Was Never Enough escrita por Yunaangel, Sara Caetano


Capítulo 10
Anything For You


Notas iniciais do capítulo

Como prometi, mais um capítulo (gigante) hoje ^^
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/110211/chapter/10

10. Anything For You

I'd give anything to give me to you

Can you forget the world that you thought you knew?

If you want me

Come and find me

Nothing's stopping you so please release me

I'll believe

All your lies

Just pretend you love me

Make believe

Close your eyes

I'll be anything for you

Eu daria qualquer coisa para me entregar a você

Você pode esquecer o mundo que você pensava que conhecia?

Se você me quer,

Venha e encontre-me

Nada vai parar você então, por favor, liberte-me

Eu acreditarei

Em todas as suas mentiras

Apenas finja que me ama

Faça acreditar

Feche seus olhos

Eu vou ser qualquer coisa para você

O caminho até a casa da família Carter foi longo e silencioso, apesar da casa ser perto. O tempo parecia não passar e nós duas não trocamos uma palavra, acredito que por puro nervosismo.

Parei o carro na frente da linda casa que eu já conhecia. Lucy abriu a porta e desceu, mas eu me mantive imóvel. Mal conseguia respirar.

- Sophie? – ela me olhou preocupada.

- Não quero ir. – choraminguei, os olhos já se enchendo de lágrimas.

- Por que não?

- E se ela estiver aí?

- Se ela estiver aí você bate nela de novo até ela resolver sumir. Você se arrumou toda, o Matthew precisa te ver assim! – ela me incentivou.

- Lucy, eu estou ridícula! Ele sabe que eu não me visto assim e sabe que eu não sou assim... E vai saber que estou desse jeito por causa dele também.

- Que saiba! Saiba e veja o que está perdendo. Vamos Sophie.

Depois de muita insistência eu saí do carro, tremendo. Lucy praticamente me puxou até a porta da casa e tocou a campainha, fiquei ainda mais nervosa.

A porta se abriu e logo deixei de ficar com medo. Eu continuava tremendo e até mesmo senti algumas lágrimas caindo dos meus olhos, mas dessa vez por puro ódio. Parada na minha frente estava o motivo da minha vida ser esse inferno tão grande: Kaitlin Winckler, que já fez logo seu sorriso de deboche ao me ver.

- Olha quem veio fazer uma visitinha. – ela provocou.

- Olha quem não vai mais ter dentes se não parar com esse sorriso estúpido. – retruquei.

Kaitlin deu uma risada, mas pude perceber que estava um pouco nervosa. Ótimo, eu tinha conseguido assustar um pouquinho essa piranha.

- Que roupas são essas, querida? – ela perguntou enojada.

- Está querendo iguais? Porque pelas roupas de favelada que você está usando agora, parece que precisa mesmo renovar o guarda-roupa!

- Roupa de favelada? Minhas roupas são todas de marca, diferente das suas!

- Que legal! Porque é mesmo extremamente legal comprar uma blusinha de 100 reais só porque é de marca quando se pode comprar uma igualzinha por 20. – revirei os olhos.

- Não pedi sua opinião.

- A partir do momento que você está conversando comigo “fofa”, eu falo o que eu quiser. – provoquei.

- Afinal de contas, o que você está fazendo aqui? – ela me olhou irritada.

- Não te interessa. Agora sai da frente logo que tenho coisas melhores pra fazer do que ficar olhando pra essa sua cara de biscate.

- É óbvio que me interessa, se não interessasse não perguntaria! Se veio ver o Matth, ele está muito ocupado, comigo. – ela sorriu.

- Tenho pena dele. – revirei os olhos de novo. – Não quero ver ele, pra mim é outro otário por cair nesses seus truquezinhos ridículos. Vocês se merecem mesmo. Eu vim aqui só pra trazer minha irmã, ok?

Kaitlin olhou para meu lado como se não tivesse notado Lucy antes, depois deu um sorriso maldoso.

- Mais uma Foster otária no mundo? Tsc, tsc.

- Cala a boca! – Lucy disse irritada.

- Queridinha, eu não discuto com crianças ok? Pelos bons modos deve ser a namoradinha do pivete do Kevin. Que meigo, criancinhas namorando! Vai comprar uma barbie que você ganha mais princesinha.

- Deixa ela fora disso Kaitlin. – disse entre os dentes.

- E se eu não quiser? O que você vai fazer?

- Vou te mandar de volta para aquele hospital. Agora sai da minha frente e some da minha vida se quiser continuar viva. – comecei a tremer mais ainda, as poucas lágrimas restantes queimavam meu rosto.

A vadia me encarou com raiva e parecia que ia avançar em mim, mas uma voz familiar chamou seu nome, fazendo-a paralisar e eu também.

- Tenho que ir. – ela disse nervosa e saiu da nossa frente, subindo as escadas correndo.

Lucy começou a entrar na casa, mas me mantive paralisada. Agora as lágrimas tomavam conta dos meus olhos, mal conseguia enxergar.

- Sophie? – ela me olhou nervosa.

Deixei-me cair de joelhos no chão e praticamente me encolhi, chorando, chorando muito mesmo. Nunca havia sentido uma sensação tão ruim na minha vida. Percebi Lucy se agachando perto de mim e senti ela me abraçando, tentando me acalmar.

- Vamos pro banheiro, enxuga esse rosto, retoca a maquiagem e eu te apresento ao Kevin ok? Aquela vadia da Kaitlin ainda vai pagar por isso, eu te prometo. – ela murmurava, com a voz já chorosa também.

Lucy praticamente me arrastou pela casa até chegarmos a um banheiro. Lavei meu rosto e o enxuguei com uma toalha que ela me entregou. Peguei minha maquiagem de dentro da minha bolsa e a repassei exatamente como estava antes.

- Você está bem? – ela perguntou.

- Não, mas vou ficar. Ainda vai me apresentar meu cunhadinho? – tentei sorrir.

- Com certeza!

Lucy me guiou pelos corredores até chegarmos de frente para uma escada. Estremeci. O quarto de Matthew era lá em cima também. Subi a escada muito nervosa, e praticamente obrigada.

Tentei ignorar a porta onde estava escrito o nome dele, mas não consegui. Parei de frente para ela e apenas a fiquei observando.

- O que está fazendo? – Lucy parou ao perceber que eu tinha feito o mesmo.

- Não sei. – murmurei.

- Vamos sair daqui Sophie, vai que ele sai do quarto e dá de cara com a gente.

O que Lucy disse me despertou do meu breve transe, se ele saísse e me visse ali eu provavelmente me mataria logo depois.

Andamos mais um pouco pelo corredor até pararmos de frente para uma porta, igual a de Matthew, mas escrita Kevin. Lucy bateu na porta e percebi que tremia, tive que conter uma risadinha. A porta lentamente se abriu.

- Sim? – o garoto olhou para nós. – Lucy!

- Oi Kevin. – ela disse tímida, quase corando.

O menino se aproximou dela, timidamente também, e deu um selinho nela, que ficou ainda mais envergonhada.

- Ah, oi! – ele me cumprimentou simpático, como se não tivesse me visto antes.

- Oi. – sorri simpática.

- Kevin, essa é minha irmã mais velha, Sophie. – Lucy sorriu.

- A gente se conhece? – ele levantou uma sobrancelha.

- Hm... Mais do que você imagina. Já falei com você no telefone uma vez, apresentaram você na minha classe, eu fugi da escola com seu irmão e bati na namorada dele... É, você já deve ter ouvido falar de mim. – falei zombando, ele riu.

- Você bateu na Kaitlin? – ele perguntou entusiasmado.

- Aham. – sorri.

- Não está afim de bater de novo não? Não agüento mais aquela biscate aqui na minha casa. Meu irmão está extremamente chato desde que começaram a namorar. – ele revirou os olhos.

- Seu irmão é extremamente chato. – menti, ele riu de novo.

- Não acho que você ache isso não, Sophie. – Lucy deu um sorriso maldoso.

- Como assim? – Kevin olhou pra ela, curioso.

Senti vontade estrangular minha querida irmãzinha, mas apenas fiquei em silêncio. Qualquer coisa que eu dissesse só pioraria tudo. Além do mais, ela não seria tão estúpida a ponto de contar pra...

- A Sophie gosta do Matthew! – ela disse sorridente.

- Cala a boca! – dei um tapa leve na cabeça dela.

- Sério? – Kevin perguntou, já rindo.

- Não! – quase gritei.

- Sim. – Lucy começou a rir.

- Quer morrer? – berrei.

- O que está acontecendo?

Nós três olhamos para trás e vi uma garota ruiva, bem bonita, com uma blusa branca regata com um coração prateado no meio, um short bem curto e um all star. Depois de alguns minutos a reconheci como Holly, a “irmã certinha” do Matthew, que parecia não ser tão certinha em casa.

- Holly, ela gosta do Matth. – Kevin disse apontando para mim.

Fiquei corada e tive vontade de sair correndo de lá, mas Holly deu uma risadinha e se voltou para mim, não tive tempo de escapar.

- Sério? – ela me olhou com um sorriso simpático.

- Não! – resmunguei.

- É sim! – Lucy confirmou. – Sophie, não tem problema falar pra eles. Ninguém vai contar pro Matthew. Além do mais, você sabe sobre o Kevin, nada mais justo que ele saiba sobre o Matth.

- E quanto a Holly? – tentei não parecer grosseira, mas não consegui.

- Se eu contar de quem eu gosto você se sente melhor? – percebi que ela estava meio envergonhada.

- Pode ser... Eu acho. – tentei sorrir.

- Luke Martinez. – ela olhou para baixo.

- Luke? Eu sou melhor amiga da irmã dele. – e também ex-namorada, mas melhor ficar quieta.

- Sério? – os olhos dela brilharam.

- Sim. Posso te ajudar com ele se você quiser.

- E eu posso te ajudar com o Matth... Ou pelo menos matar a Kaitlin.

- Feito. – dei um sorriso maldoso.

Nós quatro entramos no quarto do Kevin, ele ficou namorando com Lucy, enquanto eu discutia modos de assassinar Kaitlin com a Holly.

- Kevin, busca um copo de água pra mim? – Holly pediu.

- Agora Holly? Não tinha hora pior não? – ele resmungou.

- Deixa que eu pego. – ofereci me levantando.

- Não! Você é visita. – Holly tentou me impedir.

- Tudo bem. Não vamos atrapalhar o namoro.

Nós duas rimos e o casalzinho corou, ficando em silêncio até eu sair do quarto. Por algum motivo eu estava me sentindo bem novamente, ou pelo menos melhor. Lucy sempre vai ser irritante e vai infernizar minha vida, afinal é o papel como irmã mais nova dela, mas parece que agora poderia ser um pouco mais do que isso, com menos brigas. Kevin é um garoto legal e que, devo admitir, me lembra muito o Matthew. É bom saber que Lucy está namorando um garoto que presta, pelo menos aos meus olhos, é óbvio. Holly também é muito legal, já sinto como se a conhecesse há anos, como conheço Elle. Agora o que faltava era eu me reconciliar com quem mais me importava nessa família... E essa com certeza seria a parte mais difícil.

Não tenho pressa, se for para ficarmos juntos ainda ficaremos, se não for... Um dia eu esquecerei isso. Minha única certeza agora é que se um dia pudermos ficar juntos eu lutarei contra minha família, contra meus amigos e contra qualquer um que tentar me impedir. Ninguém irá arruinar minha felicidade.

Continuei andando distraída pelo enorme corredor até esbarrar em alguma coisa e cair no chão... Ou talvez em alguém.

- Ai! – reclamei ao cair.

- Não olha por onde... Sophie? – ouvi aquela voz zangada tão familiar, logo se normalizando ao falar meu nome.

Com muito medo e esforço levantei minha cabeça e fitei o garoto parado na minha frente. Os cabelos castanhos estavam bagunçados, mas lindos como sempre. Seus olhos verdes me fitavam atentamente, podia me ver dentro deles.

Senti meu coração disparar e uma falta de ar repentina tomou conta de mim. Levantei em um pulo e sai correndo o mais rápido que pude.

- Sophie! – ouvi ele gritar.

Não ousei olhar para trás, se o visse novamente não conseguiria fugir. Corri até a saída da casa, que por sorte estava aberta. Sai correndo pela rua, sem me importar com o que os outros achariam, eu só queria ir para longe de lá, bem longe. Por algum motivo, eu sabia que ele ainda estava me seguindo. Continuei correndo com os olhos fechados para tentar não derramar tantas lágrimas, até que ouvi um barulho alto e próximo de pneu.

Abri meus olhos rapidamente e olhei para um lado, onde um carro já estava quase encostando em mim. Sem tempo para correr, apenas fechei os olhos, mas senti alguém me puxar pro lado pouco antes do carro passar por cima de mim. Cai no chão, junto com meu misterioso salvador.

Levantei-me com esforço, havia ralado o joelho, de novo.

- Droga! – resmunguei.

- É, droga mesmo.

Olhei pro lado, terminando de se levantar também, a suposta pessoa que teria me salvado. Tentei sair correndo novamente, mas ele agarrou meu braço antes que eu conseguisse.

- Qual o seu problema? – ele praticamente gritou.

- Solta, por favor. – disse com os olhos se enchendo de lágrimas.

- Se eu te soltar você vai fugir.

- Não vou, só me solta. – quase implorei.

Ele soltou meu braço, meio hesitante. Pensei em sair correndo, mas não tive coragem, apenas olhei para baixo fitando o chão.

- Você quase foi atropelada.

- Eu sei. – murmurei.

- Por que saiu correndo quando me viu?

- Porque eu estou cansada da Kaitlin e estou cansada de você também. – disse ríspida, pela primeira vez olhando em seu rosto.

Ele ficou em silêncio, parece que eu finalmente consegui fazer o senhor sabe-tudo calar a boca. Dei um sorriso de satisfação, que acredito não ter passado despercebido por ele.

- Que roupas são essas? – ele disse me olhando de cima a baixo.

- Minhas roupas novas. – disse com desdém.

- Sophie. – ele riu. – Isso não faz nenhum pouco o seu estilo.

- Não te perguntei nada idiota. – disse irritada.

- Por que você sempre faz isso? Uma hora está normal, na outra quer me matar?

- Porque eu te odeio! – gritei.

Ele ficou em silêncio novamente, mas dessa vez percebi um pouco de ressentimento em seus olhos, me arrependi um pouco.

- Cansei. – ele disse sério.

Matthew virou de costas para mim e começou a caminhar até sua casa novamente. Por algum motivo estúpido, eu corri atrás dele.

- Cansou do que? – perguntei já ao lado dele, tentando acompanhá-lo.

- De sempre tentar te ajudar. Quer ser a garota certinha que ninguém sabe que existe? Seja! Quer se matar com a Kaitlin sem motivo? Se mate! Quer ser atropelada por um carro? Seja! Quer usar essas roupas só para ficar parecendo ser alguém que não é? Use! Eu não me importo. – ele berrou.

Queria ter dado um tapa bem forte no rosto dele, ou pelo menos ter pensado em algo bom para dizer, mas não, eu tinha que começar a chorar.

Como sempre, não consegui controlar minhas lágrimas que começaram a escorrer pelo meu rosto. Comecei a soluçar e parei de andar. Pensei que ele iria para casa e me deixaria lá, mas ele se virou e parece só então ter se dado conta de que eu estava chorando.

- O que foi dessa vez? – ele disse tentando parecer bravo, mas parecia preocupado.

- Nada. Volta pra casa, a Kaitlin deve estar te esperando. – disse com a voz totalmente distorcida pelas lágrimas.

- Não posso te deixar aqui desse jeito.

- Pode sim. Você não disse que não se importa? Então pode ir embora! Se eu quisesse ser a garota certinha e invisível eu não estaria usando essas porcarias de roupas e nem sequer teria falado com você aquele dia. Quer saber por que eu me matei com aquela vadia da Kaitlin? Por causa de você Matthew, que parece ter sido o único otário que não percebeu isso mesmo ela deixando bem claro. E quer saber? Eu preferia ter sido atropelada por um carro do que ter que ficar vendo você de um lado pro outro com aquela vadia que você chama de namorada. E a última coisa, eu estou usando essas roupas estúpidas que me fazem parecer idiota para chamar a atenção de um otário que nem sequer consegue perceber quando uma coisa é tão óbvia! – gritei, desabafando.

Não sei dizer bem ao certo o que houve depois disso. Apenas senti Matthew se aproximar, puxar minha cintura e me beijar delicadamente, mas ao mesmo tempo intensamente.

Abracei seu pescoço na tentativa de fazer com que não mudasse de idéia, e funcionou. Paramos o beijo pouco tempo depois, ambos com a respiração extremamente ofegante. Meu coração estava disparado e eu não me lembrava nem como falar.

Continuamos extremamente próximos, nos fitando. Ele parecia tão surpreso e assustado quanto eu, apesar dele ter começado.

- Ok... Parece que eu acabo de trair minha namorada. – ele disse nervoso, com a voz extremamente trêmula.

- É... Parece. – minha voz mal saía.

Ficamos em um silêncio um tanto constrangedor. Nós dois apenas fitávamos o chão, com medo de olharmos um para o outro. Meu coração continuava acelerado, mas eu já conseguia respirar melhor.

- Posso te fazer uma pergunta? – ele finalmente quebrou o silêncio.

- S-Sim. – gaguejei.

- Então... Aquilo que a Kaitlin me disse é verdade?

- Depende do que foi que ela disse. – comecei a tremer.

- Você gosta de mim?

Gelei. Senti que ia desmaiar a qualquer instante, mas tentei me controlar. Não precisava passar mais vergonha ainda na frente dele.

- E-Eu... Eu... – não conseguia formular uma frase que fizesse sentido.

Matthew apenas ficava me olhando, estranhamente interessado. Comecei a mexer no meu cabelo, como sempre faço quando estou nervosa. Desviei meu olhar do dele.

- Você...? – ele tentou me fazer continuar.

- Eu não sei Matthew. – respondi sincera, no final das contas, eu estava confusa.

- Como não sabe? – ele perguntou meio risonho.

- Sei que isso é ridículo, mas eu nunca gostei de nenhum garoto antes. Não sei definir se gosto de você ou não. Não se preocupe, não irei atrapalhar seu relacionamento com a Kaitlin e sinto muito pelo que aconteceu aqui. Eu não vou contar pra ela nem pra ningu...

Ele me interrompeu colocando um dedo na frente da minha boca e deu um sorriso torto.

- Não vai contar isso pra ninguém? – ele continha uma risada, só não entendi por quê.

- N-Não. – olhei nervosa para ele.

- Nem mesmo pros meus irmãos? Parece que eles ficaram bem animados com a idéia. – ele deixou escapar uma risadinha.

Não sabia o que era pior, a sensação de que ia desmaiar a qualquer instante ou a vontade de esmurrar Matthew até ele ficar irreconhecível.

- Você ouviu. – eu praticamente sussurrei.

Ele percebeu que eu não estava achando engraçado, então logo desmanchou sua risadinha idiota.

- Foi sem querer. Você sabe que eles não foram muito discretos de ficarem gritando isso quando sabiam que eu estava em casa e...

- Por que fingiu que não sabia? – gritei.

- Se eu não disse nada e você já saiu correndo, o que faria se eu dissesse? – ele revirou os olhos.

- E esse beijo? Foi um teste? – perguntei furiosa.

- Teste? Você ficou louca? – ele me olhou confuso.

- Não, eu não fiquei louca, você que virou um idiota sem coração desde que começou a andar com essa manipuladora da Kaitlin. Espero que tenha ouvido seus irmãos comentarem isso também.

- Sophie, dá pra ficar calma?

- Não, não dá pra ficar calma. Por que ainda se deu ao trabalho de vir atrás de mim?

- Porque eu me preocupo com você. – ele me olhava sério, tentando se manter calmo.

- Então, por que mentiu pra mim?

- Eu não menti!

- Você fingiu que não sabia disso, me beijou e ainda tentou ver o que eu responderia se você fizesse sua estúpida pergunta. Eu te odeio Matthew Carter e eu quero mais é que você morra! – gritei totalmente descontrolada.

Tentei sair correndo novamente, mas ele me puxou pelo braço e me beijou novamente. Senti que estava começando a ceder, mas por sorte consegui retomar o controle. Empurrei-o com força para que se afastasse e fiquei olhando para ele, um tanto surpresa, um tanto indignada e um tanto... Realizada.

- Não foi um teste. – percebi que seus olhos estavam um tanto molhados.

- Eu não consigo mais acreditar em você. – disse sincera, com mais lágrimas caindo pelo meu rosto.

Virei de costas para ele e comecei a andar sem rumo. Ele apenas ia atrás de mim e ficava tentando segurar minha mão.

- O que eu fiz de tão errado?

- Você mentiu Matthew.

- Já te disse que não queria ter ouvido aquilo. Foi um acidente. Não achei que isso fosse grande coisa pra você... Quer dizer...

Parei rapidamente e virei para ele, mas mantive minha expressão sem emoção intacta.

- Você não é o tipo de garoto que garotas como eu costumam gostar, certo?

Ele assentiu um tanto nervoso.

- Então talvez eu não seja o tipo de garota que você acha que eu sou.

Voltei a andar e ele continuou insistente atrás de mim.

- É por causa da Kaitlin? – ele continuava nervoso.

- Não Matthew, a Kaitlin não tem nada a ver com isso. – tentava me manter calma.

- Eu termino com ela.

Tenho que admitir que senti meu coração bater um pouco mais forte ao ouvir isso, mas eu não podia cair nessa. Devia ser mais alguma brincadeirinha. Não posso confiar em uma pessoa que possui tanta proximidade com uma garota como a Kaitlin.

- Qual parte do ela não tem nada a ver com isso você não entende? – bufei.

- No hospital você me disse que ela é sua inimiga mortal e por isso não podíamos mais ser amigos, então ela tem sim a ver. Ela não importa tanto assim quanto você pensa Sophie.

- Importa o bastante para você ter ficado do lado dela, ter ficado o tempo todo com ela no hospital e ainda deixar essa vadia atender a porcaria da porta da sua casa e humilhar eu e a minha irmã. Te importa o bastante pra ter escolhido ela.

- Se você me odeia, quais são minhas opções Sophie?

Parei, mesmo sem querer, e voltei-me para ele. Matthew com certeza estava diferente. Não estava sorrindo, nem bravo, como sempre. Sua expressão era uma mistura de ressentimento com angústia, era torturante vê-lo assim. Foi quando percebi que não era apenas de agora essa diferença, mas quando eu o encontrei ele também não estava parecendo bem.

- O que aconteceu com você? – perguntei preocupada.

- Eu não sei. – sua voz estava trêmula. – Eu vou terminar com a Kaitlin. Podemos esquecer tudo isso.

- Não Matthew, não podemos.

- Eu estou desistindo de ficar com a garota que amo por causa de você Sophie. Se nem isso é o bastante então o que você quer que eu faça? – ele gritou.

- Que me deixa em paz. Para sempre.

Fui embora com as lágrimas queimando em meu rosto, dessa vez sem ser impedida. A garota que eu amo... Essas palavras jamais me deixariam em paz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom, apesar de eu ter achado muito enrolado, idiota e blá blá blá xP
Vou tentar postar mais amanhã, mas não garanto nada.