Em Algum Lugar do Tempo escrita por OblivionWing


Capítulo 5
Provas




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Desta vez, quando acordei, os braços de Matt me envolviam. Estava quentinho naquela manhã de inverno e uma preguiça enorme me envolveu. Abracei-o também, ficando mais perto dele ainda.

Ele se remexeu um pouco e suspirou. A verdade é que eu não estava com vontade de levantar, mas precisava ir logo para a aula e...

Espera.

Dei um solavanco.

- Matt! Matt! Acorda! É hoje! O dia das provas finais! – comecei a sacudi-lo.

- Hm...hm...Mello...é quentinho. – ele abraçou-me com ainda mais força.

Tá bom...com o que ele tá sonhando?

- Matt! É sério – puxei o cabelo dele de leve – ACORDA!

- ...Que houve...? Deixa eu...- ele resmungou e eu dei mais um chacoalhão nele – Ah! O que aconteceu?!

- Vamos, logo! – fui levantando da cama e trocando de roupa – É hoje o grande dia!

Nos vestimos, arrumamos as camas, pegamos os livros. Passei por Matt, mas antes de ir para a sala, olhei para ele.

- Vamos dar o nosso melhor, ok?

- Susse, segundo L – e deu uma piscada.

É.

-

O primeiro bloco de provas eram de Ciências Exatas. A pior parte foi que colocaram o Near para sentar bem na cadeira do meu lado. Eu precisava prestar atenção na minha prova, não no que ele estava fazendo!

Fizeram isso de sacanagem, só pode.

Física, Matemática, Química. Eu não podia me cansar. L estava esperando. E o Near provavelmente ia ser um dos que iam vê-lo.

De questão em questão, tentei não pensar muito além do que elas pediam, mas olhar para o albino ao meu lado às vezes era inevitável. E numa olhadela, vi ele brincando com a borracha e o lápis, como se passando o tempo. Como se a prova fosse muito fácil para seu “grande” intelecto.

Moleque maldito!

-

No término do primeiro bloco, quando saí da sala, fiquei esperando Matt pelo corredor. Eu não conseguia ficar parado, acho que estava mais preocupado com o resultado dele que com o do meu. Eu queria que ele fosse junto, eu só queria...

Olhei para o lado e Matt vinha conversando com a garota ruiva idiota do outro dia. Ele estava rindo e ela também, trocaram uns olhares meio esquisitos pro meu gosto.

- A gente se vê então no próximo bloco – ela sorriu e o abraçou, na minha frente.

Ah, tá.

- E então Mello, como foi? – ele disse, sorrindo para mim.

- Normal – respondi meio seco, nem olhando pra ele, mas não queria que ele notasse meu desconforto, aliás, por que nem tinha motivo pra desconforto. – E você?

- Acho que fui bem, hein? – ele passou um dos braços sobre meu ombro – As aulas particulares foram eficientes, há!

- Tanto faz.

Ele parou e me jogou um olhar interrogativo com seus olhos verdes.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não! – olhei para o lado – Eu estou só...meio nervoso com as provas, só isso.

- É melhor comer alguma coisa então, vem, eu...

- Não quero, vou direto para a sala.

Eu estava com uma grande vontade de voltar lá e dizer umas coisas pra ele. Mas não fui. Precisava me manter focado.

Mas quando eu entrei na sala, Near já estava lá. Bem na hora que eu estava com vontade de socar alguém. Tive que me segurar mais ainda.

Ele me olhou.

- Perdeu alguma coisa? – rosnei.

Mas, como sempre, ele não respondeu e se limitou a virar os olhos para o lápis e a borracha que brincava.

Fechei as mãos em punho e me limitei a bater na mesa com força.

-

O segundo bloco veio com as humanas. História, Geografia, Inglês. Também teve as dos idiomas, Francês e Alemão. Como sempre, quando terminava as provas, Near já estava brincando.

Uma dor de cabeça começou a se alastrar, fazendo-a latejar. Meus olhos doíam um pouco, e eles muitas vezes quase escureciam, fazendo com que eu tivesse que parar um pouco de escrever.

E eu nem queria pensar se Matt estava tendo dificuldade. Ele devia estar olhando para sua nova amiguinha.

-

Na saída, eu já estava meio zonzo. Encostei um pouco na parede e fechei os olhos, apertando-os com força, quando uma mão encostou em meu ombro.

- Mello, você tá bem? – a voz ecoava um pouco longe.

- Matt? – abri os olhos doloridos – Como você foi...?

- Acho que bem mas...nossa, você está tão branco! Quase mais que o Near! – ele não podia perder a piada – É sério, você tá bem mesmo?

Uma sensação de calor e frio ao mesmo tempo caíram sobre meu corpo e algo nauseante no estômago. Eu ia tentar falar, mas talvez se eu falasse eu podia vomitar ou algo assim. Virei a cabeça um pouco para o lado sobre meu ombro e senti minha respiração fria contra minha própria pele.

Olhos escurecendo novamente. Equilíbrio perdido.

- Mello? MELLO!

-

- Ele só precisa de descanso. Ele não comeu nada, não é? – uma voz distante ecoava ao fundo.

- Ele não almoçou, nem lanchou, droga, eu devia ter forçado ele a vir comigo...

- M-Matt? – balbuciei.

Tentei abrir os olhos, mas eles ainda estavam doloridos. Senti movimentos ao redor de mim.

- Mello?! Você está bem?!

- Só...um pouco...zonzo e...minha cabeça...dói – estava ainda tudo girando – Matt? O que...aconteceu?

- Você passou mal, desmaiou logo na saída da sala, te levaram pra enfermaria e você ficou no soro até agora. – Ele estava sentado bem do meu lado.

- Sim, mas agora já está no seu quarto – reconheci a enfermeira entre minha visão turva – e já está medicado. Deveria ter comido algo, garoto. E você tem sorte de ter seu amigo sempre do seu lado. Ele ficou todo o tempo com você, sem sequer levantar.

Senti algo engraçado de novo.

A enfermeira saiu do quarto, mas fiquei envergonhado de começar qualquer conversa com Matt.

- Vê se não me assusta mais desse jeito – ele quebrou o silêncio – devia ter comido algo!

- Foi...mal – olhei para ele – É verdade isso? Você ficou...comigo todo o tempo?

Ele desviou o olhar.

- É que eu...

Bateram na porta.

- Por favor...deixa a luz apagada...meus olhos doem.

 Matt se levantou para atender, mas eram algumas pessoas falando alto e fiz uma careta. Minha cabeça não conseguia aturar muito barulho e provavelmente o remédio estava me deixando meio grogue.

Quando Matt voltou, não consegui distinguir sua expressão.

- Mello! Você não acredita! Você e eu...saiu o resultado! Eu, você e o Near nós...fomos os vencedores!

Eu teria ficado bem mais feliz, se no momento eu não achasse que estava delirando.

- O...que? É...sério isso?

Se fosse alucinação, eu ficaria muito bravo no dia seguinte.

- Conseguimos – Matt segurou minha mão, que estava pendida para um lado – Mello, conseguimos.

Ele me abraçou, e tive que reunir muitas forças para abraçá-lo também. Dei um sorriso comigo mesmo, queria ver a cara do Near quando visse aquilo. L...consegui. Conseguimos, nós...

Ele me abraçou mais forte ainda, e quanto mais me abraçava com força, seu rosto deslizou devagar até o meu. Senti sua respiração em contato com minha pele e me arrepiei. Lentamente seus lábios quentes entraram em contato com os meus e os beijaram.

Naquele momento, não sei o que pensei. Abracei-o fortemente, enquanto o beijo ficava mais intenso, mais quente, ele entreabriu os lábios e eu fiz o mesmo, fazendo com que as línguas deslizassem. Ele levou a mão à minha nuca e me trazia para mais perto ainda.

E, a única coisa que cortava o silêncio naquele quarto escuro, eram nossas respirações altas e ofegantes.

-


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Notas finais do capítulo

Ounn, finalmente o Matt encarou seus sentimentos, será que o Mello fará o mesmo?

Próximo capítulo: L na parada *u*



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