Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 24
Ingrediente




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O dia do quadribol chegou mais rápido do que eu esperava. Eu não estava exatamente ansiosa para ter que ajudar o Draco mais uma vez em seu plano maligno.

Como previ, foi fácil me livrar das meninas e de Jesse, eles acreditaram que eu não estava me sentindo tão bem e que não queria desmaiar. Su até se ofereceu para ficar comigo no dormitório, mas eu disse que ia dormir ou algo assim e ela foi com Cece.

Com o meu álibi pronto, me encontrei com Draco e começamos a andar pelos corredores vazios. Era incrível como a escola ficava vazia em dias de quadribol. Até os professores iam acompanhar umonte de alunos em vassouras voando atrás de uma bola idiota.

- Vamos, precisamos encontrar Goyle. – Draco disse, a certo ponto.

Aparentemente, ele tinha conseguido convencer o idiota a tomar a poção polissuco e eu teria que me segurar para não rir, porque ele iria ficar realmente muito irritado. Não que eu ligasse...

- Por que ela tem que ir com a gente? – uma garota perguntou, aproximando-se. Dei uma boa olhada em Goyle e tentei ao máximo me segurar. Eu tinha certeza que estava vermelha de tanto me conter.

- Cala a boca e vamos. – Draco grunhiu para o, quer dizer, a amiga.

Ficamos em silêncio o caminho todo, mas eu estava gargalhando por dentro. Draco conseguia ser muito influente com seus amigos, eu me perguntava o que eles ganhavam com isso...

O prestígio de ser amigo de um Malfoy talvez valesse todas aquelas humilhações. Bom, não pra mim.

Estávamos quase chegando na Sala Precisa, quando vimos Harry Potter vindo em nossa direção. Ótimo, tudo o que precisávamos.

Olhei para Draco, receosa e, para minha surpresa, ele apenas deu uma risada curta e seca e continuou a andar. Eu o segui, sem entender porque Harry não estava em campo. Ele era o capitão e o apanhador, qual era o problema daquele garoto?

- Aonde você vai? – ele perguntou, ríspido.

- É, vou mesmo lhe dizer, Potter, porque é da sua conta. – respondeu, irônico. – É melhor você correr, devem estar esperando o “Capitão Eleito”, o “Rapaz que fez gol”, ou sei lá qual é o nome que lhe dão ultimamente.

Sem conseguir mais me segurar, soltei uma gargalhada, que chamou atenção de Harry. Ele me olhava como se não conseguisse acreditar que eu estava do lado de Draco... E eu que achando que ele nem lembrava de mim, olha como as coisas são engraçadas...

Draco continuou andando e eu e Goyle continuamos o seguindo em silêncio. Para a nossa felicidade, Harry não nos seguiu. Eu realmente achei que ele ia, porque ele parecia muito irritado... Mas acho que ele não ia conseguir ficar sem ganhar seu precioso jogo de quadribol.

Depois de uma longa discussão de Draco com Goyle para que ele ficasse de guarda, finalmente entramos na Sala Precisa, indo diretamente para o armário. Ele parecia igual a sempre, mas dessa vez eu sabia que tinha voltado a funcionar.

Draco tinha conseguido pegar alguns livros de feitiços antigos da área restrita da biblioteca, mas eu não quis saber como. Com eles, ficamos estudando em silêncio até acharmos algum que pudesse nos ajudar à mudar a aparência do armário.

Depois de muito tempo apenas analisando as diversas páginas dos livros, nos entreolhamos, cansados. Ele percebeu a nossa conexão de pensamento e desviou o olhar rapidamente, voltando a estudar o livro. Eu bufei, por que ele era tão orgulhoso?

- Vamos dar uma pausa. – eu disse. – Estamos faz horas aqui.

Ele me ignorou e eu fechei meu livro com força, fazendo com que a poeira acumulada se espalhasse. Comecei a tossir imediatamente, me fazendo rir, o que só piorou a situação e eu fiquei tossindo-rindo de um jeito bem estranho.

O que era patético e completamente constrangedor. Draco me olhou de canto de olho e segurou uma risada. Certo, então eu estava sendo uma completa babaca para o cara que eu gostava desde os onze anos.

- Pode rir. – eu disse, quando meu ataque terminou.

- Quem disse que eu ia rir? – ele respondeu com uma pergunta, como adorava fazer.

Eu revirei os olhos, era engraçado como Draco tentava fingir que só ele se conhecia. Desde que tínhamos nos beijado, a atmosfera entre nós se tornara mais pesada e isso ainda não tinha mudado naquela situação.

Eu continuei sentada balançando os pés enquanto ele lia o livro de feitiços, percebi que ele estava cansado, mas seu orgulho não deixava transparecer. Suspirei e fiquei pensando no como ele parecia tão impenetrável, propotente, mas na verdade era só um garoto assustado.

- Eu acho que vai dar tudo certo. Sua família vai ficar bem e eu vou desvendar meu passado. – falei, sem pensar.

Lembrei de como eu tinha dito que eu queria ajudá-lo a consertar o armário por causa das minhas memórias, quando na verdade eu só queria ficar próxima dele. As coisas tinham se complicado tanto desde então e agora eu realmente queria minhas memórias de volta.
 
Me confortava saber que eu não estava mais mentindo.

- O que você sabe da minha família? – ele perguntou ríspido e eu me lembrei que ele nunca tinha me falado sobre isso. Eu só sabia daquele fato por causa de Dumbledore e da conversa que ouvi entre ele e Snape.

- Sinto muito, Draco... – comecei. – Todo mundo da Sonserina sabe o que aconteceu com o seu pai.

Isso era verdade. O que ninguém sabia era que Voldemort estava usando a prisão do Sr. Malfoy para ameaçar Draco. Vi a face dele ficar vermelha de raiva e e sua mão começar a virar as páginas violentamente.

- Eu realmente sinto...

- Cala a boca! – ele berrou, de repente. – Você não sente muito, você não faz ideia do que eu estou passando.

Preferi não respondê-lo, ele realmente parecia bravo e eu não queria forçar seus limites. Ele já estava passando por tanta coisa, eu não queria ser só mais um estorvo para sua vida.

Depois de mais algum tempo em silêncio, ele se sobressaiu e disse:

- Achei!

Sorri e me aproximei, tentando ao máximo não encostar nele, para não deixá-lo ainda mais desconfortável. Admito, foi difícil, tudo o que eu queria era abraçá-lo e... Deixa pra lá.

Li o feitiço e meu sorriso se esvairou. Aquilo parecia muito complicado para as mãos de dois alunos do sexto ano. Draco não pareceu se desencorajar, apenas levantou-se e começou a praticar o movimento da varinha.

Tudo bem que sua motivação era para um assassinato, mas mesmo assim, toda essa determinação me fez gostar ainda mais dele. Ele me fitou e disse, rude:

- O que está esperando? O feitiço requer baços de morcego, vá procurar, deve ter um frasco disso nessa sala.

Revirei os olhos novamente e respondi, ríspida:

- Quando você vai parar de mandar eu fazer as coisas? Estou te ajudando porque quero, lembra? Não sou como Crabbe e Goyle, eu não ligo mesmo em não ser sua amiga. Você tem sorte que eu sou legal.

Ele bufou e continuou concentrado. Eu já tinha falado tudo o que eu sentia e ele tinha me respondido com um beijo, por que dessa vez tinha sido diferente? Não que eu estivesse pensando nisso... Enfim.

Levantei-me e fui atrás dos baços pela Sala Precisa. Realmente parecia ter tudo ali, era como se fosse um grande achados e perdidos de Hogwarts, as pessoas pareciam esquecer coisas ali ou simplesmente deixá-las de propósito pra escondê-las.

Era engraçado a variedade de objetos inúteis que acabei encontrando. Divertida, pegava alguns e tentava mostrar rindo para Draco, que apenas me ignorava e continuava praticando o feitiço.

Revirei os olhos e continuei procurando. Encontrei uma estante que parecia ter diferentes frascos empoeirados sem rótulos nenhum. Notei algumas memórias que me seduziram, eu quis muito pegá-las e jogá-las na penseira de Dumbledore, mas da última vez que fiz isso acabei descobrindo que meu tio era Voldemort, então me conti.

Todos aqueles frascos de diferentes tamanhos e cores me confundiram e o meu -não tão- vasto conhecimento em Poções não estava me ajudando em nada, então apenas tentei o óbvio, me sentindo burra por não ter tentando antes:

- Accio baços de morcego.  

Torci com todas as minhas forças para que não viesse um morcego morto em minha direção com as tripas para fora.

Para a minha surpresa e felicidade, ouvi alguns barulhos e vi os frascos balançando de um lado pro outro. Então, percebi a besteira que tinha feito. Obviamente que o ingrediente que eu queria não estava na primeira fileira, então viria pra mim empurrando todos os frascos que estavam em sua frente.

Demorei alguns segundos pra perceber meu erro e, quando estava pronta para fazer um feitiço imobilizador, já era tarde demais.

Alguns frascos começaram a cair e eu, sendo a gênia que sou, fui em direção deles afim de segurá-los antes de quebrarem, o qua acabou me expondo para vários líquidos e gases diferentes que eu não fazia ideia do que eram ou efeito que podiam causar em mim.

Percebi, tarde demais, que esse sim tinha sido o meu maior erro. Logo, algumas partes do meu corpo começaram a queimar, enquanto outras coçavam sem parar, isso sem mencionar a garra de lagarto que começou a crescer no lugar da minha mão esquerda.

- Draco! – berrei. Minha voz estava em um tom diferente e, logo, eu percebi que já não conseguia mais falar nada depois desse último berro. Ótimo, não ia conseguir fazer um feitiço agora nem se quisesse.

Fui para trás deixando as poções se misturarem e esperei o frasco dos baços se sobrassair, eu precisava pegá-lo, senão tudo aquilo seria em vão. Minhas pernas começaram a balançar, mas eu não iria deixá-las cederem ou tornarem-se patas de elefantes ou algo assim antes de pegar o vidro.

Para minha felicidade, finalmente o frasco veio voando em minha direção e eu consegui pegá-lo antes de tudo começar a girar e as cores se misturarem. A última coisa que vi foi uma grande massa de fumaça roxa se formando monstruosamente na minha frente.

- Lizzie! Lizzie! – ouvi distante e, por um instante, pensei ser Jesse ou minha mãe, porque só eles me chamavam assim. E o Barão, quando queria me irritar. Mas então, abri os olhos e vi os olhos cinzentos tão penetrantes de Draco Malfoy.

Se eu conseguisse, sorriria. Mas eu ainda me sentia péssima e minha mão esquerda ainda era de um réptil...

Não adiantava o quanto eu piscava, ainda via tudo com cores trocadas, ótimo, mas um efeito para a minha coleção. Apesar de tudo isso, o que ainda estava insuportável era as queimaduras que afetavam lentamente várias partes do meu corpo, deixando cicatrizes que eu sabia que talvez nunca se curassem.

Percebi que só desmaiei por alguns instantes, já que não estava na enfermaria e Draco, depois de um breve momento de preocupação, agora estava com uma expressão irritada no rosto, como se fosse minha escolha ter desmaiado e estar destruída fisicamente.

Bom, basicamente foi mesmo idiotice minha...

Enfim. Tentei levantar-me, sem sucesso, então olhei para os meus joelhos e vi que estavam paralisados. Sorri, porque aquilo era irônico demais para deixar passar e apenas fiquei fitando Draco, pois ainda não conseguia falar.

- Sua idiota! – ele me xingou obviamente, mas então virou-se para grande massa de fumaça que agora estava em um tom de vermelho escuro, graças ao meu recente daltonismo.

Com a varinha em mãos, começou a soltar alguns feitiços para afastar aquilo de nós, mas nada parecia funcionar e a fumaça parecia se tornar cada vez mais tóxica e perigosa.

Me senti inútil ali e tentei levantar novamente, mas só consegui cair em outra posição, ainda mais inútil.

Depois de alguns instantes, Draco virou-se pra mim com uma expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto. Medo.

- Lizzie, você tem que levantar. – ele disse em um tom doce que não combinava com seu caráter. Mas eu gostei e eu obedeceria se pudesse. Quis dizer pra ele que não dava, que meus joelhos estavam paralisados e eu tinha uma garra de lagarto, mas minha voz não saia.

Então, apenas sacudi a cabeça o mais freneticamente que pude e apontei para os meus joelhos com a mão direita que ainda estava segurando o maldito frasco com tripas de morcego.

- Certo. – ele disse, sua voz continha um tom de pânico claro que ele tentou esconder. – Vamos, então.

Draco veio em minha direção e me jogou em seus ombros, pegando minhas pernas. Eu enrosquei meus braços em seu pescoço e ele começou a andar rapidamente. Tentei arduamente me manter acordada e não cheirar seus cabelos loiros que agora estavam rosa na minha visão.

- Estamos chegando. – ele disse, começando a ir mais rápido quando viu que a massa roxa –vermelha escura- estava nos seguindo com mais afinco. Apesar da porta de saída estar na nossa frente, ele virou-se para a esquerda, afim de pegar os livros de feitiços e proteger o armário com alguma coisa.

Rapidamente, ele murmurou alguma coisa e eu vi uma camada protegendo o grande armário, mas, infelizmente, isso nos fez perder muito tempo. Olhei para trás e a enorme massa de fumaça estava mais perto do que nunca.


Fechei os olhos por puro reflexo, e senti Draco sendo puxado pelos pés para trás, me levando junto, já que não ousei soltá-lo.

Segurei meu fôlego e pensei “pelo menos vamos morrer juntos”, antes de me perder completamente na névoa roxa –vermelha escura-.


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Notas finais do capítulo

Oooie, gente, perdão pela demora, fim do ano é complicado! (ainda mais que hoje é fim do mundo e tal... ahaha)
Acho que esse cap vai ser o último do ano, então já desejo feliz Natal e ano novo para todos! Aproveitem muito e que tenham ótimas festas ♥
Espero que eu consiga escrever outro, mas dúvido muito, então falo com vocês em 2013! *-*
Espero que tenham gostado! Reviews?
Beijão! :*