Your Guardian Angel... escrita por Misu Inuki


Capítulo 6
Primeiras lembranças e o preço da curiosidade...




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" Estamos caindo!"- pensei desesperada
Não conseguia enxergar nada, apenas sentia o vento batendo contra nossos corpos.
Podíamos morrer ali, mas a única coisa que eu conseguia me preocupar era com ele....
Se alguma coisa acontecesse com ele, jamais me perdoaria.
Respirei fundo, e gritei com todas as minha forças o nome dele...

Mas não saia som algum da minha boca.

Então, uma luz muito forte dominou de uma vez o lugar.
Me cegando mais do que a escuridão.

-A gente vai se ver de novo?- ouvi uma voz infantil, que eu logo reconheci como minha.

-Claro- uma voz masculina falou.

" Eu conheço essa voz...."- pensei enquanto ouvia o estranho diálogo

-Você promete?

-Sim, agora vá e não olhe para trás.

Levantei rapidamente.
Então, tudo havia sido um apenas sonho....
Então porque eu me sentia tão mal?

Olhei para o lado e Ayumi dormia tranquilamente.
Então, saí bem devagar da minha cama improvisada.

"Essa era uma das vozes que ficam na minha cabeça..."- pensei enquanto admirava o nascer do sol, pela janela do quarto.

Mesmo que as imagens não estivessem nítidas, estava começando a me lembrar de meus sonhos. O que definitivamente era um  bom sinal.

"Mas quem é esse garoto, afinal de contas? E por que eu me sentia tão ansiosa em encontrá-lo?"

**************************************************************************************

O dia na escola foi: tedioso.
Mesmo sendo sexta-feira, não consegui ficar nem um pouco animada.
Passei todas as aulas perdida em meus pensamentos.
Aliás, um único pensamento:  o garoto da voz misteriosa.

Ayumi já estava acostumada com meus momentos "fora do ar", então não fez muitas perguntas.
Ela sabia, que eu não estaria prestando atenção nelas.

Quando ultimo sinal tocou, faltei voar pela porta da sala.
Se eu ficasse mais um segundo ali, iria pirar.

Deu um tchau rápido para minha amiga, e saí do colégio como um foguete.
Não havia encontrado Zeniba pelos corredores e nem na sala dela.
Ou seja, o livro negro ainda estava comigo.
E isso não me deixava nada contente.

Entrei em casa, e fui direto para meu quarto.
Me jogando de qualquer jeito na cama.
Essa loucura toda , no mínimo era cansativa.

Olhei para o elástico no meu pulso.
Desde o episódio do dia anterior, não havia ficado sem ele nem por um minuto que fosse.
E até então nada de estranho havia acontecido comigo.

"Será isso está interligado?"

Então, começo a escutar miados, que me tiram de meus pensamentos.
Me levantei a contra gosto e fui ver o que aqueles dois aprontavam.
Estava sozinha em casa novamente, mas dessa vez, minha mãe me avisou que sairia pessoalmente e meu pai estava trabalhando.
Ou seja, se eu não fosse atrás dos felinos ninguém iria.

-Yin, Yang!- chamei enquanto caminhava pela casa.

Eles continuaram miando, mas não vieram até mim.
Comecei a seguir a origem do som.
Para minha surpresa, vinha de um quartinho que usávamos para guardar coisas que não tinham utilidade.

Desde pequena, sempre tive um pouco de medo daquele lugar.
Meu pai costumava me dizer que monstros adoram o escuro.
E uma vez dentro desse quarto, você não conseguia enxergar nada.

"Pare com isso Chihiro"- briguei comigo mesma-"Você já está bem grandinha para ter medo de bicho-papão."
Mas mesmo assim hesitei antes de abrir a porta.

Minha mão tremia na maçaneta da porta, e eu me assustei com o rangido dela.
Parecia que a qualquer momento sairia o Jason armado com uma serra elétrica e pularia em cima de mim.

"Péssima hora para lembrar de filme de terror"-engoli seco.

-Yin.Yang- sussurrei.

Mas não ouvi nenhuma resposta.
Pé ante pé, entrei no quarto chamando os gatinhos.
Mas para minha surpresa, o miado vinha de fora do quarto.

Me virei a tempo de ver a porta batendo com força.

Corri para tentar abri-la, mas por mais que eu tentasse ela não saia do lugar.
Ou a porta havia emperrado... Ou alguém do lado de fora havia me trancado ali.

Eu rezava para que fosse a primeira opção.

Respirei fundo. Se ficasse em pânico seria muito pior.
Devia ter alguma coisa ali que me ajudasse a arrombar a porta.
Mas como estava completamente escuro,eu não enxergava mais do que um palmo a frente do meu rosto.

Agachei com cuidado, rezando para que ali não tivesse nenhuma barata ou rato, e comecei a tatear o chão.
Me arrastando devagar, minha mãos encontraram uma forma quadrada maciça.

"Uma caixa?"-pensei
Talvez, estivem algumas ferramentas velhas ali.

Puxei-a com cuidado até mim.
Ela estava fechada, e por maior que fosse a força que eu fizesse, a tampa não abria.


-Tem que haver um jeito de sair daqui!- falei nervosa.

Então, me lembrei do elástico em meu pulso.
Era loucura, mas não tinha muita escolha.

-Olha, eu já vi você brilhar várias vezes antes, e algo me diz que de alguma forma você me protege. Então, por favor, me ajude a ver uma maneira de sair desse lugar.

Então, uma luz violeta muito forte preencheu o lugar.
Eu não sabia se estava sonhando ou não.
Mas ainda sim, fiquei maravilhada.

"Chihiro..."

-O que?- perguntei confusa.

Ouvia uma voz que eu não sabia dizer se era feminina ou masculina.
Mas ela não vinha da minha cabeça.
Vinha de algum lugar da luz a minha volta.

" As respostas para todos os seus problemas estão muito mais perto do que imagina..."

 -Mas aonde? Como eu não consigo vê-las?

"Lembre- se: Nada é esquecido completamente."

-Eu... Já ouvi isso antes.

"Não se esqueça, Chihiro"

Meu nome ecoou, e a voz foi desaparecendo junto com a luz.
Deixando apenas meu elástico brilhando no escuro.

Foi quando eu notei que segurava alguma coisa.
Era retangular, e tinha alguma coisa na ponta.
Levantei-me, e peguei a caixa.
Não era muito pesada, e eu podia carregá-la facilmente com apenas uma das mãos.
Coloquei o objeto em cima desta, e usando a mão esquerda; a mão que estava o elástico; girei a maçaneta.

A porta fez um "clik" e abriu-se.
Silenciosamente. Como se fosse nova.

Fiquei alguns segundos, olhando para fora, surpresa.
Mas logo sai dali, correndo.

Não queria abusar da minha sorte...

**************************************************************************************

Cheguei no quarto, fechando a porta atrás de mim.
Só então pude analisar os objetos.

O pequeno objeto retangular, era dourado.
Tinha um sapo de ouro numa ponta, e simbolos estranhos na outra.
Como um carimbo, ou selo.

Com cuidado, coloquei-o em cima da cama, e comecei a ver a caixa.
Era completamente negra, e tinha alguns símbolos estranhos em dourado espalhados.
Ao invés de uma fechadura, havia apenas um pequeno quadrado.

Olhei para o carimbo ao meu lado, e depois para a fechadura.
Sem pensar muito, segurei o objeto, encostando de leve a parte lisa na fechadura.

Soltei devagar o objeto, e surpresa, notei que ele estava preso ali.

"Você faz idéia do que é isso?"-a feticeira olhou para mim espantada

"Não mais sei que é muito poderoso...."

Pisquei algumas vezes, tentando voltar para a realidade.
Então esse seria o selo....de uma feiticeira?

Olhei novamente para o elástico na minha mão esquerda.

"Se deu certo com a porta, talvez...."-pensei.

Estiquei a minha mão esquerda, encostando de leve os dedos na cabeça do sapo.
Respirei fundo, e me concentrei na caixa á minha frente.

-Abra.-ordenei

O selo brilhou e começou a girar sozinho.
Dei uma passo para trás assustada, mas não desviei os olhos dalí.

Segundos depois, que me pareceram horas, o selo parou de girar, e o sapinho abriu lentamente a boca.
Sem sair do lugar, estiquei minha mão para abrir a caixa.

Mas mal eu encosto no sapo, sinto uma dor aguda.
 Assusta, vejo o sangue começar a pingar no chão....
O sapo havia me mordido!

Começo a tentar puxar a minha mão, mas ela estava muito bem presa na boca do bicho.

-Me solta!- gritei

E o selo não se mexeu.
O meu desespero aumentava junto com a dor.
Tentava tirar com a outra mão, empurrar a caixa com o pé, nada.

-Socorro!- gritei mesmo sabendo que estava sozinha em casa

"Procure ficar calma..."

Respirei fundo, e parei de tentar me soltar.
Fechei os olhos, procurando esquecer a dor.
Não demorou muito para que a voz voltasse.
Uma voz que eu confiava cegamente mesmo sem saber o motivo
A voz daquele garoto.

"Pelo vento e pela água que há em ti... Desate-a"

Voltei a abrir meus olhos, e minha mão estava livre.
Apesar de ainda sangrar um pouco.

Voltei minha atenção para caixa.
O selo havia se desprendido.

Com cuidado, tirei-o do chão e coloquei-o bem no fundo do meu armário.

Com os pés, empurrei a caixa negra para debaixo da minha cama.

Só então pude cuidar do meu machucado.
"Um selo poderoso demais para eu mexer...."- pensei enquanto colocava a ferida debaixo da torneira.

Enfaixei minha mão com um pedaço de gaze limpo e fui para sala assistir tv.
Precisa me distrair ou enlouqueceria.

Me joguei no sofá, mas antes mesmo que pegasse o controle pra ligar o aparelho acabei adormecendo.

Tranqüila, e pela primeira vez em sete anos, sem nenhum sonho assustador.


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