Geisha escrita por Najayra


Capítulo 10
Capítulo 10 - O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Agora volta a narração em primeira pessoa. Na ordem: Narrado por Rika e depois Narrado por Marine



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Eu me admirava diante do espelho. A yukata branca com borboletas em preto, combinando com o laço na cintura, alguns detalhes em vermelho e os belos adornos de ouro na cabeça. Só estava faltando um detalhe bem pequeno. Peguei o batom vermelho, mas alguém bateu na porta.

- Entre.

Deixei o batom sobre a penteadeira. Quando vi quem era, levantei e me virei para o homem.

- Kimura.

- Ora, ora, ora... Que bela garota temos aqui. Procuro por Rika, sabe onde ela está? – seu sorriso era cínico.

- Saia daqui.

- Tsc, tsc, tsc. Rika, você ainda não entendeu, não é? – ele se aproximou e tocou suavemente meu rosto. Desviei e então ele segurou meu queixo com um pouco mais de força – Olhe pra você. Seu corpo todo se modificou, e apenas pra melhor. – ele riu.

Desvencilhei-me e tentei correr para a saída, mas Kimura me segurou. Fui jogada contra a parede com força, enquanto ele me pressionava com seu corpo.

- Estou louco para provar o que não pude anos atrás. Vamos ver a performance do seu novo corpo. – ele sussurrava em minha orelha enquanto uma das mãos subia entre as minhas pernas.

Ergui rapidamente o joelho, acertando entre as pernas de Kimura. Por um instante, pensei estar livre, mas... Depois, enfurecido, partiu novamente pra cima de mim. Arranhei-o, deixando quatro belas linhas em seu rosto, um pequeno gole do suco da vingança.

- Você realmente mudou... Até demais.

- Não é ótimo? – mesmo com a respiração acelerada, eu tinha vontade de desafiá-lo.

- Seria... Se adiantasse de algo. – ele apertou meu pescoço contra a parede.

Eu agonizava desejando que uma quantidade mínima de ar pudesse chegar aos meus pulmões, Kimura abaixou bruscamente parte de minha yukata e me mordeu, logo abaixo do seio esquerdo, sobre as costelas, como um cachorro abocanha a garganta de outro em uma briga. Após meu grito gutural, fui lançada para a penteadeira.

- Termine o que estava fazendo. Vamos, eu quero ver.

- Desgraçado... – limpei o sangue. Ele me fez sentar e colocou o batom em minhas mãos.

- Mostre para mim. – sussurrava em minha orelha – Só irei embora depois que você o fizer...de forma bem sensual.

Rosnei, mas o obedeci. Passei o batom como ele havia pedido. Contornando perfeitamente meus lábios, Kimura babava a cada milímetro percorrido, desejando minha boca.

- Agora está perfeita. – deu um beijo em minha nuca e se foi.

- De torturada a assediada. Que vida...

Ajeitei minha roupa e meu cabelo novamente. Dei um jeito de esconder a mordida e fui embora. O casamento aconteceria no jardim.

=§=

Era minha vez de brilhar. Com minha preciosa rosa laranja nas mãos, adentrei o jardim calmamente. Todos os nobres, que foram convidados, admiravam minhas vestimentas. As mulheres diziam que era a yukata mais linda que já tinham visto, os homens... Ou me cobiçavam, ou sentiam inveja do noivo. Irie sorria maravilhosamente para mim, sua mãe também. Seu pai tinha a mesma expressão apática que Kimura.

- O que são estas cicatrizes, Kimura? – ouvi o Imperador perguntando.

- Um gato. – ele lançou um olhar malicioso em minha direção, fingi que não era comigo.

Irie tomou minha mão e sussurrou em meu ouvido.

- Está simplesmente divina.

- Obrigada. – devolvi o sussurro com um sorriso.

Ele pegou minha rosa preferida e a prendeu em meu penteado. E então começou a cerimônia.

Tudo estava correndo maravilhosamente bem, até que na hora do “quem tiver algo contra, fale agora ou cale-se para sempre” alguém se manifestou. Sua voz se misturava ao som dos galopes.

- Eu tenho algo contra. – os cabelos chocolate emolduravam seu rosto sorridente – Como ousam dar uma festa sem me convidar?

- Marine! – minha felicidade não cabia em mim. Corri para a morena que descia do cavalo enquanto as outras chegavam.

- Rika?! – ela brincou, como se não me reconhecesse com estas roupas, e nos abraçamos.

- Marine, Aniya, Shizuka... O que fazem aqui? – afastei-me.

- E pensa que iríamos te deixar sozinha? – disse Shizuka.

- Amamos você, somos sua família. – Aniya disse me abraçando.

- Estou tão feliz que estejam aqui. Mas... Espere. Deixaram Mameha sozinha??

- Não se preocupe com ela. – respondeu Shizuka.

- Como não? Nós sustentávamos aquela casa. E agora, como ela fará?

- Mameha, há alguns dias, arranjou um “fornecedor”. – disse Aniya.

- Um velho amigo que já foi apaixonado por ela. E rico. Melhor impossível. – completou Marine.

- Ah... – fiquei chocada.

- Mas que audácia! Invadiram um casamento! Guardas, tirem-nas daqui! – o Imperador acaba de se manifestar.

- Guardas! Elas ficam! – meu Irie ordenou.

- Mas...

- É a família de Rika. Sua ausência neste casamento é inaceitável.

Sorri para ele e agradeci com um movimento rápido dos lábios. Minhas irmãs posicionaram-se próximo ao altar e Marine sussurrou uma opinião rápida em meu ouvido, ao passar por mim: “Gostei dele”. Rimos juntas.

O casamento terminou bem. Agora, era só se preparar para a festa. Mas uma coisa estava me incomodando, e muito. Kimura não tirava os olhos de Marine, parecia obcecado.

=§=

Período: Noturno. Local: Festa. Convidados: Homens lindos, ricos, repletos de desejo pela minha humilde pessoa.

- Quem precisa de paraíso quando a Terra está repleta de seres divinos? – estendi o copo de saquê na direção de um belo rapaz que me observava atentamente.

- Marine, por favor, comporte-se. – reclamou Shizuka.

- Não enche. Vocês são muito chatas. Vou dar uma volta. – Rika me fuzilou com os olhos – Sozinha!! Vou dar uma volta sozinha! Ok?!

Ah, que povo chato! Fui para uma área mais distante da festa, uma parte mais oculta do jardim.

- Em que furada você me meteu, Mameha. – falava sozinha. Virei meu copo de saquê de uma vez.

- O que uma dama como você faz sozinha neste canto isolado? – virei para ver o rapaz de cabelos comprido, presos em um rabo de cavalo.

- E o que um nobre como você faz com uma dama como eu neste local isolado? – reparei nas roupas de qualidade. Ele riu.

- Bom, o que fazer eu posso até propor... Mas preciso que você seja boazinha e aceite. – ele estendeu a mão para acariciar meu rosto.

- Agradeço a ajuda. – abaixei seu braço com um tapa – Mas estou bem sozinha e sem fazer nada. – ele tinha um olhar abusado, maligno, que eu não gostava. Um olhar que tentava ser mais poderoso que o meu, e não gosto de pessoas que tentam tomar meu trono.

- Você é bem mais abusada que sua irmã, e olha que só ela já é o suficiente para me tirar do sério.

- Conhece Rika?

- Não. Ela me conhece.

- É o autor da obra prima que ela carrega nas costas?

- Ótima percepção.

- Sou ótima em quase tudo o que faço, querido.

- Hum, e em que você é ruim?

- Em ser sutil.

- Percebe-se. Basta ver como você está vestida.

- Visto o que quiser e você não tem nada a ver com isso. Não acha?

- Eu adoraria ter algo a ver com a forma como se veste. – ele aproximou seu rosto de meu ouvido – Por exemplo: eu tiraria essa quantidade desnecessária de pano. – ele fez menção de abaixar minha yukata, justo a parte que cobria meu braço marcado.

Levei minha mão ao seu rosto e arranquei-lhe mais um pedaço, que já estava bem machucado. Ele soltou-me.

- Vocês mulheres adoram rasgar rostos, não é?

- A melhor arma que existe. – lambi o sangue que escorria por meu dedo – Nós atraímos, machucamos, torturamos e matamos com absoluta facilidade. Agora, com licença, tenho que voltar para festa.

- Preciso de uma ajudinha sua.

 - Dispenso. – não voltei para olhá-lo.

- E se eu lhe oferecer muito dinheiro?

- Quando é assim, o trabalho é grande. Estou com preguiça.

- Posso lhe oferecer o cargo de futura imperatriz.

Neste instante, parei e me virei.

- Como é?

- Case-se comigo. Meu pai logo passará o poder, e como filho mais velho serei o escolhido.

Ele tomou minha mão, levou até os lábios e a beijou.

- Sendo minha esposa, você assumirá o trono ao meu lado.

Era muita informação para minha cabeça.

- Preciso voltar.

- Espero uma resposta.

- Ah, tá. Espere... Sentado ou deitado... Como preferir. – me soltei e voltei para o lado de Rika.


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Notas finais do capítulo

Arigatou e matta ne ^^V



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