A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 6
Capítulo 6




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Kagome colocou o pequeno Shippou numa esteira e foi mancando até o lado de fora. Inuyasha fitou o inchado tornozelo da garota e lembrou-se de que a mesma havia torcido-o antes de cair.

Ele se levantou desajeitadamente e sentiu uma pontada em seu braço ferido, apertou os olhos e respirou fundo, mas nada de mais para um hanyou.

Ao sair da choupana, viu Sango e Kagome conversando, ambas estavam rindo. A exterminadora de youkai também estava ferida, nada grave, apenas arranhada.

O meio-youkai aprouximou-se e sentou próximo às duas amigas. Ao chegar, perguntou intrigado:

- O que aconteceu? Que machucados todos são esses? Caíram de um barranco? Há! Como a pele dos humanos é fraca...

- Não, não foi isso, seu burro! É uma longa história... - disse Sango bocejando.

- Depois nós falamos sobre isso... - falou Kagome entre um bocejo. Seus olhos estampavam cansaço.

- Nada disso! Quero saber de tudo agora! AGORA! PODEM CONTAR! - protestou. Estava tendo mais uma de suas crises de birra.

- OU vocês podem me contar o que aconteceu na noite passada... - disse a exterminadora curiosamente erguendo uma sobrancelha.

Inuyasha fez uma cara emburrada, mas Kagome continuou a conversa:

- Ah, nada de mais, Sango... Ehehehe... - forçou o riso, tentando dar um ar descontraído à conversa e tentando evitar expor seu nervosismo - Bem, er... O Inuyasha me levou pra um penhasco pra... Me dar "feliz aniversário", aí eu, er... Bem... Dei um jeito no meu joelho... QUER DIZER, TORNOZELO! NO MEU TORNOZELO! Mas ele, o Inuyasha, não conseguiu me... Me empurrar, QUER DIZER, SEGURAR! Porque era lua nova. Ontem foi a primeira noite do mês. Aí... Alguma coisa aconteceu e eu vim parar aqui... Er... Hehehehe... Vamos mudar de assunto? Ah, olha como o dia está lindo hoje!

- Kagome, não fuja do assunto!

- Sim, quer dizer, não, fuja do assunto, Kagome! Não que tenha mais alguma coisa pra falar, mas, er... EU PERGUNTEI PRIMEIRO, SANGO, RESPONDA A MINHA PERGUNTA!

- Inuyasha, cale a boca. Kagome, termine a história direito. - disse a moça curiosa sobre o final da história.

- Hmmm... Ah... A última coisa que me lembro é de ter batido a cabeça com muita força em algo macio... Parecia com o pêlo da Kirara. - passou a mão na nuca e finalizou - Só.

- AAH! BAKA! VOCÊ NÃO LEMBRA NEM DO BEIJ... - "MALDIÇÃO!" pensou. Inuyasha foi interrompido.

- AHÁ! ENTÃO TEVE UM BEIJO! Eu sabia que algo tinha rolado! - comemorou Sango.

Kagome sentiu o rosto corar e sua expressão tornou-se chateada:

- Ma... Mas... E-eu não me lembro!

O hanyou "fechou a cara" e levantou-se. Fitou a menina que se levantava com dificuldade para segui-lo.

Entraram na choupana e Miroku logo percebeu que queriam ficar à sós. O monge acordou o pequeno Shippou e o arrastou para fora, mesmo sob protestos. Inuyasha falou de costas para a moça:

- Como você pôde esquecer?

Não houve resposta.

- Eu pensei que seria inesquecível, pensei... PENSEI QUE SERIA UMA COISA QUE NÓS NÃO NUNCA IRÍAMOS ESQUECER!

- Inuyasha, eu...

- É ISSO O QUE EU SOU PRA VOCÊ? UM QUALQUER? UM NADA?! QUE PODE SER ESQUECIDO DA NOITE PRO DIA?!

- Não! Me deixe explic...

- NÃO QUERO SABER!

- INUYASHA!

O hanyou se virou com o chamado da garota. Ela puxou-o com força e voracidade, mas não conseguiu movê-lo, então, aproximou-se dele e deu-lhe um beijo tão intenso quanto o da noite passada.

Miroku, Sango e Shippou espreitavam do lado de fora. O monge tapava os olhos do pequeno raposa youkai  que resmungava baixinho:

- Grrrr! Seu idiota! Me deixa ver!

- Isso não é coisa para crianças. - repreendeu o rapaz.

- Shh! Não façam barulho, vocês dois! - reclamou a exterminadora de youkai.

- Viu como eu sou um monge correto, Sango? Estou poupando o Shippou de visões do inferno!

- Tá chamando o Inuyasha de demônio?! - murmurou o kitsune ainda tentando livrar-se da mão que vendava-lhe os olhos.

- Não foi isso o que eu quis dizer, mas... Entenda como quiser...

- QUIETOS! - sussurrou aumentando um pouco o tom de voz.

Kagome fitou os calmos olhos âmbares do meio-youkai que estava na sua frente e brincou:

- Só não me lembro do que aconteceu antes do beijo. O que foi? - riu inocentemente. Claro que se lembrava, mas não resistiria à tentação de ouvir aquelas palavras vindas daquela boca.

Inuyasha se afastou e encarou o teto. Sentiu o rosto corar e, sentindo que estava ficando nervoso, somente respondeu:

- Nada...

- Lembro do seu 'feliz aniversário', e depois? - abriu um sorriso maroto e prosseguiu - O que foi? Um gato comeu a sua língua? Isso pega mal para um youkai cachorro...

- Já disse que não houve nada! Agora, er... Vamos voltar pra lá. - perdeu a paciência tentando fazê-la esquecer do assunto. Seu rosto estava bastante vermelho.

- Bobo. - riu.

- Ora, quieta!

- Prometo ficar quietinha. - prometeu - Vá falar com a Sango, ela lhe explicará o resto da história. - sorriu e se sentou com dificuldade próximo à um balde cheio de ervas.

Os três que ainda espreitavam do lado de fora, sentiram medo, pois o meio-youkai ficaria furioso caso descobrisse, então se organizaram numa roda um pouco distante da choupana, onde Sango e Kagome estavam conversando alguns minutos atrás. A exterminadora deu uma tapa na cara de Miroku e Shippou fingiu estar dormindo em seu colo.

- ... E isso é pra você aprender, seu monge pervertido!

- Keh! Já estão brigando outra vez? - perguntou o hanyou.

- É, mais ou menos... - disse o rapaz fuzilando a bela moça com o olhar. Precisavam fingir que não viram nada, que estiveram ali todo o tempo, mas ela não precisava exagerar daquela maneira.

- A Kagome disse que você ia me explicar tudo, Sango. Pode começar. O que aconteceu?

- É uma longa história, - repetiu a mulher - mas tudo bem, temos tempo. Bem, quando ela caiu do penhasco, bateu a cabeça com força em algo macio, como o pêlo de Kirara, mas não houveram ferimentos graves. Isso você já sabe, não é?

- Só o seu tornozelo. - complementou Shippou.

- VAMOS, SANGO! PARE DE ENROLAR! - protestou o birrento.

- Calma aí! Quer que eu continue ou não?

- Hunf. - bufou - Continue...

- Exato, Shippou, o tornozelo também, e ela apareceu dormindo na choupana, como mágica! Mas você não estava lá. Algo ou alguém a deixou por aqui...

- Acho que foi o Kouga... - comentou Miroku.

- O QUÊ?! O KOUGA?! EU NÃO QUERO AQUELE LOBO FEDIDO PERTO DA MINHA KAGOME!

Só aí Inuyasha percebeu o que havia dito:

" Minha Kagome? Minha? "

- Ela não deixou de se MINHA amiga depois disto, deixou? - perguntou Sango sarcasticamente. - Possessivo...

- Do jeito que ele é egoísta, é bem capaz de não ser mais, Sango. - comentou o pequeno filhote de raposa youkai.

- EU NÃO SOU EGOÍSTA! SOU ATÉ MUITO GENEROSO POR DEIXÁ-LO VIVO, SEU MOLEQUE! - disse o hanyou batendo na cabeça da criança deixando-no segurando as lágrimas. - Continue, Sango!

- Como estava dizendo, - continuou a exterminadora obedecendo a 'ordem' do amigo - Ela está bem, tanto é que foi procurar por você conosco. Tanuki nos ajudou a lhe trazer de volta para cá, naquela hora, você ainda estava dormindo, e ainda bem que ele nos ajudou, porque a Kirara estava mesmo precisando descansar um pouco... Kagome também ficou de guarda pela manhã enquanto estávamos dormindo, é que nós passamos a noite acordados, culpa do Miroku.

- Ei! - protestou o monge.

- Você sabe que foi sua culpa, seu pervertido! - reclamou Sango apontando o dedo para este.

- É... Tem razão... Mas foi uma noite e tanto! - disse ele dando risinhos.

A exterminadora corou, revirou os olhos e prosseguiu:

- Eu estava cansada demais para ficar de guarda também ou para convencê-la a dormir, adormecemos, no meio da noite, Kanna chegou. - Inuyasha levantou as orelhas, alerta, provavelmente estava ignorando a discussão do "casalzinho" um tempo atrás, e começou a ouvir a história antentamente. - Aquela criação do Naraku invocou um youkai silencioso, que não fazia ruído algum. Kagome teve muito cuidado para não nos acordar ao invés de nos chamar! - Sango nem se quer elevou o tom de voz. - Na verdade, acho que sei o que ela estava sentindo...

- O QUÊ?! QUE ESTUPIDEZ! POR QUÊ ELA NÃO ME CHAMOU?! - berrou Inuyasha.

- Porque você estava dormindo profundo e serenamente, teve pena de acordar-lhe, - disse Miroku piscando os olhos imitando a maneira que algumas meninas falam - Só queria lhe proteger.

- Primeiro, Miroku, você sabe que não foi só por causa disso. - voltou-se para este, mas logo virou o rosto para o hanyou - Segundo, INUYASHA! COMO VOCÊ ACHA QUE ELA SE SENTE?

- Hã?

- ELA É SEMPRE A VÍTIMA! SEMPRE! SEMPRE ESTÁ EM PERIGO E TEM DE SER SALVA! A KAGOME JÁ ME FALOU QUE SE SENTIA INCOMODADA COM ISSO! ELA SÓ... Só queria mostrar que era capaz de se virar sozinha. - o olhar da amiga tornou-se triste.

- Mas, Sango, é que... - "Eu não aguento ver a Kagome em perigo." - Bah! Ela fica se metendo em confusão!

- Inuyasha, a Kagome gosta muito de você. E também ADORA quando é salva por você... Mas tente entender. Ela é uma guerreira! Guerreiros não podem sempre estar em perigo...

- MAS A KAGOME É MUITO PODEROSA! ELA SABE DISSO! MESMO QUE ELA SEJA UMA ENCRENQUEIRA CABEÇA-DURA, QUE VIVE SE METENDO EM CONFUSÃO, SABE QUE O NARAKU TEM MUITO MEDO DELA! E PARE COM ESSE PAPINHO, SANGO! CONTINUE LOGO A HISTÓRIA! - tentou mudar logo de assunto, pois sabia que a amiga estava certa. Mas também... Sabia que estava certo em protegê-la. " Kagome, eu nunca pensei que você se sentia assim... "

O hanyou cerrou os punhos e começou a rosnar baixinho, ainda furioso, afinal, não sabia se deveria sentir ou não raiva de si mesmo! Simplesmente, pediu:

- Anda, continue logo.

- Mas houve um momento que o monstro atacou e atingiu sua cintura, ela gritou de dor, - o meio-youkai parou de rosnar e sua expressão tornou-se um pouco preocupada, mesmo assim, não interrompeu - Shippou e Kirara ouviram e nos acordaram. - neste momento o filhote de raposa youkai estufou o peito, orgulhoso - Quando saímos...

- Ei, espera aí! Como eles escutaram e eu não? - interrompeu Inuyasha indignado.

- Isso sim é um mistério, acho que é porque você é um hanyou e... - Miroku parou de falar assim que sentiu o punho do meio-youkai batendo fortemente em sua cabeça.

- CALADO, BAKA! - berrou o hanyou - Continue, Sango.

- Quando chegamos, ela chorava e gemia deitada no chão, com uma mão pressionando o ferimento. Houshi-sama tentou usar o Kazaana, mas tinham muitos insetos do Naraku por perto, então usei o Hiraikotsu e depois, ouvimos um rugido muito alto. Eles fugiram sem deixar rastros. Deixamos aquela maldita escapar... Mas ainda não sabemos quem rugiu; lembrava o rugido de Kirara. Cuidamos dos ferimentos da Kagome e agora estamos aqui. Só nos arranhamos um pouco na luta, por isso estamos assim. Entendeu tudo ou quer que eu repita? - Sango mostrou alguns ferimentos no braço e no joelho.

- Naquela hora que você me perguntou se a culpa havia sido sua, só confirmei porque o seu cheiro e o poder dos fragmentos da jóia que os trouxeram até aqui. - comentou Miroku. - Mas também, você só se mete em confusão...

Inuyasha estavam em estado de choque, não conseguia crer que tudo aquilo havia acontecido e ele nada fizera para ajudar, mesmo com um braço a menos.

Um quebrar de galhos foi ouvido e o hanyou olhou para trás, havia alguém ali.

- Quem está aí? - perguntou Shippou em pânico, embora soubesse perfeitamente quem era.

Então, a miko na qual tanto haviam falado sai de trás das árvores.

- Se eu disser que vi e ouvi tudo, vocês vão ficar muito bravos? - perguntou Kagome dando um sorrisinho amarelo.

O fato era que, os amigos haviam combinado que a garota poderia escutar a conversa. O que ela queria mesmo era saber o que Inuyasha faria quando tomasse conhecimento de tudo o que havia ocorrido.


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Notas finais do capítulo

Aproveitem!