As Estrelas do Amanhã escrita por Casty Maat


Capítulo 3
Atena


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que essa fic foi originalmente postada no FF.net



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Entrei na casa de Libra, minha mais nova morada e fui logo para o quarto e a primeira coisa que fiz foi colocar o retrato de minha irmã na mesinha-de-cabeceira. Algumas coisas eu guardei e outras não tirei da mala, já que amanha já iria viajar, voltar ao Brooklin.

Eu fui tomar um banho e me vestir para a festinha e quando saí encontrei um bilhete que dizia para irmos com a armadura.

-Ricky...

Era a voz da Lira. Fui até lá, eu ainda estava com uma camiseta simples e calça jeans. Ela já vestia sua armadura de ouro, a reluzente armadura de Virgem.

-Posso entrar? – ela me perguntou.

-Claro, acho que ainda não me sinto dono daqui.

Ela adentrou ao salão de minha casa e começou a falar.

-Obrigada por me defender, pedir para esperarem por mim... Nunca ninguém fez isso por mim.

-Acho que teria feito.

-Não quando não conheço. Infelizmente fui criada num meio um pouco egoísta. Agradeço por também me ensinar a ser boa. – disse ela.

Fiquei sem palavras, antes de poder dizer algo ela virou-se e saiu correndo.

Estávamos chegando. O olheiro me guiava até o Santuário, estávamos perto do portal.

-Esta é sua nova morada, senhora.

-Peço que não me chame assim, me chame pelo meu nome, Estrela. Esta história de "Atena", "senhora" está me incomodando. – disse.

Ele assentiu com a cabeça. E continuamos a entrar. Ele continuou a conversa:

-Hoje é o dia da entrega das armaduras. Acho que você ainda chega para a festa de boas-vindas.

-Eu acho que não entendi. Armaduras, cavaleiros... É tudo muito confuso. – murmurei.

-Tudo será explicado... Ainda há tempo. – ele me respondeu.

Eu estava andando pelo Santuário, já trajando minha armadura sagrada, para achar o local da tal festa, quando vi uma menininha chorando.

-O que foi?

Ela levantou os olhinhos brilhantes e cheios de água para mim.

-Ele quebrou a patinha. – disse mostrando o cachorrinho, um filhotinho de vira-lata.

-Onde tem bambu aqui?

Ela me apontou uns arbustinhos e fui até lá e cortei um pedacinho e dividi ele em dois. Voltei para lá e perguntei:

-Qual patinha ele quebrou?

-Esta, senhor cavaleiro.

-Segura delicadamente que vou por esse bambu aqui. – puxei a fita que amarrava meu cabelo longo e castanho escuro. Segurei o bambu e amarrei a fita para prender os pedacinhos. – Agora é só não deixar ele tocar o chão por uns três meses.

-Obrigada, cavaleiro. – respondeu a menina com um sorrisinho.

-Não foi nada... – ela me abraçou e me beijou na bochecha e saiu com o cachorrinho no colo.

-Você parece gostar muito de animais, Haku.

Era o Nami. Ele estava também trajando sua armadura.

-Acho o desenho da sua armadura mais bonita que a minha... – ri.

-Ah, a sua não é tão ruim. Esses chifres são um pouco grandes.

-Já achou o local da festa? – ele fez um "sim" com a cabeça. – Então vamos juntos, daí podíamos conversar, não é?

E saímos dali conversando.

O olheiro me levou até local da festa e vi vários rapazes com coberturas douradas como o do rapaz com quem sonhei anteriormente.

Um deles, com um elmo que parecia terminar nuns nozinhos e um coma ponta fina como a agulha de um escorpião me olhou e deu uma risada e levantou o dedo indicador e como se algo digital se formasse e apareceu uma unha comprida e vermelha.

-Acho que vou zoar um pouco. – murmurou ele. – AGULHA ESCARLATE (Scarlaty Needle)!

Vários fios vermelhos vinham em minha direção. Um rapaz pulou na minha frente e me defendeu com um escudo em seu braço. Parecia com a armadura que vi em meu sonho.

-Gibson, se não fosse por mim, você teria acertado a menina!

-Olha aqui, ô loirinho, eu não ia atingir ela com minha Agulha Escarlate, só ia dar um susto. – respondeu o menino que me atacara.

-Que susto, não? Tanto que atingiu meu escudo... – ele se virou para mim. – Você está bem, senhorita?

Quando vi seu rosto, me assustei. Era o garoto que vi em meu sonho. Ele também me olhou assustado. E então começou a situação engraçada, pois falamos as mesmas coisas ao mesmo tempo:

-Eu já te vi em algum lugar!

-Você apareceu no meu sonho!

-Estava vestindo uma armadura!

-E estava todo ferido... – falei.

-E você estava chorando... – ele disse.

Foi aí que nossas falas se desencontraram. E começamos a rir sem motivo. Os outros rapazes nos olhavam sem entender. E então chegaram mais dois, que entenderam menos ainda. Um dos que chegaram, com cabelo liso e longo fechou a cara e saltou correndo atacando algo atrás da pedra.

-ELEVAÇÃO DA ENERGIA ESPIRITUAL (Sekishi ki)!

A pedra se quebrou e três garotas escondidas apareceram.

-Ai, agora deu problema! Eu devia ter segurado vocês! – disse uma voz, que para mim era muito conhecida.

-Carol? Salete? Felícia? – indaguei.

-Atena, elas invadiram o Santuário, você deve dar uma punição! – me disse o olheiro.

E num coro único, os jovens com armaduras douradas disseram espantados:

-ATENA!

-Elas são minhas amigas... Devem ter me seguido até aqui... Como clandestinas, né?

-Foi idéia da Felícia! – gritou Salete, apontando para a loirinha.

-E você ajuntou, Salete. – retrucou Carol.

As meninas olharam para Carol, com certa malicia:

-E você, santinha? Por que se meteu sabendo que ia levar um super ferro do seu pai?

-Eu... Eu não... Eu não sei! – disse ela, gaguejando, deixando cair um papel.

Felícia pegou o papel e viu o desenho de um rapaz. Carol cozinhava e desenhava maravilhosamente.

-Wow! Já sei por que! Veio procurar esse rapaz, hein, Ca?

Carol pegou o papel com uma grosseria que nunca vi nela e ficou vermelha.

-Não sou uma paqueradora como você Felícia! Meu pai já me escolheu um noivo e não posso fugir desse compromisso! – e saiu correndo sem direção. O rapaz que quebrou a pedra saiu atrás dela.

-Bom, fiquem para festa vocês também. Vou visitar minha família. – disse o olheiro saindo.

-E Carol? – indaguei.

-O rapaz que saiu correndo, o Haku vai traze-la. É uma boa pessoa. – acalmou-me o rapaz que me salvou. – Posso já convida-la para uma dança, senhora Atena?

Eu corri atrás daquela menina, que saia assustada. Ela tropeçou numa pedra e caiu. Antes que ela voltasse a correr, peguei em seu braço.

-Me larga, você quase me matou! – ela gritou.

-Desculpa, não foi por mal. Pensei que era um inimigo...

Ela me olhou nos olhos e sua boca tremia.

-V...Você... – balbuciou. – Você tem olhos maus...!

-Como? – indaguei.

-Não essa carcaça. É alguém aí dentro que me assusta. – disse ela.

Arregalei meus olhos. E segurei ela mais de leve...

-Menina... Desculpe, eu não queria te assustar.

-ME LARGA! – ela gritou e no susto acabei por beija-la.

Ela se assustou e no fim ficou calma fisicamente, mas reparei que ela tinha se assustado muito com minha ação.

-Er... Me desculpa, eu... eu... – balbuciei, vermelho. – Vamos voltar, Atena está preocupada com você.

E fomos andando, devagar.

-Acho que sei o que você viu... Deve ter visto minha vida passada dentro de mim... Ele era mal. – disse.

-Você não devia ter feito aquilo! – disse ela irritada. – Eu tenho um noivo, que meu pai escolheu.

-Seu pai escolheu teu noivo? Isso é muito ridículo. Como vai amá-lo? – a indaguei.

-O amor se constrói com o dia. Foi assim que eles se casaram.

-Pena que você pense assim...O amor nasce de dentro, sem motivo. – murmurei.

-Você disse "vida passada"? – ela me indagou. – Vidas passadas não existem. Só existe uma única alma para um único corpo.

-Você não acredita em reencarnação? Acho estranho pessoas assim, mas existem realmente. – parei e observei a garota, que me olhava ainda com raiva. Enrubesci. – Desculpe, é que sou de uma religião que crê, talvez você não seja. Minha família cuida de um templo importante no meu país, o Japão.

-Japão... Uma terra que me lembra coisas, mesmo sem ter ido até lá. Às vezes sonho com um casamento lá.

-Você gostaria de se casar lá? – perguntei.

-Não é isso! – ela me olhou mais furiosa. – Eu sonho, do verbo "sonhar", ato de "imaginar" histórias dentro da mente num sono. Entendeu agora?

Ela voltou a olhar baixo e murmurou algo, que achou que era só que ouviu, mas eu também escutei:

-Casamento... Humpf, não existe amor sem motivo.

Estávamos dançando. Atena sorria, e não parecia aquela jovem que nos meus sonhos chorava ou se entristecia. Mas sim, era ela sim!

-Qual o seu nome?

Ela me perguntou, enquanto puxava para fora do salão. E eu atrapalhado, a seguia para a viela que passava frente à entrada.

-Ricky, cavaleiro de ouro de Libra.

-Não esse nome que vocês usam... Seu nome mesmo.

Me espantei com a atitude de Atena. Seria impressão ou ela não queria se fazer de Atena e sim, como uma garota normal do dia-a-dia?

-R... Ricky Valley...

-Maria Estrela Faria. Prazer! – ela me sorriu, amavelmente.

Chegamos a parte onde a confusão se armou. Ela se sentou nos restos da rocha quebrada por Haku minutos antes.

-De fato a frase da Saori era verdade... – ela falou, pensando alto.

-Frase?

-"As estrelas de Atena brilham mais belas no Santuário dela!" A frase que me trouxe até aqui. – então ela olhou para mim. – Sua imagem me deu mais coragem para procurar o olheiro do Santuário.

-E a sua para completar meu treinamento... – me ajoelhei, ao seu lado. – Fico feliz em servir uma Atena tão gentil e bonita como você...

Eu olhei para o céu, em busca da minha constelação. Dizem que para um cavaleiro, quando está em perigo ou em extrema felicidade, nossa constelação brilha intensamente, e a minha brilhava assim. Meu coração acelerou e quase perdi o ar.

-Você sabe onde eu vou ficar? – perguntou ela caindo nas minhas costas. – Estou com sono.

-Mal anoiteceu. – sussurrei. – Ah, é mesmo, você veio de outro lugar, problemas de fuso. Venha, vou leva-la até o Grande Mestre, acho que ele vai querer vê-la e...

Ela adormeceu, deitada nas minhas costas. Senti meu coração acelerar mais ainda e olhei numa pocinha que meu rosto estava vermelho.

Retirei Atena de minhas costas e coloquei-a no meu colo. E a carregando assim, a levei pelas Doze Casas.

-Me deixa sozinha!

Ela bravejou de novo.

-Você me disse que tinha uma festa de confraternização, não era? Vai, eu quero ficar só. – e terminou, me empurrando.

-Nossa, que foi toda essa grosseria? – era Nami, que vinha até nós.

-Esse pervertido me beijou! – disse aquela amiga da Atena, espumando de raiva.

E eu, todo vermelho, respondi na mesma moeda:

-Olha aqui, eu já disse que foi sem querer e já pedi desculpas e a... – não consegui terminar e ela me meteu um tapa na cara e saiu dali batendo os pés.

-Cara, que encrenca que foi arranjar, hein?

-Nami, ela parece enxergar algo diferente de mim, que eu mesm...

Ele me bateu pelos cotovelos:

-Heh, você se faz de tímido, hein, garotão? Come pelas beradas, mas no fundo ta sempre afim de ficar com alguma garota! – disse Nami, gozador.

-Ei, não foi assim... E...E...Eu não sou assim não!

-Ah, ta todo vermelhinho! Hahahahahahaha!

-ELA ENXERGOU DE ALGUMA FORMA O MÁSCARA DA MORTE!

Com esse grito desesperado, Nami acordou para a vida.

-O que você disse? – disse ele, sem entender direito.

-Nós, os novos cavaleiros de ouro, somos a reencarnação dos anteriores. No meu caso, minha vida passada era...

-Máscara da Morte de Câncer... E eu, Mu de Áries... – murmurou ele. Rapidamente de uma feição magoada ele sorriu e disse. – Ora, você é diferente, cara! E se está gostando dela... – ele fez uma cara maliciosa. – Tem minha ajuda para conquista-la!

-Eu não quero ficar com ela! Aliás, seria bom se nenhum de nós tivéssemos namoradas, por que... – fiquei triste em lembrar deste detalhe. – vamos enfrentar duras batalhas e podemos vir... A falecer.

Ficamos a olhar o chão. Minha fala fez com que nós saíssemos de vez daquela festa e retornar o mundo real.

Estava acabando de sair de Peixes, quando ela acordou.

-Ui, acordei com esses solavancos. Pode me descer?

Coloquei-a no chão e segurando sua mão, terminei de subir as escadarias ao recinto do Mestre. Os guardas nos deixaram passar e no salão, vi os senhores (entre eles, meu mestre e o Grande Mestre do Santuário), ajoelhei-me respeitosamente.

-Atena acabou de chegar e vim traze-la.

Ela entrou e andou um pouquinho até o meio do salão e começou a observar o local com admiração.

-Eu queria saber onde vou dormir... Ainda não me habituei ao fuso e estou morta de sono e de cansaço pela viagem. – disse ela, muito tímida.

-Hyoga, você pode levar Atena até seu quarto? – falou o Grande Mestre.

Nessa hora, César entrou correndo:

-Meeeeeeeeeestrinho, aquele guri de Escorpião ta arranjando encrenca, visse? Ele ta discutindo com o Andrey e o negócio ta feio... Como num to acostumado, vim ver o que é para fazer.

Sai correndo, antes de sair, fiz uma colocação.

-Aquele Gibson curte uma encrenca, colega. Ele ta provocando todo mundo aqui, ainda não reparou?

-Espere!

Era Atena. Ela parecia ter desistido da idéia de ir dormir.

-Vocês dizem que sou a deusa Atena, não é? E que vocês são meus cavaleiros, certo? Será que ele vai me obedecer?

-Pelo que reparei no Gibson, não sei... – respondi.

Ela ficou séria e correu até mim.

-Vou com você!

Continua...


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