Em Algum Lugar do Tempo escrita por OblivionWing


Capítulo 7
Revolta




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Foi então que naquela manhã de Dezembro de 2007, Roger chamou eu e Near para a sua sala, para uma reunião urgente.

Quando me deram o recado, eu acho que até tive uma intuição do que estava por vir.

- L está morto.

Eu sabia que aquilo era previsto, mas não deixei de me abater. Tive a sensação de ter me desequilibrado, mas não queria que eles notassem. Tentei respirar fundo, mas a sensação de peso em algum lugar do peito não ia embora.

- Está me dizendo, está me dizendo que Kira o matou?! – fechei os punhos.

Eu sabia. Aquele cara, AQUELE CARA. Ele o matou...Como pôde?! L confiou nele. Eu sabia que L não teria sido tolo de ter sido morto por qualquer um...Foi aquele cara que L tinha ligações! Maldito!

Depois, Roger veio com uma conversa idiota qualquer sobre trabalhar junto com Near porque L não tinha escolhido entre a gente seu sucessor.

- Quer saber? Dane-se! Eu já tenho 15 anos – estou indo embora dessa instituição! – Gritei para que eles pudessem me ouvir bem, e sai com o coração pesado da sala.

L, morto. Mas eu o vingarei. Matarei Kira também.

Eu não desistirei, não! Vou embora daqui...Vou pegá-lo, nem que custe minha própria vida e...

Avistei Matt vindo ao fundo do corredor. Me escondi rapidamente, entrei no banheiro masculino.

Matt! O que farei? Se eu deixar o Wammy’s, eu o deixarei também.

Olhei para o espelho, e vi meu próprio reflexo, com os olhos marejados e uma cara que parecia que eu estava morrendo.

Eu queria que ele fosse junto, mas seria tão egoísta...Ele se arriscaria, ele podia morrer e seria culpa minha. Se ele ficar aqui, ele estará seguro. Mas e se eu não conseguir vê-lo nunca mais? Nunca mais ser confortado por seu abraço quente...

Será que eu conseguiria?

A visão de L morto, o corpo inerte no chão, me fez me sentir um pouco enjoado. O corpo do detetive que eu um dia abracei...

Morto.

E, quando percebi, já estava com a cara enfiada na pia, quase sufocando com as minhas próprias lágrimas.

-

Quando me recuperei, fui quase correndo ao meu quarto, colocando algumas roupas dentro de uma mochila. Não era o bastante, mas eu me virava. Eu...

- Mello? O que tá fazendo? – a voz de Matt ecoou no quarto.

Droga! Eu não queria te encontrar agora!

- Eu...Eu estou indo embora daqui.

- Como assim, indo embora? – ele arregalou os olhos verdes.

- L está morto, Matt! MORTO! – tentei acalmar meu tom de voz – E eu estou indo pegar o desgraçado que o matou!

Ele ficou sem palavras por um momento, depois me parou, segurando meu braço.

- Mello! Pára! Não aja assim, impulsivamente, como você vai se virar?!

Me desvinculei com um gesto brusco.

- Cala a boca! Eu me viro, pára de me encher! – gritei mais alto.

Ele começou a perceber que era mais sério do que ele imaginava.

- Mello...Mello...você...não pode ir – sua voz começou a vacilar, e seus olhos verdes brilhavam, devido ao começo de lágrimas. – O que eu posso fazer?! Se você for...eu vou junto, Mello!

Argh!

- Não! Eu não...- eu lutava pra não chorar – eu não quero você junto comigo.

- O-o que? 

- Eu não quero que você vá! Não entende? Você só ia fazer eu perder tempo...Você só ia ATRAPALHAR! – desviei o olhar e fui até a porta.

Mas ele me parou mais uma vez.

- Pelo amor de Deus...Não vai. Mello, não me deixa aqui. Eu...- ele começou a falar alto também – Eu amo você! Se algo acontecer com você...Não significou nada pra você o que aconteceu naquela noite?!

Droga, Matt...

- Não.

Ele arregalou os olhos.

- Adeus, Matt.

E fechei a porta. Me encostei nela um pouco.

Escutei alguns soluços altos, depois um forte choro. Pensei que era ele.

Mas não era.

Era eu.

-

Frio. Consegui sair do lar Wammy sem muita dificuldade, já que costumava ficar à noite no campo que cercava o orfanato, sentindo o vento frio bater na grama e consequentemente na minha pele. Fazia cócegas.

Mas agora eu passava pelo campo correndo, naquele anoitecer frio inglês. Eu precisava chegar à cidade antes de ficar escuro por completo, visto que o Wammy era em um local afastado em alguns quilômetros de Winchester, atrás de uma colina.

Comecei a me arrepender de não ter pego um casaco ou algo assim. Apenas com meu colete e calça preta de couro, o vento ficava cada vez mais gelado. Mas não ia parar, eu já estava decidido. A única coisa que vinha na minha cabeça era o desejo do sangue de Kira escorrendo pela minha pele. Eu queria tanto arrancar-lhe o coração com as próprias mãos, diante de seus olhos. Cada vez que pensava nisso, fechava os punhos.

Matt, L, Near, Roger. Eu nunca mais os veria. Nunca mais veria ninguém.

Mamãe, papai. Minha irmã. Todos mortos, sangrando na minha frente.

Não!

Parei, ofegante. Não agüentava mais correr. Meus pulmões doíam um pouco, mas não liguei. A placa indicando Winchester logo à frente me passou uma certa sensação de alívio, mas também um pouco de insegurança.

As luzes da cidade iluminavam a paisagem, apertei meus punhos novamente.

L, eu não vou desistir.

Não vou parar.

***


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Notas finais do capítulo

Mello decidido a continuar, a não parar. Mas até onde a sua força e coragem irão?

Winchester e suas ruas vazias aguardam Mello com crueldade.

E Matt? O que fará?