Sobrado Azul escrita por Chiisana Hana


Capítulo 19
Capítulo XIX




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/11765/chapter/19

Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus e eu não ganho nenhum centavo com eles.

SOBRADO AZUL

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Capítulo XIX

Vladivostok, Rússia.

Hyoga corre para ajudar Eiri, que rolara escada abaixo. Sob a ordem de Yujiro, o falso enfermeiro também vai até ela.

– Não coloque as mãos nela! – Hyoga grita, empurrando o homem para trás. – Ninguém vai tocar na Eiri, muito menos você!

Hyoga pega o celular e liga para a emergência.

– E não pense que isso vai ficar assim – Hyoga diz ao pai.

Yujiro se aproxima dele.

– Filho, foi só um acidente – ele argumenta, puxando o telefone da mão de Hyoga com violência. – Estávamos conversando, ela se exaltou e caiu.

– Acidente? Você tentou matá-la! E tem mais, de onde tirou tanta força? Está muito saudável para quem até horas atrás se dizia moribundo.

– Foi uma tentativa desesperada de me aproximar de você – o homem confessa, entregando o celular de Hyoga ao enfermeiro, que se afasta com o aparelho.

– Pois bem, deu errado! Agora saia de perto de mim e da Eiri! Eu não quero mais nenhum tipo de proximidade com você!

– Vamos conversar, filho. Eu sei que você vai entender tudo o que eu fiz.

– Não tenho nada para conversar com você!

Yujiro continua tentando argumentar, mas Hyoga está irredutível. Quando o resgate chega, o rapaz se certifica de para onde levarão sua namorada e, enquanto ela é levada, sobe para arrumar suas coisas e as dela. A essa altura Yujiro já desistira de falar e olha o filho passivamente.

– Eu nunca mais quero ver ou ouvir falar de você – Hyoga diz ao pai antes de sair da casa.

Ele toma um táxi e vai até o hospital. Quando chega até lá, é informado que Eiri passa bem, mas precisa ficar alguns dias internada. Assim, ele procura um hotel para deixar os pertences de ambos. Ao retornar para o hospital horas depois, ele já encontra a namorada consciente.

– Minha querida – ele diz, abraçando-a gentilmente. – Tive tanto medo de que você morresse.

– Felizmente eu sou dura na queda, literalmente – ela responde, num sussurro.

Hyoga ri.

– Ainda consegue fazer piada da situação, hein? Só você, meu bem.

– E agora?

– Agora vou comunicar o fato à polícia e meu pai vai ter que se entender com eles.

– Seu pai é perigoso... Não acho que ele vá nos deixar em paz. É melhor deixar pra lá.

– Ele tentou matar você. Não posso simplesmente deixar isso pra lá.

– Eu só quero voltar pra casa e esquecer tudo isso, meu bem.

Hyoga pondera um pouco. Não seria certo deixar Yujiro impune, mas ao mesmo tempo não queria causar a Eiri mais sofrimento.

– O.k. – ele finalmente concorda. – Iremos embora assim que você puder.

Eiri sorri aliviada. Hyoga, entretanto, mostra-se entristecido e de repente começa a chorar.

– Sinto muito por ter feito você passar por essas coisas, Eiri – ele diz, entre lágrimas, debruçando-se gentilmente sobre ela. – Eu só queria que eu e meu pai nos aproximássemos, que fôssemos uma família. Não podia imaginar que as coisas acabariam assim.

– Eu sei – ela responde, esforçando-se para acariciar os cabelos dele com a mão que não estava com o soro. – Não se preocupe, meu amor. Está tudo bem.

Com a reação carinhosa dela, Hyoga se acalma um pouco, e quando Eiri adormece, ele procura um telefone público para ligar para casa, já que na confusão Yujiro lhe tinha tirado o celular. Seiya atende.

– Como é, cara? – Seiya pergunta, depois de ouvir Hyoga contar tudo o que acontecera em Vladivostok. – O seu pai tentou matar a Eiri? Você tá de brincadeira?

– Não, Seiya, eu não ia brincar com uma coisa dessas. Estamos no hospital, felizmente ela está bem. Só vai ficar uns dias em observação e vai ter que usar um colar cervical por uns tempos.

– Cara, é muita desgraça numa casa só...

– Do que você tá falando?

– Achei que você soubesse que Shiryu e Shunrei sofreram um acidente na China.

– Eles...? – Hyoga hesitou, imaginando o pior.

– Não, eles estão vivos, mas o Shiryu ficou cego.

– Meu Deus, não imaginei que as coisas estivessem assim. Diga a ele que eu sinto muito e que rezarei para que fique bom logo.

– Eu direi. Além disso, Saori e eu terminamos de um jeito não muito agradável...

– Espero que as coisas melhorem para todos nós, Seiya. Bom, eu preciso desligar. Eiri e eu voltaremos assim que ela tiver alta, ok?

– Acho bom mesmo. Com esse seu velho maluco à solta, vocês não devem ficar por aí.

-S -A - -S -A - -S -A - -S -A -

Grécia.

O Nereida aporta na ilha de Julian. Ele e Saori desembarcam no píer particular da imponente mansão emoldurada por duas torres com cúpulas brancas. A casa é quase uma miragem na paisagem semiárida da ilha, e a imensa piscina de borda infinita é um convite para o relaxamento.

Depois de conhecer a casa inteira, um passeio entediante do qual Julian fizera questão, inclusive enfatizando os objetos de grife, os dois finalmente vão se refrescar na piscina.

Bebericando goles de Tequila Sunrise(1), Julian consegue arrancar de Saori vários beijos que, combinados à bebida e ao calor, faz o clima esquentar entre eles. As carícias vão ficando cada vez mais ousadas e os acabam fazendo sexo dentro da piscina.

Saori aprecia o momento, mas é tomada por uma sensação de culpa.

"Afinal não foi isso que o Seiya fez comigo?", ela pensa. "Eu não devia estar me sentindo assim... Eu só paguei na mesma moeda."

-S -A - -S -A - -S -A - -S -A –

Dias depois...

Tóquio, Japão.

É o último final de semana de férias e o pessoal decide fazer um almoço no orfanato para receber Eiri e Hyoga, que tinham voltado da Rússia dias antes. Eiri estava bem, mas ficara uns dias de repouso no sobrado até se recuperar completamente e estar pronta para enfrentar o pique das crianças.

– Seja bem-vinda de volta, minha amiga – Minu diz, abraçando Eiri ao recebê-la na entrada. – Estou tão feliz que você esteja de volta!

– Eu estava gostando de ser paparicada pelo Oga lá no sobrado, mas quase morri de saudades de você e dos meus pequeninos.

– Então se prepare... – Minu diz, abrindo a porta e gritando: – Criançada, a tia Eiri voltou!

Uma horda de crianças envolve Eiri, agarrando-a onde dá e gritando o nome dela.

– Meus queridos! – ela exclama, enquanto tenta abraçar todos. – A tia estava morrendo de saudade, mas vão mais devagar porque não aguento tantos assim de uma vez só!

Enquanto Eiri mata a saudade da criançada, Minu vai receber Shiryu e Shunrei, que tinham vindo com Shun e Ikki. Depois de beijar o namorado e cumprimentar o cunhado, ela se volta para Shiryu e Shunrei.

– Fico feliz que tenha vindo – Minu diz a Shiryu. Sabia que ele andava recluso e que provavelmente essa saída era fruto de muita conversa com Shunrei.

– Obrigado – ele responde.

– E nós trouxemos uma torta – Shunrei diz alegremente. – Shiryu me ajudou a fazer!

– Ajudei a sujar as coisas – Shiryu rebate.

– Nada disso! Ajudou untando a forma e polvilhando, além de ter batido as claras em neve.

– Derramando a metade delas fora...

– Não ligue para o ótimo humor dele – Shunrei ironiza e ajuda Shiryu a se acomodar numa cadeira. Logo as crianças se aproximam e enchem-no de perguntas.

– Mas tio, você ficou cego mesmo? – um deles começa.

– Conta como foi, tio – o outro continua.

– Você não vê mais nada, nadinha? – outra criança pergunta, agitando as mãos na frente de Shiryu e fazendo uma careta.

– Nada – ele responde, entediado.

– Que triste, tio.

– Ah, nem dá nada – um dos meninos diz. – Eu vi um filme que o cara cego matou todo mundo com uma espada samurai maior que eu.

– Isso mesmo! – outra criança concorda.

– Vocês duvidam que o tio seria capaz disso? – Shunrei os instiga.

– Não! – as crianças gritam em coro, e começam a conjeturar sobre as possibilidades que Shiryu teria de matar alguém com uma espada, o que leva o rapaz a esboçar um sorriso.

– Aê tia, tô sentindo cheiro de coisa boa! – uma das crianças interrompeu a divagação, ao sentir o cheirinho da comida que Minu traz à mesa com a ajuda de Ikki, Shun e June, que acabara de chegar.

Com a comida posta, todos se acomodam na mesa do refeitório. Minu abrira as janelas para ventilar bastante e fizera um belo arranjo de frutas. Assim que eles começam a comer, Saori chega inesperadamente.

– Não iam me convidar? – ela pergunta.

– Nem sabíamos que você tinha voltado das férias – Shun diz, surpreso.

– Tentei falar com você milhares de vezes – Ikki diz –, mas não consegui, graças ao seu adorável mordomo.

– Sinto muito, Ikki. Sinto muito mesmo – ela disse, e se aproximou de Shunrei e Shiryu. – Que coisa horrível aconteceu com vocês! Felizmente estão vivos, mas ainda assim é tão triste. Eu fiquei chocada quando soube. Se vocês precisarem de alguma coisa é só falar.

– Não estamos precisando de nada – Shiryu diz, e Shunrei completa:

– Mas muito obrigada, Saori.

– Sente-se à mesa e almoce conosco – Minu convida, diante da presença inesperada.

Saori se acomoda à mesa, deixando Seiya sem saber o que fazer. O clima chato entre eles ainda é mais do que evidente, embora os dois procurem agir naturalmente durante o almoço.

Depois de comerem, Shunrei leva Shiryu para um passeio pelo pátio do orfanato.

– Obrigado por me tirar da mesa – ele diz. – Eu estava me sentindo sufocado com as perguntas, a piedade das pessoas, as mãos cheias de dedos, o pessoal falando alto comigo como se eu estivesse surdo e não cego.

– Eu percebi que você estava incomodado – ela diz, sinceramente.

– É isso que eu vou ter de enfrentar sempre? Não sei se quero, Shunrei.

– O começo é difícil, meu bem. Depois as coisas vão melhorar pra nós, você vai ver. As crianças tiveram uma visão bem otimista, não? Viu como você deve continuar no kung-fu?

– Vou pensar nisso, Shunrei – ele diz, e ela agradece em pensamento. Pelo menos ele está se mostrando mais maleável à ideia.

O casal encontra um banco à sombra de uma árvore e se senta ali, mas outro visitante inesperado aparece.

– É, Shiryu, a vida se encarrega de vingar as coisas – Jabu diz, em tom de provocação. – Como é viver na escuridão? Aposto que nada bom. E a namoradinha, está gostando de você agora que não deve nem acertar o xixi no vaso?

– Me deixa em paz, seu imbecil – Shiryu diz. Jabu continua provocando-o:

– Eu estava esperando essa oportunidade. Estando cegueta você não tem como me enfrentar, né?

– Vai procurar o que fazer, Jabu! – Shunrei diz, posicionando-se na frente de Shiryu.

– Agora você vai me pagar por aquele dente que arrancou e por ter me humilhado no restaurante universitário.

Ele avançou para Shunrei, dando um forte empurrão que a jogou para o lado, e socou Shiryu, derrubando-o do banco.

– Larga ele! – Shunrei grita, e salta em Jabu, batendo com toda a força que tem. Ele revida e acerta um soco nela, que por pouco não bate a cabeça no banco.

– Seu covarde! – Shiryu se exaspera e, guiando-se pelo som, ataca Jabu. Lembrando-se de todas as aulas de kung fu que já tivera na vida, ele avança resoluto e desfere golpes. Jabu tenta reagir e se afastar, mas Shiryu o derruba e o mantém firmemente preso com as pernas, enquanto continua a bater.

Ao escutar a gritaria, Seiya, Ikki e Shun correm para separar os dois.

– Nunca mais encoste as patas nela, seu filho de uma cadela! – Shiryu grita, enquanto Ikki o tira de cima de Jabu. – Mesmo cego, eu mato você! Juro que mato!

– Você de novo, Jabuzete? – Seiya zomba, enquanto segura Jabu. – Não aprende não?

– Você está bem, Shunrei? – Shun se precipita para a moça, que estava com o supercílio sangrando bastante. Ele pressiona um lencinho sobre o corte.

– Estou – ela responde, e segura ela mesma o lencinho, para correr até Shiryu e abraçá-lo.

Enquanto isso, Seiya e Ikki empurram Jabu para fora do orfanato.

– Você não tem mesmo um pingo de vergonha nessa sua cara de idiota, hein? – Seiya diz, dando um tapa na cabeça dele.

– Nem vergonha, nem talento para a luta – Ikki completa. – Até do Shiryu cego você apanha. Eu ia dar mais um soco em você, mas não vale a pena. Você é menos que nada.

– Se manda, Jabu! – Seiya grita, e o rapaz corre dali. Saori, que observava a cena, aproxima-se.

– Que coisa mais ridícula. Atacar um homem cego, bater na Shunrei... Ele chegou mesmo ao fundo do poço.

– Chegou mesmo – Seiya concorda, e instintivamente, coloca o braço no ombro de Saori. Percebendo o gesto, ele rapidamente o retira. – Desculpa. Eu fiz sem pensar.

– Acho que temos de conversar... – ela diz a Seiya.

– Só não inventem de trocar tapas também – Ikki diz, enquanto se afasta para deixar os dois a sós –, porque hoje já deu de porrada e baixaria, né?

– Eu fiquei muito surpreso por ver você aqui – Seiya diz a Saori.

– Não é porque terminamos que preciso me afastar de todos os amigos que temos em comum. Eu tenho muito apreço por eles e fiquei realmente preocupada quando soube o que aconteceu com Shiryu.

– Bom, eu não esperava outra coisa de você.

– Me diga, eles não estão mesmo precisando de nada?

– Creio que não. Está tudo bem. Ele anda de péssimo humor, mas a Shunrei sabe lidar com ele. E ele até está trabalhando num escritório aí.

– Que bom. Eu quero que você me avise se eles precisarem de algo.

– Certo. Erh, Saori... eu já estou procurando outro emprego.

– Hã? Vai deixar o seu?

– Bom, imaginei que depois de tudo você ia me mandar para a rua.

– Imaginou errado. Por mim, pode continuar trabalhando lá na empresa.

– É, mas talvez seja melhor sair mesmo. Eu não quero ter de encontrar com a...

– Ela se demitiu há alguns dias – Saori diz, surpresa. – Vocês não...?

– Não... eu não a vi mais... foi só naquele maldito dia...

– Hum... sim... – Saori diz, tentando parecer indiferente, embora a notícia mexesse com seus sentimentos mais do que o que ela esperava. – Bom, vou lá pra dentro agora.

– Claro... Eu vou depois...

Dentro do orfanato, o assunto é a nova surra que Jabu levara de Shiryu e as crianças recriam a briga com empolgação. Enquanto isso, Minu cuida do ferimento de Shunrei.

– Acho que não precisa de ponto – ela diz, depois de fazer um curativo. – Entendo um pouquinho dessas coisas porque, sabe como é, criança vive se arrebentando por aí.

– Obrigada, Minu – Shunrei agradece, e vai pra perto de Shiryu. – Deixa eu ver se você se machucou – ela diz, tocando e examinando o rosto dele.

– Estou bem – ele responde e segura a mão dela, gentilmente puxando-a para que se sentasse em seu colo. – E você?

– Não foi nada demais... Só um corte pequeno no rosto.

– Ninguém machuca você se eu estiver perto – ele diz, envolvendo-a com os braços, e completa: – Ainda que eu esteja cego, ninguém machuca a mulher que eu amo.

Continua...




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(1) Drinque feito com tequila, suco de laranja e groselha.

—S -A - -S -A - -S -A - -S -A -

Sobrado voltou, povo! Aeeeeeeeeeeeeeee! Eu enrolo, mas sempre volto!

Espero que curtam o cap! E pro pessoal que deixa comentário sem logar e sem e-mail pra resposta, responderei no meu perfil, ok?

Beijo, povooooooooooooooooooo!

Chii



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sobrado Azul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.