Senti o calor aquecer minha face quase adormecida. Já era dia, daqui alguns minutos terei que abrir meus olhos e dá de encontro com o imponente sol que atravessava as frestas de minha cortina, aquecendo e dando boas vindas ao novo começo.

Quis dar a mim alguns minutos de preguiça, não havia necessidade de acordar tão cedo, não hoje. Puxei o cobertor sobre minha cabeça e deixei a vontade me vencer mais uma vez.

Quando eu tinha começado a me entregar senti alguém me abraçar por trás, o corpo dela encostou-se ao meu num abraço preguiçoso, seu braço descansava na minha cintura e sua face afagava a parte de trás de meu pescoço, senti sua respiração morna, seu corpo, seu abraço, essa sensação intima de proteção...

“Bom dia...” – dizia a mim numa voz sonolenta dando-me um abraço apertado.

“Bom dia...” – respondi claramente cansada. Senti seus lábios beijarem meu pescoço, sua mão a vagar lentamente pra debaixo de minha camiseta, sua perna a se enroscar na minha. – “Akemi...” – disse baixinho. Como ela era cruel, me torturar dessa maneira logo cedo...

“Desire...” – ela sussurrou no meu ouvido antes de morder delicadamente minha orelha. Seus lábios viajaram lentamente até os meus, me dando um macio e apaixonado beijo de bom dia.

Akemi sabia como me torturar, ela sabia exatamente como me render.

“O café está pronto!” – dizia eu acabando de passar o café. – “Akemi!” – chamei por ela. Ouvi o barulho do chuveiro sendo desligado.

“Já estou indo!”

Sentei-me à mesa perto da janela na sala, o sol entrava pelas amplas janelas que estavam abertas para o vento entrar e refrescar um pouco minha vida.

Adoro as manhãs de verão, porém odeio as tardes e as noites. Tão quente... Parece até que vamos todos derreter a qualquer momento. Não consigo trabalhar direito porque está quente demais, não consigo dormir porque está quente demais.

Então Akemi e eu decidimos comprar um ar condicionado, colocamos ele no quarto, a conta de luz vem um absurdo no fim do mês, mas acaba compensando. Antes de dormir ligo ele. O quarto fica tão gelado que temos que dormir abraçadinhas debaixo da coberta! Sem ele, qualquer contato físico seria impossível.

Akemi tinha terminado seu banho. Ela chegou na sala sentou na minha frente com o cabelo todo molhado, ainda usando uma roupa folgada.

“Vamos nos atrasar” – disse colocando o café na enorme xícara antes de entregá-lo a ela.

“Eu me arrumo em um minuto” – Akemi começou o preparo do seu sanduíche. – “Estou com todos meus horários cheios!” – ela deu um sorriso.

“Isso é bom, então você volta tarde hoje?”

“Humn...” – ela bebe um pouco do seu café. – “Acho que sim”

Quando saímos de nosso apartamento era quase dez horas, uma manhã ensolarada com um lindo céu azul e quente. Repetindo essa mesma rotina matinal há quase cinco anos, surpreendo-me de como tudo deu certo até hoje.

“Bom trabalho...” – Disse antes de dar um beijo rápido em seus lábios. Akemi segurou minha cintura pra manter o beijo um pouco mais.

“Tenha um bom dia” – ela sorria olhando nos meus olhos. Ela me deu um último beijo antes de caminhar na direção oposta. Eu acenei a ela que me acenou de volta. Mais um dia começava.