O Silencio daquelas palavras tomou os ouvidos da mulher que agora transmitia o medo através dos olhos, refletidos no verde vibrante dos de Sakura.

__Costumam dizer mamãe... –Sakura não ousava olhar para mãe, sentindo o ódio crescer dentro de si. __Que muitas vezes preferimos a escuridão, pois é ela que esconde nossas fraquezas... –Quando seus olhos se chocaram com os dela, agora cheios de lágrimas.__Mais no sei caso foi covardia! –Gritou, tendo o vermelho de seu rosto cada vez mais intenso.

Novamente as palavras sumiram da boca da mãe, que ouvia calada em total êxtase, sem acreditar no que ouviria a partir de agora.

A respiração de Sakura era pulsante, ela apertou a mão formando um punho, esmagando suas unhas em si mesma, com tanto ódio que sentia florir por sua própria mãe.

__Todas às vezes... –Gritava aumentando a voz em casa revelação. __Que você me escondia algo, eu sabia! Sabia que seria descoberto! Sabia que era algo ruim, pois você nunca me tratou com carinho, nunca me ajudou em nada, e só me fez desistir dos meus sonhos, sendo um deles montar uma família com ele! Que ódio eu sinto de você!

Essa ultima frase ecoou por entre os corredores da casa, e a mulher agora estaria espantada.

__Você não pode falar assim comigo...

__Posso sim! –Sakura a interrompeu de imediato, fazendo a mulher novamente se recolher, pasma.__Você nunca me falou de respeito! Nunca me respeitou! Somente me pedia para ficar calada, e nunca gritar quando você saia de casa e voltava altas horas da noite e nem um beijo me dava!

As lágrimas começaram a cair, e a voz foi enfraquecendo, deixando Sakura com dor de garganta por tanto gritar, mais a vontade era tamanha que seu coração implorava por isso, desejava que fossem cuspidas todas as palavras entaladas em seu peito, amargando o seu coração.

__Por quê? –A lagrimas eram tamanhas que mancharam a roupa, fazendo escorrer entra a blusa às gotas como uma cachoeira. __Mãe...

O silencio novamente tomou a casa, e o vento entrava pela janela batendo em seus rostos pálidos.

__Eu... Eu fiz isso para te proteger deste fardo...

__Que fardo mãe?! –Ela novamente gritou.__Que fardo! Pelo amor de Deus me diga?! Que fardo?!

A mãe olhava assustada, revendo tudo o que teria feito contra sua própria filha todos esses anos.

__Mãe! Eu estava grávida! O que deu na sua cabeça! Eu tive de criar minha filha sozinha! Sentindo a saudade apertar a cada passo que ela dava em minha direção, a saudade de ter alguém para dividir aquela alegria! A saudade de ter alguém para me fazer feliz, me amar, me dar conselhos, me proteger contra o mundo lá fora, eu e a Naomi! Como pode pensar em tal crueldade mãe?! –As palavras eram pesadas, pesadas para consciência da mulher que estaria paralisada.

O som das lagrimas era ouvido.

__Eu sofri e ainda sofro, e agora que estou junto a ele... –Ela olhou diante dos olhos da mãe, com rispidez e falou seriamente sentindo a firmeza em sua voz. __Nunca mais vou me separar dele.

Diante de tudo aquilo, a mulher olhou para a casa, e logo para a poltrona e em seguida para um foto que teria ao lado na mesinha onde estariam ela e Naomi, abraçadas no meio da neve, e aquele teria sido o melhor dos seus dias, passado com sua tão amada netinha.

__Meu Deus... –Sussurrou para si mesma.

Logo, andou até a foto, e a pegou em suas mãos. Sakura a acompanhava com os olhos, aguardando alguma resposta a tudo aquilo.

A mulher fechou os olhos, e suspirou profundamente, então derramando uma lágrima se voltou para filha.

__Saia daqui... –Falou calma e profundamente.__Pegue suas coisas e saia desta casa, tome tudo o que é seu, e saia, pegue tudo o que precisa, e se vá para sempre...

Sakura não disse nada, ouviu tudo, encarando-a de frente, e sentindo profundamente o pesar de que nunca mais teria os mesmos olhos para ela novamente, tendo agora, somente rancor e ódio.

__Claro... –Ela passou pela sala, andando até o corredor, olhando para ela, subiu as escadas as pressas correndo, e logo ao chegar em cima deixou as lágrimas se soltarem de seus olhos, se derramando em um choro compulsivo que a tomou por completo, e em silencio, para que ninguém a escuta-se, tentando engolir cada gemido que ameaçasse sair de sua boca.

__Mãe, Ah mãe... –Suspirava, recolhendo algumas roupas em Duas malas, era como se seu coração dissesse que nunca mais voltaria a vê-la novamente.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Seria esse o sentimento que viria a acabar de vez com relação mãe e filha.

Ao descer as escadas, Sakura segurava duas malas em suas mãos, roupas suas e de Naomi, e também junto a isso uma bolsinha com todos os seus documentos e economias.

__Vou voltar para o Japão, de onde nunca devia ter saído, junto com Sasuke... –Ela falava, colocando as malas ao lado da porta, e se virando levemente.

A mulher não ousava olhar para ela, somente encarava o quadrinho do retrato em suas mãos, pensativa.

__Se quiser, você tem meu telefone, pois eu nunca mais vou te ligar. –Em seu ultimo lamento, Sakura tornou a pegar as malas, segurando novamente as lágrimas que ameaçavam cair, tendo ainda seu rosto vermelho pela crise de choro, imagine a dor de ter que abandonar sua casa, para se ver livre, livre para finalmente viver um de seus tantos sonhos impedidos pelos interesses de sua mãe, uma família, seu único amor, Sasuke Uchiha.

__Quero que você saiba... –Quando Sakura parou ao ouvir a voz dela.

__Que eu te amo, e que já me arrependi amargurarmente por quase tê-la feito abortar Naomi, e fico feliz que não tenha feito, pois ela é a minha maior realização. –Seus olhos se fecharam e as lágrimas caíram sobre o retrato bailando sobre o sorriso da doce Naomi.

Então, a porta se fechou, e o estrondo ecoou pela casa vazia, contendo somente os lamentos de uma mulher amargurada e infeliz.

Sakura tentou correr pela rua, com as malas, e logo para o carro, querendo fugir de suas próprias lágrimas que agora caiam como a chuva sobre os campos mais abertos.

__Ah! Droga! Droga! Ah! –Era um choro profundo, ela esmurrava o volante, revoltada em só imaginar que fora pela mãe que ela viveu tanto tempo escondendo seu amor, sofrendo pela saudade, pensando diversas vezes que ele teria a traído, que ele teria sido o culpado, era horrível imaginar que por culpa da própria mãe ela sofreu tanto, e só de pensar em tamanha atrocidade seu coração fazia somente uma única pergunta, Porque ela fez isso comigo?

Depois de tudo aquilo, o telefone tocou, ecoando seu som pelos cômodos.

__Alô. –A voz da mulher era sem vida, inquietante, intensa.

__Hora, e então me fala em me fala! O que houve, conseguiu pegar ele, preciso te ajuda em alguma coisa?! Contratar o Naruto de novo, ou não? Eu posso forçá-lo a...

Era Karin, mais sua voz irritante fora interrompida pelo som do telefone desligado. Yoda não queria conversa, nem dera atenção, não falou mais nada, não fez nenhum plano, nada, simplesmente deixou o silencio de suas lembranças e suas magoas alcançarem seu coração, e sem pensar duas vezes encontrou entra as gavetas uma folha e uma caneta, escrevendo então a seguinte carta:

‘’ Passei anos odiando o amor, pelo motivo de ele ser o caos e o sofrimento em meu coração, Odiei você, sua família, e tudo o que nela me faz lembrar Uchiha, mais agora lhe peço uma única coisa, sei que seria ridículo pedir justamente a você, mais nesse momento, você é o único que pode fazer isso por mim... Cuide dela, cuide delas, seja um marido, e principalmente um pai, lhe explico os motivos, ou melhor, ela deve lhe ter explicado, agora, somente pense em minhas palavras e esqueça tudo o que se passou, pois eu estarei sendo esquecida justamente pelo tempo em seus corações, e fora isso... Perdoe-me, e diga á Sakura que a amo, e que também a peço perdão. ‘’’

                                                     Madame Yoda.

Fora escrevendo isso, e então a mulher gloriosa pegou uma taça de vinho e nela depositou um pó branco, este seria Veneno, e em seguida, não se ouviu nem mais o vento em seus ouvidos, de tão silenciosas ficaram aquelas janelas.

Horas depois, Sakura estava tomando um copo de água, soluçando muito depois de ter contado a Sasuke tudo o que teria acontecido com ela e sua mãe, e, preparada para as dificuldades que viriam agora, tomando a difícil decisão de ir com Sasuke e Naomi de volta para o Japão.

__Desgraçada! –Sasuke gritou.

__Por favor... –Sakura levantou os olhos para ele, como que querendo dizer ‘’Pelo Amor de Deus, Naomi esta lá dentro!’’ pedindo-lhe cautela.

__Eu sabia! Imagine uma coisa dessas! Aquela mulher maldita, nunca foi agradável, mais eu nunca lhe fiz nada, se essas coisas aconteceram no passado, que culpa tenho eu?! –Sasuke passou as mãos no rosto, enxugando as gotas de suor que respingavam

Logo se ouvia o choro de Sakura.

__Não... –Quando ele a viu correu até ela e se abaixou diante do seu rosto tão triste.__Não chora, por favor, eu faço o que você quiser, mesmo sendo difícil vamos embora daqui, vamos ficar juntos...

Sakura chorava, enquanto ele passava a mão por seus cabelos acariciando seu rosto, tentando pegar um pouco daquele sofrimento para ele, sem agüentar vê-la tão magoada e triste.

__Não consigo... –Sua voz agora estava tremula.

__Por favor, vamos ficar juntos, o que acha? –Sasuke tentava fazê-la sorrir, sorrindo também, mesmo que forçadamente, como se ela fosse uma criança sendo consolada.

__Dói muito...

__Eu sei, mais olha, vamos poder nos casar agora... Criar Naomi juntos, ser felizes!

Nada pareceu amenizar a dor que Sakura estava sentindo naquele momento, era insuportável, seria como se sua vida não tivesse mais chão.

___Olha, vamos conseguir, temos como conseguir e também...

__Preciso lhe contar uma coisa! –Sakura o interrompeu.

Fazendo os olhos negros de Sasuke, pararem assustados diante dos seus, e logo um brilho se fez nos olhos de Sakura, e com um leve ar de sorriso, meio que preocupado e ao mesmo tempo feliz disse segurando na mão dele e chorando.

__Eu estou grávida...

O tempo teria voltado naquele momento para ambos, era como voltar naquela época em que isso seria dito a ele, se não houvesse contratempos, sendo assim a prova de que esse amor, era obra do destino. 

Continua.