A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 29
Capítulo 29




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Inu no Taishou sorriu.


– Inuyasha... - sua voz assemelhava-se a um trovão. - Como você cresceu.


– Keh. Da última vez que você me viu, velho, eu era só um bebê. - Inuyasha resmungou numa tentativa de esconder sua emoção.


– É verdade... Mas você já tinha essas orelhinhas.


– O QUE VOCÊ TEM CONTRA ELAS? A CULPA NÃO É MINHA! EU NUNCA QUIS SER UM HANYOU! NUNCA! A CULPA É SUA!


– Não estou reclamando - ele deleitava-se com a cena -, só estou comentando.


– Ora...


– Okaata-sama! Okaata-sama! - Myouga pronunciou-se.


– Myouga, velho companheiro! Como tem passado?


– Ah, Okaata-sama, os tempos mudaram! E como o amo Inuyasha cresceu...


– Keh. Lá vem vocês com esse papo de velho...


– Embora continue arrogante, tolo, impulsivo, incompetente, lerdo e... AHM, BEM, QUER DIZER - o olhar ameaçador de Inuyasha o fez mudar o rumo da conversa antes que fosse esmagado -, ele cresceu e tornou-se um hanyou muito poderoso! Ele derrotou o Naraku!


– Naraku...? - Inu no Taishou parecia reconhecer o nome. - Soube de um hanyou cretino que chegou ao mundo dos mortos há pouco tempo...


– Ah, Okaata-sama, ele parece tanto com o senhor! - Myouga sentia falta das conversas que tinha com o antigo amo. Mal sabia por onde começar! Há muito a ser dito após mais de cem anos. - Ele tem muita coragem e determinação. E até se apaixonou por uma humana, quem diria!


Inuyasha perdeu-se em seus pensamentos. A conversa já não importava mais. Sentiu o coração apertar. Kagome... Ainda jazia ali, com uma expressão calma e doce - não que isso não fosse de se esperar de sua protegida -, embora sua palidez tirasse um pouco de seu encanto.


– Kagome-sama é uma moça muito bela, inteligente, poderosa, corajosa, pura e alegre! Ela e o amo Inuyasha brigam bastante, mas é um casal perfeito! Eles se casaram há pouquíssimo tempo!


– Kagome? E onde está a minha nora, Inuyasha? - Inu no Taishou sorria com a informação.


Inuyasha não respondeu. Observava de forma vazia o corpo da esposa que esfriava lentamente. Sentia a garganta e os olhos arderem e o sensível nariz formigava. Não iria chorar na frente dele. Por mais que tentasse ocultar, Inuyasha sempre quis conversar com aquele que todos diziam ser tão poderoso e sábio; aquele que era seu pai.


– Inuyasha?


– O que é, velho?


– Onde está a Kagome? - Inu no Taishou parecia preocupado.


– Ela... Ela morreu agora pouco. Ela estava... - Pigarreou tentando evitar que a voz falhasse - Tentando me proteger.


– Inuyasha...


Inu no Taishou abriu um sorriso fraco.


– Venha comigo. - Ele estendeu a mão direita e o seu sorriso, sutilmente, tornou-se mais intenso.


Inuyasha fitou a mão tremulante e multicolorida de seu pai. O que será que ele estava tramando? O que iria acontecer? Por que ele o estava chamando? E se aquele não fosse mesmo o seu pai? Talvez fosse um impostor utilizando-se da imagem dele! Não, isso Inuyasha não poderia admitir!


Inuyasha deu um passo à trás.


– Filho, venha comigo! O que houve? Não confia no seu pai? - O sorriso que antes era desvanecido, mudou para um largo. Tudo aquilo parecia um jogo tão maliciosamente divertido.


Inuyasha, ainda desconfiado, encarou os penetrantes olhos dourados de Taishou. E sem saber exatamente o motivo, soube que, pelo menos naquele momento, ele podia confiar naquele falecido inudaiyoukai.


– Hmf. Por que não? Mas o que vai acontec...


Ao apertar a mão de seu pai, Inuyasha sentiu o corpo gelar e estremecer. Tudo ao seu redor pareceu congelar e, lentamente, destingir. Será que havia morrido? O que aquele maldito estava tramando?


– Não tenha medo, Inuyasha. Confie no seu velho! - E como ele parecia se divertir com a cara de espanto do seu caçula! - Feche os olhos.


E assim Inuyasha fez. Seu corpo entrou em rápida metamorfose, fazendo com que o ferimento provocado pela flecha de Kikyou desaparecesse. O cenário mudou totalmente. Eles saíram do estômago do túmulo de Inu no Taishou. O espaço e tempo foram totalmente distorcidos e alterados, levando-os para um importante lugar da vida do hanyou.


– Mas o que diabos está acont... Ei, o que houve com a minha voz? Onde eu estou? Seu... Seu... O que você fez comigo?!


Ele olhou em volta e, depois de certo tempo confuso, percebeu onde estava. Inuyasha havia voltado para a aldeia em que vivia quando criança, mas não parecia feliz com isso.


– Não! Não! Eles... Eles não gostam de mim! Eles não me querem aqui! - "Tudo está tão igual... E tão grande! Até parece que eu voltei a ser um pirralho..."


– Tenha calma, Inuyasha. Venha! Olhe seu reflexo.


Devia estar com um metro e trinta de altura, os membros reduzidos, assim como seu cabelo. Por sorte, seu kimono reduzira junto a ele. Perdera os fortes traços que definiam o seu rosto; estes se tornaram suaves como os de uma criança. Os seus olhos âmbares transmitiam uma inocência infinita.


– Você tem os olhos âmbares como os meus, mas... Seus olhos são iguais aos da sua mãe.


– HÃ?! O QUÊ?! MAS COMO...?! - Inuyasha estava em choque. - POR QUE EU ESTOU ASSIM? POR QUE EU VIREI UM PIRRALHO? ESCUTA AQUI, VELHO, VOCÊ ESTÁ ME ASSUSTANDO! E NÃO ACHE QUE EU VOU BRINCAR COM O SHIPPOU!


Inu no Taishou sorriu.


– Há alguém que eu quero que você veja.


– MAS... MAS... POR QUE EU ESTOU ASSIM? ISSO... ISSO NÃO FAZ SENTIDO!


– Inuyasha... – Uma voz feminina o chamou.


Uma moça alta, de longos cabelos negros e de olhos amendoados sorria para ele. Ela devia ter uns "vinte e poucos" anos de idade. Seu cheiro... Que cheiro doce! E os lábios eram vermelhos, combinando com seu kimono azul com flores de lótus estampadas. O choque de Inuyasha transformou-se em pura euforia após tão bela visão.


MÃE?! É... É você mesmo?


– Inuyasha, meu filho, que saudades!


Surpreendentemente, sua mãe parecia estar verdadeiramente ali. Não como uma alma, mas como carne e osso. Inuyasha correu e abraçou suas pernas. Ela era tão quente, tão... Tão viva. Tudo era exatamente igual a como recordava, até mesmo o toque de sua mãe.


– Mãe... Mãe... A senhora não podia ter morrido... Eu senti tanto a sua falta. - Ele aproveitava-se do fato de ser criança e chorava no colo materno.


– Eu sei, querido. Mas a vida quis assim e isso é algo que eu não posso mudar.


– Inuyasha... - o inudaiyoukai pronunciou-se. - Lhe trouxe aqui porque preciso ter uma conversa séria com você. E achei que, para isso, precisaria da ajuda de sua mãe.


– Pode falar, velho. - Inuyasha apertava a bainha do quimono de sua mãe com suas mãozinhas, tomando cuidado para que suas curtas garras não o rasgassem.


– Inuyasha, você destruiu a minha dengen bokkusu (caixa de poder), e isso é algo inadmissível!


– Eu... Eu não sabia o que fazer e...


– Estou orgulhoso de você.


– O quê?! Mas você disse que...


– Eu sei exatamente o que eu disse, Inuyasha. Você fez a coisa certa. Impediu que toda a minha força caísse em mãos erradas. Você é brilhante, meu filho.


– Acho que puxou isso de mim. - Izayoi riu e acariciou a cabeça do filho.


– Mas, Inuyasha, você precisa tomar uma decisão.


– Maldição! Odeio decisões...


– Esse poder pode ser absorvido por você! Isso o tornaria um youkai completo e totalmente poderoso! Contudo, você tem de estar preparado para arcar com tamanha responsabilidade. Você sabe do que eu estou falando, não sabe? Ótimo, então, vamos, Inuyasha. Você quer todo esse poder?


– Não é isso que eu quero.


– O QUÊ?! - Inu no Taishou perdeu o controle. - ISSO É IMPOSSÍVEL! VOCÊ É UM HANYOU! NÃO QUER SE TRANSFORMAR NUM YOUKAI COMPLETO? VOCÊ PODE TER O MUNDO EM SUAS MÃOS! VOCÊ PODE PROTEGER AQUELES QUE SÃO IMPORTANTES PRA VOCÊ! COMO VOCÊ NÃO...


– Não adianta ter poder se não há alguém para proteger. - Lágrimas percorriam o seu rosto triste e infantil - Pai, eu quero a Kagome de volta.


– Mas... Isso eu não poss...


– PAI, POR FAVOR! EU SEI QUE VOCÊ PODE!


– Filho, a morte é algo que nós não temos como mudar. Você pode tentar procurar a alma dela por aqui, mas... - Izayoi parecia não saber o que dizer.


– Minha vida não faz sentido sem ela. Eu... Eu já perdi o nosso filho! Eu não posso perdê-la.


– Eu iria ser avô? - Inu no Taishou brincou tentando alegrá-lo, mas não adiantou. - Inuyasha... A Shikon no Tama tem o poder de conceder-lhe um desejo, não creio que ela tenha tanto poder assim, mas...


– Se eu juntar seu poder da dengen bokkusu, será que...?


– Nós devemos tentar!


– Agora começo a achar que você puxou a inteligência do seu pai... - Izayoi sorriu. - Boa sorte, meu filho.


– Vocês não podem ir comigo? - Inuyasha parecia tão indefeso.


– Não, filho. Isso é algo que você terá de fazer sozinho. Lembre-se que você é meu filho e descendente da família Taishou. Lembre-se de quem você é e nada irá lhe impedir! Acreditamos em você.


Inuyasha sorriu e, num salto, abraçou o pai. Era estranho. Era como abraçar um conhecido desconhecido. Jamais o fizera em toda a sua vida, todavia, tinha de admitir: era uma das melhores coisas que já havia feito.


– Você é um ótimo pai. - sussurrou.


– Obrigado. - Inu no Taishou sorriu. - Agora vá! Eu lhe direi o que precisa fazer. Estaremos sempre com você. - Tocou a testa do filho com a ponta dos dedos e ordenou - Feche os olhos.


E assim Inuyasha o fez. Outra vez, seu corpo entrou em metamorfose e o espaço e tempo foram distorcidos. Era nauseante e nostálgico, mas era um mal necessário.


Ao abrir os olhos, estava de volta ao túmulo de seu pai. Ele olhou para a pequena joia cor-de-rosa que reluzia no chão mortiço. Estava exatamente onde Kikyou havia se desintegrado. Pegou-a e segurou com força.


"Inuyasha, pegue a caixa." A voz de seu pai ecoava em sua cabeça.


– Keh. Espero que não fique me dando ordens pro resto da vida, velho! - Já havia voltado a ser o arrogante de sempre. - Onde ela está?


"Está no mesmo lugar em que a encontrou. E não se preocupe, acho que nunca mais manteremos contato dessa forma. Usei grande parte de minhas forças para refazer a caixa, portanto, não erre! E depressa, temos pouco tempo!".


– Tá certo, tá certo...


Inuyasha pegou a Shikon no Tama e a caixa que ainda estava do lado de sua amada. Olhou-a. Acariciou seus cabelos. Mal podia esperar para ver seu sorriso e sentir suas carícias.


"Abra a caixa."


– O QUÊ?! A IDADE AFETOU SUA CABEÇA, VELHO?


"Rápido! Eu criarei uma barreira para que o poder não escape! Depressa! Isso é muito difícil!"


Ao abrir a caixa, toda a luz multicolorida que envolvia a figura de seu pai estava contida num formato retangular. Inuyasha soltou a joia em meio à mistura de cores e fechou a caixa.


– E agora?


"Agora, escute. Destrua a caixa e pense em tudo o que você quer de volta. Tenha fé, meu filho. Acredite que tudo dará certo. Mas, antes, me escute pela última vez..." Inu no Taishou fez uma pausa.

"Você terá de arcar com as consequências. Nada na vida é de graça. Prepare-se para ser mais forte do que nunca, Inuyasha. Tenha cuidado, pois eu não sei o que irá acontecer de agora em diante, mas, caso precise de mim, desembainhe a Tessaiga e pense nos seus pais. Tenha certeza de que nós estaremos lá para lhe dar toda a coragem, força e sabedoria que você precisar. Seja forte, Inuyasha, esteja preparado. Amamos você. Agora, vá em frente! Destrua a caixa! E... Adeus para sempre. Mesmo que seja 'pela segunda vez'.

Inuyasha atirou a caixa dourada no chão, pensou em tudo aquilo que queria e, em seguida, cravou a Tessaiga em seu meio. Uma explosão de cores preencheu o lugar e envolveu sua esposa. Sua visão embranqueceu e, quase que imediatamente, apagou.


~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~


– Inuyasha... Inuyasha...!


– Grhmmm...


– Vamos, Inuyasha, acorde! O dia está tão lindo!


– Ah, Kagome, cale a boca e me deixa dorm... KAGOME?!


Abriu os olhos. Por um instante, pensou que os mesmos pregavam-lhe uma peça, mas ela estava realmente ali. Estavam na cabana da Senhora Kaede. Ele estava deitado numa "esteira" e ela, ajoelhada ao seu lado. Seu ventre proeminente o fez sorrir imediatamente. Aquele cheiro, aqueles olhos, aquele sorriso... Tudo havia voltado ao normal!


– Vamos, Inuyasha! A vovó Kaede precisa de ervas! Levante-se!


Ela apelou! Beijou-lhe os lábios com intensidade. O gosto doce da miko espalhou-se por toda a boca do hanyou. Ele quase enlouqueceu.


– Já que você está pedindo, então vamos.


De mãos dadas, saíram em busca de algo que não importava quando comparado àquele momento. Cumprimentaram Sango e Miroku e partiram. Estava tão anestesiado pela felicidade que nem sequer reparou na ausência de um certo kitsune, mas, como Inuyasha não sabia de seu treinamento com os youkais lobos, não poderia ter desejado que Shippou voltasse. Mas, quem sentiria falta de um pentelho? Ele. Mas, por ora, aquilo também não importava.


Sem saber ao certo, estava convicto de que Naraku estava morto e seu filho estava bem, contudo, as palavras de seu pai o deixaram inquieto. "Consequências", o que aquilo poderia significar? Não importava. Nada tinha maior importância do que aquele momento.


Desviou-se do futuro e decidido a aproveitar o presente, beijou sua protegida.


E, naquele instante, soube que tudo ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

Aaaawwwn, gente, já que amanhã é o dia das mães eu incluí Izayoi na história. Eu sei que ela apareceu muito brevemente e que eu deveria ter estendido mais o capítulo, afinal, família é algo muito bonito e tudo o mais, mas... Sei lá. Acho que se eu aumentasse mais, não seria Inuyasha. Porque, tipo, por mais que ele tenha uma forte ligação com a mãe, ele não tinha com o pai. E demora um pouco para ele se acostumar com a presença de desconhecidos e tudo o mais, então, eu tentei ser fiel ao personagem, mas sem tirar a emoção dele, porque, assim... Se não ele viraria o Sesshy, né? KKKKKKKKK FELIZ DIA DAS MÃES PARA TODAS AS MÃES DOS MEUS LEITORES LINDOS! PARABÉEEEENS *-------*
Beijo grade!