Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 25
Desespero




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Tudo o que eu conseguia enxergar era a névoa tomando conta de todo o meu campo de visão, eu já não fazia a menor ideia de onde estava e Draco permanecia firme me segurando, o que era um alívio.

Torcendo para que nenhuma outra poção me afetasse, consegui alcançar minha varinha, ignorando minhas dores insuportáveis. Lembrei que eu não conseguia falar, mas tentei ao máximo soltar algumas sílabas.

Foi em vão.

Draco parecia desesperado tentando se desvinciliar de qualquer coisa que estivesse pegando o pé dele e, mesmo fitando o local, não conseguia distinguir o que exatamente estava impedindo-nos de ir em frente.

Fechei os olhos com força, pois já estavam começando a lacrimejar por causa da fumaça, e torci para que o efeito da poção que fez minha voz sumir fosse o primeiro a acabar.

Eu ainda sentia minha pele queimar violentamente, mas não podia desmaiar naquele momento. Não que eu fosse muito útil, já que estava sem voz e sem poder andar, mas mesmo assim, me sentia na obrigação de estar presente.

- Liz, abaixe-se! – Draco berrou de repente e eu me encolhi em suas costas.

Ele virou-se em um instante e soltou um feitiço estuporante logo a cima de seu pé, na esperança de acabar com qualquer coisa que tivesse o segurando. Para a nossa surpresa, não adiantou, Draco ainda continuava preso e tentando de tudo para manter-se de pé.

Quis dizer que ele podia me deixar no chão ou que era melhor dispersar a névoa primeiro, mas minha voz ainda não saia. Eu vi alguns aspectos dele mudarem pouco a pouco, seu rosto começou a deformar de modo aleatório e um rabo peludo começou a crescer.

Certo, aquilo era um problema.

- Revelium- ele berrou.

Virei a cabeça receosa e finalmente consegui ver o que estava segurando o tornozelo de Draco.

Imediatamente desejei não ter visto.

Eu achava que era algum pequeno animal ou algum objeto que prendeu no seu pé, mas não, não era nada perto disso. Me fitando com um par de olhos perigosamente semi-abertos, estava um hipogrifo feito de chamas que meu daltonismo viu como rosas e brancas.

Suspirei, aquilo explicava minhas queimaduras. De alguma forma, todos aqueles frascos combinados tinham conjurado um hipogrifo de fogo invisível. Ótimo.

Voltei a fitar Draco e ele parecia tão desesperado quanto eu. De novo, tentei dizer mentalmente que era só usar um feitiço de água que o hipogrifo evaporaria, mas ele não parecia estar pensando direito.

Seus olhos estavam em outro mundo e seus lábios estavam ligeiramente abertos, quase resultando em baba.

Imaginei que as poções tivessem afetado seu cérebro e suspirei, estávamos perdidos. Desesperadamente, tentei falar mais do que nunca, mas minha voz não saia. Meus olhos lacrimejaram ainda mais e eu quis gritar.

O grande hipogrifo tinha por volta de três metros de altura e era de longe a coisa mais assustadora que eu já tinha visto até então, e isso incluia Snape de pijama. A criatura tinha grandes presas e cada escama e pena de seu largo corpo tinha sido substituída por chamas ferozes.

Aparentemente, ele não estava gostando de ser incomodado, então rugia -ou sei lá o que hipogrifos fazem- alto e eu me perguntei se alguém de Hogwarts conseguia ouvir.

Antes que eu conseguisse pensar em algum jeito de tirar-nos daquela situação, o animal abriu suas enormes asas fumegantes, pronto para voar. Tentei me segurar ainda mais forte em Draco, mas foi impossível. A criatura voou para cima, deixando-o de ponta cabeça, o que me fez cair no mesmo instante.

Se eu pudesse gritar, eu teria acordado qualquer criatura daquela sala.

- Elizabeth! – Draco gritou, de cima. Assumi, com esse comentário, que ele não estava tão retardado assim e erguei minha mão, para que ele a pegasse. Porém, tudo que ele conseguiu fazer foi balançar-se de um lado para o outro, como se estivesse divertindo-se com o vôo.

Bufei. Se aquilo não fosse extramamente mortal, eu teria achado adorável. Mas eu estava com uma pata de lagarto, daltônica e sem movimento nos joelhos, então...

Com Draco sequelado, eu não tinha nenhuma chance. Fiquei observando o hipogrifo voar de um lado para o outro, incomodado com o peso que levava a mais. Tentei me lembrar da aula de Trato das Criaturas Mágicas do terceiro ano, quando, ironicamente, um hipogrifo atacou Draco.

Hagrid havia dito que eram animais muito orgulhosos e difíceis de domar, o que não me ajudava nada naquela situação.

Olhei em volta da Sala Precisa e procurei algo que pudesse me ajudar, um caldeirão cheio d’água... Qualquer coisa.

Draco tinha começado a gritar de dor e eu tentei ignorá-lo para poder manter minha concentração sem chorar. Finalmente, fixei meu olhar em um pilha de colchões velhos empilhados em um canto da sala.

Tudo o que eu tinha fazer era conduzir o hipogrifo até ali e fazê-lo soltar Draco. “Mais fácil que tirar doce de criança”, pensei, tentando ser otimista.

Impressionada com a minha rapidez de pensamento, me arrastei até os colchões e tentei escalá-los. Foi extramente difícil com os meus joelhos imobilizados, mas por fim consegui e logo estava sentada balançando as mãos freneticamente, a fim de chamar a atenção do animal.

O hipogrifo não parecia estar caindo na minha distração, então comecei a assobiar o máximo que pude. Agradeci por aquilo ser algo que eu ainda era capaz de fazer e continuei até o animal virar furioso para mim.

Fitei-o nos olhos e fiz uma expressão desafiadora. Hagrid tinha dito que eles odiavam ser desafiados tão descaradamente, então não hesitei em manter meu olhar fixo. Deu certo, a criatura começou a vir voando a mil em minha direção e eu comecei a entrar em pânico. Não tinha pensado naquela parte do plano.

Com a minha visão periférica, vi que Draco jazia inconsciente na grande garra do hipogrifo e engoli um suspiro preocupado.

Comecei a sentir o calor insuportável que o animal exalava ao se aproximar e segurei a respiração, o que eu faria a seguir? Olhei ao redor em desespero e me deparei com um grande tapete velho cobrindo uma estante velha.

Sem pensar duas vezes, peguei-o com dificuldades, tampei meu nariz e abanei o tapete na minha frente, liberando todo o pó acumulado no bico flamejante do bixo.

Felizmente, aquilo funcionou, o animal ficou inquieto e começou a fazer barulhos estridentes, como se quisesse livrar-se de seu bico. Na confusão, ele acabou largando Draco, que caiu em queda-livre.

Eu estava prestes a pular atrás dele sem pensar, quando percebi que minha voz tinha voltado, bem a tempo de conseguir dizer:

- Wingardium Leviosa!

O corpo dele parou imediatamente no ar e eu suspirei de alívio, mantendo minha varinha em sua direção. Com cuidado, o conduzi para o chão e virei-me para o hipogrifo, que agora estava mais furioso que nunca.

- Aquamenti!  – berrei sem delongas, em direção a criatura.

O jato de água provocou o efeito reverso do que eu esperava. Invés de apagar todas as chamas e deixar o hipogrifo inconsciente, só o deixou ainda mais furioso. A água bateu de frente com seu rosto e apagou o fogo, deixando-o em uma pele sensível e pegajosa, como se tivesse acabo de ser formada.

Porém, o animal ficou anormalmente irritado com o ocorrido e bateu as asas mais rapidamente do que qualquer firebolt.

Sem hesitar, continuei mandando jatos de água, na esperança de apagar todas as chamas. Se ele viesse me atacar, pelo menos não me queimaria mais do que eu já estava.

O fogo estava quase completamente extinto quando o animal bateu de frente com os colchões, me desiquilibrando e fazendo minha varinha cair. Ainda com os joelhos sem movimento, tudo o que eu consegui fazer foi me agarrar a estante do meu lado e torcer para que o hipogrifo não fosse esperto o suficiente para tirá-la de mim.

Logo, os colchões começaram a ceder e eu fechei os olhos, em completo pânico. Era o meu fim. Pensei involuntariamente que aquele era um jeito bem idiota de se morrer. Cece iria me matar, ela sempre sonhou com uma morte espetacular para mim.

- Estupefaça! – ouvi de repente e abri os olhos, surpresa.

Era Draco, ele tinha se levantado e aparentemente não estava mais grogue. Olhei para o hipogrifo e ele bateu inconscientemente contra os colchões, acabando com todo o equilibrio que me sobrava.

Sem conseguir me segurar, comecei a cair em queda livre, pronta para me estatelar no chão. Por sorte, Draco era mais esperto que eu em questões de impedir alguém de cair e puxou um colchão tempo o suficiente para que eu não batesse de cara no chão.

Mesmo batendo no mole, senti alguns ossos do meu corpo quebrarem-se e gemi de dor. Como o hipogrifo não era mais um problema, eu me dei ao luxo de sentir todas as dores acumuladas.

As queimaduras pareciam mil vezes mais infernais e eu comecei a sentir algumas dores físicas que eu nunca tinha sentido na vida. Percebi, então, que talvez minhas dores de cabeça não fossem tão insuportáveis assim.

Tentei fixar o olhar nos olhos de Draco, mas não consegui mantê-los em foco por muito tempo, por um longo tempo, consegui ficar consciente, mas logo me deixei levar e apaguei completamente.

- Liz! Liz! – Draco berrou, me acordando em um susto. Não sabia quanto tempo fiquei desmaiada, mas acordei no mesmo lugar.

- Draco... – murmurei, tentando ignorar minhas dores.

- Vamos, temos que ir pra enfermaria. – ele disse, tentando não soar rude. Mas eu sabia que ele estava furioso com todo o caos que eu tinha feito. – Não vou conseguir te carregar, você tem que me ajudar.

Eu tentei me levantar, mas meus joelhos ainda estavam imóveis.

- Não consigo.

Quis chorar, me sentindo mais inútil que nunca.

- Eu... Me desculpe. – comecei, sem conseguir mais segurar meus soluços. Me odiando, deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e não tentei mais impedí-las, sabendo que não seria capaz.

- Cala a boca, você é tão irritante. – ele ralhou, me colocando em suas costas, como tinha feito anteriormente.

Devagar, me conduziu até a enfermaria completamente vazia por causa do jogo. A última coisa que eu lembro foi o beijo que ele me deu na bochecha antes de me deixar com Madame Pomfrey.


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Notas finais do capítulo

Heey, consegui postar antes do ano novoo!
Então feliz ano novo para todooooos e um ótimo 2013!! ♥3
Espero que seja um ano ótimo para todos, boas festas!
Gostaram desse último cap de 2012? Comentem, comentem :D
Beeijão :*



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