Em Algum Lugar do Tempo escrita por OblivionWing


Capítulo 6
"L"




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A luz do Sol bateu no meu rosto, passando pelas frestas da cortina. Apertei um pouco os olhos antes de abri-los, me espreguiçando. Senti o cérebro meio amortecido, talvez pelo remédio que tinha tomado - quando percebi o corpo de Matt próximo do meu, quente, respirando vagarosamente, ainda dormindo.

Lembrei do que tinha acontecido na noite anterior.

Aquilo...aquilo realmente aconteceu ou eu sonhei ou...alucinei?

Ele se revirou um pouco e não soube o que fazer, um calor tomou conta do meu rosto novamente.

- Ahm...- ele começou a resmungar.

Corei mais ainda.

- Ahh...M-Matt! J-já está na hora de irmos! – comecei a balbuciar as palavras.

Ele entreabriu os olhos verde-claros.

- Hm...já vai...- ele se virou para o lado.

- Matt! – comecei a chacoalhar ele – vamos, vamos!

Ele se espreguiçou, levantou-se vagarosamente e me encarou, bagunçando o cabelo ruivo.

- É...- ele desviou o olhar – o grande dia, não é?

- É-é – também desviei o rosto para que ele não notasse sua cor corada – vamos nos apressar.

-

Como combinado, às 10 da manhã, eu, Matt e Near fomos levados à sala de Roger. Lá, devíamos esperar por L. Eu já estava quase subindo pelas paredes de nervosismo, enquanto Near brincava com seus bonecos idiotas no chão e Matt sentado na cadeira ao meu lado, jogando no seu PSP.

- Mas será que ele não vai chegar nunca? – Matt continuava com os olhos voltados ao seu jogo.

Demorou um pouco, sim, então resolvi dar uma olhada pela janela. Arregalei os olhos.

Deviam ter mais de 5 carros. Todos pretos e grandes. De dentro, saíam muitas pessoas – igualmente vestidas de preto – alguns de sobretudo, outros de terno, todos com óculos escuros.

- Ele chegou! – exclamei.

Matt logo se pôs ao meu lado.

- Holy shit! O cara tem o próprio esquadrão de forças armadas – seus olhos brilhavam – e olha! Caralho! Tem um usando uma M16! Sabia que foi produzida em 1957, e é o principal fuzil de infantaria do Exército Americano?

- Algum deles tem que ser o L! – me debrucei pela janela, para tentar distinguir alguém no meio da multidão. Mas eram todos iguais.

Logo, Roger bateu na porta. Matt e eu sentamos novamente em nossos lugares, e eu não conseguia parar de me balançar.

- Crianças – Roger adentrou junto com um outro cara velho. Era Wammy, tinha uma foto dele junto com Roger no escritório – detetive L.

Arregalei os olhos. Um cara muito branco com os cabelos muito pretos entrou na sala. Seus olhos eram grandes e negros, como abaixo deles. Julguei que fossem olheiras. Andava de um jeito engraçado, descalço, com uma blusa branca e jeans largada.

Esse é...L?

Logo, se sentou à cadeira da nossa frente, igualmente de jeito estranho.

- L – Roger começou a chegar perto de nós – Este é Near, o primeiro sucessor. Este é Mello, o segundo, e Matt, o terceiro.

Ele ficou nos observando por um tempo, como se nos estudando. Depois, colocou um polegar na boca.

- Acredito que vocês tenham trabalhado duro para chegar até aqui – ele começou a dizer – porém, Near, Mello e Matt, eu gostaria de saber o por quê vocês querem me suceder.

Um silêncio invadiu a sala, então levantei.

- L – meus lábios tremiam – meus pais morreram assassinados na minha frente. Eu não posso permitir que isso aconteça e que quem faça esse tipo de coisa fique impune! Desde nossa entrada no Wammy, você foi o símbolo de justiça, que desde a primeira vez que ouvi falar de você, quis ser como você! E serei – dei uma olhada de canto para Near – também serei um símbolo de justiça.

Ele me encarou.

- Ser símbolo de justiça significa você sacrificar muitas coisas. Se você aceitar as condições, terá que ir até o fim, sem desistir. Eu, fico feliz e triste em ouvir isso de vocês. Feliz, por ver sentimentos tão sinceros. Triste, pois vocês são só crianças, não sabem no que terão que enfrentar. Arriscar suas vidas, suas mentes, seus corações.

Fechei as mãos em punho.

- O que quer dizer? – perguntei.

Matt continuava só encarando L, imóvel, e Near também olhava para L sem parar.

- Quer dizer que não podemos nos desviar de qualquer maneira – Near ainda encarava L, encolhido no chão.

- Está dizendo que não se pode ter amigos? Nem ninguém? – Matt finalmente falou alguma coisa, lançando um olhar suplicante para mim.

O rosto de L ficou sombrio.

- Mais ou menos – ele se concentrou em algo em sua mente – relacionamentos nessas ocasiões significam possibilidades de traição, perigos, desfoques.

- Então você...é sozinho? – perguntei, mesmo achando que não devia.

- Não – ele fez um sinal para Wammy, que trouxe um pote de doces para ele – tenho Watari e...

Mais uma vez ele fez uma pausa. Near e Matt também devem ter notado o mesmo que eu.

- Bom, tem alguém próximo de mim, um jovem, porém – ele levou um pedaço de morango à boca – ele também é o principal suspeito de ser Kira.

Nós exclamamos juntos ao mesmo tempo.

- KIRA?!

- Isso mesmo, o assassino em série que agora passa freqüentemente na televisão.

- M-mas L! Você está se arriscando! Esse...essa pessoa, se for mesmo Kira...acabará te matando! – exclamei, meio alto demais.

- Por isso eu disse que levar o nome de L pesa muito. Arriscar a vida. – ele me encarou – Mello, você tem algo de interessante. Aliás, os três tem. Near, você lembra a mim mesmo, muito, seu olhar e seu jeito que aparenta ser extremamente racional e lógico. Mello, seu coração é sua força, a coragem. Matt, você parece que valoriza muito a lealdade. São ótimas qualidades.

- L, por favor – cheguei mais perto dele, nem liguei – não pode se arriscar tanto, prenda esse cara que acha que é o Kira! Ele é o que?! Seu amigo?!

Ele novamente me encarou com seus olhos indecifráveis. Depois, virou seu olhar para a janela, ficando imóvel por um tempo. Logo, colocou uma mão em meu ombro, sorrindo com o canto dos lábios.

- Obrigado pela preocupação. Venham os três aqui para perto de mim.

Matt e Near se aproximaram também.

- Vocês – ele nos deixou um bem ao lado do outro, juntando-nos – Se algo acontecer comigo, serão vocês que terão de continuar o que comecei. Near, Mello, Matt. Gostei de vocês desde o momento que os vi. Sei que serão os melhores sucessores. Mas, se quiserem desistir, desistam agora. Eu entenderei, há certos sofrimentos que terão que enfrentar, mas por favor, se optarem por enfrentar, não desistam.

Eu queria. Eu queria sucedê-lo a qualquer custo, não ia desistir. Mas, se isso significava que ele teria que morrer...

Abracei-o, e não me importei muito com o que iam dizer. Mas, para minha surpresa, Matt e Near fizeram o mesmo, e ele nos envolveu com os braços dele.

Apesar de ter sido a primeira vez que o tivesse visto, parecia que o conhecia à muito tempo.

Não queria que L morresse. Se ele morresse, muita coisa seria perdida.

-

Depois de algumas conversas mais, L foi embora. Deixaram nós três irmos para os respectivos quartos. A primeira coisa que fiz foi deitar em minha cama, pensativo. Eram muitas coisas na minha cabeça. L, Kira, sucessões, arriscar a vida e...

Matt deitou-se do meu lado. Me arrepiei.

Matt.

Eu nem conseguia falar. Era tudo muito novo, tudo muito confuso. L estava se arriscando tanto ficando ao lado de quem podia ser Kira, que ele podia morrer a qualquer minuto – e esse era um dos meus maiores medos. Mas, jurei pra mim mesmo, se L morresse, eu não pararia até derrotar aquele serial killer. Tudo o que eu queria era...

Matt então passou o braço pela minha cintura e me abraçou. Logo, eu fiz o mesmo, senti seu calor e me fez ficar mais calmo.

 - Shh, estou aqui - ele sussurrou para mim.

Era tudo o que precisava para enfrentar a noite.

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Notas finais do capítulo

Ownti. Próximo capítulo - A morte de L e a revolta de Mello.
— drama promete chegar à história. D: