Opera Paris escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 29
Capítulo 27 - Fuga




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/112239/chapter/29

Capítulo 27 – Fuga

Desde aquele dia, o Fantasma da Opera foi esquecido. Por muitos e muitos anos a história da bailarina do fantasma seria contada, até que as pessoas a esquecessem ou, até que elas não quisessem mais ouvir.

Havia uma neblina triste que cobria trinta centímetros sobre o chão. As folhas e a poeira, junto às cinzas pairavam e mostravam que o teatro de Paris nunca mais seria o mesmo. Não havia sol, só nuvens e um vento frio. As árvores não farfalhavam com alegria, elas nem sequer demonstravam que estavam num dia de outono. Logo mais, os primeiros pingos de uma chuva outonal, começaram a cair, tornando aquilo que era triste, em algo deprimente.

As notícias do dia anterior chocaram o resto da população. O Visconde havia tentado fugir da guarda imperial, mas fora pego nas quadras seguintes ao teatro em chamas. Ele passara a noite na prisão e, passaria mais dias até que uma queixa oficial fosse assinada pelo Conde Edward Cullen. Ele não estava numa cela comum, obviamente sua posição de Visconde de Chagny lhe dava alguns privilégios, tais como uma cela privada e refeições, roupas limpas e assim sucessivamente.

Os burburinhos sobre a morte da bailarina tiveram uma repercussão maior do que a morte de outros funcionários do Ópera e, mais ainda, somado aos fato de que o visconde poderia ser o responsável só fazia com que as pessoas comentassem cada vez mais.

Fora da cidade, na mansão Cullen, um caminho de flores brancas cercava, desde a entrada, até a porta principal, que estava aberta. Dentro da mansão, no salão, havia mais flores brancas e, ao fundo, um caixão branco. A tampa dele, também branca com adornos dourados, estava encostada em um canto do salão. Dentro do caixão jazia o corpo da bailarina, que a todo momento, recebia preces de algumas pessoas. Próximo ao caixão estavam Alice e Rosalie, Jasper, Emmett e Edward.

- Meus pêsames, vossa graça. – O imperador, que ficara absurdamente abalado com a morte da bailarina, dissera ao Conde e os presentes ali.

- Obrigado, alteza. Porém estou tremendamente abalado.

- Eu a adorava, tinha um talento nato. – O Imperador dizia.

Logo mais, sem muitas delongas, algumas pessoas passaram por ali e disseram adeus a jovem senhorita. Os únicos que ficaram no recinto foram Fontaine e seu assistente.

Mais tarde, por volta da sexta hora, duas carruagens negras, com as janelas cobertas por um pesado tecido de veludo vermelho impedindo que alguém visse algo além do vidro, deixaram a cidade.

- Eu exijo sair daqui! – O visconde exclamou, perante o imperador, o inspetor Lestrade e seu “escudeiro”.

- O senhor confirma ter dado o primeiro tiro em direção ao fantasma e a bailarina Isabella?

- Sim, mas foi porque ele...

- Não existe razão alguma. Puro ciúme. Obsessão doentia que acabou seu enlace com a filha do barão Barbarac. – O inspetor dissera.

- Ora Lestrade! Não era vossa senhoria que estava ao meu lado durante todo este tempo?! – O Visconde alfinetou.

- Houve um pequeno contratempo, logo depois que eu e você nos encontramos e fechamos aquele acordo, recebi uma carta que me contava algumas coisas...

Flashback, Inspetor Lestrade.

- Inspetor, chegou esta carta. – O assistente disse-me.

- Obrigado. – Peguei o envelope e o abri, estranhando receber uma carta no final do dia. Então a li...

“Caro monsieur Lestrade,

Espero que ainda esteja em tempo. Vossa senhoria não me conhece, sou o super intendente da guarda real da cidade de Barcelona, província da Espanha. Serei o mais breve possível, quanto a este assunto e, espero que consiga ler esta carta em tempo de impedir que o pior aconteça. Ocorre que em minhas buscas pelos bens do monsieur Visconde James de Chagny, a pedido do contabilista Monsieur Fontaine, um contabilista de sua cidade, resultaram em coisas piores do que eu podia imaginar.

Encontrei um armazém, situado na saída da cidade. Lá continham mercadorias, dentre elas algumas peças raras, provenientes de um artista mui famoso em nossa época. Monsieur Swan, o violinista.”

Fim do flashback.

- Entendo... – O imperador dissera.

- Então, logo depois, contatei o monsieur Fontaine e lhe contei o ocorrido. Monsieur Fontaine me passou uma lista dos itens que havia desaparecidos. – O inspetor tirou um papel de sua gaveta. – Aqui está quadros, um piano, dois violinos e, outro stradivarius. E muitos outros itens. Você estava desviando itens da senhorita Swan para um armazém, para que você os vendesse e ficasse com o dinheiro. Espero que isso seja motivo suficiente para que eu decrete sua prisão, juntamente com o confisco de todos os itens e, somado a uma acusação de tentativa de assassinato.

- Nada mais justo e, ofereço ao visconde a remoção de seu título e o exílio. – o Imperador sibilou. – Ficará com o título de barão, será exilado em Nova Orleans, no novo mundo.

- Por que estão fazendo isso? Por que o Conde não está aqui? Por que vossa alteza se preocupa em estar no lugar dele? – O Visconde ergueu uma sobrancelha.

- Porque, diferente do senhor, monsieur Chagny, eu era amante das artes e todos sabiam disso. Eu respeito a vida e, principalmente, não gosto de calhordas que tentam nos passar para trás. – O Imperador dissera com uma verdadeira expressão de choque, ele jamais pensara que alguém que considerava seu amigo, pudesse lhes dizer tais coisas. – Não quero mais tratar deste assunto, estou demasiado cansado e triste com nossa perda para continuar esta conversa inútil. Tudo o que tenho que saber, já sei, caro inspetor.

- Oui, alteza. Dentro da próxima quinzena ele será enviado ao porto, junto aos seus pertences e o novo título. Você viajará na segunda classe, como uma cortesia; sua viagem demorará cerca de 24 dias. – Disse Lestrade, com uma expressão extremamente séria. Em uma de suas mãos, havia um charuto chegando ao seu final. A fumaça das baforas enchiam o ambiente.

- Será recompensado por isso, inspetor. Considere-se o novo super intendente da guarda real francesa de Paris. – O Imperador sorriu e deixou-os a sós.

Lestrade e James ficaram por cerca de uma hora, logo depois, o inspetor designou dois de seus guardas para que ficassem, em tempo integral, na companhia de James. O ex-Visconde contratou dois homens para que o ajudassem com as bagagens e os pertences que iriam, depois mandou uma correspondência ao banco avisando sobre o encerramento de sua conta e o saque de toda a quantia que havia ali.

Estava tudo acabado. Para o Visconde, nada mais restava naquela cidade. Ele havia perdido sua paixão, sua obsessão, sua vida, com a morte de Isabella Swan; havia perdido uma chance de aumentar sua fortuna com o enlace com a baronesa; perdera, também, a chance de ser considerado amigo intimo do imperador e de tirar algum proveito disso. Nada mais restava. Talvez eu tenha a chance de recomeçar no novo mundo. É assim que o chamam não é mesmo?, ele pensara.

A mansão Cullen nunca esteve tão vazia. Restavam apenas Edward, Gerárd e Fontaine, junto a uma criada, de nome Madeline. Em todos os móveis, tecidos brancos eram jogados por cima, as janelas eram lacradas e, um casal de funcionários fora designado para manter a mansão segura, até que alguém da família voltasse. As portas seriam trancadas e restava apenas um cômodo aberto, o quarto que fora da bailarina. Edward, junto a Madeline, é quem terminavam de embalar as coisas. Ele fora o último a sair dali e, consigo, trancou a porta.

- Todos os cômodos já foram trancados. Está na hora de partir, monsieur. – Madeline disse ao Conde.

- Obrigada, mademoiselle, peça que tragam a carruagem para frente da casa. – o Conde disse-lhe com certo pesar.

- Oui, monsieur. – Ela fez uma curta reverência e deixou-o sozinho.

Desde a saída das outras duas carruagens, passara-se em torno de três horas e, até que tudo fosse fechado, foi-se mais meia hora. Então, às nove e meia, a última carruagem partira rumo às estradas que levavam ao litoral.

(...)

- Nicolai, você está bem? – Anita perguntou, desviando-se dos tiros que vinham das espingardas.

- Estou. Mikhail, e você? – Nicolai olhou para o amigo e ajudou-o a levantar.

- Eu espero que essas revoltas não durem muito tempo. Ataques na estrada já estão ficando fora de controle. – Anita sibilou. – Quando isso vai acabar?

- Eu não sei. Talvez seja até retomarem a sede do governo em Madri. Com a abdicação de Isabell II, as revoltas tornaram-se cada vez maiores, talvez isso acabe transformando-se numa guerra, e a França não estará de fora. – Mikhail comentou, enquanto arrumava a sela dos dois cavalos.

Os três estavam em algum lugar fora de Paris. Era de noite, cerca das dez horas e a carruagem, pelo menos parte dela, estava destruída. Era possível apenas colocar os baús e as caixas na parte que sobrara e sentar todos a frente, guiando os cavalos. O céu estava tão negro quanto podia estar, havia um vento frio e não havia estrelas aquela noite. Uma estrada de terra continuava infinita à frente, ladeada por árvores e algumas moitas. Após algumas milhas indo a oeste, estaria a cidade de Vernon, logo, seguiriam para o litoral. Chegariam lá pela madrugada.

Aquela fuga, era na verdade, um conselho que o Conde Edward havia dado a Nicolai, enquanto conversavam durante seu jantar de noivado. Edward soubera, de antemão, que Paris iria afundar e seria perigoso continuar vivendo lá. A fuga sempre fora a melhor das hipóteses.

Nicolai, flashback. Noite do jantar de noivado de Edward com Isabella.

- Nicolai, posso ter com o senhor por alguns instantes? – O Conde dirigira-se a ele com um aceno de cabeça.

- Oui, milord. – Nicolai foi para junto dos Condes, próximo a grande janela da casa. – O que queres?

- Alertá-los. A vocês três. – Edward sibilou. – Não faça alardes, mas temo que Paris ficará perigosa demais para que vivamos aqui.

- O que quer dizer? Eu soube das revoltas. Vim das fronteiras com a Espanha e as coisas por lá não são nem um pouco animadoras, porém...

- Porém, - Edward interrompeu-o. – as finanças francesas não estão lá em seus melhores dias e, cá entre nós, o imperador não tem tido muito sucesso com suas negociações com a Inglaterra e nem com qualquer outra província. Quero dizer-lhe que, em breve, os comunas invadirão Paris, como já invadiram Lyon e, conseguiram entrar em Orleans.

- Eu realmente não achava que a situação chegaria aqui, mas fico grato pelo aviso. Assim que assistirmos ao último espetáculo do Opera, partiremos.

Fim do flashback.

- Se o Conde nos alertou, não iremos contestá-lo. Ele provavelmente sabe do que fala. – Mikhail disse aos outros dois. – Precisaremos parar em Vernon e conseguir uma nova carruagem. Não conseguiremos viajar com esta carruagem neste estado.

- Tens razão. Vamos logo porque a noite cai a cada minuto que paramos. E não sei se as estradas são seguras. – Nicolai ergueu sua mão, dando apoio a Anita e logo em seguida subiu, sentando ao lado dela.

Eles seguiram por mais uma hora até Vernon, pois iam devagar. Quando chegaram por lá, pararam em uma estalagem no centro da cidade, sendo bem recebidos pelo dono, embora à hora já fosse avançada. O homem deu-lhes a informação de que precisavam, o lugar onde havia cavalos disponíveis e uma carruagem que pudesse ser alugada por aquela noite.

Anita aproveitou para tomar um banho e trocar suas roupas, que ficaram surradas por causa de toda a terra e pó. Nicolai e Mikhail fizeram o mesmo antes de seguirem viagem. Precisavam chegar até Le Havre até o amanhecer, pois zarpariam com o navio que os levariam a Portsmouth, sul das terras inglesas.

- Poderemos ficar lá por anos, má cherry. – Disse Mikhail. – Os ingleses sempre me pareceram fortes. Eles têm uma rainha agora, chama-se Vitoria, casada com o Principe Alberto, de Coburgo, da Alemanha.

- Sim, os ingleses sempre foram fortes. Nada os atinge, não é? – Anita sorriu e subiu na nova carruagem.

- Nada os atinge. – Mikhail disse-lhe beijando a face externa da mão, coberta por uma luva. – Estaremos sob os domínios deles. Em breve.

E eles não estavam errados. A Rainha Vitoria¹ fora coroada com seus dezoito anos, muito jovem, e sabia como governar, principalmente estando ao lado de Alberto. E justamente naquela época de crise, a Inglaterra era o refúgio de muitos franceses, que iam em busca de uma vida, ou de uma passagem segura até chegarem a um navio que os levasse até o novo mundo. E, embora todos esses cidadãos fugissem, não era como se a guerra fosse durar para sempre. Em menos de seis meses, a França teria um novo governante e todas as revoltas acabariam.

Aquela semana parecia ter sido feita para que somente as desgraças acontecessem. Primeiro, paris perdia seu teatro e sua bailarina; segundo, durante a madrugada, paris fora invadida por comunas², afim de tomarem o governo , sabem como é, crises entre herdeiros ao trono. A Prússia não estava nada satisfeita com o telegrama enviado pelo imperador, que agora saia ás pressas de sua casa, acompanhado da mulher e filho, para o exílio em qualquer lugar da Inglaterra. Este telegrama fez com que espanhóis e franceses invadissem a frança para tentarem tomar o governo e ruir com o país.

Edward soubera disso alguns dias antes, quando um dos emissários de seus pais, informara-lhe que a Prussia havia declarado guerra a França; e, quando seu próprio emissário, vindo de algum lugar da Espanha, fora atacado no meio do caminho de volta às terras francesas.

- Senhor Cullen. – Gerárd disse em algum momento da madrugada.

- Oh, sim, Gerárd? – Edward perguntou, levemente grogue, por conta das cochiladas que dera durante a viagem.

- Chegamos em Rouen, monsieur. – Gerárd informou-o. – Já estamos a muitas milhas da cidade luz e aqui as coisas estão bem calmas. Poderemos passar a noite em uma hospedaria que já mandei que reservassem.

- Fez muito bem, Gerárd. Obrigado. – Edward ajeitou-se. Fontaine acordou logo em seguida, com Madeline dormindo com a cabeça em seus ombros.

- Madeline, minha querida. – Ele disse docemente, encantado pela jovem. – Chegamos em Rouen. Poderemos dormir até o sol raiar.

- Oh, perdão, meu senhor eu...

- Não se preocupe. Não seria cavalheiresco deixar uma dama dormir mal acomodada. Fico encantado que meu ombro tenha lhe servido bem. – Ele tornou a dizer, observando o brilho no olhar dela.
- Amanhã, finalmente, estaremos em Le Havre. – Edward sibilou.

- Não se preocupe, caro Conde. As coisas vão melhorar. – Fontaine sorriu tentando confortá-lo.

Continua...

N/A:

¹Rainha Vitoria: Ela foi realmente uma soberana jovem e bem sucedida, que perdeu o marido cedo e, depois, encarou sozinha o resto de seu reinado. Vitoria governou até o ano de 1901. Para quem quer ter uma idéia, assista ao filme “A Jovem Rainha Vitoria”, com a Emily Blunt. É um filme épico (obviamente) mas delicioso de assistir.

²Comuna, França, Prússia, Telegramas e imperador: A guerra sobre qual falei é a guerra franco-prussiana, causada por revoltas entre os alemães (na época a prussianos), por causa de um telegrama enviado por Napoleão III (o imperador falado na fic) ao rei da Prússia. O telegrama dizia que ele era contra um alemão no trono espanhol (basicamente, até porque história não é meu forte). E, a Prussia ficou emburrada com a história e decidiu atacar a França. O Imperador Napoleão III foi deposto em setembro de 1870, dando lugar o primeiro ministro francês.

Adendo: A fic não tem uma passagem de tempo especificando cada mês, mas digamos que estamos no início de setembro, outono. Desculpem-me se em algum momento mencionei a primavera, desconsiderem, é apenas um erro de continuidade que nada afeta a história.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oii o/

E ai, sei que muitas ficaram furiosas comigo pelo último capítulo, mas enfim... Aqui está o capítulo novo. Desculpem a demora, acontece que estou com trabalhos e prova na facul e fica dificil consiliar :D

Comentem.

ps: passem na nova fic "Uma Prova de Amor" e comentme por lá tbm. Quero ver o nome de cada uma de vocês por lá, senão me recuso a postar a continuação dela e de OP hein!!
PS²: Recomendem a fic.. :D

beijinhos