Sobrado Azul escrita por Chiisana Hana


Capítulo 20
Capítulo XX




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/11765/chapter/20

Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus e eu não ganho nenhum centavo com eles.

SOBRADO AZUL

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Capítulo XX

Desde que conseguira defender Shunrei de Jabu, Shiryu mostrava-se mais confiante. Ter sido capaz disso, mostrou-lhe que havia um caminho, que ele não estava inútil como pensava. Além disso, nos últimos dias, o trabalho que lhe mandavam do escritório de Siegfried também o estava ajudando a se manter motivado. Shunrei ou um dos amigos lia o processo enviado para ele, que decidia o que fazer e confeccionava a peça necessária no computador, com o auxílio do programa para cegos que fora instalado. No final da primeira semana de trabalho, ele esperou que Siegfried lhe telefonasse fazendo correções e ressalvas, mas ele ligou dizendo que tinha apreciado bastante o trabalho e parabenizando-o pela competência, o que gerou uma injeção de ânimo extra no rapaz.

Ele já não parece mais o homem amargurado e taciturno dos dias seguintes ao acidente e Shunrei se sente feliz e agradecida por isso.

No primeiro dia de aula do trimestre, os dois acordam bem cedo, e se arrumam. Conforme prometera, Shura está lá para levá-los à universidade.

– Não precisava – Shiryu diz ao mestre, enquanto é conduzido por Shunrei até o carro. – O Shun e Hyoga vão no meu carro, podíamos ir com eles.

– Faço questão – o mestre diz solícito, e abre a porta do veículo. – Então, resolveu se vai voltar às aulas de kung-fu?

– Sim, eu vou – ele responde confiante, lembrando-se do embate com Jabu. – No final das contas, ainda acho que podem ser úteis.

– Fico feliz por ouvir isso, Shiryu! Fico realmente feliz! Você não vai se arrepender de voltar. Conversei com alguns colegas e eles me disseram que pode ser muito bom pra você.

– Agora eu sei que sim, mestre – Shiryu assente, com um sorriso.

Shura deixa o casal na universidade. Dos colegas, Shiryu espera curiosidade e piedade, mas ao invés disso é recebido com carinho e brincadeiras saudáveis. A que ele mais gostou foi a de um colega que brincou dizendo que ele já tinha começado o processo de transformação no Demolidor.

Todos os colegas dispõem-se a ajudá-lo com as matérias e com qualquer coisa mais que fosse necessária. A ajuda oferecida é tanta que Shunrei se sente tranquila para ir a sua aula, deixando-o sob os cuidados de Hyoga e dos outros colegas.

Enquanto isso, em frente ao bloco onde terá aula, Ikki aguarda Pandora. Já tinha conferido: ela estava matriculada nas mesmas matérias que ele. Desde que falou com ela no começo das férias, não teve mais notícias da moça, o que o deixou irritado e, de certa forma, aflito.

Pouco antes de começar a aula, ela finalmente aparece.

– Como é que você some desse jeito, Pandora? – ele começa a falar, demonstrando grande irritação.

Ela responde com ironia:

– Oi, bom dia, Pandora. Tudo bem? Como foi a viagem?

– Eu fiquei preocupado! – ele retruca, ignorando as perguntas irônicas dela.

– Estou ótima, não está vendo?

– E os seus pais? Como reagiram à notícia?

Pandora engole em seco e faz uma careta. A reação dos pais ainda é uma coisa difícil de lidar e a mágoa, principalmente da mãe, ainda é muito grande.

– Eles exigiram que eu abortasse – ela diz, procurando ser o mais direta possível.

Ao ouvir isso, Ikki sente um calafrio percorrer-lhe o corpo.

– E você...?

– Não, eu não fiz, Ikki. Seu filho continua aqui, saudável, crescendo dentro de mim. Mas tem uma coisa que você precisa saber e eu só queria contar pessoalmente. Foi por causa dessa coisa que evitei atender seus telefonemas.

– Então fala logo, pô. Para de enrolar!

– Eu me casei com o Radamanthys.

Ikki dá um passo para trás e franze o cenho. É como se Pandora tivesse lhe dado um soco no estômago.

– Você o quê? – ele pergunta.

– Me casei com o Radamanthys – ela repete. – Agora sou a senhora Pandora Heinstein Taylor-Wright Butler.

– Tá de brincadeira, né?

– Não, não tô – ela diz séria, e mostra a aliança na mão esquerda.

– Você não podia ter se casado sem falar comigo, caramba! – Ikki se exaspera.

– Ah, não? E por quê? Você é meu dono, Amamiya?

– Pandora, eu não quero que o meu filho seja criado por aquela taturana com mutação genética!

– Pois vai ser! E o nome dele é Radamanthys. Acho bom começar a chamá-lo assim! E não é só isso, toda a família dele está encantada, esperando e desejando o meu bebê, ainda que saibam que ele não é filho do Rada.

– Não to acreditando nisso, Pandora. Por que você se casou?

– Porque eu quero criar meu filho em paz! E o Radamanthys me ofereceu isso no momento mais difícil.

– Isso foi só por que ele é rico, não é? – Ikki diz, mas imediatamente se arrepende.

– Ikki, vai pro inferno! – Pandora grita, tremendamente ofendida. – Eu não sou uma puta!

– Me desculpe, não foi isso que eu quis dizer – ele tenta consertar, mas ela já saía de perto dele.

– Pois pareceu – ela diz. – E é só. Quando o bebê nascer você vai ser avisado para registrá-lo, se quiser.

– Pandora, você não pode tratar as coisas dessa forma tão – ele começa a dizer, mas antes de terminar a frase, a alemã dá de ombros e entra no prédio, deixando Ikki falando sozinho.

-S -A -

Desde o almoço no orfanato, Saori não parava de pensar no que Seiya lhe disse: não tinha visto Shaina desde o dia da catástrofe.

Ela também vinha se esquivando dos telefonemas insistentes de Julian. Apesar de terem nascido milionários, de levarem o mesmo tipo de vida, Saori sente que não combina com ele. Ela não tinha percebido antes, mas só se sentia leve e feliz quando estava com Seiya, ouvindo as piadas bobas deles, as perguntas inacreditáveis, contagiando-se com a alegria ingênua da infância que ele conservava mesmo com o passar dos anos.

Com a volta à faculdade, os encontros com ele seriam mais frequentes. Até poderia não vê-lo, estudava em um bloco distante do dele, e não almoçava no restaurante universitário, uma vez que levava a própria comida. Mas sabia que todos os amigos almoçavam lá e gostava de aparecer de vez em quando para revê-los e colocar os assuntos em dia. Agora ainda mais, pois queria ter notícias frequentes de Shiryu. Já que teria de enfrentar esses almoços de vez em quando, ela decide começar logo. Saori tenta se enganar, mas no fundo sabe que o que sente mesmo é vontade de rever Seiya.

Depois de assistir as aulas da manhã, Saori dirige-se ao restaurante universitário. Conforme esperava, todos os amigos estão lá, exceto Ikki. Ela os cumprimenta e nota que Seiya evita olhar em sua direção.

– E o Ikki? – ela pergunta a Shun.

– Não apareceu ainda. Na verdade, não o vi nem quando saímos de casa. Acho que ele saiu mais cedo porque queria conversar com a Pandora.

– Ele não vai gostar de revê-la – June dispara, e todos se voltam para ela.

– Por que, meu bem? – Shun pergunta, fazendo um carinho na namorada.

– Bom, mais tarde vocês vão saber de qualquer jeito – ela começou. – Pandora se casou com o Radamanthys.

– Sério? – Shun indaga, muito surpreso com a notícia.

– Sério – ela responde. – Eu não contei antes porque ela me pediu, mas acho que a partir de hoje não será mais segredo.

– Agora eu entendi porque o Ikki ainda não apareceu – Shun diz.

– Acha que ele ficou magoado? – Seiya pergunta.

– Com certeza – diz Shun. – Você sabe como ele é, gosta de dominar tudo. Deve ter ficado irritadíssimo quando soube que a Pandora fez algo que ele não esperava.

– Também aposto nisso, Shun – Shiryu diz. Shunrei sorri. Gostava de vê-lo entrando nas conversas, interagindo com os amigos como fazia antes.

– A coisa deve ter ficado feia entre eles – opina Hyoga.

– E vai ficar mais ainda quando o Ikki encontrar o taturana – Seiya completa.

– Eu realmente espero que o Ikki aja com maturidade – Shiryu diz. – A moça tem o direito de decidir o que fazer da vida dela.

– Eu sei – concorda Shun. – Mas vai fazer o Ikki entender isso.

Os amigos conversam mais um pouco sobre Ikki e fazem suas apostas para a reação dele. Depois, mudam de assunto e começam a falar das férias, mas esse tema é logo deixado de lado, uma vez que todos têm alguma coisa ruim pra falar. Quando chega a hora de voltar à sala de aula, Saori se despede dos amigos e troca um olhar demorado com Seiya.

– Ehr... bom, até mais – ele diz, procurando desviar o olhar. – Nos vemos por aí.

– É, por aí... eu acho... – Seiya responde.

Ao mesmo tempo, Shun se despede de June com um beijo, o que faz Saori e Seiya sentirem ainda mais saudade de quando namoravam. A milionária se afasta rapidamente, tentando não pensar no quanto sente a falta do ex-namorado.

O irmão Amamiya mais novo pega o carro de Shiryu e leva ele e Shunrei para casa. Depois, deixa Hyoga no estágio e vai trabalhar.

-S -A -

Em casa, Radamanthys aguarda a esposa chegar da universidade. Tinha prometido deixá-la livre para conversar com Ikki e cumpriu a promessa, apesar de ter sido bastante difícil. Passara a manhã irrequieto, sem conseguir se concentrar em nenhuma tarefa. Queria ter ido à universidade e desfilado com a esposa na frente do azulão, exibindo a aliança no dedo e mostrando-se orgulhoso da barriguinha dela que começava a aparecer, mas promessa era promessa.

Quando ele e Pandora voltaram ao Japão, a moça entregou o apartamento alugado onde vivia e mudou-se para a casa dele. O rapaz já tinha escolhido o quarto que seria do bebê e falava em trocar o Jaguar esportivo de dois lugares por um carro mais adequado a uma família. Ele nunca se sentira tão feliz na vida. Se já era perfeito dormir e acordar com a mulher amada todas as manhãs, fazer amor com ela então, era um sonho que ele estava adorando viver. Radamanthys deixara Pandora livre para que o procurasse quando quisesse. Só queria que fizessem amor quando fosse realmente da vontade dela. Para sorte dele, não demorou muito a acontecer.

Tinha se mudado para o Japão apenas para acompanhar Pandora, mas ao pai disse que desejava expandir os negócios da família para a Ásia. Montou um escritório pequeno, apenas para se ocupar e dar uma satisfação a ele, mas passava mais tempo nos treinos de hóquei do que lá. Agora, pela primeira vez, Radamanthys sente vontade de realmente fazer a empresa prosperar para que Pandora se orgulhe de ter um marido independente e bem-sucedido, que não precisa da ajuda do pai para mantê-la.

Quando Pandora finalmente chega em casa, Radamanthys a recebe com um beijo e pergunta, em tom casual:

– Como foi a volta às aulas, meu bem?

– Hum... não como eu esperava – ela diz, certa de que ele quer mesmo saber como tinha sido o reencontro com Ikki. – O Ikki não reagiu muito bem às novidades. Ficou irritado, revoltado, sei lá.

– Ele fez alguma coisa com você? – Radamanthys pergunta.

– Não – despista Pandora, evitando dizer ao marido que se sentira ofendida com um dos comentários de Ikki. Não queria dar motivo para que brigassem outra vez. – Ele só ficou irritado e eu me afastei. Foi só isso.

Radamanthys a abraça e beija-lhe a testa.

– Melhor assim, minha querida. Pelo menos agora ele já sabe do casamento. Mas se ele fizer alguma coisa com você, eu quero saber. Promete que vai me contar?

– Prometo – ela diz, não muito certa de que cumprirá a promessa. A última coisa de que precisa é ver os dois se engalfinhando outra vez. – Não tem a importância a reação dele. Eu estou tranquila, Rada. Sei que fiz a coisa certa.

O rapaz sorri radiante. É bom ouvi-la dizer que o casamento foi "a coisa certa".

Depois das notícias de Pandora, Ikki tem um dia ruim no trabalho, cheio de problemas com clientes queixosos e funcionários preguiçosos. Quando sai da loja, ele passa no orfanato para ver Minu. Assim que a cumprimenta com um beijo meio seco, ele logo dispara, muito indignado:

– Você acredita que a Pandora se casou?

– É surpreendente um casamento assim tão rápido, meu bem – ela diz, olhando intrigada para ele, querendo entender o porquê de tanta indignação. – Mas o que eu não estou entendendo é por que razão você está tão transtornado.

– Como não estaria, Minu? Meu filho vai ser criado por aquele inglês almofadinha que brinca de patinadora alegre!

– Bom, que se há de fazer? A mãe dele escolheu assim. Paciência, meu amor. Você não pode escolher o destino dela.

– Ela não podia ter se casado sem falar comigo, Minu! É o meu filho que está na barriga dela! Ela me deve satisfações!

– Ah, Ikki, me poupe! – Minu diz, afastando-se irritada. – Foi para isso que veio aqui? Para ficar se lamentando porque a Pandora escolheu o caminho dela?

– Por que está reagindo assim? – ele indaga, confuso. Nunca tinha visto Minu tão irritada. – Achei que você entenderia...

– Achou errado. Se for só isso, me dê licença que eu tenho muito que fazer – Minu diz e entra no orfanato, fechando a porta atrás de si.

– Que ótimo – Ikki murmura consigo. – As duas me deixaram falando sozinho. Hoje as coisas não estão boas pra mim.

-S -A -

Enquanto isso, no sobrado, os rapazes esperavam para saber o que Ikki tinha achado do casamento. Quando ele finalmente chega em casa, sobe direto para o quarto, sem olhar pra ninguém e sem falar nada, mas sua expressão de desapontamento era tão clara, que não foi mesmo preciso que ele falasse alguma coisa.

– Ih, já viu,né? Dias de mau humor virão – Seiya diz.

– Pode crer – Shun concorda. Conhece bem o irmão para saber que nos próximos dias será ainda mais complicado lidar com ele.

– Eu acho que também ficaria mal se estivesse no lugar dele – Seiya diz, pensando em como se sentiria se Saori aparecesse casada com outro. – Poxa, ela não podia casar assim do nada.

– Eu acho que ela teve muita coragem – Shiryu diz. – Concordo que foi inesperado, mas acho que ela está pensando unicamente no filho. Criança é coisa muito séria e eu não sei bem se o Ikki tem a exata consciência disso.

– Ah, eu discordo, Shiryu – Shun diz, saindo em defesa do irmão. – Ele está bem decidido a criar o filho.

– Eu sei que ele está, mas veja o lado da Pandora. O Ikki vai assumir o filho, mas coloque-se no lugar dela e se veja sozinha, num país que não é o dela, grávida. E, mais tarde, com um bebê recém-nascido, passando por todos os problemas que podem surgir, todas as dúvidas comuns às mães de primeira viagem. Por mais apoio que o Ikki der, ele não estará lá com ela no meio da noite, quando a criança estiver chorando e ela não souber o que fazer.

– Shiryu tem razão – Hyoga diz. – Uma mãe de verdade passa por cima de qualquer coisa pelo filho.

– É isso. Hyoga entendeu o que eu quis dizer. Ela se casou porque quer que o filho nasça com segurança. E pelo jeito que o Radamanthys brigava com o Ikki estava mais do que claro que ele a amava.

– Eu não sei – Shun diz. – Ainda acho que ela podia ter esperado mais um pouco.

– Eu acho que não – Shiryu diz, e levanta-se do sofá. – Bom, pessoal, é hora de me recolher. Já fofoquei demais por hoje.

Instintivamente todos fazem menção de ajudá-lo, apesar de saberem que ele sempre se recusa. Shiryu tateia em direção ao quartinho de Shunrei, onde dorme desde o acidente.

– E então? – ela pergunta. – Como o Ikki estava?

– Não falou nada, mas os rapazes disseram que estava com aquela cara péssima que faz nos dias de aniversário de morte da Esmeralda.

– Nossa, não pensei que ele ficaria tão mal assim.

– Nem eu. Achei muito estranha essa reação.

– Será que não houve outra coisa?

– É possível – ele responde, pensativo. – Mas e você, o que fazia? Estava tão quieta aqui no quarto.

– Ah, é uma surpresa pra você! – ela diz, entusiasmada, e entrega a ele uma camisa.

– É nova? – ele pergunta, sentindo a camisa nas mãos, enquanto procura decifrar se é mesmo nova ou não.

– Não, mas passe a mão por dentro da gola.

Ele faz o que ela diz e sente algo que não devia estar ali: Shunrei bordara pontinhos, formando o nome da cor da camisa em Braille.

– É para você saber que cor está usando quando quiser se vestir sozinho! Quando tiver tempo, vou fazer em todas!

– Obrigado, Shunrei – ele agradece emocionado, abraçando a noiva. – Você é realmente um anjo na minha vida.

-S -A -

No orfanato, Minu desabafa com Eiri.

– Você acredita que ele veio aqui todo revoltadinho porque a outra se casou?

– Acho que ele queria o seu apoio, Minu – a garota loira diz. – Custava ter ouvido o que ele tinha a dizer?

– Eu tenho essa cara de boba, mas boba é uma coisa que eu não sou! Apoiar o ciúme dele é demais pra mim, Eiri! Já é chato saber que ele vai ter filho com aquela mulher! Ah, eu não tenho esse sangue frio. Espero que ele só venha me procurar quando esquecer esse assunto.

– Ai, amiga, eu acho que você devia ser mais paciente com ele.

– Paciente uma ova! Ainda mais que nós nem... você sabe...

Eiri dá uma gargalhada estridente.

– Então é isso? – ela pergunta ainda rindo. Minu quer matá-la com o olhar. – Você está revoltada porque ainda não fizeram amor?

– Ora e não é pra ficar? Com a outra ele vai pra cama sem pensar e engravida a maldita! Comigo ele nem tenta nada, Eiri!

– Você já conversou com ele sobre isso? – Eiri pergunta, tentando parar de rir. – É, porque eu acho que ele age assim porque você é importante pra ele e ele te respeita como respeitava a falecida.

– Será?

– Aposto que sim. Liga pra ele agora e pede desculpas, mulher!

– Eu não! Ele é quem me deve desculpas!

– Vocês devem desculpas um ao outro.

– Ele não vai atender.

– Tente! – Eiri estimula, entregando o telefone a Minu.

Minu faz o que Eiri sugere. No primeiro toque, Ikki atende.

– Desculpa – os dois falam ao mesmo tempo.

– Tá, fala primeiro – ele diz.

– Desculpa – ela repete. – Eu não devia ter reagido daquela forma, mas fiquei com ciúmes...

– Tudo bem – ele diz. – Eu também preciso pedir desculpas. Não devia ficar te alugando com esse problema, mas é que fiquei realmente magoado.

– Eu imagino...

– Já que não está mais com raiva, posso passar aí?

– Eu adoraria, Ikki, mas já é muito tarde. Preciso dormir porque amanhã acordo cedo. Você sabe como são as coisas aqui no orfanato.

– Sei sim. Eu durmo aí e te ajudo com as crianças amanhã. Pode ser?

– Pode – Minu responde, chocada e sentindo o coração acelerar.

– Beleza. Até já. – Ikki diz e desliga.

Eiri espera para saber o que ele tinha dito.

– O que foi? Me conta logo! – Eiri diz.

– Ele vem dormir aqui – ela responde, ainda um tanto em choque.

– Ah! Que maravilha! Eu te empresto o colchão do Oga, Minu! – Eiri faz uma expressão maliciosa. – E quem sabe não é hoje que vocês dois...?

– Para, Eiri! Aqui é meu local de trabalho!

– E daí? Também é o meu, no entanto, eu e Oga aproveitamos sempre que podemos! Quem disse que não é boba, mas está sendo agora?

Mais tarde, quando Ikki chega ao orfanato, seu cantinho no quarto de Minu já está arrumado.

– Tava um saco lá em casa – ele diz, depois de cumprimentá-la com um beijo e novamente pedir desculpas. –Todo mundo com cara de quem queria me perguntar o que tinha acontecido, sabe? Eu queria ter ficado aqui desde cedo, mas você deu aquele chilique.

– Já pedi desculpas... – ela diz, muito envergonhada.

– Eu sei, já desculpei. Eu só quero ficar aqui quieto com você, Minu. Acho que estou carente hoje! – ele diz em tom de brincadeira.

– Vem cá, meu bebezinho carente – ela retruca no mesmo tom. Depois, faz com que ele se deite em seu colo, e começa a fazer-lhe um cafuné.

– Eu tinha me esquecido de como isso é bom – ele diz. – Eu tinha me esquecido de tanta coisa boa, Minu. Você me fez reencontrar esses pequenos prazeres.

Minu sorri satisfeita e continua a fazer o carinho na cabeça dele. Entretanto, uma coisa ainda a incomoda.

– Ikki, eu posso te perguntar uma coisa? – ela indaga.

– Claro.

Ela respira fundo buscando coragem e dispara:

– Você me deseja? Eu falo como mulher, sabe?

– Lógico, né, Minu? E eu por acaso sou algum retardado?

– Mas por que você nunca... tentou?

– Porque achei que você não quisesse agora, Minu. Eu sei que você é virgem e queria que fosse ao seu tempo.

– E como é que você sabe disso, hein?

– Ora, todo mundo sabe que seu único amor foi o Seiya e ele disse que vocês nunca transaram. Logo...

– Ah, Seiya filho de uma mãe! – Minu brada. – Boca grande do diabo!

– Pois é, tá na boca do Seiya, tá na boca do mundo – Ikki ri.

– Tomara que a língua dele apodreça e caia!

– Mas por que veio com essa ideia agora?

– Porque fiquei pensando em você e na outra lá. Vocês simplesmente foram para a cama... Já comigo...

– Ela era só uma conquista, Minu. Você é quem eu quero ter do lado por muito tempo. Por isso eu precisava respeitar você.

– Então não me respeite tanto assim! – ela exclama, e o beija de uma forma muito sensual, sinalizando para o que ela quer a seguir.

Continua...




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Promessa cumprida!

Capítulo de Sobrado postado antes do final do ano! Juro que achei que não ia conseguir. Ainda ontem o capítulo estava um lixo, achei que não iria conseguir arrumá-lo pra hoje. Felizmente, os leitores que me acompanham lá no Face enviaram seus cosmos e eu consegui! Obrigada, Thalita Lima, Renata Lourdes, Renata Thaís e Luana Bianchini!

Agradeço também a todos que acompanham essa fic desde o comecinho nos três sites onde ela é publicada!

Agora abram alas, que 2013 quer passar! Que a virada de ano de vocês seja maravilhosa!

Beijinsssss, pessoal!

Chii



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sobrado Azul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.