As Estrelas do Amanhã escrita por Casty Maat


Capítulo 2
Santuário




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Eu tinha conseguido! Consegui! Sim, agora não era somente Ricky Valley... Agora era Ricky de Libra. A euforia do fim do treinamento e a saudade bateu no peito. Ah, como sentia falta da minha pequenina. Da minha irmã.

-Ricky, está pronto? – meu mestre me perguntou.

-Quase... – respondi.

Passei a minha mão no tererê que minha irmã fizera antes de eu ir para Rozan. Desde aquele dia nunca desmanchei ou mexi. Prometi desfaze-la só quando a visse de novo. Aquela era a lembrança que guardava em meu corpo e na minha alma. Peguei minha mochila de roupas e de eletrônicos. Peguei minha mini-CPU e o meu computadorzinho e fomos nós, eu e meu mestre.

-Santuário... – murmurei. – O que me aguarda...?

-Certamente muitas batalhas. Ou talvez, tenha a sorte de nunca entrar numa, rapaz.

Meu mestre me respondeu. Tinha pensado alto, mas ele me enterrou os pés no chão e me mostrou a realidade do fato.

-Então vai haver uma cerimônia, onde receberei minha armadura? – indaguei, nervoso.

-Sim... Ah, até mesmo no mundo fabuloso dos cavaleiros existe a burocracia. Hehe...

-Será que depois... Posso voltar a minha terra?

Disse. De forma curta, mas disse. Não queria e queria dizer isso, mas agora tinha falado.

-Se Seiya, o Grande Mestre te permitir...

Fiquei angustiado. Será que nunca mais veria minha irmãzinha? Ele percebeu e me consolou:

-Se ele não o fizer, posso puxar as orelhas daquele tonto. – ele riu. – Não acredito que anos o tenham feito muito duro, sempre foi um molecão.

Me senti mais aliviado. Agora podia respirar, enquanto embarcava num navio, rumo ao Mediterrâneo.

Numa saleta, alguns garotos estavam reunidos, parecendo ansiosos. Bom pelo menos eu assim estava para receber minha armadura. Minha terra natal não era tão longe da onde treinei, mas da Grécia sim. Contei quantos éramos, e faltava. Ali estavam nove dos doze novos santos dourados, entre eles, eu, Nami de Áries.

Puxei conversa com um deles. Ele tinha cabelos negros um pouco abaixo dos ombros. Negros como noite, lisos como o fio usado no tear.

-Oi, qual o seu nome?

Ele me olhou e sorriu:

-César, cavaleiro de Aquário. E você?

-Nami... de Áries.

Ele deu outro sorriso. E olhou para o teto:

-Ouvi falar que o outro cavaleiro de Áries era de uma raça diferente... Meio mitológica. Você é dessa raça? – ele me indagou.

-Está falando dos lemurianos? Descendo deles, já não possuo um "sangue puro", como se dizem... Meu tatatatatatatatatata e sei lá quantos "tata" foi aprendiz desse cavaleiro que falou, o Mu de Áries. Seu nome era Kiki. – falei.

-Uh, um lemuriano? Mas que coisa...

Um de nós murmurou. Tinha cabelos curtos, castanhos médios. Seus olhos faiscavam, um brilho estranho e um cosmo provocante. Estava encostado na parede, de braços cruzados.

-Então descende desse povo? Se minha armadura vier com defeitinho, sei com quem procurar ajuda. Claro, se esse seu "sangue NÃO puro" não te atrapalhar...

Ele insinuou que talvez não fosse um descendente. Perguntei:

-E você, quem é?

Ele caminhou até eu e César, e com o sorriso mais maléfico possível respondeu:

-Gibson, cavaleiro de Escorpião.

-Ei, se todos já estão se apresentando, vamos nessa! Sou Mushu de Leão!

Um garotinho um pouco mais baixo se aproximou de nós. Ele parecia uma criancinha.

-O que é isso? Quem deixou esse pirralho entrar? – indagou Gibson.

-Eu sou o novo cavaleiro de Leão, eu sou o Mushu!

Gibson deu uma risada e completou a sua ironiazinha:

-Era só o que faltava: temos dois pirralhos, Mushu de Leão e Nami de Áries...

-Qual o problema de eu ter 10 anos? – indagou Leão. – Você se acha tanto só por que é mais velho?

-Cresça e apareça, bebezinho!

Outro se aproximou de nós... Ele falou com Gibson.

-E então, "Senhor mais velho", quantos anos tem, hein?

Este último lembrava a Mushu, só mais velho.

-Dezesseis. O que isso tem haver, hein, "Senhor sabe-tudo"?

-Então não se ache o mais velho e baixe sua bola, pois tenho DEZESSETE!

Gibson ficou quieto. Ele voltou ao lugar onde estava e colocou um óculos estranho, de lentes de um roxo tão ousado quanto suas ações...

-Tudo bem com vocês, Mushu... Áries?

César se espantou:

-Vocês dois são irmãos?

Eles responderam um "sim" com a cabeça.

-Mestre...

Estávamos chegando. Durante toda viagem fiquei quieto.

-Por que tem tanta certeza assim de que sou a reencarnação de seu mestre?

Ele me olhou com certo espanto. Suspirou e por fim me respondeu...

-Não sei.

Foi curto, simples e objetivo. Mas ele quis completar.

-Existem coisas, jovem, que palavras ou ações não explicam. Como o amor...

-Amor? – indaguei.

Ele me olhou curioso:

-Nunca se apaixonou por ninguém?

Balancei a cabeça em negativa. Levantei minha cabeça e olhei no fundo dos olhos do meu mestre.

-Um dia, você vai encontrar um grande amor... Tenha certeza disso.

Ele abaixou a cabeça. O chapéu cobria-lhe a face. Teria ele se lembrado de sua falecida esposa?

Lembrei daquela menina que chorava por mim no meu sonho. Fechei os olhos para que o anjo se materializasse na minha mente. Ela vinha até mim e me abraçava. E eu retribuía esse abraço e sentia meu coração acelerar. Droga, estaria eu me apaixonando por uma ilusão?

-César? Isso é nome ocidental, e muito usado na América do sul... Esse sotaque é brasileiro... Certo? – um rapaz um "pouquinho" grande de cabelos negros também.

-Sim... Você acertou, "visse"! E você também tem um sotaquezinho. Argentina acertei?

-Sim, sou Amajones.

-Prazer, Amajones...

Senti que as coisas melhoraram depois da primeira briga que tive com um de nós, o Gibson. Mas ainda faltavam mais para se apresentar.

-E você?

Ele virou seu rosto em nossa direção assustado, e muito tímido falou:

-H... Haku...

-Haku de quê? – insisti.

-Câncer.

-Era só o que faltava de novo... De um assassino para um bocó tímido. Esse mundo está perdido... – Gibson nos atacava de novo.

Haku olhou Gibson, com muito mais espanto do que para nós... E nos indagou:

-Assassino? Eu não entendi.

Suspirei. E então respondi:

-Ah, seu antecessor era o Máscara da Morte, tido como um assassino. Entendeu?

-Li, Mushu, quanto tempo!

Um rapaz bem alto e magro, com cabelos prateados até a cintura e uma roupa um tanto colada e moderna chegara a sala. Mushu e seu irmão, Li correram até ele.

-Andrey, já faz três meses que não no víamos. Onde esteve? – perguntou Li.

-Cabo Sunion, completando meu treinamento. Ah, é incrível como o ser humano é tão imprestável, o local agora está com início de poluição!

César gritou:

-Um sotaque desse é de russo! Você é russo, não é?

Andrey riu:

-É, sou. Saí de lá com 14 anos para conseguir a armadura de Gêmeos.

-Boa imigração a sua, cara! Eu, Nabir de Capricórnio, saí da Turquia para a Espanha. O clima só deu uma esfriada...

-E eu sai perdendo.

Uma voz estava no outro cantinho, escondido, com um sobretudo preto e cabelos castanhos escuro, encaracolados e uma rosa nas mãos se manifestou:

-Saí da minha bela Paris para ir para Groelândia... Claude de Peixes, prazer.

Pensei que todos estavam reunidos daí, César falou:

-Estão faltando dois ainda!

Acabamos de passar o portal do Santuário. Uns guardas vieram pegar nossas malas e falaram para seguirmos pelas doze casas. Meu mestre me guiava, já que ele conhecia este local.

Após um certo tempo ele parou. Estávamos em Peixes. Ele falou:

-Siga até naquela construção, que é a área do mestre. Os guardas te indicaram a sala onde estão seus colegas.

-Sim. – e comecei a subir as escadas de novo.

Cheguei ao local e os guardas me guiaram até a saleta onde estavam os outros cavaleiros.

-Huh, olha um dos atrasadinhos aí...

-Gibson, tenha dó, meu! Sabe-se lá o que o cara enfrentou para ter se atrasado?

-Ai, Nami, você é bonzinho demais... Vai perder a vida desse jeito.

Me aproximei do grupo falei para o tal de Nami:

-Não se preocupe... Quando morava na minha terra natal, eu vivia levando bronca por chegar atrasado no colégio... – ri. – E também estou merecendo uma bronca. Sou Ricky, cavaleiro de Libra.

-Nami de Áries.

-Amajones de Touro.

-Andrey de Gêmeos.

-Haku de Câncer.

-Mushu de Leão.

-Ah... Gibson de Escorpião... Unf.

-Li de Sagitário.

-Nabir de Capricórnio.

-César de Aquário.

-Claude de Peixes.

Todos eles se apresentaram e com todo o jeito que aconteceu, rimos. Menos Gibson, que parecia estar sempre irritado.

-Está faltando o cavaleiro de Virgem! – disse.

-O que será que houve? – indagou Nabir.

Um guarda veio nos avisar para entrarmos na sala do Grande Mestre. Todos o seguimos, preocupados com o cavaleiro de Virgem, que ainda não havia chegado.

O Grande Mestre estava sentado no seu trono. E ao seu lado estavam três pessoas, entre eles, meu mestre. O Grande Mestre se levantou e disse:

-Bem vindos, novos cavaleiros de Atena.

"Hoje, novos cavaleiros irão surgir para proteger Atena e o nosso mundo. Vocês representarão o Zodíaco de Ouro, a elite dos cavaleiros e vestirão as armaduras de ouro, as mais importantes de todas as 88 armaduras dos santos da deusa Atena.

"E com o poder que a deusa Atena me conferiu, lhes entrego as armaduras de ouro, como prova de que é um cavaleiro de Atena."

-Sem querer ser imprudente, Grande Mestre... Mas um de nós ainda chegou. – atrevi-me a falar.

Escutamos uns barulhos de coisas se quebrando, e de alguém correndo. Uma mulher com uma máscara dourada no rosto, com um desenho de estrela na bochecha esquerda acabou caindo no chão próxima a mim.

-S...Sinto muito pela demora, Grande Mestre...

-Ei, o que é isso? Uma mulher aqui? Isso é uma ofensa para todos os cavaleiros de Atena! – reclamou Gibson.

Aquela mulher se levantou e meteu um belo soco em Gibson que voou um pouquinho e por fim a gravidade o puxou ao local onde deve ficar tudo o que está na Terra.

-EU SOU UM DOS SANTOS DOURADOS, LIRA DE VIRGEM! – disse ela gritando.

Ouvi Haku sussurrar algo com Mushu:

-Ai, vamos ter uma colega "Naru"...

Gibson se levantou e voltou ao seu lugar e falou para Lira:

-TPM!

Não sabíamos a cara que Lira fez pela máscara, mas é certo que não foi das melhores!

-Sinto muito, Grande Mestre pela minha má educação... Não tolero gente besta como esse cavaleiro e sempre acabo desse jeito.

Dentro da máscara de mestre, ele ria, achando graça da situação. Um dos velhos que estava ao lado dele colocou a mão na testa e balançava em negativa, e outro ria junto com o Grande Mestre. Meu mestre apenas deu um sorriso. Então, o Grande Mestre continuou:

-Já que estamos aqui, então vamos entregar as armaduras:

"Cavaleiro de Áries... Nami Surya".

"Cavaleiro de Touro... Amajones Nellys".

"Cavaleiro de Gêmeos... Andrey Ivanovich".

"Cavaleiro de Câncer... Haku Kamino".

"Cavaleiro de Leão... Len Mushu".

"Amazona de Virgem... Lira Shalon".

"Cavaleiro de Libra... Ricky Valley".

"Cavaleiro de Escorpião... Gibson White".

"Cavaleiro de Sagitário... Len Li".

"Cavaleiro de Capricórnio... Nabir Hassid".

"Cavaleiro de Aquário... César Augusto de Tavares".

"Cavaleiro de Peixes... Claude Depadieur".

Então o Grande Mestre no permitiu ir para as nossas casas arrumar tudo e depois iríamos para uma festa preparada para comemorações. Todos foram, menos eu.

-Mestre, desculpa, mas eu poderia regressar a minha terra, estou preocupado com minha irmã, Elza.

O Grande Mestre se aproximou de mim e apoiando as mãos nos meus ombros falou:

-Não. Não pelo menos até que se divirta um pouco nesta festa... Vá amanhã, sei que a saudade é grande, mas divirta-se um pouco.

O que parecia se lamentar pela bagunça de Lira falou:

-Olha que é palavra de quem sabe o que diz, viu?

Então corri para a casa de Libra arrumar minhas coisas. Teria uma festa, coisa que não ia desde que fui para China.

Continua...


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