Geisha escrita por Najayra
Notas iniciais do capítulo
Agora volta a narração em primeira pessoa. Na ordem: Narrado por Rika e depois Narrado por Marine
Eu me admirava diante do espelho. A yukata branca com borboletas em preto, combinando com o laço na cintura, alguns detalhes em vermelho e os belos adornos de ouro na cabeça. Só estava faltando um detalhe bem pequeno. Peguei o batom vermelho, mas alguém bateu na porta.
- Entre.
Deixei o batom sobre a penteadeira. Quando vi quem era, levantei e me virei para o homem.
- Kimura.
- Ora, ora, ora... Que bela garota temos aqui. Procuro por Rika, sabe onde ela está? – seu sorriso era cínico.
- Saia daqui.
- Tsc, tsc, tsc. Rika, você ainda não entendeu, não é? – ele se aproximou e tocou suavemente meu rosto. Desviei e então ele segurou meu queixo com um pouco mais de força – Olhe pra você. Seu corpo todo se modificou, e apenas pra melhor. – ele riu.
Desvencilhei-me e tentei correr para a saída, mas Kimura me segurou. Fui jogada contra a parede com força, enquanto ele me pressionava com seu corpo.
- Estou louco para provar o que não pude anos atrás. Vamos ver a performance do seu novo corpo. – ele sussurrava em minha orelha enquanto uma das mãos subia entre as minhas pernas.
Ergui rapidamente o joelho, acertando entre as pernas de Kimura. Por um instante, pensei estar livre, mas... Depois, enfurecido, partiu novamente pra cima de mim. Arranhei-o, deixando quatro belas linhas em seu rosto, um pequeno gole do suco da vingança.
- Você realmente mudou... Até demais.
- Não é ótimo? – mesmo com a respiração acelerada, eu tinha vontade de desafiá-lo.
- Seria... Se adiantasse de algo. – ele apertou meu pescoço contra a parede.
Eu agonizava desejando que uma quantidade mínima de ar pudesse chegar aos meus pulmões, Kimura abaixou bruscamente parte de minha yukata e me mordeu, logo abaixo do seio esquerdo, sobre as costelas, como um cachorro abocanha a garganta de outro em uma briga. Após meu grito gutural, fui lançada para a penteadeira.
- Termine o que estava fazendo. Vamos, eu quero ver.
- Desgraçado... – limpei o sangue. Ele me fez sentar e colocou o batom em minhas mãos.
- Mostre para mim. – sussurrava em minha orelha – Só irei embora depois que você o fizer...de forma bem sensual.
Rosnei, mas o obedeci. Passei o batom como ele havia pedido. Contornando perfeitamente meus lábios, Kimura babava a cada milímetro percorrido, desejando minha boca.
- Agora está perfeita. – deu um beijo em minha nuca e se foi.
- De torturada a assediada. Que vida...
Ajeitei minha roupa e meu cabelo novamente. Dei um jeito de esconder a mordida e fui embora. O casamento aconteceria no jardim.
=§=
Era minha vez de brilhar. Com minha preciosa rosa laranja nas mãos, adentrei o jardim calmamente. Todos os nobres, que foram convidados, admiravam minhas vestimentas. As mulheres diziam que era a yukata mais linda que já tinham visto, os homens... Ou me cobiçavam, ou sentiam inveja do noivo. Irie sorria maravilhosamente para mim, sua mãe também. Seu pai tinha a mesma expressão apática que Kimura.
- O que são estas cicatrizes, Kimura? – ouvi o Imperador perguntando.
- Um gato. – ele lançou um olhar malicioso em minha direção, fingi que não era comigo.
Irie tomou minha mão e sussurrou em meu ouvido.
- Está simplesmente divina.
- Obrigada. – devolvi o sussurro com um sorriso.
Ele pegou minha rosa preferida e a prendeu em meu penteado. E então começou a cerimônia.
Tudo estava correndo maravilhosamente bem, até que na hora do “quem tiver algo contra, fale agora ou cale-se para sempre” alguém se manifestou. Sua voz se misturava ao som dos galopes.
- Eu tenho algo contra. – os cabelos chocolate emolduravam seu rosto sorridente – Como ousam dar uma festa sem me convidar?
- Marine! – minha felicidade não cabia em mim. Corri para a morena que descia do cavalo enquanto as outras chegavam.
- Rika?! – ela brincou, como se não me reconhecesse com estas roupas, e nos abraçamos.
- Marine, Aniya, Shizuka... O que fazem aqui? – afastei-me.
- E pensa que iríamos te deixar sozinha? – disse Shizuka.
- Amamos você, somos sua família. – Aniya disse me abraçando.
- Estou tão feliz que estejam aqui. Mas... Espere. Deixaram Mameha sozinha??
- Não se preocupe com ela. – respondeu Shizuka.
- Como não? Nós sustentávamos aquela casa. E agora, como ela fará?
- Mameha, há alguns dias, arranjou um “fornecedor”. – disse Aniya.
- Um velho amigo que já foi apaixonado por ela. E rico. Melhor impossível. – completou Marine.
- Ah... – fiquei chocada.
- Mas que audácia! Invadiram um casamento! Guardas, tirem-nas daqui! – o Imperador acaba de se manifestar.
- Guardas! Elas ficam! – meu Irie ordenou.
- Mas...
- É a família de Rika. Sua ausência neste casamento é inaceitável.
Sorri para ele e agradeci com um movimento rápido dos lábios. Minhas irmãs posicionaram-se próximo ao altar e Marine sussurrou uma opinião rápida em meu ouvido, ao passar por mim: “Gostei dele”. Rimos juntas.
O casamento terminou bem. Agora, era só se preparar para a festa. Mas uma coisa estava me incomodando, e muito. Kimura não tirava os olhos de Marine, parecia obcecado.
=§=
Período: Noturno. Local: Festa. Convidados: Homens lindos, ricos, repletos de desejo pela minha humilde pessoa.
- Quem precisa de paraíso quando a Terra está repleta de seres divinos? – estendi o copo de saquê na direção de um belo rapaz que me observava atentamente.
- Marine, por favor, comporte-se. – reclamou Shizuka.
- Não enche. Vocês são muito chatas. Vou dar uma volta. – Rika me fuzilou com os olhos – Sozinha!! Vou dar uma volta sozinha! Ok?!
Ah, que povo chato! Fui para uma área mais distante da festa, uma parte mais oculta do jardim.
- Em que furada você me meteu, Mameha. – falava sozinha. Virei meu copo de saquê de uma vez.
- O que uma dama como você faz sozinha neste canto isolado? – virei para ver o rapaz de cabelos comprido, presos em um rabo de cavalo.
- E o que um nobre como você faz com uma dama como eu neste local isolado? – reparei nas roupas de qualidade. Ele riu.
- Bom, o que fazer eu posso até propor... Mas preciso que você seja boazinha e aceite. – ele estendeu a mão para acariciar meu rosto.
- Agradeço a ajuda. – abaixei seu braço com um tapa – Mas estou bem sozinha e sem fazer nada. – ele tinha um olhar abusado, maligno, que eu não gostava. Um olhar que tentava ser mais poderoso que o meu, e não gosto de pessoas que tentam tomar meu trono.
- Você é bem mais abusada que sua irmã, e olha que só ela já é o suficiente para me tirar do sério.
- Conhece Rika?
- Não. Ela me conhece.
- É o autor da obra prima que ela carrega nas costas?
- Ótima percepção.
- Sou ótima em quase tudo o que faço, querido.
- Hum, e em que você é ruim?
- Em ser sutil.
- Percebe-se. Basta ver como você está vestida.
- Visto o que quiser e você não tem nada a ver com isso. Não acha?
- Eu adoraria ter algo a ver com a forma como se veste. – ele aproximou seu rosto de meu ouvido – Por exemplo: eu tiraria essa quantidade desnecessária de pano. – ele fez menção de abaixar minha yukata, justo a parte que cobria meu braço marcado.
Levei minha mão ao seu rosto e arranquei-lhe mais um pedaço, que já estava bem machucado. Ele soltou-me.
- Vocês mulheres adoram rasgar rostos, não é?
- A melhor arma que existe. – lambi o sangue que escorria por meu dedo – Nós atraímos, machucamos, torturamos e matamos com absoluta facilidade. Agora, com licença, tenho que voltar para festa.
- Preciso de uma ajudinha sua.
- Dispenso. – não voltei para olhá-lo.
- E se eu lhe oferecer muito dinheiro?
- Quando é assim, o trabalho é grande. Estou com preguiça.
- Posso lhe oferecer o cargo de futura imperatriz.
Neste instante, parei e me virei.
- Como é?
- Case-se comigo. Meu pai logo passará o poder, e como filho mais velho serei o escolhido.
Ele tomou minha mão, levou até os lábios e a beijou.
- Sendo minha esposa, você assumirá o trono ao meu lado.
Era muita informação para minha cabeça.
- Preciso voltar.
- Espero uma resposta.
- Ah, tá. Espere... Sentado ou deitado... Como preferir. – me soltei e voltei para o lado de Rika.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Arigatou e matta ne ^^V