A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, espero que gostem!



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Os primeiros raios solares iluminavam o vilarejo. Quando o casal chegou, na noite passada, os companheiros já haviam adormecido, devido à exaustão e muitas noites mal dormidas. Os dois acabaram dormindo abraçados, protegendo-se um ao outro com o calor humano. Ou parcialmente humano.

Ao acordar, Kagome não encontrou o hanyou que a abraçava na noite passada.

- Inuyasha? - sussurrou ao sair da choupana, ainda sonolenta.

- Bom dia, Kagome-sama! O Inuyasha saiu. - respondeu Miroku espreguiçando-se.

- Estranho, pensei que ele havia lhe dito aonde ia, Kagome-chan! - Sango estranhou - Ele sempre diz...

- Vocês sabem aonde ele está? - coçou os olhos tentando mantê-los abertos.

- Não... Mas, quando acordamos, já havia partido. - o monge sorriu e convidou a amiga para sentar-se ao lado dos dois.

- Kagomeee! - Shippou correu e deu-lhe um abraço. - Está com fome? Eu trouxe uma maçã pra você e outra pra Sango.

- Obrigada por trazer uma pra mim também, Shippou. - falou Miroku sarcasticamente.

- Ah, Miroku, ele só tem duas mãozinhas. - sorriu a futura esposa. - Miroku-kun, é amanhã!

- Miroku-kun? MIROKU-KUN?! - o pequeno filhote de youkai raposa chorava de rir, mas parou assim que sentiu o 'cajado' de "Miroku-kun" em sua cabeça.

- Crianças... - disse a moça revirando os olhos.

- É mesmo, Sango-chan! O casamento de vocês já é amanhã... Não sei quando o meu e o do Inuyasha vai ser. - E, meio que sem querer, estragou a surpresa ao mostrar sua aliança.

- Que linda, Kagome! - a exterminadora comparou a ametista do anel da amiga com a sua de safira.

- Ai, ai, ai, onde o Inuyasha se meteu? - cochichou Shippou.

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Um enorme castelo branco, com portões e janelas douradas, onde haviam rosas vermelhas pintadas próximo às portas, janelas e às duas torres que pareciam alcançar as nuvens. Eram, de fato, extremamente altas.

Tinha um jeito de antigo, com algumas rachaduras, mas somente vistas de perto, devia ter, no mínimo, mil anos.

Havia uma ponte levadiça, que permitia a passagem sobre um lindo lago brilhante, com alguns lótus flutuando nele.

Era um típico castelo de princesas. Ali, naquela imensidão, morava Inu no Taisho, sua família e seus criados... Antes de ser abandonado pelo dono. Por sorte, os criados mantínham-no intacto.

Na torre direita, encontrava-se Inuyasha e Shiruku (N/A: significa "seda"), o alfaiate real, conversavam calmamente.

- Quanto tempo, Inuyasha-sama. Qual o motivo de sua inesperada visita? Sei que não veio aqui para rever seu território, afinal, tudo aqui pertencia ao seu pai.

- Na verdade, Shiruku, vim aqui pra, bom, er... Sei que é especialista em armaduras, não em roupas finas... - "Então, POR QUE O NOME DELE É SHIRUKU?!", pensou indignado - Mas, vim aqui para que...

- Pare de me enrolar, Inuyasha-sama. Fale logo! Faz muito tempo que não trabalho com o senhor... Mas, pelo que vejo, gostou muito de minha obra prima, o quimono de pêlo de rato de fogo, nunca o vi sem usá-lo...

- É a minha armadura preferida. Você tem sorte de ela continuar inteira, velho, porque se tivesse rasgado com um youkai qualquer, você estaria morto. - sorriu ameaçadoramente - Mas, quero que faça o vestido da minha noiva.

- Vestido da sua noiva?! Não sei não... Me parece complicado...

- AH, VOCÊ CONSEGUE FAZER UMA ARMADURA DE OURO, MAS NÃO CONSEGUE FAZER UM VESTIDO DE NOIVA QUE PRESTE, SEU VELHO GAGÁ?! - disse batendo na cabeça do idoso.

Shiruku era calvo, tinha cabelos brancos, e um tom pardo na pele. Tinha enormes presas amarronzadas. Seus olhos eram negros e grandes. Seu corpo era marcado pelo tempo e suas mãos marcadas pelo trabalho. Rugas acusavam sua idade. Era magro e o rosto era fino, o que mantinha suas feições aquilinas em perfeita harmonia.

Era corcunda e tinha uma carinha de rude, mas era amigo e tentava sempre ajudar aos outros. Estava trajado com um quimono branco encardido. Sempre fez de tudo para agradar os patrões, adorava criar trajes para Inu no Taisho.

- Não me bata, senhor! Eu faço, eu faço! Acalme-se. Qual o nome da felizarda?

- Kagome. - esboçou algo que muitos chamam de "sorriso", mas muitos julgam ter apenas mexido os lábios rapidamente, tentando evitar demonstrar seus sentimentos. Fechou a cara e ordenou em tom de ameaça - Mas não conte nada pra ela! É surpresa! EU QUE VOU FALAR! Se você falar alguma coisa...

- Pode deixar comigo! Pode deixar! Espere um segundinho só, já estou tirando as medidas. - seus olhos adquiriram um brilho azulado.

Era difícil de acreditar, mas Shiruku tinha poderes bastante úteis para um alfaiate. Ele conseguia enxergar as pessoas e tirar as medidas, sem usar fitas métricas, nem gastar o tempo do comprador. Os antigos patrões eram bastante atarefados, não tinham tempo para perder! Inu no Taisho saía todos os dias para caçar e manter seu território delimitado.

- Que moça bonita, parece teimosa... Digo, parece agradável. - sorriu tentando não causar discussões.

- Eu quero um vestido cheio daquelas frescuras de mulher. Quero um que ela goste!

- O senhor quis dizer véu, grinalda, cauda...?

- Não, não, aquele troço que cobre a cara dela e um negócio que vai até o chão que arrasta quando anda.

- Véu e cauda, senhor Inuyasha...

- Bah, tanto faz! Quem é o alfaiate aqui é você! - bufou.

- Qual a cor? - ele pegou um pequeno pergaminho e um pincel para anotar os detalhes.

- Branco! - gritou como se já não fosse óbvio.

- E o buquê?

- Você não já viu que o cabelo dela é preto? - respondeu arrogante.

- O buquê são as flores, não o cabelo... - segurou o riso.

- Vermelhas. Rosas vermelhas.

- Sim, sim, sim. Fale mais... Quando será o casório?

Os olhos de Inuyasha sorriram marotamente para Shiruku, que logo apavorou-se. É impossível!

- Ah, não! NÃO, NÃO, NÃO! SENHOR INUYASHA, O SENHOR NÃO PODE ESTAR FALANDO SÉRIO.

- Claro que posso! E estou! - deu um sorriso amarelo.

- Mas... Não sei se vou conseguir.

- Bah, claro que consegue! Se não conseguir...

- Gulp! Não garanto nada...

E acabaram tendo uma longa conversa sobre isso. No final das contas, Shiruku prometeu entregar o vestido no prazo. Será que conseguiria?

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- Já é quase hora do almoço... Onde ele pode estar?!

- Calma, Kagome! Não se desespere! Faz mal pro bebê! - falou ela antes de entrar na "cabana".

- Ai, Sango! Eu sei lá! E se tiver acontecido alguma coisa? Por que ele saiu sem avisar? Estou com medo! E se o meu filho nascer sem pai? Queria que a resposta caísse do céu!

- Por que ele nasceria sem pai? - Inuyasha apareceu de repente, "caindo do céu" ao descer de uma árvore. - Por que você está tão vermelha, Kagome? Eu sei que o sol está quente, mas... Acho que você está irritada... O que eu fiz?!

- INUYASHA, SEU IDIOTAAAAA! IDIOTAAAAAAAAAAAAA! POR QUE VOCÊ SAIU SEM ME AVISAR? EU FIQUEI PREOCUPADA! BAKA! BAKA! BAKAAAAAAAAAAAAA! OSUWARI! OSUWARI! OSUWAAAARIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

- VOCÊ QUER ME VER MOOOOOOOOOORTOOOOOOOOOOOOOOO? - gritou batendo repetidas vezes sua face na terra. A fúria da menina era tamanha que o hanyou estava quase arrependido de sua ideia...

- Hunf, não... Eu acho. - deu um sorriso acanhado, mas seus olhos expressavam preocupação.

- Calma, calma, já está tudo bem... NÃO USE O KOTODAMA DE NOVO! ... Tudo bem... - deu um abraço nela, evitando que a mesma começasse a chorar.

- Onde você estava, seu baka? - choramingou.

- Vem cá. - puxou-a pela mão até que entrassem na choupana. Onde Miroku, Sango, Shippou, Kirara e Nekohi já os esperavam.

- O que foi? - sorriu.

- Eu tive uma ideia.

Contou-lhe o plano, todos pareciam ter adorado a ideia.

- Acha que vai dar certo?

- Tenho certeza. - sorriu confiante.

- Também acho. - disse Miroku com o mesmo sorriso nos lábios.

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A noite demorou a passar. Mas assim que o sol brilhou no céu, todos da aldeia já estavam de pé. Todos queriam ajudar nos detalhes do casamento.

Sango e Kagome se aprontavam na choupana, enquanto Miroku e Inuyasha se aprontavam na casa de um homem do vilarejo. Todos usariam roupas formais, até mesmo o hanyou cabeça dura, que quase se recusou à tirar seu inseparável quimono.

O altar já estava preparado, tudo bastante simples, mas bonito. Um tapete vermelho, tecido pelas mulheres do vilarejo, formava o altar. Algumas cadeiras e bancos já estavam posicionados. Vasos com sakuras (flores de cerejeira) e rosas vermelhas enfeitavam o altar. Havia uma mesa de madeira forrada com um pano de seda branca, com uma ''bíblia budista'' aberta sob a mesma e um cálice dourado, ali, a Senhora Kaede celebraria a missa.

Tudo estava lindo, afinal a beleza está na humildade e no carinho por cada detalhe.

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- Ei, velha Kaede, que roupa eu vou usar no casamento? - perguntou com desdém. - Acho que vou usar o meu quimono de pêlo de rato de fogo mesmo...

- INUYASHA! VOCÊ NÃO PODE USAR UMA ROUPA QUALQUER! É UM CASAMENTO! VOCÊ PRECISA SE VESTIR DIREITO!

- ENTÃO O QUE VOCÊ QUER QUE EU USE, VELHA?!

A idosa abriu um enorme baú que tinha no canto de sua choupana. Nele estavam contidos muitos tecidos, muitos trajes encantadores, mas retirou somente um e apresentou para o hanyou resmungão.

- Isso. Foi o quimono mais bonito que já consegui fazer. - a Senhora Kaede tinha muito tempo livre; quando não estava descansando nem tratando dos feridos, costurava como hobbie. - O que acha, Inuyasha?

- VOCÊ QUER QUE EU USE ISSO?!

- VOCÊ VAI USAR ESSE QUIMONO, SIM, INUYASHA!

- NÃO, NÃO, NÃO E NÃO! NÃO VOU FICAR COM CARA DE RIDÍCULO NESSA COISA FEIA!

- SE EU ESTOU DIZENDO QUE VAI, VOCÊ VAI USAR!

- NUNCA! NEM A KAGOME VAI ME CONVENCER! EU NÃO USO ISSO NEM À FORÇA! ...

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- Maldita Kagome, não acredito que ela me convenceu a usar essa coisa feia. Eu estou ridículo! Odeio quando ela faz isso! Maldição! Por que ela tinha de começar a chorar? Eu odeio ver ela chorando... - resmungava Inuyasha tentando controlar sua imensa vontade de rasgar aquele maldito (e lindo) quimono festivo. - E ELA AINDA ESTÁ ATRASADA!

Quando já eram quase dez horas da manhã, os aldeões já haviam chegado. Todos. O gramado estava cheio de gente, sentados em banquinhos e cadeiras, o sol brilhava, os pássaros cantavam, tudo estava perfeito. Menos o atraso.

- Miroku, elas já deveriam estar aqui! - cochichou impaciente para o amigo.

- Calma, Inuyasha. Elas sempre atrasam...

- Mas UMA HORA não é muito?!

- Inuyasha, se senta ou faz alguma coisa que preste. Só não vem me irritar, tá bom?

- Hunf. Que ótimo amigo você é... - resmungou.

Miroku usava um quimono negro, bufante, assim como o do hanyou, que tinha detalhes prateados nos ombros e nas pernas, como uma falsa costura. Havia um pequeno bolso, onde uma sakura estava posicionada. Tinha uma pequena gravatinha borboleta em seu pescoço, que também era prateada. Seu cabelo estava para trás, alinhado, solto.

Já Inuyasha, usava um quimono do mesmo estilo que o de Miroku, bufante. Era branco com alguns detalhes dourados e uma pequena gravatinha borboleta, também dourada. Não parecia muito feliz com a gravata, mas... Seu cabelo estava normal (não havia deixado ninguém encostar em suas orelhinhas), havia um pequeno bolsinho, onde havia uma rosa vermelha posicionada. Estava com uma cara abusada devido ao atraso, mas, no fundo, estava feliz.

- Chegaram! Chegaram! - gritaram os aldeões levantando-se.

As amigas estavam de mãos dadas, segurando, cada uma, um buquê. Kagome, um de rosas vermelhas; Sango, um de sakuras.

O vestido da exterminadora era de alças, com alguns detalhes prateados brilhantes cobrindo seu busto e cintura,  como pequenos caracóis. Nada muito justo ou apertado, pois seu ventre já estava bastante proeminente. Suas luvas iam até os cotovelos. A saia era armada e brilhante e estava coberta por pequenas pétalas de sakuras que haviam caído do buquê. Os sapatos eram de salto (N/A: trazidos da era atual), mas estavam cobertos. O véu cobria o rosto da Sango (como de antigos costumes) e, infelizmente, o cabelo, que estava trançado e cheio de flores de cerejeira. A cauda ia até o chão.

Kagome usava um vestido de mangas até o punho, sem luvas, mas encantadora. Suas mangas estavam cobertos por pontinhos dourados, e eram feitas de um tecido mais fino que o vestido, como uma renda. Seu ventre parecia estar, somente, um pouco menor que o de Sango. A saia era armada, coberta por pétalas de rosa vermelha, tinha os mesmos detalhes dourados. Os sapatos também estavam cobertos. O véu cobria seus cabelos, que estavam soltos, mas a franja era presa por uma tiara vermelha. A cauda do vestido também chegava ao chão.

É, Shiruku havia conseguido algo que todos julgavam impossível, menos Inuyasha. O vestido de noiva estava pronto em menos de um dia. Os poderes youkais daquele alfaiate eram, de fato, impressionantes.

Caminhando rumo ao altar, começaram a entrar com um coro de crianças cantando, as duas amigas se preparavam para um momento inesquecível. Com os ventres crescidos, as lágrimas estragando a leve maquiagem, olhando os noivos maravilhosos que as esperavam e sem soltar as mãos em nenhum momento, elas estavam prontas para o matrimônio e para o primeiro casamento DUPLO da Era feudal.


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Notas finais do capítulo

Gente, fiz o melhor que pude pra deixar essa descrição boa... Não sei se gostaram muito, mas...
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