Fomos dar uma volta pela cidade. Passamos por Venice Beach e aproveitamos para comer em um restaurante à beira mar. Você pode estar pensando: ‘romântico demais para melhores amigos’, mas no momento a única coisa que estava pensando era na companhia de Luke.

   Tudo estava muito bom, mas em algum lugar dentro de mim, tinha a sensação de que aquele momento iria demorar a acontecer novamente. Afinal, cá pra nós, estou com um astro de Hollywood, almoçando na beira da praia, no meio de uma tarde! Que garota americana pode dizer isso?

- E ai, se divertindo? – perguntou dando uma lambida em meu sorvete de chocolate.

   Cara queria essa lambida na minha boca, mas voltando a realidade...

- Amando! Pena que vai acabar logo. – suspirei.

- Por que acabar logo?

- Pensa só, você tá morando a cinco horas da minha casa, você é um astro de cinema com paparazzi atrás, e a cada passo que você dá é uma nova matéria para as revistas de fofoca. – disse. – Quando vai ter tempo pra mim?

- Sinceramente, Rach, não ligo se sua casa é cinco, dez ou do outro lado do mundo. Por você eu atravessaria o oceano. Dinheiro nenhum compra, pessoa nenhuma substitui a importância que você tem para mim. – respondeu encabulado.

   Meus olhos se encheram de lágrimas, uma parte de mim sabia que era verdade, mas a outra parte de mim sabia que nem tudo o que Luke havia dito poderia ser cumprido.

- Jura juradinho? – perguntei e ele assentiu. – Promete prometido? – fiz uma voz de criança que ele não resistia.

   Luke revirou os olhos, deu uma gargalhada e apertou minhas bochechas beijando-as com aqueles lábios macios.

   Nessa hora ele não poderia se enganar só um pouquinho e confundir a minha bochecha com a minha boca? Perguntei para mim mesma. Oh, mundo cruel!

(...)

   Já estava anoitecendo (a hora que eu temia) e era hora de voltar pra casa, ou pelo menos era o que eu estava pensando em fazer...

   Entramos na Cheer e quando fui entrar no banco do motorista, Luke me impediu dizendo:

- Não, deixa que agora eu assuma.

   Com cara de dúvida, sem ter a mínima idéia de onde meu lindo (gato, gostoso, cheiroso...) melhor amigo estava me levando, perguntei:

- Para onde estamos indo Luke?

- Ué, voltando para o meu trailer, para onde mais iríamos? – ele disse.

- Eu preciso voltar para casa. Mamãe deve estar preocupada. Estou fora o dia todo.

- Ah, não tem problema. Porque você não passa a noite aqui comigo? Como nos velhos tempos... Hmm, em relação a sua mãe, deixa que eu fale com ela. Sabe como é, sou o queridinho dela desde os três anos. – disse Luke todo convencido.

   Bastou perguntar se eu gostaria de passar a noite com ele, que nem precisaria da aprovação da minha mãe.

(...)

   Estávamos chegando ao trailer quando meu celular tocou, era minha mãe, e pelo tom não parecia nada feliz.

“Rachel Julies, posso saber onde você está?” perguntou mamãe.

- Estou em Los Angeles, com o Luke, eu pedi para Yô te avisar.

“Yô? Quem?”

- YOLANDA MÃE! A nossa governanta está lembrada? – Perguntei ironicamente.

“Para de ser grossa Rach, e volte logo para ca...”

   Nessa hora, Luke pegou o telefone de minha mão, sem dar possibilidades de resposta para a fera do outro lado da linha.

- Ah, oi Vicky tudo bem? É, estou com ela sim, e gostaria de saber se ela poderia dormir aqui... Você sabe, está tarde e ficaria preocupado se ela fosse embora sozinha, tendo que pegar estrada.

   Luke fez aquela de vencedor, aquela ironia me irritava, mas ao mesmo tempo não via a hora dele desligar o telefone e dizer que minha mãe havia deixado.

- Ta, tudo bem, compreendo que a senhora não deixa – disse Luke.

   Senhora? Como assim senhora? Ele nunca a chamou de senhora, é as coisas realmente mudaram e vão tornar a mudar...  E como assim ela não deixa? Seria a noite da minha vida.

- Não acredito que ela não deixou, ela nunca me entende, estou de férias, não te vejo faz tempo, eu nem...

- Shhh! – ele me interrompeu colocando os dedos em meus lábios. – Segue o papai aqui meu bem. Acha mesmo que ela não deixaria você ficar aqui, ainda mais comigo, o lindo e mais desejado LUKE MALORY de toda Hollywood? – disse ele dando ênfase em seu nome.

   O encarei boquiaberta. FILHO-DA-MÃE!

- NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO! – praticamente gritei em seu rosto.

- Mas... Você não gostou da idéia de passar a noite aqui comigo? – perguntou cabisbaixo.

- N-não, não é isso! – me apressei. – É que... Bom, se fosse eu, ela nunca deixaria.

   Luke deu de ombros e saiu com o nariz empinado.

- Vamos entrar que está frio, minha estressadinha. – disse puxando meus ombros.

   Por fora, eu era a pessoa mais normal do mundo, já por dentro... Meu coração rodopiava, soltava fogos de artifício e dançava Macarena.