Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 10
Jesse




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“Alguém deve estar de brincadeira comigo, se isso for um daqueles Reality Shows, por favor, me tirem daqui." – pensei na hora.

Era bem capaz mesmo, considerando tudo que já tinha acontecido comigo. Como a vida de alguém pode mudar tanto em alguns meses? E agora eu tinha descoberto que o menino mais lindo – ou quase - da escola era meu parente. Ótimo.

Na mesma hora, eu fui em direção a Pansy – por vontade própria, pela primeira vez na vida – e olhei para Jesse, aterrorizada.

- Seu sobrenome é Bulffie? – perguntei, sem me importar em estar interrompendo a conversa dos dois. O que, no momento, era a minha última preocupação.

Ele virou a cabeça e ergueu as sombrancelhas, claramente confuso.

– Sim, por que?

Então, eu arregalei mais ainda os olhos e fiquei um bom tempo o encarando com cara de espanto. Ele provavelmente estava me achando louca, mas todos daquela escola já achavam isso, então eu não liguei muito.


- Er… Nada. – eu disse rapidamente e me virei. Só eu poderia saber daquela informação, não queria a atenção de ninguém no momento. Eu precisava de um tempo para absorver.

Claramente, ele não engoliu a minha mentira e me seguiu e, percebendo que eu não pararia para ouví-lo, pegou no meu braço. Eu virei e o encarei, junto com todas as outras pessoas que pararam para ver o que estava acontecendo. Pronto, minha tentativa de fazer aquilo não virar um show tinha ido por água abaixo.

- Não é nada, Jesse. – respondi, ríspida, esperando que dessa vez ele entendesse que eu não queria discutir aquele assunto ali.

Ele me encarou por um tempo e finalmente me soltou, deixando-me afundar em vergonha. Jesse devia ter percebido que não era um assunto público e se afastou, mas sem antes soltar um olhar significativo, como se dissesse que me procuraria depois.

Eu me afastei e sai do salão comunal, me deparando com o Barão Sangrento, o fantasma da casa. A verdade era que éramos grandes amigos, já que ele era o único que falava comigo no primeiro ano.


- Elizabeth, não deveria estar na aula? – perguntou, sempre com seu tom autoritário. Mas, ele não me enganava com seu tom, eu sabia muito bem o que tinha feito com a Ravenclaw e como tinha se matado de culpa depois.

- E você não devia estar arrastando suas correntes por aí? – retruquei nervosa.

Ele ergueu as sombrancelhas de sua face translúcida e bufou.

- O que te incomoda, criança? – perguntou. Odiava a sua maneira irritante de me chamar de “criança”, eu não estava mais no primeiro ano!

Girei os olhos, realmente não estava com humor para contar meus males para um fantasma. Eles sempre tem histórias para contar que, invés de nos fazer feliz, apenas nos mostram que tudo pode piorar. Mas mesmo assim, de algum modo distorcido, eu devia isso a ele, então respirei fundo e disse:


- Eu acho que o Jesse da Sonserina é meu parente.

O Barão soltou uma gargalhada.

- É isso que te incomoda? – perguntou, achando graça.

Certo, naquela hora eu quis contar toda a verdade, nada que ele tinha vivido se comparava ao que eu estava passando, mas ignorei a minha vontade e dei um meio sorriso.

- Sim! – exclamei, dramatizando meu sentimento. – Quer dizer, ele é maravilhoso! E me tratou bem para variar, acho que é o primeiro sonserino que me trata bem… Por que tem que ser meu parente?!

Isso nem era nem um terço do que significava aquela descoberta. Ser parente do Jesse não só significava uma decepção amorosa, mas sim mais um nome para a lista negra de Você-Sabe-Quem…

Espera… Eu era adotada! Ele não era meu parente de sangue! Eu não tinha o que me preocupar, ele estava a salvo.

- Elizabeth, desde quando você é fútil? – ele perguntou realmente preocupado.

– Não sou fútil, ok? Mas é que é chato saber que seus pais mentiram a sua vida toda sobre um primo escondido que é um bruxo como eu. Eles sabiam o quanto eu estava deslocada aqui. – menti. Essa razão nem me importava, que dizer, certo, meus pais adotivos realmente mentiram para mim, mas eu não seria capaz de conhecer toda a família do meu pai nem se eu quisesse. Aposto que nem ele sabia da existência do Jesse.

O fantasma me encarou, ele me conhecia bem, sabia quando eu estava mentindo. Mas felizmente não deixou transparecer, apenas acenou com a cabeça e murmurou alguma coisa aleatória antes de desaparecer pelas paredes.

Eu suspirei e voltei meu olhar para a porta do salão comunal, precisava falar com Jesse independente dele ser meu primo de verdade ou não, ficava me perguntando repetidamente como alguma parte da família do meu pai poderia ser bruxa.

Lendo meus pensamentos, Jesse apareceu na minha frente, se surpreendendo mais do que eu com o nosso encontro de olhares.

 – Elizabeth, o que aconteceu ali? – ele perguntou, apontando para dentro do salão. Ele podia ser meu parente, mas mesmo assim não deixava de ser bonito, de onde esses genes vieram? Bom, de qualquer jeito não teria como eu tê-los…

Eu sabia que ele insistiria se eu desconversasse, então apenas o mandei me seguir. Chegamos em um lugar meio escondido e eu disse:

- Meu nome é Elizabeth Bulffie Miller, Jesse.

Ele ergueu as sombrancelhas e ficou um tempo me fitando, como se não acreditasse.

- Lizzie?! – perguntou de repente, como se lembrasse de mim subitamente. – Nossa! Não acredito que seja você! Há quanto tempo, prima!

Do nada, ele me envolveu em seus braços e bagunçou meu cabelo amigavelmente. Isso era absurdo, como ele lembrava tanto assim de mim e eu não lembrava dele? Minha memória só fora alterada antes dos onze anos e era impossível eu tê-lo conhecido nessa época.

- Você não lembra de mim, lembra? – perguntou, provavelmente notando a minha expressão incrédula.

- Ah, me desculpe…. Mas não. – disse, um tanto desconfortável.

Ele deu um sorriso e me deu um tapa de leve na cabeça.

– Você sempre foi tão esquecida. Sou o filho do irmão do seu pai, aquele que ia na sua casa em todos os natais e…

- BOLINHA? IMPOSSÍVEL! – gritei, inconformada, finalmente me lembrando. – Você era o meu primo gordinho e legal que só falava comigo nos feriados! Por que parou de ir em casa? Ai meu Deus Jesse, não acredito que você é o Bolinha!

Ele soltou outra gargalhada e suspirou. Não sei do que ele estava rindo, era fisicamente impossível ele ter ficado assim tão bonito sendo quem ele era antes. Depois daquele momento, eu passei a acreditar em milagres.

- Não me chamam assim faz uns anos.. Eu era mesmo gordo… - refletiu entre as risadas. – Ah, nossos pais brigaram, não lembra? Não sei, depois disso a gente nunca mais se viu.

– Mesmo assim Bo… Jesse, não é possível que a gente nunca tenha se visto aqui em Hogwarts! – eu disse, ainda surpresa.

- Eu entrei esse ano. – ele esclareceu, me deixando no mesmo patamar em quesito de dúvidas.

Fiquei o encarando como se esperasse mais uma explicação, mas ele apenas me encarou de volta. Eu não sabia se me impressionava mais com o fato dele ser meu primo Bolinha ou dele ser um bruxo.

Acho que sua beleza incomparável me fez esquecer que ele era bruxo. De onde ele tinha herdado aqueles olhos azuis? Mas eu tinha que esquecer aquela cor, ela pertencia a um parente e seria muito estranho se eu começasse a ver Jesse como outra coisa que não fosse meu primo.

– Mas ei, você me disse que estudava em uma escola do interior, por isso eu nunca podia ir até lá! – ele exclamou, tentando mudar o foco da conversa.

- E você disse que te educavam em casa, estamos na mesma. – respondi com um sorriso um tanto sarcástico.

Ele soltou um pigarro de deboche e suspirou. Pelo jeito, estava tão confuso quanto eu, talvez até mais impressionado, o que era bem difícil.

- Que coincidência, Jesse, estou impressionada. – eu disse sinceramente.

O moreno acenou com a cabeça e falou:

- Muita! Mas e ai Lizzie, você que sempre soube das fofocas da família, me conta…

Eu comecei a rir e nós ficamos trocando informações familiares entusiasmados com nossos pseudo-segredos.

Ele estava no meio de uma história vulgar sobre uma prima de segundo grau quando Beatrice apareceu.


Bom, vejamos, nós estávamos em um lugar meio escondido, bastante perto um do outro e rindo juntos. Aquilo não poderia soar bom para Cece, que já achava que Jesse gostava de mim para começo de história.

- Eu sabia! – ela gritou ao se aproximar e, não deixando deixa para qualquer um de nós abrisse a boca, deu um tapa no rosto de Jesse.

- CECE! – berrei em resposta.

Ela virou-se violentamente para mim e eu percebi nos olhos flamejantes dela o quanto ela estava me odiando naquele momento. Ela deveria realmente gostar de Jesse.

- Eu… - começou, agora com os olhos enchendo-se de lágrimas, mas sem estragar sua expressão furiosa. – Eu pensei que fôssemos amigas, apesar de tudo!

Jesse, completamente perplexo, saiu de fininho e esboçou um sorriso brincalhão para mim, como se disesse “tá nas suas mãos”. Bela hora para ser o primo idiota de sempre.

- Nós éramos… Somos! – eu disse de volta, enquanto ela se virava bruscamente para ir embora com seus cabelos loiros a seguindo.

Eu não ia suportar vê-la indo embora brava comigo por tamanha besteira, então a segui. Nesse meio tempo, eu já deveria ter perdido umas três aulas, mas eu já não me importava, eu queria resolver aquilo de uma vez por todas.

Eu estava andando rápido atrás dela quando ela entrou no banheiro feminino, era a minha deixa, ela não escaparia até falar comigo. Assim que eu abri a porta, me deparei com o banheiro… Quer dizer, não.

Era de se esperar que eu encontrasse o banheiro ao abrir a porta dele, certo? É, mas em Hogwarts as coisas nunca são o que parecem ser…. Enfim, eu abri a porta e me deparei com a sala em que encontrei Draco da última vez.

Ainda não sabia que sala era aquela e porque ela aparecia do nada no lugar do banheiro feminino, mas algo nela me fazia pensar diferente. Talvez até despertasse alguma de minhas memórias.

Então, ouvi uns ruidos e os segui, o que acabou me levando para o mesmo canto do ármario. Draco não estava mais lá, me surpreenderia se estivesse, já havia passado muitas horas desde que o encontrei.

Os ruidos ficavam cada vez mais altos a medida que eu me aproximava, então me dei conta de que vinham de dentro do ármario. O abri e um pequeno pássaro preto passou voando rapidamente por mim e isso significava que aparentemente o armário estava fucionando perfeitamente. Draco finalmente havia o consertado.

Sem pensar muito, porque sabia que se pensasse mudaria de idéia, ergui a minha varinha e murmurei alguns feitiços. Em instantes, o armário voltara a ficar defeituoso.

Não sei se fiz aquilo por puro egoísmo, pois não havia passado tempo o suficiente com Draco, ou se foi porque eu sabia, já naquele momento, que algo de muito ruim aconteceria se aquele armário fosse consertado.

Eu queria descobrir os motivos reais do Malfoy, precisava atrasar sua tarefa o quanto fosse possível. De novo, eu não sabia de onde vinham esses pensamentos extremamente egoístas e mesquinhos. Parecia outra parte da mesma Elizabeth.

De qualquer modo, eu abaixei a minha varinha sem nenhum arrependimento e tentei achar a saída, esperando que da próxima vez, eu realmente entrasse no banheiro para evitar tais pensamentos tão… Sonserinos.


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Notas finais do capítulo

Oooie, mil desculpas pela demora, tá complicado de verdade D:

Mas enfim, capítulo fresquinho para vocês, espero que gostem (:

Beeijos :*