Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 29
Sonho




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Eu sei, onde eu estava com a cabeça, certo? Eu não sei.

A única coisa que eu tinha certeza naquele momento era que estava beijando Draco Malfoy pela segunda vez e não era um sonho e nem alguma aposta que ele perdeu.

Como da primeira vez, o beijo pareceu ensaiado, como se tivéssemos planejando aquilo por anos e anos e finalmente estávamos dando nossa performance ao vivo. Era perfeito.

Vou ser clichê e falar que éramos como duas peças de um quebra cabeça que se encaixavam perfeitamente. Ok, não, isso é muito brega até para mim.

Então como descrever o que foi aquele beijo?

Eu posso dizer que foi como entrar na piscina depois de um longo dia de verão. Ou como aquela súbita vontade de sair na chuva e deixar os pingos cairem no seu rosto, sem se importar com as suas roupas ou cabelo.

Ou como o mapa das estrelas. E a luz da lua.

Em um instante, nós éramos tudo e nada. Nós éramos aquele simples e puro beijo, resultante de dois corações partidos e mentes perturbadas.

Então, esse momento acabou. E tudo se tornou bem menos tênue, virou mais real.

Draco retribuia de forma voraz, quase suplicante e eu... Eu simplesmente satisfazia seus desejos. Consequentemente os meus também, é óbvio.

Dessa vez, já não estávamos mais explorando como da primeira, já nos conhecíamos, já podíamos ousar, arriscar. E era bom, era tudo perfeitamente bom. Eu sentia os lábios de Draco correspondendo aos meus com a mesma vontade.

Aquela louca vontade de amar, de possuir.

Percebi, então, que talvez egoísmo não fosse o meu pior pecado. Talvez luxúria fosse o que me consumisse mais, porque eu simplesmente não conseguia me afastar.

Meus pulmões clamavam por ar e eu os ignorava veemente, condenando-os por serem tão fracos.

Quando finalmente pareciam que eles iam explodir, me forcei a afastar-me e fitei os olhos cinzentos de Draco, que já não estavam ofuscados por suas lágrimas.

Para a minha surpresa e felicidade, seus olhos demonstravam a mesma empolgação e satisfação que os meus. Aquilo não tinha sido um erro, não foi um impulso importuno como tinha pensado a princípio.

Olhei para baixo e percebi que suas mãos ainda estavam pousadas em minha cintura e que ainda estávamos exageradamente perto um do outro.

Obviamente eu não fiz nada para reverter aquela situação.

Ficamos alguns minutos só nos fitando e perguntando-nos o que seria de nós a partir dali, quando ele finalmente me soltou e deu apenas um pequeno passo para trás.

Pensei que seria como na última vez, quando ele simplesmente foi embora e depois fingiu que nada aconteceu, mas ele só ficou parado.

Eu queria quebrar o silêncio e dizer alguma coisa, mas nada mais parecia fazer sentido na minha mente. Nenhuma frase podia competir com o que tinha acabado de acontecer.

Esse era o efeito que Draco Malfoy causava em você.

- Era isso o que você queria? – ele perguntou com um tom de desdém misturado com diversão, quebrando o momento pós-melhor-beijo-da-minha-vida.

Como ele podia perguntar isso? Ele não tinha noção do efeito que tinha em mim? Que até a sua voz possuia o dom de me enlouquecer?

- É... – tentei achar palavras para cobrir o que eu realmente estava pensando. Certamente o meu ímpeto de coragem tinha me deixado e eu voltara a ser a Liz -idiota- Miller de sempre. As frases não faziam sentido na minha cabeça e eu não sabia o que dizer.

Como expressar o que eu tinha acabado de sentir sem parecer que eu estava recitando um soneto de Shakespeare?

Então escolhi apenas acenar com a cabeça roboticamente para não parecer mais patética do que eu já estava sendo.

- E você? – consegui dizer, após alguns segundos de recomposição.

Mas é óbvio que ele não responderia, porque ele era Draco Malfoy, e Draco Malfoy não podia ter sentimentos.

- Mais ou menos. – ele disse, para a minha surpresa, com um sorriso zombateio em seu rosto.

Aquela expressão era desconhecida pra mim, aquele tom era estranho, aquele Draco não era o Draco que eu conhecia. De repente ele tinha se tornado uma pessoa completamente diferente em apenas uma fração de segundo.

E eu tinha gostado. É claro.

Sorri com sua resposta e me aproximei novamente, porque aquela reação tinha me dado uma nova fração de confiança e coragem.

Ele não se afastou e eu não tive que fazer nenhum feitiço para trazê-lo para perto da mim, o que foi um alívio.

Então, sem mais nem menos, nos beijamos de novo.

E de novo.

E de novo.

Até ele parar de falar que estava achando “mais ou menos”. Era óbvio que ele estava mentindo –espero-, para que continuássemos com aquela brincadeira mais do que satisfatória.

Era como se tivéssemos esquecido tudo o que nos mantia na realidade, onde a sangue-ruim Liz Miller e o grandioso Draco Malfoy nunca se misturariam em sã consciência.

Não notamos o tempo passar –como poderiamos?- e quando saimos da Sala Precisa, Goyle já não estava lá e o castelo estava escuro, obviamente já era hora de estar no dormitório.

Nos olhamos automaticamente e nos comunicamos silenciosamente, pensando em como iriamos para as masmorras sem sermos pegos pelo Filch, que adorava interceptar alunos “perdidos” a noite.

Ele pegou a minha mão e meu corpo respondeu com calafrios. Apesar de nossos beijos, eu ainda não estava acostumada com o corpo de Draco perto do meu, nem com a sua presença imponente.

Fomos andando pelos corredores escuros, tentando não esbarrar em nada, pois não queríamos acordar os quadros com algum feitiço de luz. Claro que isso ia acontecer de qualquer maneira com os meus pequenos gritinhos toda vez que eu tropeçava.

Eu ouvia Malfoy bufar, mas ele não dizia nada e eu não entendia porque não estava gritando comigo ou me chamando de idiota. Talvez eu beijasse muito bem.

- O que os dois sonserinos estão fazendo, vagando pelo castelo a essa hora da noite? – ouvimos uma voz por trás e roboticamente nos viramos ao mesmo tempo para fitar o dono.

Minerva McGonagall fitava a gente com curiosade, atrás da luz de sua varinha.

Draco soltou a minha mão com rapidez, mas eu não liguei. Eu sabia que era melhor tê-lo às escondidas do que não tê-lo de jeito nenhum. Ele deu um passo a frente e disse, no seu melhor tom de manipulação, já bem conhecido por todos:

- Prof. McGonagall, estávamos apenas dando uma volta e não nos demos conta do horário, sinto muito. Já estamos indo para as masmorras.

- Poupe-me de suas desculpas, Malfoy. Cinquenta pontos serão tirados da Sonserina por causa da travessura de vocês, tenho certeza que o Prof. Snape não gostará nada disso. – a professora disse, sem paciência.

De todos que poderíamos encontrar, McGonagall era a pior, ela nunca ligou para as ameaças de Draco e não estava nem ai para a Sonserina, estávamos mesmo com azar.

- Professora, por favor, você sabe como o meu pai...

- Ah, por favor, Malfoy... Seu pai não vai ligar para a taça das casas de Hogwarts, tenho certeza que ele tem assuntos mais importantes para cuidar. – ela murmurou, recheando sua frase com vários duplos sentidos. Senti a tensão de Draco e quis dizer para ele ficar quieto, mas era tarde demais, ele já tinha ficado irritado.

- Você não sabe nada do meu pai, sua...

- Perdão, professora! – gritei, antes dele completar sua frase. – Não vai acontecer de novo.

Minerva soltou um olhar repreensivo para nós e simplesmente saiu andando a passos largos.

Quando ela já não estava mais a vista, fitei Draco com irritação, esperando que ele conseguisse me ver através da escuridão.

- Você quer ser expulso?! – exclamei, finalmente acordando os quadros, que não tardaram em pedir silêncio.

- Eu vou sair daqui esse ano mesmo. – comentou e eu não pude ler sua face.

- Lumus. – falei e um pequeno flash de luz saiu da minha varinha e ali pairou. – Como assim?

Finalmente consegui ler sua expressão e percebi que estava cansando e irritado.

- Você sabe que ninguém vai me deixar estudar aqui depois do que eu fizer, certo? – ele perguntou, com a voz falha. – E eu já não aguento mais esse lugar mesmo, não serve pra nada.

Suspirei. Eu sabia que ele estava falando aquilo da boca pra fora, mas algo naquela frase me fez pensar que ele realmente não queria mais completar os estudos em Hogwarts.

Lembrei dos Comensais da Morte e pensei que certamente Draco sabia que alguma coisa aconteceria, estava esperando algo maior. Era óbvio que sua decisão não se baseava em algo trivial como “Hogwarts não servir para nada”.

- Draco... O que Voldemort está planejando? – perguntei, receosa. Eu não queria viver em um mundo em guerra e certamente não queria estar em perigo constante, nem perder nenhum de meus amigos. – Quer dizer... Além... Daquilo? Por que vamos trazer Comensais da Morte para Hogwarts?

Malfoy revirou os olhos e eu continuei fitando-os.

Notei os segredos de seus olhos cinzentos, mas junto deles estava a dor e angustia que tentavam esconder com tanto afinco. Como isso era possível? Draco era muito novo para ter todos aqueles sentimentos de uma vez. Como eu poderia algum dia livrá-lo daquilo?

- Quer saber? Esquece. – pedi e abaixei a varinha para que ele pudesse descansar sua máscara.

Então continuamos andando em silêncio até chegar nas masmorras. A porta abriu-se para nós, como sempre, e paramos de frente para o outro quando tinhamos que nos separar para irmos para os dormitórios –já que eu não podia dormir no quarto dos meninos, o que era compreensível-.

- Eu não quero que você se envolva com essas coisas. – Draco disse, sem me olhar.

Juntei as sombrancelhas, do que ele estava falando?

- Você não acha que eu já estou bem envolvida? – perguntei, sem entender.

- Não é... – ele começou, tentando achar as palavras certas. – Só não lute quando... Chegar a hora.

Pisquei algumas vezes, ainda confusa. Eu lutaria pra que? Estava do lado dele.

Eu estava prester a retrucar alguma coisa para entender exatamente do que ele estava falando, quando percebi em seu olhar o quão difícil pra ele foi pedir aquilo pra mim.

Então simplesmente acenei com a cabeça e sorri. Eu até poderia parecer fofa para quem não me conhece, mas Jesse provavelmente diria que eu estava parecendo um leão marinho.

- Boa noite. – falei e ele franziu a testa.

Obviamente a nossa relação ainda não tinha chegado no ponto em que ele era educado.

Já estava me virando para entrar no dormitório feminino, quando senti um aperto no meu braço. Ao me virar para ver o que estava acontecendo, Draco me surpreendeu com um beijo.

E por alguma razão que não sei dizer, aquele foi o melhor de todos.

Com um sorriso involuntário, nos afastamos e ele virou-se subitamente, provavelmente não querendo que eu visse seu rosto.

Por razões óbvias, fui dormir nas nuvens. Finalmente eu sabia porque as pessoas gostavam tanto de estar namorando e porque Cece simplesmente não conseguia ficar sozinha. Era simplesmente perfeito.

Eu não sabia como Draco reagiria no dia seguinte, se ele fingiria que nada aconteceu ou simplesmente surtaria como sempre fazia, mas preferi fechar os olhos com pensamento positivo. Talvez a vida me favorecesse para variar e passariamos mais tempo na Sala Precisa...

- Liz, acorda, a Cece está com problemas. – Su me balançou, interrompendo meus pensamentos otimistas.

Olhei-a com preocupação e vi sua face em completo desespero. Sem entender, levantei-me em um pulo e me deixei ser levada por ela.


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Notas finais do capítulo

Aff, desculpa pela demora *apanha
Eu estava viajando e tal... Haha perdão!
Enfim, eu dei uma caprichada para compensar minha demora, espero que tenham gostado ♥3
Reviews?? *-*
Beijão :*



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