A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 15
Capítulo 15




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" Esses últimos meses passaram rápido, " pensou Kagome enquanto olhava Miroku acariciando o ventre proeminente de Sango. " Nem dá pra acreditar que a Sango já está com seis meses de gravidez. "

- Vai ser um guerreiro. - brincou a exterminadora alisando a barriga.

- É, que nem a mãe. - riu o monge - Mas para nascer forte e saudável a mamãe precisa parar de lutar e se envolver em confusão.

- Ah, Miroku, até parece...

- Não estou brincando, Sango. É sério.

- Desde quando você manda em mim?

- Desde sempre. - Sango arqueou uma sobrancelha, fazendo o monge retificar a última afirmação - Ok, nem sempre... Mas você entendeu! Precisa parar com as lutas, não faz bem ao bebê!

- Miroku, eu vou lutar. Esqueceu o que aquele desgraçado me fez? Preciso vingar o meu pai e os meus companheiros.

- SANGO, NÃO!

- MIROKU, VOCÊ NÃO MANDA EM MIM! NOS CASAREMOS EM TRÊS DIAS, POR FAVOR, NÃO QUERO BRIGAR!

- Lamento lhe informar, mas acho que ela está certa. Miroku, você não pode protegê-la de tudo! Ela já não é mais criança, caso não tenha percebido... - comentou Inuyasha interrompendo a discussão.

- OBRIGADO, Inuyasha. - agradeceu sarcasticamente o monge.

- Viu? Até o Inuyasha concorda comigo! - gritou furiosa.

- Mas o Inuyasha é só um grande cabeça dura... - sentiu os olhares voltados para si e corrigiu a última afirmação - Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. - cochichou Shippou tentando não se envolver.

- Amiga, só queremos o melhor para voc... - antes de terminar, Kagome foi interrompida.

- Tente me entender! Quando o bebê nascer, não terei mais tempo para treinar com o Hiraikotsu, nem para combater youkais!

- Mas para o nosso filho nascer, Sangozinha, os dois precisam estar saudáveis! E VIVOS! Não consigo imaginar o que seria de mim se algo lhes acontecesse, - beijou-lhe os lábios enquanto alisava o pequenino que ainda não havia nascido - São as pessoas que mais amo.

- Tudo bem, Miroku. Prometo não me meter em confusão. - rendeu-se Sango.

- Adoro quando eles fazem isso. E você, Kagome? - sorriu Shippou - Ka... Ka... Kagome?! - procurou a amiga com os olhos, mas não conseguiu encontrá-la.

Ela, de fato, não estava mais com os amigos. Estava lavando o rosto numa pequena tigela de barro com água.

- Tome, querida. - disse a Senhora Kaede entregando-lhe uma erva - Irá se sentir melhor.

- Não, por favor. Este cheiro... - tapou o nariz e a boca como se estivesse prestes a passar mal.

Inuyasha aproximou-se e estendeu a mão à jovem que ainda estava ajoelhada, debruçada sob a "tigela" d'água.

- Venha, levante-se.

- Não, Inuyasha, por favor, eu não aguento! Estou... - foi interrompida.

- Tonta, enjoada e não aguento me levantar. - imitou com raiva. - ISSO JÁ NÃO ME SURPREENDE MAIS! NÃO SEI POR QUE AINDA ME PREOCUPO... VENHA, LEVANTE-SE.

Ele puxou-a bruscamente, fazendo-na levantar-se num salto. Desequilibrada e fraca de mais para permanecer acordada, desmaiou em seus braços.

- Kagome? KAGOME? O QUE FOI QUE EU FIZ?! - desesperou-se o hanyou - Desculpe, por favor, acorde! - balançou-a um pouco.

- Está desmaiada. Não adianta balançá-la, Inuyasha!

- Mas ela está bem, não está, velha Kaede? - suas mãos estavam trêmulas.

- Não foi nada de mais, ela só não estava se sentindo muito bem.

O meio-youkai colocou-a nos braços e beijou-lhe a testa cochichando: "Desculpe". E seguiu viagem com os outros enquanto o remorso lhe corroía.

Alguns minutos se passaram, Kagome cochilava angelicalmente nos braços absurdamente musculosos do hanyou, mas seu sono pouco durou.

Franziu o cenho e abriu os olhos apavorada:

- UMA GRANDE ENERGIA MALÍGNA ESTÁ SE APROXIMANDO!

- Pensei que apenas eu estava sentindo... - Miroku abraçou Sango num gesto protetor - Acha que é o Naraku?

- Tenho certeza. - afirmou com convicção.

- Preparem-se. - ordenou Inuyasha sacando a Tessaiga.

O monge deu um beijo em sua noiva, que fingia-se de forte, acariciou-lhe o ventre, afinal, poderia morrer naquela luta. Desmontou de Kirara que desceu dos céus para que o fizesse em segurança.

" Tome cuidado, Houshi-sama. " pensou a exterminadora enquanto seguia rumo às nuvens. " Não quero que nosso filho cresça sem pai, e nem eu quero viver sem você. Por favor, não morra, aguente firme. "

Naraku apareceu por entre as árvores, seu enorme corpo roxo e elástico se contorcia em direção a eles. Kagome lançou uma flecha que não chegou nem perto de atingí-lo. Inuyasha olhou para ela, não era de seu feitio errar a mira, então, teria de prestar atenção nela e no oponente.

Desferiu um golpe da Tessaiga em direção ao adversário:

- KAZE NO KIZU!

Atingiu em cheio, mas logo se recompôs e contra atacou na direção de Miroku. Tentou usar seu houriki, mas foi inútil. Nada conseguiu impedir o enorme tentáculo de "Onigumo" de atraverssar-lhe o ombro.

- MIROKU! - gritaram todos.

- NÃO POSSO MAIS FICAR AQUI PARADA! KIRARA, VAMOS! - bradou Sango se aproximando e quase lançando o osso voador.

- SANGO! NÃO! NÃO SE APROXIME! FI-FI-FIQUE AÍ! NÃO COLOQUE A VIDA DO NOSSO FILHO EM RISCO! - ele se contorcia de dor, era possível sentir sua vontade de gritar devido ao poderoso golpe.

Ela parou e logo a enorme youkai gata estava voando alto com sua dona, bem distante da "arena de batalha".

- SEU CRETINOOOOOO! MEIDOU ZAGETSU-HA!

A enorme esfera negra abriu-se atrás de Naraku, sugando algumas árvores, fazendo o meio-youkai sorrir.

- Inuyasha, acha mesmo que um mísero ataque como esse... VAI ME DETER?!

O corpo elástico espandiu-se até um tamanho estupidamente grande, maior do que o meidou. De alguma forma, ele absorveu o ataque, não sofrendo dano algum.

- Mas o quê...? - Inuyasha estava estático. - ELE ENGOLIU O MEU GOLPE!

- E todo o poder das trevas... SERÁ LANÇADO SOBRE VOCÊ! - gritou "Onigumo".

Um enorme raio foi lançado, era negro com alguns pontos brancos, como estrelas, igual ao meidou. Não teve tempo de pensar duas vezes, tinha de contra atacar:

- BAKURYUUHA!

Uma enorme explosão. Uma barreira protegeu o oponente, mas os amigos foram atirados longe devido ao impacto.

Inuyasha estava dando o melhor de si, mas já estava ficando cansado:

- Droga. - bufou.

- I... Inuyasha... - balbuciou Kagome vendo o esforço dele. - " Preciso fazer algo, mas o quê? " - pensou afilta.

"Precisa de ajuda, senhorita?" falou uma voz familiar em sua mente.

"NEKOHI! SIM, POR FAVOR!" pediu um tanto aliviada. " Por onde você esteve?"

"Sou o guardião da floresta, já que o vilarejo que protegia foi destruído, " respondeu " Só estava cumprindo meu dever. "

" Ótimo, venha rápido, por favor! Não estou em condições de lutar e o Inuyasha está muito cansado. "

" Já estou a caminho. "

" Obrigada. " agradeceu.

" Disponha, sempre que precisar! "

Olhou para os lados e viu o belo meio-youkai apoiando-se na sua espada, tentando levantar-se e continuar a batalha. O sangue ensopava o quimono rubro de pêlo de rato de fogo e a respiração estava ofegante. Miroku cambaleava evitando os ataques com seu bastão, uma de suas mãos pressionava o ferimento, tentando fazê-lo parar de sangrar.

- Ora, ora, ora, hanyou... - riu Naraku prazerosamente - Esperava uma luta mais digna vinda de você...

- Quieto, seu... mi...serável. - cuspia as palavras enquanto levantava-se vagarosamente.

Arrancou a espada do chão e sua lâmina tornou-se brilhante, feita com diamantes.

- KONGOUSOUHA!

Os diamantes atravessaram-lhe o corpo, mas ele nada sentiu, não demonstrava dor alguma.

De repente, uma dor terrível percorreu seu corpo roxo, ao olhar para trás, descobriu o motivo. Kagome havia acertado uma flecha purificadora em suas costas, bem próxima de sua cicatriz de aranha.

- Da próxima vez... NÃO VOU ERRAR! - disse ela tentando não desmaiar outra vez.

- Ora, sua intrometida... - falou avançando contra a pobre miko - NÃO SE META NOS MEUS PLANOS!

- DEIXE ELA EM PAZ, SUA LUTA É COMIGO, NARAKU! - bradou Inuyasha.

- QUIETO, IDIOTA!

"Onigumo" continuou avançando, já não restavam mais forças para fazer Inuyasha se mover, e até mesmo a própria garota que estava sendo ameaçada, não enxergava um palmo a sua frente, estava zonza. Parecia que ninguém mais poderia salvá-la, até que:

- GRAAAAAAUR! - um alto rugido é ouvido.

- Não pode ser... - balbuciou Naraku espantado.

O enorme youkai gato cinza apareceu rosnando; a estranha reação do adversário havia deixado todos curiosos, mas não tinham tempo para descobrir o por quê.

Nekohi voou até Sango, que escondia o pequeno Shippou, que por sua vez tremia apavorado.

O raposo youkai pulou em suas costas enquanto ele cumprimentava Kirara. Assim que terminou, desceu em alta velocidade em direção à Naraku.

Quando estava próximo, uma enorme chama foi lançada de sua boca e uma outra chama azul misturou-se a ela. Era o "fogo de raposa" de Shippou.

- Droga... - resmungou Onigumo. - EU VOLTAREI! E DA PRÓXIMA VEZ.... NÃO SEREI TÃO BONZINHO COM VOCÊ, HANYOU IMUNDO!

E seu corpo se desfez em miasma antes que o ataque lhe atingisse. Um breve momento de silêncio e o brado de Inuyasha é ouvido:

- O ÚNICO HANYOU IMUNDO AQUI ERA VOCÊ, NARAKU! EU TOMO BANHO TODO O DIA!

- MIROKU! - Sango correu aflita em direção à ele.

- Calma, meu amor. Estou ótimo.

- ME DEIXOU MUITO PREOCUPADA, SABIA? NUNCA MAIS FAÇA ISSO!

- O importante é que tudo acabou bem. - disse beijando-na entre as lágrimas dela.

- INUYASHA! - gritou Kagome andando o mais rápido que podia.

Ela ia em direção a ele, que permanecia naquela posição, apoiado na Tessaiga.

- Inuyasha? - disse ao chegar perto - Você está bem?

- Eu o deixei escapar... - bufou.

- O quê?

- EU O DEIXEI ESCAPAR! - bradou esmurrando o chão.

- A CULPA NÃO FOI SUA!

- SOU UM FRACO!

- NÃO, NÃO É! PARE DE SE CULPAR POR TUDO!

- A culpa foi toda minha! - choramingou. - Você poderia estar ferida agora, sabia?

- Mas não estou, - falou sorrindo. - só estou cansada. Vamos.

Kagome estendeu a mão, ajudando-no a levantar e serviu de apoio para ajudá-lo a andar, por pior que estivesse se sentindo, a dor de Inuyasha parecia bem pior.

Nekohi e Kirara levaram os outros para a choupana da Senhora Kaede, onde trataram das feridas e passaram algumas horas em repouso.

Como sempre, o meio-youkai precisava discutir por algo:

- ESTAVA MALUCO, MIROKU? VOCÊ QUASE MORREU!

- EU NÃO PODIA COLOCAR A VIDA DO MEU FILHO EM RISCO, SEU BASTARDO! SE A SANGO TIVESSE CHEGADO MAIS PERTO, TALVEZ AQUELE MISERÁVEL TIVESSE A ATACADO!

- EU ACHO QUE VOCÊ DEVERIA TER DEIXADO, ELA JÁ É BEM GRANDINHA E SABE SE VIRAR!

- CLARO QUE NÃO!

- CLARO QUE SIM!

- QUANDO VOCÊ FOR PAI, VAI ENTENDER!

- BAH! - irritado, saiu para esfriar a cabeça. - Eu nunca vou ser pai. - cuspiu antes de sair.

Kagome seguiu-o silenciosamente. Observou-o ao longe, ele se deitou na grama, não muito longe dali. Aproximou-se e deitou-se ao seu lado.

- Não fique bravo, Inuyasha. - disse calmamente - Algum dia, você vai entender.

- Não me amole, Kagome.

- Se assim você pensa... Tudo bem.

Um silêncio incômodo tomou conta do ambiente. A jovem miko mordeu o lábio inferior e arriscou:

- Inuyasha...

- Hum?

- Você já pensou em ser... Pai?

- Não.

- Nem por um instante imaginou como seria... Ter um filho?

Ainda irritado com a discussão que tivera com o amigo, respondeu grosseiramente:

- Não quero crianças por perto. Não gosto. Eu mal aguento o Shippou! Olhe como o Miroku ficou! Nunca pensei em ter filhos. Eles são uns chatos, acordam você no meio da noite, pedem comida, ocupam o seu tempo, no final das contas, só nos dão trabalho.

- Mas é um trabalho bom... - comentou com a voz abafada.

- Nenhum trabalho pode ser bom, entenda isso.

Não podia mais conter as lágrimas, levantou-se e correu em direção ao poço come-ossos, mas antes de sair da vista do hanyou, olhou para trás e gritou:

- EU TE ODEIO, INUYASHA!

E voltou a correr. Ele ficou com cara de bobo, não entendia o que havia acontecido, mas optou por seguí-la.

Ouvia os passos dele. Estavam com um som cada vez mais alto. Não olhava para trás, só queria voltar para casa e esquecer de tudo.

Enquanto seu destino se aproximava, chorava e pensava:

" Não posso contá-lo que estou grávida. "


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Notas finais do capítulo

espero que gostem *-* Reviews?