Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 17
Sussurros




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Finalmente chegou o Natal e consequentemente o dia que Draco e eu colocaríamos nosso plano em prática. Acordei com um pouco de dor cabeça, mas preferi não me deixar levar por qualquer memória que viria a surgir, não podia me dar ao luxo de desmaiar naquele dia.

Suzanna berrou um “Feliz Natal” e eu levantei em um pulo, junto de Cece, que não gostou tanto da ideia.

– Cala a boca, Su! É feriado, pelas barbas de Merlin! – berrou e se cobriu novamente.

Eu e Su escolhíamos onde queríamos passar o Natal, naquele ano os pais de Suzanna resolveram ver a família do pai, que ela odiava, por isso preferiu ficar. Eu, obviamente, tinha meu plano, mas convenientemente meus pais quiseram ir viajar sem mim, então acabei ganhando.

Mas Cece não, Cece sempre ficava em Hogwarts. Ela nunca passava o Natal em casa. Nós sabíamos que ela sempre teve problemas com a família, mas foi só no terceiro ano que ela finalmente admitiu que o Natal era o aniversário da morte do seu irmão.

Ele morrera em um acidente de vassoura, deixando a família toda arrasada. Beatrice simplesmente não conseguia ver a cara dos país dela nessa data, por isso preferia passar o dia na escola.

Desde que soube do fato, passei a vê-la com outros olhos. Já não a via como a Miss Perfeitinha e aceitei que ela também tinha problemas e complexidade.

Cheia de compaixão e espírito natalino, decidi que aquele era um bom momento para fazer as pazes com a minha amiga teimosa.

- Cece… - comecei, em um suspiro. Engoli todo o meu orgulho e continuei. – Me desculpa. Eu não falei sério quando pedi pra você nunca mais olhar na minha cara, é que aquele tapa doeu e…

- Ai Merlin! – ela berrou e rapidamente saiu da cama e sentou-se do meu lado – Pode parar agora, Liz! Eu que me desculpo, sério, eu sei que foi tudo um mal entendido! Me desculpa por ter te culpado e depois te batido. Francamente, estava em uma crise de ciúmes besta e… Ai, você sabe como eu fico com meninos e…

Ela não parava de falar e de se justificar, nunca soube como alguém tinha tanto fôlego como Cece tinha. Suzanna me olhava com cara de “viu, te disse que ela só precisava de um empurrãozinho” e eu sorria.

Finalmente as coisas tinham ficado bem com Cece. Já não ouvia mais o que ela falava, mas quando ela terminou, eu disse:

- Tá tudo bem, Cece, eu te perdoo. – e a abracei, sendo acompanhada por Su, que não desperdiçava um abraço.

– Temos muito a te contar, Beatrice… - Suzanna começou e eu ri. Realmente. Passamos a tarde atualizando Cece e trocando presentes. A noite chegou e meu estômago revirou, era hora do show.

- Ei, por que está se arrumando? – ela me perguntou, quando ambas fomos nos olhar no espelho com nossos vestidos.

– Pretendo penetrar na festa do Slugue, já que Jesse me trocou por Vossa Senhoria. – eu disse, zombateia.

Cece riu e eu percebi o quanto senti falta daquele sorriso.

– Boa sorte então! – respondeu. Agradeci mentalmente por ela não ter perguntando o motivo da minha futura infração e continuamos a nos arrumar.

Encontrei o meu amor, quer dizer, o Draco na Sala Comunal e de mansinho, nos encaminhamos para o corredor em silêncio. Malfoy seria a isca e eu entraria com o hidromel na festa, tudo parecia ótimo na teoria.

Claro que tudo na teoria era sempre muito melhor. Enfim, não demorou para Filch ver o Draco perambulando pelos corredores a noite e eu entrar na festa sem problemas.

Tive que me segurar quando vi o zelador trazendo Malfoy pela orelha e chamando Slughorn.

- Professor Slughorn. – chamou, com sua voz, que só não era pior que a de Snape. – Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou convite?

Ainda segurando minhas gargalhadas, vi o olhar de Draco encontrar o meu e ele os revirou, se desvenchilhando de Filch e falando, fingindo raiva:

- Está bem, não fui convidado. Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?

- Não, não estou! – retrucou Filch vermelho, certamente bravo, mas ao mesmo tempo feliz por ter pego um infrator. Era engraçado o quanto ele se divertia a custa dos outros. – Você está encrencado, ora se está! O diretor não avisou que não queria ninguém nos corredores à noite, a não ser que a pessoa tivesse permissão, não avisou, eh?

Ouvia Jesse recitando as mesmas palavras na minha cabeça e eu estava quase explodindo segurando minhas risadas. Sabia que colocaria tudo a perder se risse. Além disso, vi que Potter estava fitando a cena também, ele estava em todo lugar. Aquilo não ia ajudar em nada em suas suspeitas…

- Tudo bem, Argo, tudo bem. – Slughorn disse enquanto eu fitava Harry fixamente. – Hoje é Natal, e não é crime ter vontade de ir a uma festa. Só desta vez, vamos esquecer o castigo; você pode ficar, Draco.

Ah, ótimo, nosso plano foi completamente em vão. Ele poderia ficar de qualquer jeito… Não me importarei, de qualquer modo eu que ia dar o hidromel a Slughorn, não deixaria Draco se arriscar, todos já estavam suspeitando dele, não ia dar essa brexa.

Draco fingiu um sorriso e respondeu:

- Obrigada pela generosidade.

Claro, certo.

- De nada, de nada. Afinal, conheci o seu avô…

Ele não perdeu tempo, começou com seu famoso puxa-saquismo que eu conhecia tão bem. Ai, caro Draco, porque gosto de você mesmo com toda a sua falsidade?

- Ele sempre o elogiou muito, senhor. – aham, duvido. – Dizia que o senhor era o melhor preparador de poções que tinha conhecido…

Claro.

Draco soltou um olhar “eu estou no caminho certo, dá o fora daqui.” E eu bufei, não iria abandoná-lo. Não iria deixar ele se arriscar.

Do nada, repito, do nada, Snape disse:

- Gostaria de dar uma palavra com você, Draco. 

Eu nem tinha notado a presença do professor até essas palavras serem ditas. E pelo jeito, nem mesmo Malfoy, que se sobressaiu e fez um expressão estranha. O que estava acontecendo? Pelo que eu lembre, Snape estava do nosso lado, mas ainda tinha minhas duvidas perante a sua lealdade, quer dizer, ele queria mesmo matar Dumbledore?

- Ora, vamos Severo. É Natal, não seja tão duro…

- Sou o diretor da Casa dele e cabe a mim decidir se devo ou não ser duro. Venha comigo, Draco.

Revirei os olhos e os segui de mansinho. Eu sei que deveria ficar na festa e dar o maldito hidromel para o Slughorn, mas eu ainda tinha tempo e minha curiosidade era maior. Snape era mesmo do mal? Não podia acreditar… Precisava confirmar.

Ambos entraram em uma sala e se fecharam, mas ficou fácil de fazer um feitiço e ouvir tudo que eles estavam falando de uma distância considerável.

- Você não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso…

- Não tive nada a ver com isso, está bem?

- Espero que esteja dizendo a verdade, porque foi malfeito e tolo. Já suspeitam que você tenha um dedo no incidente.

Agradeci pela parte que me tocava. “Malfeito e tolo”, ótimo.

– Quem suspeita de mim? – bom, McGonagall, Dumbledore, Potter… - Pela última vez, não fui eu, entende? – era verdade. – Aquela garota, Bell, deve ter um inimigo que ninguém conhece… Não me olhe assim! Sei o que você está fazendo. Não sou burro, mas não vai funcionar… Posso impedi-lo!

Houve uma pausa, na qual perdi tempo tentando descobrir do que ele estava falando e então Snape falou, em um tom mais baixo:

- Ah… Tia Belatriz tem lhe ensinado Oclumência, entendo. Que pensamentos você está tentando esconder do seu senhor, Draco?

Ok, não sei porque corei ao ouvir isso… Enfim, com certeza não tinha nada a ver comigo.

- Não estou tentando esconder nada dele, só não quero que você penetre a minha mente!

- Então é por isso que você tem me evitado este trimestre? Tem medo da minha interferência? Você percebeu que se outro aluno não fosse à minha sala quando eu mandasse, e mais de uma vez, Draco…

- Então me dê uma detenção! Dê queixa de mim ao Dumbledore!

Não entendi, não era uma coisa boa ter um professor como Snape ao nosso lado? Isso podia ser de grande ajuda, não acreditava na prepotência de Draco, o que estava acontecendo?

- Você sabe perfeitamente que não quero fazer nenhuma das duas coisas.

- Então é melhor parar de me mandar à sua sala!

- Escute aqui. Estou tentando ajudá-lo. Jurei a sua mãe que o protegeria. Fiz um Voto Perpétuo, Draco…

Engoli um seco.

- Pois parece que vai ter que quebrá-lo, porque não preciso da sua proteção! A tarefa é minha, eu a recebi dele e estou cumprindo-a. Tenho um plano que vai dar resultado, só está levando um pouco mais de tempo do que pensei!

Suspirei, estaria falando do armário ou do hidromel? Pensei de repente o quão importante era esse plano para ele e tudo que eu tinha feito para estrága-lo… Mas não podia deixar o peso na minha conciência tomar conta de mim, razão sobre sentimentos, certo? Certo.

- Qual é o seu plano? – Snape perguntou, parecendo zombateio.

- Não é da sua conta!

- Se me contar o que está tentando fazer, posso ajudá-lo…

Isso! Conta, Draco, qual é o seu problema?!

- Tenho toda ajuda de que preciso, obrigado, não estou sozinho!

O ar me faltou. Imediatamente lágrimas começaram a molhar meus olhos que piscavam depressa para dissipá-las. Desde quando eu era tão fraca? Seria possível que no momento mais sombrio de Draco Malfoy eu só estava me apaixonando ainda mais? Sua vulnerabilidade e fragilidade tinham me atingido em cheio e eu já não sabia mais ser sarcástica para sair dessa situação.

Que comentário idiota posso fazer?

- Mas certamente estava hoje à noite, no que foi extremamente tolo, andar pelos corredores sem vigias nem cobertura. São erros elementares…

Mesmo sem vê-lo, sabia que Draco tinha dado um meio sorriso irônico nessa hora, simplesmente sabia. Era agora que ele iria me colocar no jogo, contar a verdade sobre sua amiga sangue-ruim que estava o ajudando. Suspirei e esperei o pior.

- Eu teria Crabbe e Goyle comigo, se você não tivesse detido os dois! – mentiu. De novo, me faltou o ar e as borboletas no meu estômago pareciam ter morrido e ressucitado. O que estava acontecendo comigo?

- Fale baixo! Se os seus amigos Crabbe e Goyle pretendem passar no N.O.M de DCAT desta vez, terão de se esforçar mais do que estão fazendo no momen…

- Que diferença faz isso? – interrompeu-o. – DCAT é uma piada, não é, uma encenação? Como se algum de nós precisasse se proteger contra as Artes das Trevas…

- É uma encenação decisiva para o sucesso, Draco! Onde é que você pensa que eu estaria todos esses anos se eu não soubesse como representar? Agora me escute! Você está sendo imprudente, andando pela escola à noite e sendo apanhado, e se está confiando na ajuda de Crabbe e Goyle…

- Eles não são os únicos. Tenho mais gente do meu lado, gente melhor!

Eu juro. Eu juro que foi isso que ele disse. Nesse momento, meus joelhos cederam e o feitiço para ouvi-los foi quase desfeito.

- Então por que não confiar em mim, posso…

- Sei o que está pretendendo! Você quer roubar a minha glória! – ah, então era por isso que ele não queria envolvê-lo… Que motivo idiota. Mas quem liga? Eu era ajuda melhor, eu importava para ele.

- Você está falando como uma criança. Compreendo que a captura e a prisão do seu pai o tenham deixado perturbado, mas…

Então as vozes cessaram e eu coloquei a cabeça na esquina do corredor bem a tempo de Draco saindo violentamente da sala, emburrado. Seus olhos estavam marejados e eu simplesmente soube que aquela conversa toda não fora encenação.

Me deixei cair na parede e fiquei sentada me abraçando. Ele me viu e virou a cara abruptamente, como se não quisesse que eu o visse naquele estado. Eu também não queria que ele me visse tão vulnerável então simplesmente levantei e voltei para a festa.

Eu iria ajudá-lo. Naquela hora, decidi que tudo que ele me pedisse, eu faria, porque não aguentaria ver aquela expressão tão perturbada e machucada novamente. Hesitei.

Talvez eu não conseguisse fazer o que Barão recomendasse afinal… Meus sentimentos se tornaram muito grandes, talvez… Talvez eu preferisse ser uma assassina. Fiquei olhando para a garrafa de hidromel com esse pensamento. Minha varinha estava em minhas mãos, era fácil desfazer o feitiço do odor, só bastava uma palavra e um pequeno gesto. Feito, eu matava Dumbledore. Feito, Draco o matava.

Mas… Eu não ia conseguir conviver com aquilo, nem ele. Aquilo seria a gota d’água para Draco, seria como sugar toda a pequena bondade que ele ainda tinha guardada. Voldemort iria mesmo matá-lo se ele falhasse? Como ele colocou uma missão tão impossível nas mãos de um adolescente de 16 anos?

Seria para castigar o pai dele? Por puro sadismo?

Meu tio me pareceu pior do que nunca naquele momento. Odiei cada pedaço do meu sangue Riddle e decidi que se poupar a vida de Dumbledore ajudaria a matar o Lorde das Trevas, assim seria.

Baixei minha varinha e fui procurar Slughorn. Não seria uma assassina, pelo menos não naquela noite fria de Natal. 


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Notas finais do capítulo

Oooie, como demorei no outro, postei esse rapidinho pra vocês (:
Espero que tenham gostado desse cap, eu me empolguei um pouco nele, mas todas as conversas do Draco/Slughorn e Draco/Snape estão iguaizinhas a do livro, eu sei, muito conveniente para a fic, certo? Hahaha juro que não mudei nada!
Gostaram?
Beeijão :*
PS: esse cap é dedicado à Brunnah que deixou uma recomendação muito muito muito linda, obrigada meeesmo, fico muito feliz em saber que alguém gosta tanto da fic a ponto de recomendá-la ♥333 (e relaxa, eu não te odeio!!!)



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