A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 17
Capítulo 17




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A noite se arrastava. Parecia uma eternidade. Kagome mal conseguiu dormir e Inuyasha nem cochilou, apenas perambulou incansavelmente pela floresta. Miroku, Sango, Shippou, Kirara e Nekohi passaram a noite em claro, tensos, sem muito a conversar. Nossa, nem parecia que haveria um casamento em dois dias...

Amanheceu. O sol não apareceu. Estava nublado. Nuvens carregadas impediam os raios solares de se alastrarem pela terra. As folhas farfalhavam nas árvores devido ao forte vento. O frio doía na pele.

Inuyasha voltou para a choupana onde todos esperavam-no ansiosamente por notícias. Nada.

- Senhor Inuyasha, eu estava esperando pelo senhor. - disse uma voz masculina vinda de Kirara.

- Myouga? O que faz aqui? Ah, claro, não há perigo por perto. - debochou rispidamente.

- Muito engraçado... Soube que a Senhorita Kagome partiu.

- Ah... - sentiu que sua voz falharia a qualquer momento, mas não queria deixar isso transparecer, sempre quis manter sua imagem de rude, grosso e durão. Apenas Kagome (N/A: e Kikyou e_e) merecia suas palavras doces e gentis.

- O que houve entre vocês? Sempre achei que duraria para sempre!

- Não quero falar sobre isso, Myouga...

- Mas Senhor Inuyasha! Só quero ajudar!

- QUIETO, SUA PULGA VELHA! - sentiu as lágrimas marejarem seus olhos.

- Inuyasha, seu bruto! O Myouga só quer lhe ajudar! Pare com isso! Todo mundo já percebeu que você está triste porque a Kagome partiu!

- EU NÃO ESTOU NADA, A CULPA É DAQUELA BOBOCA! CALA A BOCA VOCÊ TAMBÉM, SEU PIRRALHO! - gritou irritado batendo na cabeça do youkai pequenino.

- Seu grosso... - choramingou Shippou.

- Ei, Myouga. Tem uma coisa estranha que aconteceu antes da Kagome ir embora.

- Hmm... - falou o youkai pulga coçando sua barba.

- Um tipo de... Transformação.

- Transformação? - ele pareceu surpreso.

- É, cresceram orelhinhas iguais as minhas e os olhos dela tornaram-se âmbares, ela parecia uma... uma... Hanyou. - sorriu ao lembrar-se de como estava bonita com todas aquelas novas características, mas seu sorriso logo desapareceu. - Sabe o que aconteceu?

- Yare, yare... Senhor Inuyasha, isso é bastante comum de acontecer com os humanos que se envolvem com youkais. Sua mãe também ficou assim. - recordou-se enquanto pulava para o ombro do hanyou - Oyakata-sama, seu pai, ficou bastante preocupado. Mas isso acontece quando há sangue youkai presente no corpo humano após três meses. O período suficiente desse sangue atingir a circulação sanguínea.

- Como assim? - Inuyasha ainda parecia não entender.

- Bem... Há sangue youkai presente no corpo dela. - incentivou Myouga como se não quisesse dar a notícia.

- ISSO QUER DIZER QUE... ELA VIROU UMA YOUKAI? COMO ISSO PÔDE ACONTECER?! LANÇARAM UM FEITIÇO NELA? SE FOR ISSO, EU MATO O DESGRAÇADO QUE O FEZ!

- Ai, meu Deus, o Inuyasha é mais burro que uma porta... - cochichou Shippou tentando evitar futuras confusões.

Myouga riu.

- Por que está rindo, seu velho? Por acaso falei algo de engraçado?

- Na verdade, falou sim... NADA DE MAIS, NADA DE MAIS! TODO MUNDO ERRA, QUEM NÃO ERRA DE VEZ EM QUANDO? DESCULPE, DESCULPE! PARE, POR FAVOR! - redimiu-se a pulga ao sentir os dedos do hanyou lhe espremendo.

- Fale logo, Myouga. O que a Kagome tem?

- Ela está grávida, Senhor Inuyasha.

- Grávida... ?

Inuyasha estava boquiaberto. Grávida?! Como ela poderia estar grávida? Como não havia o contado? Ela não fazia ideia da alegria que percorria o corpo do "papai" naquele exato momento.

- Mas por que ela não me contou?

- Ah, Inuyasha, você vive dizendo besteiras, vai ver que ela ficou com medo. - disse Miroku num tom de repreensão.

E de fato, havia dito a maior de todas as besteiras.

-------------------- FLASHBACK --------------------

- Inuyasha...

- Hum?

- Você já pensou em ser... Pai?

- Não.

- Nem por um instante imaginou como seria... Ter um filho?

Ainda irritado com a discussão que tivera com o amigo, respondeu grosseiramente:

- Não quero crianças por perto. Não gosto. Eu mal aguento o Shippou! Olhe como o Miroku ficou! Nunca pensei em ter filhos. Eles são uns chatos, acordam você no meio da noite, pedem comida, ocupam o seu tempo, no final das contas, só nos dão trabalho.

- Mas é um trabalho bom... - comentou com a voz abafada.

- Nenhum trabalho pode ser bom, entenda isso.

------------------- FLASHBACK -------------------

- MEU SANTO BUDA! COMO POSSO SER TÃO IDIOTA E BURRO? - o pânico começava a tomar conta de si.

- Me faço essa pergunta todos os dias... - comentou Sango. - Ainda não sei como a Kagome consegue lhe aguentar.

- É que a Kagome é muito boazinha e certinha. - disse Shippou. - Completamente diferente do Inuyasha, que é um bebezão.

- ORA, FIQUEM QUIETOS!

- Senhor Inuyasha, eu sempre soube que esse dia chegaria. - suspirou Myouga desamarrando a ''trouxinha'' que sempre carregava nas costas.

- Que dia? O dia em que ele faria uma burrada tão grande como essas e talvez perdesse a mulher que ama para sempre?

- CALADO, MIROKU! NINGUÉM LHE PERGUNTOU NADA. - bateu "levemente" na cabeça do monge, criando um pequeno galo. - Preciso trazê-la de volta, mas como? - indagou - Como? COMO? COMO?! ELA ME ODEIA!

- A Senhorita Kagome não lhe odeia, só deve estar detestando o que ouviu do senhor. E, provavelmente, lhe acha um idiota. - o nó parecia estar muito forte.

- PELO MENOS NÃO FUJO QUANDO HÁ PERIGO, DIFERENTE DE CERTAS PULGAS...

- Precisamos urgentemente da Kagome de volta... - suspirou frustrado o servo de Buda.

- É verdade. - concordou Sango. - Ela é madrinha do nosso casamento.

- Não é só isso, é que só ela tem como "acalmar" o Inuyasha com o "osuwari" e é bem mais fácil do que eu ter de ir bater nele... - Inuyasha fechou a cara. - Se bem que assim é bem mais divertido... - riu Miroku com o pé na cabeça do hanyou.

- ESPERA AÍ, GENTE! NÃO DÁ PRA PERCEBER QUE O MOMENTO É SÉRIO?

- Nunca pensei ver esse daí falando uma coisa dessas... - a exterminadora parecia assustada. Será que o meio-youkai estava, finalmente, amadurecendo?

- Será que ele não foi abduzido por etês? - Shippou sussurrou perto da amiga. - Sango, estou com medo!

- Senhor Inuyasha... Aqui está. - o youkai pulga segurava desajeitadamente o objeto valioso.

Inuyasha sorriu.

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Kagome se levantou. Quase dez horas da manhã. É, não iria de forma alguma para escola naquela manhã. Seu rosto estava completamente abatido, olheiras, olhos vermelhos, o olhar vazio, cabelo desgrenhado e a pele um tanto "amassada" por ter passado a noite com a cara enfiada no travesseiro. O que os homens não fazem...

Tomou um banho frio para despertar, penteou os desalinhados cabelos negros e vestiu um vestido rosa sem mangas. Iria ficar em casa pelo resto do dia, ou do mês, ou do ano, ou para sempre... Não sabia. Sua vida estava destruída. Sem ele, nada fazia sentido.

Não sentia fome, mas precisava se alimentar. Tinha de cuidar do seu filho que ainda nem estava desenvolvido em seu ventre. Olhou-se no espelho. Já estava bastante saliente, parecia ter um pouco mais de quatro meses! Embora a criança só houvesse sido gerada há três meses. Teria algo haver com o fato de ser um hanyou? Com certeza.

Não fazia a menor ideia de como Inuyasha ainda não havia reparado. Mesmo só usando roupas grandes para disfarçar, ele já deveria ter percebido o fato do seu cheiro ter mudado, dos "sintomas da gravidez" e a preocupação estava sempre explícita no rosto da colegial. COMO NÃO PERCEBER?!

Desceu para tomar café. Por sorte, sua mãe havia saído e deixado um bilhete na geladeira:

"Filha, eu, o Souta e o vovô saímos para fazer as compras da semana. Voltamos logo. Depois me explique o por quê de você estar sozinha no seu quarto chorando. Beijos, mamãe."


Sorriu. Era exatamente disso que ela precisava. Apoio. O apoio que não tivera do pai da criança.

Comeu algumas frutas, procurou por chocolate (N/A: desejos de grávida ^-^), comeu uma barra inteira e voltou para o quarto. Assistir tv? Ir para o computador? Estudar? Não estava com cabeça para nada. Cansada demais, adormeceu em sua cama, onde havia passado a noite toda aos prantos.

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Inuyasha estava pronto para atravessar as eras através do poço come-ossos. Aquele frio na barriga o estava incomodando. Olhou mais uma vez para o objeto dado por Myouga e abaixou, inconscientemente, as orelhinhas:

- Kagome, eu vou te trazer de volta.

E, por fim, saltou.

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Seu sono foi interrompido pelo movimento na casa. Provavelmente, sua mãe havia chegado. Deveria conversar com ela? Sim. A futura vovó ainda não tinha a menor ideia de sua gravidez.

Levantou-se e seguiu em direção à porta. Antes de abrí-la, pensou:

" Ai meu Deus, como vou falar? Sou uma menina de ''18'' anos que ainda nem acabou os estudos e já está grávida de um meio-youkai! E essas orelhinhas? Como vou explicar?! "

Precisava de coragem. Abriu a porta e foi até a sala.

- Mamãe, preciso te contar uma cois...

Ele estava lá. Na sua frente. Seu olhar era tímido e desconfiado. Lembrava o olhar de quando haviam se conhecido. Sempre desconfiado, mas aos poucos, aprendeu à confiar nos outros. Será que já sabia?

- O que você quer? - falou agressivamente.

- Kagome, eu já sei de tudo.

- É MENTIRA! É TUDO MENTIRA! VOCÊ É UM... Já sabe?

- Sei. E o que eu mais quero... É ser pai dessa criança. - aproximou-se para acariciar-lhe o ventre, mas foi repelido.

- Ah, agora que você já sabe, mudou de ideia magicamente? - a ironia prevalecia em seu tom.

- Não, não, você não está entendendo. É que o Miroku tinha me irritado e...

- AH, CLARO, A CULPA É DO MIROKU QUE LHE IRRITOU. FRANCAMENTE, INUYASHA! ENTÃO QUER DIZER QUE TODAS AS VEZES QUE VOCÊ ESTIVER IRRITADO, VAI ME TRATAR DAQUELA FORMA? VAI SER GROSSO? NÃO VAI DAR A DEVIDA IMPORTÂNCIA AO SEU FILHO? VAI ESQUECER DE SER PAI?

- Não, não, Kagome! Não é isso! - tentou manter um tom calmo. Não queria se exaltar.

- CLARO QUE SIM! SEMPRE FOI DESSE JEITO! MAS NÃO QUERO MAIS! CANSEI DE SOFRER POR VOCÊ! DE AGORA EM DIANTE, NÓS DOIS VAMOS NOS VIRAR SOZINHOS! NÃO PRECISAMOS DE ALGUÉM COM ORELHINHAS DE CACHORRO!

Inuyasha apontou para o topo da cabeça dela com um sorriso satisfeito.

É verdade. Agora, ela também tinha as famosas orelhinhas. Estava arrependida por ter dito aquilo. Sentia-se uma burra.

- Kagome, calma. Eu quero ser pai! Prometo nunca mais abandonar vocês, porque... Quero dar essa criança uma família. A família que nunca tive. E que agora, quero construir.

- Não precisa forçar nada. Sei que vai ser só mais um fardo. Volte pra sua era. Vai lá destruir o Naraku. É o melhor que você faz. - sua voz começava a falhar. A vontade de chorar era imensa.

- Kagome... PARE DE DIZER ISSO!

- NÃO, NÃO PARO!

- SUA BOBA, SABE QUE ESTÁ ERRADA, SÓ NÃO QUER VOLTAR ATRÁS! VOCÊ PRECISA DE MIM, ASSIM COMO EU PRECISO DE VOCÊ!

- NÃO QUERO MAIS SABER! SAIA DA MINHA CASA!

- ESPERA, VAMOS CONVER...

- SAI, INUYASHA! SEU MONSTRO! VOCÊ É UM MONSTRO, ISSO É O QUE VOCÊ É, UM MONSTRO!

Ele a abraçou com força. Ela ouvia as batidas do seu coração. Batia acelerado. Como sentia falta dele, daquele calor, daquele batimento...

- Saia... Seu monstro... - cochichou.

- Não faz ideia do quanto senti sua falta. Dos dois.

- Mas você nem sabia da existência dele... - referia-se ao filho.

- Mas desde que descobri, vocês não saem da minha cabeça. Sério. Um pirralho dentro de casa pra brincar com o Shippou... Pra me dar dor de cabeça, trabalho, me encher a paciência, mas... Pode ser bom. Eu acho... Ei, Kagome, vai ser bom? - seus olhos se arregalaram com inocência. A bela mulher encarou-o com um olhar que expressava: "Claro que vai, não é óbvio?!" - Por favor, volta pra mim.

- Inuyasha... - lágrimas escorriam de seus olhos, temporariamente, âmbares.

Ele se ajoelhou. O que estava fazendo? Ajoelhado no meio de uma sala, às onze horas da manhã, com uma colegial chorando na sua frente.

- Kagome, você me conhece melhor do que ninguém. Vocês agoras são muito importantes pra mim. São a minha família. Por favor, volta pra mim. Eu quero estar ao seu lado pra sempre, todos os dias ensolarados, em todos os dias nublados e frios, até quando você ficar uma velha capenga e gagá que nem a Velha Kaede... - ela riu com o comentário. -  Quero que você seja só minha e de mais ninguém e o Kouga que se cuide, não te divido com ninguém. NINGUÉM MESMO, VIU?!

Um breve momento de silêncio enquanto Inuyasha cascavilhava os "bolsos" de seu quimono de rato de fogo. Tirou um pequeno saquinho branco, um presente de Izayoi para Inuyasha, confiado à Myouga, que só fosse entregue quando "chegasse a hora".

Uma aliança feita de ouro branco, com uma ametista (uma pedra preciosa de tom roxo) em cima. Um anel digno de uma rainha. A rainha que guardaria o coração daquele hanyou pela eternidade.

- Er... Bem... Assim... Você quer... Você gostaria... MALDIÇÃO! - respirou fundo - Casa comigo?

Ele sorria enquanto Kagome olha desconfiadamente para o anel.


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Notas finais do capítulo

Tentei, de novo, fazer uma coisa fofinha com um final dramático... Bem, espero que tenham gostado.
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