Acordei com uma mordida de leve em minha mão. E depois mais forte. Abri os olhos.

- O.k, já vou buscar a comida! – disse me levantando e caminhando para a dispensa. Coloquei a comida, a água limpa, troquei o jornal e beijei cada um deles.

   A campainha tocou. Abri a porta só colocando a cabeça para fora. Luke.

- Pois não? – perguntei.

- Bom dia! – disse entrando seguido por uma perua platinada.

   Olhei incrédula para Luke. Como ele pode? Mancada!

- A que devo essa presença maravilhosa numa manhã ensolarada de sábado? – perguntei ironizando ao máximo.

   Petrova Feelings revirou os olhos e sentou em um dos sofás listrados.

- É feito de couro de vaca. – disse eu. Ela mudou, foi se sentar em uma cadeira de palha. – Cabelo humano. – ela mudou novamente ficando em uma das cadeiras da cozinha. – Essa nem falo. O estofado é feito de órgãos de ovelha com couro de porco e a madeira foi envenenada por causa dos ratos, baratas e cobras. Ah, falando nisso, tinha um rato dando a luz onde você tá sentada! – zoei com ela.

   A fresca resolveu ficar de pé mesmo.

- Nós vamos ou não velejar? – perguntou ela sem paciência.

- Claro, se a Barbie platinada esperar, acho que sim.

   Luke segurou o riso muito mal e acabou escapando. Ele fingiu uma tosse quando ela olhou para ele.

- Sou alérgico ao couro da vaca. – mentiu.

   Rachel 1 x 0 Barbie Vagaba.

- Ah, então você é alérgico a ela? – perguntou Petrova provocando.

   Luke arregalou os olhos dizendo “Ferrou!”

- A mim? Mas a única vaca que eu vejo aqui nessa sala é você. Afinal, você é a que está mais perto dele. – dei de ombros.

   A lambisgóia se calou e ficou sentada ao lado de Luke.

   Subi rapidinho, coloquei o melhor biquíni que eu tinha, que era maravilhoso, peguei um shorts branco e uma bata azul, avisei minha mãe para tomar conta dos meus filhotes e desci.

- Vamos? – perguntei.

- Você vai assim? – perguntou Petrova “lambisgóia azeda” Feelings.

- Não, vou com uma roupa que está lá em cima. Quer ver? – zombei dela.

   Não quis dividir o carro com nenhum dos dois, então, fui com minha banheira vermelha mesmo. Chegando lá, não vi nenhum iate, só a mesma praia de sempre e com as mesmas pessoas de sempre... Uepá! Tem um enxame de pré-adolescente correndo para cá!

- Ai, meu Deus! – berrou a loira aguada se escondendo atrás do namorado.

   As meninas se aproximaram e começaram a gritar seu nome desesperada. A gritaria estava enchendo meu ouvido. Dei um assovio que deve ter sido ouvido na China e todos ao nosso redor pararam para olhar.

- PÁRA PELO AMOR DE DEUS! Se quiser uma foto, autógrafo, beijo e sei lá mais o que, façam fila! – ordenei.

   Luke nem ligou pelo que eu fiz, mas a platina, ficou me encarando com ódio! Louca!

   Depois de vários autógrafos e fotos, subimos no iate. Puxa, aquilo é um navio, não um iate. Tentei não ligar. Fiz várias amizades, tomei um pouco de sol, nadei no mar, aprendi a velejar... Foi um dia produtivo.

   Quando acabou a viagem, Jeremyah disse que gostou de mim e que esperava me ver mais vezes lá com o pessoal.

   Dei seta ao ver o Wal-Mart aberto. Compramos só porcaria que a lambisgóia não gosta tipo, M&M’s, aqueles doces que parecem artérias coloridas, aquelas carnes com pimenta, chiclete, Milk-shake...

   Entramos em minha casa e ficamos sentados no corredor dos quartos. Por algum motivo, Petrova pediu um taxi para casa e foi embora.

- Porque ela? – perguntei enquanto tentava acertar o m&m na boca de Luke. Ele pegou no ar e apoiou a mão em uma pilha dos perdidos ao seu lado.