Was Never Enough escrita por Yunaangel, Sara Caetano


Capítulo 9
Away From Me


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está meio grande, mas acreditem, era maior ainda ^^'
Tentei dividir um pouco para não ficar cansativo, mas já posto mais um capítulo ainda hoje.
Espero que gostem ^^



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9. Away From Me

And I have woken now to find myself

In the shadows of all I have created

I'm longing to be lost in you

(Away from this place I've made)

Won't you take me away from me?

E eu acordei agora para me achar

Nas sombras de tudo que eu tenho criado

Estou desejando estar perdida em você

(Longe desse lugar que eu fiz)

Você não vai me levar para longe de mim?

- Sophie, hora do almoço. – a empregada continua batendo na porta insistente.

- Já disse que não estou com fome! – praticamente gritei, irritada.

- Sua mãe está preocupada querida. Por favor, desça para almoçar com sua família. Você não sai desse quarto já faz uma semana! Nem sequer vai para a escola mais.

- E desde quando minha família almoça junta ou se preocupa comigo? Se eu não quero sair tenho meus motivos, e isso não interessa a ninguém!

- Poderia ao menos abrir a porta para que eu possa vê-la?

Levantei-me da cama contra a vontade e extremamente impaciente. Fui em direção a porta e a abri, já fitando a empregada com um olhar ameaçador.

- Já constatou que eu estou viva? Ótimo! Agora me deixa em paz.

A mulher se encolheu um pouco assustada e desceu as escadas, indo em direção a sala de jantar. Bati a porta do meu quarto com força e a tranquei. Não queria ser perturbada.

Joguei-me na minha cama novamente e desabei a chorar como fazia desde que havia deixado aquele maldito hospital, ou seja, há uma semana. Por quê? Por culpa de duas pessoas: Matthew e Kaitlin.

Não vou à escola desde que recebi alta e não converso com ninguém (a não ser com a maldita empregada que vive me perturbado) desde que iniciei meu isolamento. Alicia já veio aqui várias vezes preocupada, mas eu nem sequer a deixo entrar. Arielle também já me ligou, mas fingi não estar em casa. Não queria falar com ninguém, já que sentia que não podia confiar em mais ninguém.

Agora eu tinha um segredo, um terrível e torturante segredo, que se alguém descobrisse poderia arruinar minha vida. Eu estou apaixonada, mas não pelo tipo de garoto de alta classe social e educado cujo qual eu deveria me casar um dia, mas sim por um garoto estúpido, irritante e que não sabia nem o básico de etiqueta. Se meus pais, ou mesmo minhas irmãs, descobrissem isso, eu com certeza estaria muito encrencada.

Pensei seriamente em conversar com Arielle sobre isso, mas tenho medo que Luke acabe descobrindo e tente arruinar minha vida, já que o mesmo me odeia no momento.

Cheguei na conclusão que eu não tenho escolha ou saída... Não posso jamais ter um relacionamento com um garoto daquele jeito, ainda mais porque ele nem liga para mim, mas se ele é tudo que venho pensando há uma semana... Será que o certo ou o errado realmente importam tanto assim?

Muitas vezes cheguei a sentir extrema raiva de Matthew. Em um único dia, ele havia me transformado em uma garota sem modos, me arrumado um monte de problemas e ainda feito com que eu me apaixonasse por ele... Ok, talvez a última parte não seja bem culpa dele, mas mesmo assim prefiro culpá-lo.

Ouvi mais uma batida na porta, provavelmente a empregada de novo.

- Qual parte do me deixa em paz você não consegue entender? – eu gritei extremamente alto, acho que até meus vizinhos ouviram e me acharam louca.

- Sophie... Sou eu. – ouvi uma voz de garota familiar.

Pensei um pouco e logo reconheci aquela voz, mas o que raios a dona dela fazia na minha porta? Levantei-me rapidamente e abri a porta, sem nem sequer enxugar o rosto.

- O que está fazendo aqui?

- Posso entrar? – Lucy forçou um sorrisinho.

Olhei desconfiada para ela, mas assenti, minha curiosidade sempre é maior. Sai da frente da porta e ela entrou, sentando-se na minha cama. Tranquei a porta e fui até ela.

- O que quer? – perguntei mais curiosa do que grosseira.

- Nada, eu... Só estou preocupada com você.

- Hah! Conta outra Lucy. – revirei os olhos.

- Estou falando sério.

Observei bem a expressão de Lucy e pela primeira vez na vida ela parecia sincera, estava sem seu sorrisinho irritante ou o olhar desafiador de sempre. Isso é ainda mais estranho do que se ela simplesmente estivesse aqui para me infernizar como sempre.

- Não precisa se preocupar. Quer dizer... Não tem nada de errado. – tentei parecer indiferente, mas minha voz tremeu.

- Você sabe sobre o Kevin certo? – ela perguntou receosa.

Pensei alguns segundos e me lembrei do tal irmão do Matthew que tinha um caso com Lucy, nem havia me lembrado de falar sobre isso com ela, ou mesmo com Alicia.

- Matthew comentou alguma coisa sobre o assunto. – murmurei.

- Vai me dedurar? – sua voz estava trêmula e um tanto chorosa.

- Não. Fica tranqüila. Se foi por isso que veio aqui, não se preocupe. – decifrei o “enigma”.

- Não foi por isso Sophie... Só perguntei isso para ter certeza se devia dizer o que estou prestes a dizer.

- Então diga.

- Kevin me contou sobre Matthew e Kaitlin. – ela analisou minha expressão.

- Ah, sim. Eles começaram a namorar não é? Já havia até me esquecido disso. – menti.

- Tem certeza que se esqueceu? Sophie, não sou idiota. – ela me fitava com atenção.

- O que está supondo?

- Kaitlin é sua inimiga mortal desde que me entendo por gente. Você sempre teve medo dela, e sempre me disse isso. De repente, um belo dia, você sai de tapa com a garota do nada, depois ela começa a namorar o garoto que você passou a manhã inteira grudada e para completar assim que volta para casa se tranca no quarto e se isola do mundo... Óbvio que tudo tem alguma relação.

Comecei a tremer, não pude evitar. Lucy já devia saber do meu segredo e isso com certeza não é nada bom, ainda mais se tratando dela, mas de um modo estranho ela parecia diferente um hoje... Até um tanto mais adulta.

- E que relação seria? – perguntei nervosa.

- Tenho minhas teorias.

- Diga a mais provável.

- Você é apaixonada pelo Matthew.

Achei que ela fosse dar sorrisinhos de deboche ou risadinhas sem graça, mas ela apenas sorriu, com os olhos quase brilhando. Ela com certeza está diferente.

- O que? – tentei expressar indignação, sem sucesso.

- Confia em mim uma vez na vida. Você é, certo? Se eu contar para alguém, você pode contar sobre o Kevin. – ela parecia entusiasmada, por algum motivo estranho.

- Promete não contar nem pros nossos pais, nem para a Alicia?

- Prometo. – ela sorriu.

- Então... – suspirei. – Sim, eu gosto do Matthew.

Sei que é meio idiota da minha parte contar isso para uma das minhas maiores inimigas, mas sentia que precisava desabafar com alguém, e Lucy parecia que iria guardar pelo menos esse segredo.

Minha irmã abriu um sorriso enorme e me abraçou com força. Fiquei olhando para ela, perplexa. Isso não é nem um pouco a cara da Lucy.

- O que houve com você? – perguntei com um sorriso fraco no rosto.

- Como assim?

- Você sabe... Geralmente não nos damos muito bem. Você está diferente.

Ela abriu um sorriso ainda maior e colocou uma mecha de seu cabelo que caia em seu rosto para trás da orelha, um pouco nervosa.

- Pensei que talvez pudéssemos mudar isso. Desculpe por ter te culpado por tantas vezes.

- Por que mudou de idéia sobre isso?

- Agora que Kevin se mudou para nossa escola, estamos namorando firme. Sabe, ele é um garoto super legal e se o Matthew é parecido com ele, entendo porque gosta dele. Conversei com Kevin sobre o que aconteceu aquele dia, de termos brigado, e ele me aconselhou a tentarmos nos dar bem daqui para frente, sabe, em vez de nos dedurarmos, nos protegermos.

Ver Lucy assim tão “boazinha” é estranho, mas com certeza eu podia me acostumar com ela daquele jeito. Abri um sorriso, o primeiro depois de uma semana. Apesar de tudo que acontece eu e Lucy nunca nos odiamos de verdade, afinal, somos irmãs! Sentia-me bem por vê-la feliz daquele jeito.

- Parece uma boa idéia. – sorri, ela retribuiu.

- Tecnicamente isso seria um tanto errado, mas... Ah, quem se importa! Pedi para que Kevin “espionasse” o recém e logo ex-casalzinho para você. – Lucy deu um sorrisinho maldoso.

- Sério? – perguntei surpresa, mas com uma satisfação um tanto maníaca.

- Sim. Achei que seria um bom jeito de me desculpar com você. Kevin não gosta de Kaitlin também, está tentando encontrar alguma coisa que mostre ao Matthew o quanto aquela piranha não presta. Sei que é meio óbvio, mas eu particularmente nunca fui muito com a cara dela também. – ela sorriu.

- Nem sei como te agradecer Lucy. – disse até um tanto nervosa.

- Apenas guarde o meu segredinho. – ela sorriu.

- Sem problemas.

- Tenho que ir, logo nossos pais irão perceber que não estou na aula de violino como deveria estar. – ela fez cara de nojo, Lucy sempre odiou aulas de violino.

- Você não vai hoje?

- Vou me encontrar com Kevin. A propósito, você não poderia me levar até a casa dele? – ela sorriu.

Gelei só de ouvir aquele pedido. Depois de tudo que conversamos eu não me importaria de levar Lucy para qualquer lugar, a não ser a casa de Kevin. Queria de todo modo evitar Matthew, ainda mais porque ele devia me odiar depois de nossa última conversa tão agradável.

- Lucy...

- Não quer dizer que só porque vai para lá você tem que falar com o Matthew, se bem que eu acho que você deveria. Você pode conversar com a Holly, a irmã deles, ela é super legal e odeia a Kaitlin tanto quanto nós. Às vezes você consegue outra aliada. Além do mais, quero muito apresentar o Kevin para você.

Uma coisa ela não havia mudado, Lucy sempre adorou falar, até me deixando meio atordoada às vezes.

- Quanto tempo pretende ficar lá? – suspirei derrotada.

- Só o tempo da aula de violino. Vou falar pro papai que estava estudando e acabei me esquecendo da aula e falo pra ele emprestar a chave do carro para você me levar. – ela sorriu.

- Lucy eu não tenho 16 anos ainda, tenho15! Não posso dirigir.

- Papai sabe quantos anos você tem?

- Pede logo as chaves. Vou me trocar e já desço. – sorri.

Ela saiu do quarto rindo e desceu as escadas saltitante, já chamando pelo meu pai.

Fui até meu guarda-roupa, precisava no mínimo ficar apresentável já que iria conhecer meu (com sorte duplamente) cunhado, minha (com sorte também) cunhada e meu futuro namorado (ok, agora eu abusei).

Queria arrumar alguma roupa que impressionasse Matthew, mas “incrivelmente” eu só tinha roupas claras e delicadas, parecendo roupas de princesinha. Bufei irritada, passaríamos no shopping antes de ir para casa dele, independente do que Lucy achasse disso.

Peguei um vestidinho rosa claro bem solto e uma sandália branca, precisava mesmo de roupas novas. Escovei meu cabelo, apenas para não ficar muito armado, e joguei a escova junto com tudo que encontrei de maquiagem e minha caixa de bijuterias (com pouquíssimas coisas de ouro) dentro da minha bolsa. Eu praticamente ia me arrumar no shopping.

Lucy chegou no quarto, já trocada e segurando a chave do carro. Ela jogou a chave para e me olhou de cima a baixo.

- Não se preocupe, não vou com essas roupas. Vamos passar no shopping no caminho. – sorri.

- Vou ganhar alguma coisa?

- Pode comprar mais uma melissa. – revirei os olhos, ela amava melissas.

- Feito! – ela disse sorridente.

Descemos as escadas juntas, o que já é uma cena incomum, mais incomum ainda só pelo fato de que eu não saía do meu quarto há dias. Minha mini-geladeira já estava até vazia.

- Aonde vão? – perguntou minha mãe, que estava sentada na sala junto com Alicia.

- Vou levar Lucy para a aula de violino dela. – sorri.

- Desde quando você é motorista de dançarina de cabaré? – Alicia murmurou provocante.

- Alicia! – Samantha repreendeu-a. – Acho ótimo que você e Lucy finalmente estejam se entendendo. – ela sorriu.

- Também acho mamãe. – falei sincera.

Dei um beijo no rosto das duas (Lucy apenas na minha mãe, já que provavelmente Alicia a mataria) e saímos de casa.

- Pegou a chave de qual carro?

- Mercedes. Foi o melhor que consegui.

Destravei o carro e entramos. Tirei ele da garagem com todo o cuidado do mundo, afinal não tinha carta, mas já sabia dirigir. Sai de casa com o carro um tanto rápido, pensei em parar, mas a sensação de velocidade é ótima, acabei desistindo.

Poucos minutos depois, estacionei o carro no estacionamento de um shopping, Saint Mary, ou alguma coisa assim.

Descemos do carro animadas e subimos para o shopping. Andamos um pouco até que eu acabei avistando uma loja de roupas linda, havia um letreiro em cima dela escrito Pearl.

- Aqui! – apontei a loja com a cabeça para Lucy.

Entramos na loja e logo uma garota, não muito mais velha que eu, veio nos atender sorridente.

- Posso ajudá-las? – a mocinha perguntou simpática.

- Vocês têm melissas? – os olhos de Lucy brilharam.

- Temos sim. – ela deu uma risadinha. – Quer que eu a leve para ver?

- Sim! – ela sorriu.

- Lucy, vou procurar algumas roupas pra mim. Escolhe a melissa e depois me encontra, ok? - ela assentiu e se afastou junto com a vendedora.

Depois de andar um pouco acabei avistando uma blusa vermelha, com o desenho de uma guitarra preta e algumas notas musicais em volta. É totalmente o oposto do estilo de roupas que eu costumo usar, mas devo admitir que a blusa é extremamente linda! Peguei ela junto com mais uma blusa azul marinho com detalhes prateados e uma blusa preta com o desenho de uma banda de rock que não conheço, mas que logo reconheci como a mesma da camiseta que Matthew usava. Sei que isso é estúpido, mas não pude evitar de pegá-la também.

Também encontrei duas saias (uma jeans clara e outra jeans escura), meio curtas, e uma calça jeans rasgada. Completei minhas compras pegando uma bota preta de cano longo.

Encontrei-me com Lucy como o combinado e paguei nossas coisas. Pedi se poderia ir com as roupas que comprei e por sorte eles me emprestaram o provador, não teria que voltar para casa para me arrumar.

Vesti a blusa vermelha, a saia jeans escura e a bota preta de cano longo. Peguei minha bolsa e passei uma sombra escura, um lápis preto, um pouco de blush e um batom meio rosa, meio roxo, não muito escuro. Coloquei um brinco simples, minha corrente de ouro e uma pulseira prateada com um pingente de coração que eu havia ganhado dos meus pais quando era pequena. Escovei meu cabelo de novo, dessa vez um pouco melhor e olhei-me no espelho. Com certeza, a garota do reflexo não parecia nem um pouco comigo, mas mesmo assim eu gostei muito do que eu vi. Com certeza, eu estou diferente, e é desse jeito que eu quero ser daqui pra frente.

Sai do provador e vi Lucy me olhar com os olhos arregalados, dei um sorrisinho.

- Como estou? – perguntei.

- Amei! – ela sorriu.

Fomos até o estacionamento enquanto Lucy comentava animada sobre como é linda sua nova melissa, ou pelo menos essa é a parte que eu ouvi. Paguei o estacionamento, entramos no carro e eu dei a partida, um tanto nervosa, logo estaríamos na casa dele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom ^^
Reviews? *-*



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