Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 4
Capítulo 4 : Angústia e Dangos.


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo está como uma introdução ao quinto. x)

E, é recomendado que se tenha assistido um pouco da 2ª temporada, que dará para ter uma ideia melhor de qual parte estou falando, e sobre as roupas que eles vestem agora.

De inicio é só. Boa leitura! =)



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Capítulo 4: Angústia e Dangos.

Haviam se passado três meses. E com a nova estação que surgia, observava o país entrando num novo tempo, onde talvez o Shinsengumi não tivesse espaço. Com as novas armas de fogo, as batalhas ficavam cada vez mais difíceis e uma dolorosa derrota mais aparente.

Eu ainda não aceitava o que estava acontecendo. E Kondou-san também havia partido, para junto de todos os companheiros que morreram nos confrontos.

Mas, tudo o que eu podia fazer era...nada. Como sempre, apenas podia assistir e chorar, ora questionar o destino, o por que de suas decisões.

Aquela estranha doença depois de tanto ainda me debilitava. Estava sempre fraca, mas pelo menos os sintomas passaram um pouco. Porém, a cada dia parecia que eu engordava, mesmo que comesse cada vez menos.

Mas, seria egoísmo meu alarmar a todos com isso. Mesmo que essa estranha doença me levasse, ainda era melhor do que enchê-los de mais problemas.

Aliás, de preocupação eles não precisavam de mais. Hijikata-san, que ainda me doía ver, estava cada vez mais concentrado com seu novo posto de comandante, andava cada vez mais cansado, e também comia raramente.

Por mais que eu quisesse consolá-lo, parecia que minha dor em estar perto dele era mais forte, mais forte do que qualquer coisa que sentisse. Ainda não conseguia olhar em seus olhos, mas sempre disfarcei bem, ainda mais na hora de lhe levar o chá e a comida. Ele estava mais trancado em seu quarto que Okita-san que tinha motivos por estar doente!

Mas, não seria de minha conta certo?  Tinha resolvido que levantaria a cabeça neste dia, independente do que ocorresse em minha volta ou do que sentisse. Hoje, que eu acordava mais indisposta que todos os  dias os anteriores, tinha decidido que faria algo além de tarefas domesticas.

-Sair sozinha? Como assim?

Harada-san falava, me encarando de forma preocupada, ora olhava para baixo ora para os lados, indeciso se devia ou não me deixar sair. 

-Eu posso bem ir sozinha, Harada-san! -exclamei.

Agora, a pior parte seria convencê-lo, neste dia era ele que estava guardando o portão. Como não haviam mais patrulhas não poderiam me acompanhar por nada. Mas, eu queria mesmo mudar um pouco de ares, ir ao centro que raramente visitava, o novo centro que era de Edo.

-O que...você vai fazer lá afinal? E algo tão importante? Não dá para adiar até alguém poder te acompanhar?

-Só quero comprar uns dangos...  - menti, era a única coisa que me veio à mente na hora- ...posso trazer alguns para você também. Dizem que os dangos de Edo são melhores do que os de Kyoto!

Era talvez uma das mentiras mais descaradas que eu já inventei. E eu era tão ruim nesse esporte, que ele parecia não se convencer. Teria que pensar em algo mais dramático.

-Por favor...Harada-san...eu quero mesmo ir...   - disse com a cara mais tristonha que pude, com lágrimas nos olhos, comecei a chorar.

Não digo que chorei totalmente por ser conveniente. Depressiva eu andava mesmo nos últimos meses, era fácil desabar só de pensar...em qualquer coisa que me deprimisse. Soluçando, só parei um pouco depois de ouvir o capitão sem jeito me pedindo para parar:

-Está bem! Está bem...só não chore por favor...

Depois de ouvi-lo abri um largo sorriso. Uma reação rápida demais que até ele deve ter estranhado.

-Obrigada Harada-san! 

-...mas...se não voltar antes de anoitecer, levarei um esquadrão só para buscá-la. 

-Tudo bem...

-Hijikata-san...ele vai matar a todos nós se você sumir.

Ouvindo a última frase que ele dissera, quase comecei a chorar novamente. Angústia, era tudo que aquele nome carregava para mim. Ainda me fazia mal. 

Antes que pudesse perder-me novamente em depressão, algo é  sussurrado ao pé do meu ouvido, me fazendo saltar, assustada: 

-Chizuru-chan...quero seis!

Ainda arrepiada me virei e ao ver quem era fiquei indignada. Era Okita-san, com sua mania de me assustar ficando mais frequente. Ele ainda ria da cara que eu fazia, era sua diversão afinal.

-Okita-san!! Não faça mais isso por favor.

-Tudo bem...  -disse, mas por dizer. Com sua expressão divertida era obvio que faria isso novamente, assim que tivesse chance.

Ele e Harada-san se entreolharam. E eu lamentava que teria mais alguém a convencer a me deixar sair.

-Ora...Hijikata-san ficaria mesmo bravo em saber que você deixou Chizuru-chan sair sozinha.

Harada-san apenas o encarou com uma expressão nada amigável. Eu observava, me  afastando um pouco dos dois.

-Qual é o trato? -disse Harada-san, parecendo um tanto irritado enquanto Okita-san se divertia.

-Ah, isso...apenas a parte que Chizuru-chan traria para você... de dangos...

-Só isso mesmo....?

-Então...poderia também...

O resto, certamente eu não ficaria para ouvir. Aquela conversa se estenderia mais e eu não queria perder a chance de sair :

-Dez dangos...está bom?! Okita-san!!Harada-san!! Vou antes que anoiteça!!  -disse, já saindo rápido, estava já com os pés fora do quartel quando gritei isso para os dois.

Não deixei-os responder, já estava o mais longe dali, andei rápido até perder a vista dos dois, para depois voltar a andar calmamente e arrastando.

No caminho ainda passavam simples camponeses, mulheres com crianças, e vendo-os ficava calma. Aquele lugar ficaria vazio à noite e seria perigoso passar ali. Por isso, mesmo que não pedissem, voltaria o mais rápido que pudesse antes do entardecer.

Mas, a caminhada era mais longa e cansativa sem companhia, e eu não estava acostumada a andar desacompanhada.

Mesmo cansada fui seguindo sem parar. Rezava para não desmaiar no meio do caminho. Tudo continuava muito difícil. E fiquei no percurso refletindo, algo que estava a martelar em minha mente vez ou outra.

Aquilo que Harada-san tinha dito, e que Okita-san reforçou depois sobre Hijikata-san...sobre ele ficar bem bravo com eles se me deixassem sair...me perguntava se isso era algo que poderia chamar de preocupação da parte de Hijikata-san, ou se era apenas mais uma ilusão minha. Talvez ele estivesse apenas me protegendo por achar que eu tenho alguma ligação com meu pai, e talvez com a formula do Ochimizu. 

É, era melhor pensar dessa forma. Doloroso, mas era o que a realidade representava afinal! Nada mais era como antes, nunca seria. E isso doía também. Muitas coisas se perdiam, os costumes se perdiam, e uma pequena prova disso era que nem mesmo os oficiais mais usavam quimono!

Parei um pouco de refletir, quando percebi que já estava envolvida no meio de várias pessoas, no movimentado centro de Edo. Quando vi, simplesmente estava lá.

-Vamos ver...onde vou achar uma lojinha de dangos por aqui? - suspirei. 

Olhei para os lados, e quase fui atropelada por um senhor que corria apressadamente com sacolas, e no intuito de desviar quase esbarrei em outro que passava. Sim, este era mesmo o centro! Tentava enxergar qualquer lojinha de conveniência que tivesse o que eu procurava, mas haviam pessoas demais passando à toda hora lá.

Me restava então me movimentar, se não ora ou outra seria atropelada ou arrastada. Seguindo, não achava nada que se parecesse com uma loja que tivesse dangos.

Como...Edo era exaustivo!

E eu ainda tinha que voltar antes de anoitecer! Comecei a me desesperar, quando olhei para o céu com o seu inicio de laranja nas nuvens. Era mesmo fim de tarde!!

-Está perdida, Chizuru-chan? -disse alguém atrás de mim, que segurava uma ponta do meu quimono quando caminhava.

Virei, e contatei que era, alguém que eu não espera, mas que me deixava feliz por vê-la:

-Osen-chan!!

Ela sorriu. E Kimigiku-san também estava atrás a acompanhá-la. Mas, afinal, o que estavam fazendo em Edo e aparecendo justo quando eu mais precisava?

-Parece mesmo destino não é? Hoje os ventos apontavam para cá até você.

-Hm...é mesmo?

Nunca entendia suas profecias sobre o vento, mas não iria ligar para isso agora.

Antes que fossemos atropelados por estarmos paradas, Osen-chan me puxou para um lugar menos movimentado. 

-Aqui é mais calmo para conversarmos... - falou.

-Oh, sim. Mas preciso comprar dangos para...

-Não se preocupe. Já compraremos alguns... -ela olhou para Kimigiku-san que assentiu com a cabeça e saiu- ...agora o assunto é mais sério....quero que me responda uma coisa.

Encarei-a confusa esperando ela terminar de explicar:

-Me diga...Chizuru- chan...de quem é?

-De quem é? Os dangos? São para Okita-san.

Iria falar de Harada-san, mas provavelmente Okita-san terminaria por se apoderar de seus dangos.

-Não! Não é disso que estou falando! É sobre este pequeno oni!!

-Oni...?

-Sim! Que você espera!

Não entendi bem o que ela queria dizer. Esbocei apenas a costumeira expressão de confusa, esperando ela explicar.

-Não me diga que não sabe...

-Sobre o que?

-Chizuru-chan...qualquer garota pode perceber isso...como pôde não perceber!?

-O que...? Ainda não entendi Osen-chan!!

-...que você está grávida! Ora!

A última frase soou repetidas vezes em minha mente, como um eco. Agora,  abria a boca para falar...mas nenhuma fala saia.

Afinal, numa hora dessas o que eu teria para falar?! Ainda tentava negar, mas certas coisas batiam, mas...não podia ser!

Não sabia nem o que sentia naquela hora. Era certo que tinha um nó em minha garganta, e uma enorme dor no peito, como se meu coração fosse espremido até quase estourar. Tudo ficava externo através das lágrimas, que rolavam, e eu apenas as deixava cair, quando quase desabei de joelhos no chão.

Osen-chan me apoiou, preocupada, olhando em meu olhos, perguntando:

-Chizuru-chan...o que aconteceu?

-Osen-chan...eu...

Soluçava. Olhei para o céu, e o sol dava-me o sinal de que estava à partir. Não era hora de ficar chorando...mas mesmo assim...eu...

-...voltar....eu tenho que....  -ainda tentava dizer.

-Entendi. Vou acompanhá-la então. Quero que me conte tudo no caminho.

Ela me ajudou a andar, estava tremendo, fraca, mas teria que ter forças mesmo assim para chegar no quartel e  parecendo estar bem.

Agora, estava a pedir ao céu que as previsões de Osen-chan falhassem, ou que aquilo fosse uma doença a me matar...qualquer coisa seria melhor que aquilo!

Kimigiku-san que voltava com a sacola de dangos também ajudou Osen-chan a me apoiar com os braços. E fariam isso por todo o caminho, até eu contar o que estava acontecendo.

E nem eu sabia bem  o que era. Um filho...isso não era processado em minha mente. E  carregá-lo agora seria...mais complicado do que eu pudesse imaginar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bem...começando para encher vocês, queridos leitores com mais uma enrolativa nota final! xD

Primeiro, desejo à todos...que tenham boas festas! Que eu estou tendo também! =)

O fim de ano está corrido e estou me esforçando para postar, e continuar com uma boa escrita...acreditem, não é fácil!

Já vou avisando que o capítulo 5 pode demorar até o final da semana que vem, mas pretendo continuar com uma postagem semanal, que assim não me sobrecarrega.

Qualquer detalhe adicional, falo no meu perfil. As vezes o atualizo só para dar avisos...então se eu andar sumida, certamente vai estar lá a justificativa.


E...devem ter percebido, mas o quarto capítulo fala de algo que a maioria já sabia, menos a avoada da Chizuru. Então, ele acabou sendo como uma introdução ao quinto, que será mais...decisivo mesmo! Eu não podia pular essa parte, ela é obvia, mas é importante mesmo assim.


Bem...isso está ficando longo demais! Mas, eu adoro mesmo falar em notas finais!

E, só para notificá-los...estou fazendo uma fic de Hakuouki também, com Dark_Butterfly...se quiserem ler...o segundo capítulo logo será postado! ;D


Por enquanto é só. Espero que continuem acompanhando. Que leiam também o capítulo 5! ^.^