Shun! Fico com vergonha!

– Ah, não fica, não. É tão lindo estar apaixonado.

– É sim... E ele é tão fofo! Ai, meu Deus! Sou capaz de passar a tarde falando dele. Mas sabe, Shun, eu estava pensando em ir ao shopping com você para deixar alguns currículos nas lojas.

– Vamos, sim, querida! De repente você até fica trabalhando lá. Ia ser ótimo! Poderia ir e voltar comigo e com o Ikki. Bom, nem sempre dá pra confiar no Ikki. Às vezes ele sai direto do trabalho para sabe Deus onde. Mas não tem problema porque eu tenho certeza que o Shiryu nunca deixaria a namorada voltar de ônibus às onze da noite!

– Ah! Acho que ele não deixaria mesmo.

– De jeito nenhum. Ele é superprotetor, mas nunca tivemos a oportunidade de vê-lo realmente agindo assim. Bom, vou descansar um pouco. Quando for sair eu chamo você.

– Certo. Ah, Shun! Posso usar o computador para fazer o currículo?

– Claro! É todo seu!

– Obrigada.

–S -A -

Ao voltar pra casa no final da tarde, Shiryu não encontra ninguém. Ele então toma banho e se arruma para a aula de kung-fu. Depois, prepara sanduíches para ele e a namorada jantarem quando ela chegar. Como ela está demorando, ele liga o computador para se distrair.

– Currículo Shunrei – Shiryu diz em voz alta, ao ver o arquivo que ela salvara horas antes. Ele abre. – O nome dela é só Shunrei... Ficaria bonito Shunrei Suiyama. Ah, meu Deus, já estou pensando em casamento?

– Olá, meu amor! ela diz, ao entrar em casa. Ele se aproxima e a beija. – Eu estava no shopping, fui com o Shun. Resolvi deixar currículos lá também.

– Ah, ótima idéia. Espero que dê certo.

– Eu também. Mas deixa eu olhar para você. Está tão lindo! ela elogia e ajeita a gola do traje dele, dessa vez um traje chinês branco com bordados turquesa, e uma faixa da mesma cor amarrada na cintura. Os longos cabelos estão novamente presos num rabo de cavalo. Muito lindo mesmo.

– Obrigado – ele agradece, meio encabulado. – Vai comigo hoje?

– Sim! ela responde animada.

– Ótimo. Preparei uns sanduíches para nós dois ele diz e a leva até a cozinha. Ele põe na mesa um prato com dois sanduíches de peito de peru e queijo branco, e puxa a cadeira para ela sentar.

– Ah, eu estou mesmo com fome! Andei o shopping inteirinho! Ia ser bom se eu conseguisse trabalhar lá. Poderia ir com o Shun.

– Verdade – ele diz e também se senta.

– Eu estava pensando... se eu não conseguir nada logo, acho que vou dar aulas de reforço para crianças. Não posso é ficar só procurando.

– Não precisa se apressar. Cuido de você até você achar alguma coisa.

– Shi, você já fez por mim mais do que deveria. Agora eu tenho que me virar.

– Está bem, mas eu quero que você saiba que pode contar comigo para qualquer coisa.

– Eu sei. Você é meu anjo.

– Sou nada... – ele responde, ainda mais encabulado.

Depois de comerem os sanduíches, Shiryu e Shunrei saem da casa. Ele tira a chave do carro do bolso.

– De carro? – ela pergunta.

– É. Preciso passar no supermercado depois da aula. De carro vai ser melhor.

– Então está bem! Vamos de carro!

Na academia, Shura recebe os dois. Shunrei senta no mesmo cantinho da aula anterior e, depois de uma reverência, discípulo e mestre empunham espadas e começam a se atacar mutuamente. Shiryu ataca contínua e firmemente até fazer o mestre perder a espada, o que acontece mais rápido do que Shura esperava.

– Excelente – elogia o mestre. – Mais uma vez conseguiu me desarmar. E muito rapidamente.

Os dois recolocam as espadas nos suportes e começam a lutar sem armas. Depois de várias tentativas, Shura acerta um golpe em Shiryu, que revida imediatamente com uma sequência de golpes que deixa o mestre sem ação.

– Cada dia tenho mais certeza de que não tenho mais nada para lhe ensinar – o mestre diz, ofegante.

– Imagina, mestre. Ainda sou um aprendiz.

– Não é não. Isso foi uma bela exibição de como você é bom. Mas mudando de assunto, você e a menina já estão namorando, não é?

– Estamos admite um envergonhado Shiryu.

– Parece que minha pequena confusão no sábado foi na verdade uma premonição.

– Acho que sim, mestre.

– Fico feliz. E acho que esse namoro vai longe.

– Assim espero. Bom, mestre, até a próxima aula.

– Até.

Da academia, o casal segue para o supermercado. Eles andam pelos corredores de mãos dadas. Shiryu pega pão, leite, queijo, frios e verduras.

– Aconteceu tanta coisa nesses últimos dias que acabei esquecendo de vir comprar essas coisas. Quer algo, Shu?

– Não, não quero nada ela diz e cora.

– O que foi? Por que corou?

– Nada... eu... não é nada.

– Shunrei! Nos conhecemos há menos de uma semana, mas eu já posso dizer com absoluta certeza que está com vergonha de me dizer algo.

– Não é nada, não, meu amor ela abaixa o olhar.

– Vai ficar com vergonha do seu namorado?

– Ai, Shi, não faz assim!

– É só me falar o que quer! Não precisa ter vergonha!

– Bom, é que já está perto... perto "daqueles dias"... e eu... preciso... preciso...

– Precisa de absorventes? ele diz, e também cora um pouco.

– É...

– Tudo bem. Não se envergonhe. Bom, vamos à seção de absorventes. E nada de se envergonhar! E eu também não posso mais me envergonhar com essas coisas! Vou ter que acostumar, não é?

– Ai, meu Deus. Eu não falava essas coisas com ninguém.

– Agora pode falar comigo. Precisa de mais alguma coisa?

– Não, não. Obrigada.

– De nada. Ah! Esqueci de uma coisa!

Ele caminha rápido, segurando a cestinha de compras com uma das mãos e a mão dela com a outra. Na seção de doces, ele escolhe uma caixa de bombons finos e põe na cestinha.

– Agora podemos ir.

Os dois passam pelo caixa e vão até a seção de embrulho, onde ele pede que façam um pacote bem bonito nos bombons. Depois vão para o carro. Lá, ele tira o embrulho da sacola e oferece a ela:

– Feliz aniversário! – ele diz.

– Ah! Shi! – ela se emociona ao pegar o pacote.

– Eu sei que foi dia vinte de abril e que já estamos em primeiro de maio, mas só descobri isso hoje. Bisbilhotei seu currículo no computador – ele diz, envergonhando-se da própria curiosidade.

– Tudo bem, meu querido. Eu te amo muito.

– Eu também te amo muito.

– Quando entrei naquele sobrado e conheci você foi como nascer de novo.

– Eu me sinto exatamente assim desde que te conheci.

O casal troca um beijo caloroso e retorna para casa. Assim que Shiryu entra, Seiya o puxa pela manga.

– Preciso falar com você!

– Agora?

– É. Agora! Nesse minuto! Já!

– Não dá pra esperar nem eu tomar banho?

– Não! É urgente!

– Urgente, Seiya? Duvido muito.

– Juro!

– Tá, eu vou arrumar as compras com a Shu, depois...

– A Shu arruma, né, Shu? – Seiya interrompe-o.

– Claro, Seiya – ela ri. – Vai lá, meu amor. Vai conversar com o Seiya.

– Certo. Depois venho para cá.

– Ok, meu anjo.

Shiryu sobe a escada praticamente arrastado por Seiya.

– Fala, moleque – ele diz, e senta-se na própria cama. Seiya se senta de frente para ele.

– Aconteceu um negócio hoje.

– Que negócio?

– Eu conheci uma mulher espetacular.

– Seiya, você tem namorada! – Shiryu censura.

– Eu sei! E eu amo a Sassá! Mas essa mulher era tão maravilhosa. Ela tinha uns olhões verdes e uns peitões!

– Eu não acredito que estou ouvindo isso.

– Eu fiquei doido! Muito doido! Tanto que não aguentei e quando cheguei ao trabalho eu fui pro banheiro e...

– Tenha pena de mim e me poupe dos detalhes! – Shiryu corta.

– Tá, tá. Mas o caso é que a Saori percebeu que eu fiquei olhando os peitos da Shaina.

– Não duvido. Discreto como você é... Pediu desculpas a ela?

– Eu não! Acha que eu ia admitir que olhei!? Jurei que não tinha olhado!

– Isso é bem a sua cara...

– Shiryu, eu não consigo tirar aqueles peitões da cabeça.

– Ah, Seiya, pelo amor de Deus! Você não pode ficar só pensando nos peitos da outra. E a sua namorada? Vai trocá-la por um par de peitos?

– Não, mas... mas... mas... mas...

– Mas nada! Vai tomar um banho de água bem gelada para tirar essas idéias sujas da cabeça!

– Ah, para! Vai me dizer que agora você não anda pensando em ver a Shunrei peladinha?

– Seiya, seu porco sujo! – Shiryu berra, corando violentamente. – Além de banho gelado, você precisa tomar uma bela dose juízo!

– Ah! Ficou vermelho! Pensou nela pelada, né? E eu que sou o sujo!

– Você quer apanhar, né?

– Ei, o que tá rolando aqui? – Hyoga, que acaba de chegar, pergunta.

– Nada, Hyoga – Shiryu responde, impaciente.

– O Shiryu pensou na Shunrei pelada! O Shiryu pensou na Shunrei pelada! – Seiya berra.

– Cala essa boca!

– Pensou sim!

– E você não tira os peitos da executiva da cabeça! Idiota tarado!

– Vocês dois são bobos demais – Hyoga comenta, rindo. – É a coisa mais natural do mundo um cara pensar nisso. Um cara só não, as meninas também pensam, ou vocês acham que não?

– Eu não estava pensando nisso! Esse mané que chegou aqui contando que só pensa nos peitos de uma executiva lá. Vai tomar banho, seu tarado!

– Vou nada! Vai você!

– Vocês precisam fazer mais sexo para pararem de pensar tanto nisso – Hyoga diz, jogando-se em sua cama.

– Não me coloque no mesmo balaio desse tarado! – Shiryu brada.

– Fazer mais sexo? O Shiryu é virgem! Como ele vai fazer mais de uma coisa que nunca fez?

– Cala essa boca! – Shiryu agarra o pescoço de Seiya.

– Huauhuauhahuauhau! Seu virgem!

– Um é virgem e o outro, tarado – ri Hyoga. – Que comédia!

– Droga. Eu que vou tomar banho, sabia? – Shiryu larga Seiya e sai do quarto. – Cansei dessa brincadeira.

– Vai, seu virgem! – Seiya grita.

–S -A -

Ikki e Shun encontram-se na saída do shopping onde trabalham.

– Bonito, né? Sumiu o dia todo – Shun diz.

– Qual é? Vai querer controlar meus horários?

– E os machucados? Foi cuidar?

– Que cuidar o quê? Não tenho frescura, não. Deixa assim que eles saram com o tempo.

– Não vai me contar onde estava?

– Não. Cala a boca e entra no carro, senão deixo você aqui mesmo.

– O.k. Não falo mais nada.

– Acho bom. Se abrir a boca, jogo você pra fora do carro.

Shun engole em seco. Ikki dá a partida e sai cantando pneu. Pouco depois, o irmão mais novo resolve perguntar:

– Estava com a Pandora?

– Não interessa.

– Fiquei preocupado, cara! Você não foi à aula!

– Se preocupou à toa.

– Os cadernos dela ficaram lá em casa. Achei-os na garagem.

– Depois devolvo.

– Então estava com ela?

Ikki freia o carro bruscamente.

– Desce.

– Quê?

– Desce, moleque! Está me enchendo o saco!

– Ikkiiiii! – Shun dá um grito agudo. Os olhos estão marejados.

– Não grita meu nome desse jeito que me irrita!

– Vai mesmo me deixar aqui?

– Só não deixo se você prometer não abrir a boca até chegarmos em casa.

– Eu prometo.

– O.k.

Ikki afunda o pé no acelerador, enquanto Shun enxuga uma lágrima.

–S -A -

Em sua casa, Pandora conta a June o que tinha acontecido.

– Garota, você faltou aula porque transou com o Ikki? – June berra do outro lado da linha.

– Sim! June, e foi maravilhoso!

– Jesus, Maria e José! Os três juntos! Garota, você é doida.

– Não era, mas fiquei.

– Já pensou na reação do Rada?

– Que reação, June? Que reação? Não tenho nada com ele!

– Ele vai ficar uma fera!

– Ele não precisa saber. Ai, falando nele... está ligando pro meu celular.

– Então tchau, amiga. Atende aí e depois me liga de novo para contar o que ele disse.

– Atendo nada. Deixa tocar.

– Pand! Não seja má! Ele ama você.

– Tenho que ser má para ele ver se desencana.

– Nossa, você não é má, você é maligna.

– Eu sou, fofa. Eu sou. Ai, a campainha. Ganha um doce se adivinhar quem é.

– RADA!

– Só pode. Deixa eu ir lá. Beijo, querida. Depois nos falamos.

– Beijo! Boa sorte!

Pandora repõe o telefone no gancho e vai abrir a porta.

– Oi, Rada – ela diz, sem nenhuma empolgação.

– Oi. Não foi para a aula hoje. Fiquei preocupado. Pensei que talvez estivesse doente...

– Não, estou ótima. É que eu acabei tendo outra coisa para fazer e não deu para ir.

– Ah, sim. Será que eu poderia entrar?

– Entra.

– Então, o que foi que te fez perder aula? Você não é de fazer isso por qualquer coisa.

– Rada, não leva a mal, mas é um assunto meu.

– Sei. Azulão – deduz Radamanthys. – Dormiu com ele?

– Não seja inconveniente!

– Você dormiu com ele – Radamanthys constata. Seu olhar faísca de raiva, enquanto o coração bate violentamente e a respiração fica difícil.

– Vai embora, Rada...

– Eu não acredito que você dormiu com ele... – O rosto do rapaz se contorce numa dor intensa. Uma única lágrima escorre pela face dele.

– Você não tem nada a ver com isso.

– Ele não ama você como eu! Ele não sente nada por você!

– O que conta é o que eu sinto...

– Pand, vamos tentar! Eu deixo pra lá isso, esqueço que você e ele... você sabe. Me dá uma chance.

– Rada, definitivamente implorar não faz seu estilo. Vai pra casa, vai.

Desolado, Radamanthys sai do apartamento de Pandora. Antes que ela feche a porta, ele diz:

– Ele ainda vai rejeitar você. E nesse dia eu não sei se vou estar de braços abertos para recebê-la.

Continua...


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Notas finais do capítulo

(1) A man and a woman. Faixa do cd "How to Dismantle an Atomic Bomb", do U2, que eu amo!(2) Escolhi usar Shaina, grafia original do nome da Shina, pois acho que soa melhor com o sobrenome que escolhi--S --A --Sobradoooooooooo! De voltaaaaaaaaaaa!! Ai, como eu amo esse sobradinhooooo!! Estamos caminhando para a parte que eu mais gostooooo! Ebaaaa!Beijo para todos que esperaram (im)pacientemente!Até o próximo capítulo!Chiisana Hana



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