Quando entramos no trailer, percebi que tinha só uma cama (de casal) e o sofá, mas no momento preferia que ele não existisse. Só para poder sentir aqueles braços fortes enlaçando minha cintura, o tanquinho encostando-se a minhas costas...

- Rach? Rach! – Luke me despertou dos devaneios com estralar de dedos.

- Hãn? O que?

- No que você estava pensando? – perguntou.

   Oops!

- E-e-eu? N-na-nada! – gaguejei.

   Luke levantou uma sobrancelha.

- Quer mesmo saber? Tava pensando. Eu não tenho roupa para dormir. – menti. Bom, eu menti, mas isso era verdade. Com que roupa eu iria dormir?

- Hmm... Minha camiseta velha do Guns N’ Roses? – perguntou temendo que a resposta fosse “Não”.

- Tudo bem. – disse eu. Afinal, precisava colocar alguma coisa mais fresca. – Bom, eu vou tomar um banho e quem sabe a gente não pede alguma coisa pra comer? – sugeri pensando no estômago que cada vez mais berrava ‘comida’.

   O segui para o quarto e peguei a camiseta que quase dava um vestido em mim. Ainda bem! Segui para o banheiro e fiquei olhando meu reflexo no espelho. A pele clara, os olhos castanho escuro, o cabelo liso escorrido do mesmo tom dos olhos, a boca avermelhada e cheinha... Isso não me parecia muuuuuito atraente, mas quem sabe não parece para Luke talvez?

   Entrei no chuveiro apertado. Parecia que não tomava um bom banho há anos. A água quente e relaxante batendo nas costas, no rosto, no coro cabeludo... Saí do banho de toalha como quem não quer nada e acabei trombando com Luke no quarto.

   Quando ele me viu, ficou todo envergonhado, sem saber o que fazer.

- Nossa! Foi mal mesmo! Eu não sabia que você ainda não estava trocada. – disse ele tampando os olhos com as mãos.

  Tem que ser malabarista para se trocar lá dentro daquele... Ovo!

- Ah, relaxa! Só estou de toalha. – sorri.

- Bom, vamos pedir o que pra comer? Comida japonesa?

- O.K, por mim sem problemas.

(...)

   Depois que enchemos o bucho de tanto comer, não agüentávamos nem mais andar, e a única coisa que eu queria era uma cama.

- E ai, onde vou dormir? – Perguntei.

- Olha, tem o sofá e a cama, mas como você é visita e eu sou um cara muito do bem, vou deixar você dormir no quentinho e confortável, ou seja, na cama.

- Então, muito obrigada Sr. “quero a paz mundial”. – ironizei, como de costume.

- Haha, muito engraçadinha, continua brincando... Que se não, o sofá te espera.

   Depois disso, me calei, claro, não sou boba e não troco aquela cama por nada nesse mundo, algumas coisas ou alguém, talvez.

(...)

   Já se passavam das duas horas da manhã e o sono não chegava, quando me peguei pensando... Como posso estar me apaixonando, muito mais pelo meu melhor amigo, isso era praticamente impossível, até agora.

   Quatro horas da manhã e ainda não consegui pregar os olhos, sentindo que faltava alguma coisa, uma espécie de vazio. Quando decidi chamar Luke.

- Luke. – sussurrei.

- Luke. – disse um pouco mais alto.

   Ele resmungou, até que acordou.

- O que foi, Rach? – ele respondeu com uma voz sonolenta.

- Você está dormindo?

- Bom, agora que você me acordou, não mais.

   Fiquei com vergonha de perguntar, mas se não o chamasse para deitar comigo, não ia conseguir pregar o olho.

- Hm... Luke, você poderia deitar aqui? É que... Não estou conseguindo dormir e no sofá deve estar desconfortável, então...

- Aham, O.k. Arruma outra desculpa pra eu deitar ai com você tá!

   E ele saiu do sofá, desfilando, se achando como se estivesse recebendo um prêmio do Teen Choice Awards.

- E o prêmio de mais convencido do ano vai para... Luke Malory!

   Em meio de tantas gargalhadas e conversas, caímos no sono até o meio dia... Pelo menos, eu dormi até o meio dia, enquanto o meu melhor amigo estava com a agenda lotada para o dia de hoje.

   Coloquei a calça, a blusa, o tênis e dei uma arrumadinha no cabelo, deixei a cama relativamente arrumada e decidi escrever um bilhete, porque sei que não encontraria com Luke tão cedo, nem que eu quisesse.

   O bilhete dizia:

“Bom dia astro desculpe não ter dado tchau, mas sei que hoje o seu dia será corrido, e não quero atrapalhar, então boa sorte e quero te ver logo.

PS: Não se esqueça de mim hein!?

“Beijos, Rach”

(...)