Amanheceu. Os primeiros raios solares começaram a surgir, destruindo as pequenas gotas de orvalho. A noite havia sido fria, mas nada que dois corações apaixonados não pudessem ignorar.

Kagome abriu os olhos presunçosamente. Olhou ao redor, nem acreditava que havia passado a noite longe do acampamento, longe dos amigos, da Senhora Kaede, apenas ela e Inuyasha. Nunca haviam feito aquilo. Observou o hanyou adormecido na relva ao seu lado e sorriu, difícil mesmo seria explicar aos outros onde haviam pernoitado...

Aprontou-se e acordou o meio-youkai preguiçoso:

- Bom dia, dorminhoco.

- Bom dia... - disse abrindo os olhos e fitando-na.

Parecia que já estava acordado, mas preferia ficar apenas sentindo seu cheiro embriagante, sentir seu calor, estar junto dela. Amar sem medo de não ser correspondido.

- Não podemos ficar mais um pouco? - pediu ele puxando-na suavemente para perto.

- Não! Temos de voltar logo! Desse jeito, perceberão que fugimos! - ela olhou para o hanyou e pensou: " Por mais que deseje permanecer ao seu lado".

- Vamos ficar só mais um pouquinho. - choramingou - Por favooooooooooooor...

- Não me obrigue a usar minha arma secreta...

- Qual é a sua arma secreta? - perguntou arqueando uma sobrancelha com um sorriso divertido nos lábios.

Kagome deitou-se ao seu lado e aproximou seus lábios aos dele. Estavam realmente próximos, já era possível ouvir as respirações acelerando.

- Essa aqui... - sussurrou galanteadoramente próxima às orelhinhas brancas.

Se aproximou mais e mais, ouvia o coração do hanyou batendo forte, os ombros largos, o peitoral malhado, o sorriso tímido e ao mesmo tempo gentil, o lado bom que poucos veem de um "meio demônio". Ele já se preparava para receber um beijo.

- OSUWARI!

- MALDIÇÃO! POR QUE FEZ ISSO?! - perguntou Inuyasha com a cara 'dentro' da terra.

- Foi você quem pediu...

- Droga... - murmurou irritado.

- Bobo, - disse beijando-lhe o rosto - agora vamos.

Ela subiu nas costas dele que logo pôs-se a correr de volta ao vilarejo / acampamento. Ao chegarem, todos ainda dormiam, exatamente da mesma forma como à noite anterior.

Sango abriu os olhos ao ouvir um barulho por de trás de alguns arbustos. Deu um tapa de leve em Miroku, que sorriu com apenas um olho aberto.

Kagome saiu de trás dos arbustos, foi na frente, deitou-se e fingiu adormecer. Pouco tempo depois, Inuyasha apareceu, sentou-se encostado numa árvoree e fechou os olhos. Não podiam chegar juntos, caso alguns dos amigos estivessem acordados, levantariam suspeitas.

Passaram-se poucos segundos e Miroku "acordou":

- Ó, Sango, acorde! Veja que lindo dia! Eu nunca dormi tão bem! Afinal de contas, a noite estava tão bela e tão gostosa para descansar e relaxar um pouco...

A exterminadora "acordou" e espreguiçou-se:

- Ó, tem razão, Miroku! Vamos perguntar a Kagome e ao Inuyasha como eles passaram a noite?

- Em outras palavras, ONDE VOCÊS ESTAVAM?! - gritou o monge.

- N-n-nós estávamos aqui, oras. - gaguejou Inuyasha.

- Aham, até parece. Nós percebemos quando vocês saíram e já estávamos acordados ao chegarem. Percebemos tudo! Até quando vocês saíram do meio do mato. Por sinal, Inuyasha, o que você estava fazendo com a Kagome no meio do mato? - perguntou o pequeno Shippou.

- Me recuso a responder. - bufou Inuaysha.

- Er... E-e-ele estava... Ele estava... Me explicando novas estratégias de batalha! - disfarçou Kagome.

- Huuum, sei... Você mostrou a sua TESSAIGA pra ela, Inuyasha? - perguntou Miroku pervertidamente.

- GRRR! EU VOU MOSTRAR A MINHA TESSAIGA PARA VOCÊ, SEU PERVERTIDO! - gritou Inuyasha furiosamente sacando a espada - VOU USAR SEUS INTESTINOS COMO TAPETE!

- Ca-ca-ca-calma, Inuyasha! Não se irrite! Foi só um comentário! Isso acontece toda a hora... Hehehehe.

- MIROKUUUU!

Os dois corriam como crianças brincando de pega-pega, enquanto os outros observavam a ridícula cena que pressenciavam.

Pouco tempo depois, eles pararam, ofegantes, sentaram-se próximos e juntaram-se aos outros que conversavam normalmente.

- E então? O que aconteceu ontem À TARDE? - perguntou Shippou curioso.

- Keh, digamos que... Minha inteligência nos salvou de novo. - gabou-se Inuyasha.

- E quando ela nos salvou?

- Quieto, Miroku.

- Que inteligência? - brincou Sango acariciando Kirara que estava deitada em seu colo, já que Nekohi havia saído, ela decidiu descansar um pouco.

- Até você, Sango?

- ÔÔÔ, não fale assim dele. - disse Kagome mexendo nas orelhinhas das quais tanto gostava.

- Er, bem... Voltando ao assunto... - prosseguiu o hanyou rindo um pouco. Como adorava quando mexia em suas orelhinhas, só não queria admitir. - Nós morreríamos se não fosse a rosa vermelha que a Kagome usava no cabelo.

- Eu que encontrei! - gabou-se o youkai raposa.

- Aham, você mesmo, Shippou! - falou a miko colocando o "amiguinho" no colo - Encontrou e me presenteou.

- É, mas foi você quem pediu.

- CONTINUANDO... - cortou Miroku querendo ouvir a história.

- Ryuki lançou um feitiço em nossa direção, seria o fim, só quem poderia morrer seria a Kagome e eu, "nada" mais poderia ser feito. Até pensei em usar a bainha da Tessaiga, mas seria muito arriscado. Só o que poderia impedí-lo seria algo ainda mais poderoso que sua magia negra. Então, joguei a rosa vermelha na nossa frente, já que pertencia a somente nós. Em resumo, só isso. - sorriu Inuyasha.

- Uau, uma atitude bastante inteligente para um hanyou cabeça dura! - zombou Miroku.

- E você é bem pervertido para um monge. - retrucou o meio-youkai.

- Mas eu não entendi por que a rosa vermelha destruiu o feitiço do Ryuki... - comentou Shippou ingenuamente.

- É que eu e o Inuyasha nos amamos, e a força do nosso amor, é mais poderosa que qualquer magia negra. Nos amamos e isso basta. - sussurou Kagome no ouvido do pequenino enquanto os amigos discutiam.

- Estou impressionada, Inuyasha. Pensei que você usaria a força bruta para acabar com o feitiço, mas seria tolice... - admirou-se Sango.

- Só porque sou forte, não quer dizer que também não seja inteligente... - gabou-se.

- E o que aconteceu ontem À NOITE? - perguntou o filhote de youkai raposa.

Inuyasha irritou-se e bateu com força na cabeça do pequeno, fazendo-no chorar de dor com o enorme "galo" formado:

- NÃO APRENDA COM ELE! - gritou o hanyou apontando para o monge - VOCÊ AINDA É UMA CRIANÇA!

- Exato! Logo, VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE BATER NELE! - gritou Kagome furiosa.

- CLARO QUE TENHO! ESTOU FAZENDO UM BEM PRA ELE!

- NÃO GRITE COMIGO!

- A BOCA É MINHA, FALO O QUE EU QUISE...

- OSUWARI! - cortou-o fazendo-no cair.

Ela se abaixou ficando mais próxima do "namorado" que estava caído no chão e continuou sarcasticamente:

- Se acalmou? 

- Não! - resmugou tentando levantar-se.

- Ah... bom saber! - sorriu secamente - OSUWARI! OSUWARI! OSUWARI! OSUWARI! OSUWARI! OSUWARI! OSUWARIIIIIIIII!

- AAAAAH, PARE COM ISSOOOOOOOOOOO!

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Numa escura caverna, próxima a um vilarejo, "Onigumo" recuperava suas forças, sua última luta havia deixado-o muito fraco.

- Naraku, já estamos aqui há dias! Não aguentarei esperar por muito tempo.

- Paciência, Kagura. - falou Naraku calmamente - Se lhe devolvi a vida, é porque você ainda será muito útil, assim como Kanna. Sei o que estou fazendo. Paciência.

- Mas, Naraku...

- Não diga mais nada, - interrompeu - A nossa vez chegará. A hora da vingança. Destruiremos aquele estúpido hanyou e a réplica da Kikyou que ele tanto gosta. Depois, acabaremos com a exterminadora e o monge. Já tenho tudo pronto. Só espere. Aguarde.

- Sim, mestre. - resmungou a moça de olhos vermelhos enquanto abria e fechava seu leque entediadamente.

- Chame Kohaku e diga para ele ficar de olho. Nada pode dar errado.

- Claro... - finalizou Kagura saindo da caverna em sua pena voadora.

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Passaram-se horas, até que Nekohi chega exausto no vilarejo. Nada. O rastro de Naraku havia desaparecido no meio de tantos outros cheiros da floresta.

" Obrigada por tentar. " falou Kagome em sua mente.

" Não fiz nada além de minha obrigação. " respondeu o youkai gato calmamente na mente da moça.

" Por que só eu te escuto? "

" Creio que é porque temos um vínculo muito forte de vidas passadas, senhorita. "

" Quer dizer que você e a Kikyou...? "

" Sim, éramos bastante amigos. "

" Têm se visto recentemente? "

" Lamentavelmente, não. "

" Queria se encontrar com ela? "

" Sim, creio que possui alguma ligação com o Naraku. "

" Laços fraternais? " estava surpresa com aquele pensamento.

" Não tenho certeza... "

" Ou será que o Naraku... " foi interrompida.

" Nem pense nisso, senhorita. "

" Mas é uma boa hipótese. "

" De fato. Agora, acho que podemos relaxar um pouco. Não estás a sentir a presença dele por perto, estás? "

" Sinto uma energia malígna muito fraca, nem sei se é mesmo ele. Pode ser qualquer outro youkai da floresta. "

" Pode até ser do senhor Inuyasha... " riu o gato.

" NÃO! Além de ter um coração bom, ainda é lindo. " pensou Kagome abobalhadamente.

" Se eu concordar posso deitar em seu colo? "

" Mas o Shippou já está dormindo aqui! "

" Tire-no, por favor! " suplicou " Estou esgotado. "

" Tudo bem, tudo bem. " cedeu tirando Shippou de seu colo e pondo-no no colo de Inuyasha, que parecia incomodado com o gesto.

Nekohi transformou-se num pequeno gatinho, assim como Kirara, o que surpreendeu a todos, afinal, nunca o viram naquele 'minúsculo' tamanho. Deitou-se no colo da miko, que logo começou a acariciá-lo suavemente.

Os amigos acharam estranho a moça ter passado tanto tempo quieta, apenas fitando o lendário youkai gato cinza, que também permanecia quieto, ouvia-se apenas sua respiração.

Todos continuaram próximos à choupana da Senhora Kaede, onde passaram o dia descansando, especialmente Sango, que necessitava de bastante repouso. Estavam sentados embaixo de algumas árvores que proporcionavam sombra. A brisa fria e agradável do fim de tarde brincava com os cabelos/pêlos dos sete.

" Sabe, Nekohi... " pensou Kagome.

" Hum... " respondeu sonolento.

" Acho que conseguiremos derrotar o Naraku, basta querer. "

" Aham, claro, você está sempre certa. Deixe-me dormir. " resmungou.

" Tudo bem, tudo bem. Prometo não tem incomodar mais. "

" Ótimo. "

" Só queria te agradecer por tudo e agradecer a Buda por estar ao lado de todos vocês, companheiros tão bons, tão divertidos, tão cuidadosos. São os melhores amigos que qualquer um desejarinha ter. Especialmente, agradecer pelo Inuyasha... "

" Tu não disseste que não irias mais me incomodar? " protestou.

" Certo, mas dá pra acreditar que a Sango está grávida? "

" Aham... "

" Puxa, o Miroku vai ser pai, ele sempre quis tanto ter um filho... Deve estar radiante! Dá pra acreditar que há uma nova vida se formando dentro do ventre de uma amiga tão querida como a Sango? Tão próxima de nós... "

" PODERIAS CALAR-TE E ME DEIXAR DORMIR?! " Nekohi já havia perdido completamente a paciência.

" Hihi, claro. Bons sonhos, Nekohi. "

Observou o sol se pôr no horizonte, o laranja e o vermelho tingiam o céu. Acariciava o pequeno gatinho cinza que adormecia em seu colo. Olhou em volta. Todos estavam realmente felizes. Sorriu. Afinal, como poderia deixar de sorrir?