Your Guardian Angel... escrita por Misu Inuki


Capítulo 5
Um antigo talismã...




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Coloquei as mãos no rosto, tentando em vão conter as lágrimas que corriam sem controle pelo meu rosto.
Medo... Estava com muito medo.
Caminhei devagar para trás, e me deixei cair quando encostei na parede.
Meu corpo inteiro tremia.

“Porque? Porque tudo isso está acontecendo comigo?”- perguntei a mim mesma

Meus gatinhos se aproximaram de mim, e pularam em meu colo.
Com a presença deles, aos poucos fui me acalmando, mas não o bastante para sair dali.

-Ás vezes fico pensando... - falei mesmo sabendo que eles não intenderiam- Sempre me senti tão deslocada, diferente das outras pessoas. E agora, essas coisas estranhas estão acontecendo...
Será que seria uma espécie de resposta?

Yin, minha gatinha branca, ronronou e fechou os olhinhos.

-Obrigada pela ajuda, dorminhoca.- brinquei

Então, de repente, Yang pula do meu colo e pará em frente a porta do meu quarto, olhando fixamente para o corredor vazio.

-Yang, volte aqui- chamei num fio de voz

Mas o gato preto não me obedeceu e ficou em posição de ataque, com o dorso arqueado e o pêlo arrepiado.
Me encolhi na parede, apertando Yin contra o peito.

“Ele está querendo nos defender de alguma coisa. Mas eu não estou vendo nada!”-pensei apavorada

Dizem que os gatos conseguem enxergar coisas que nós não conseguimos... E Yang nunca ficou daquele jeito antes.

Ele começou a fazer um som com a boca, semelhante ao que seria um rosnado para um cachorro.

-Yang?- tentei chamá-lo mais uma vez.

Como resposta, ouvi um som de um gemido alto.
Yang disparou miando para o corredor.

Na mesma hora, me levantei e o segui, levando Yin adormecida no colo.
O gato correu até a sala, parando perto da porta.
Petrificada, vi a maçaneta sendo girada devagar.
Mas para o meu alívio, meus pais abrem a porta cheios de bolsas de compras.

-Mãe! Pai!- Gritei correndo na direção deles.

Minha mãe largou a bolsa no chão e me abraçou enquanto eu chorava em seu ombro

-Chihiro o que houve?- minha mãe perguntou preocupada

Eu não encontrava palavras para explicar qualquer coisa, apenas estava extremamente feliz por eles por perto.
Meu pai percebeu que estávamos num daqueles momentos mãe-e-filha e saiu da sala levando as compras.

Sentei no sofá, abraçada com Yin e com a minha mãe.
Ficamos alguns minutos assim, enquanto esperaávamos minha laágrimas secarem.

-Porque vocês não me avisaram que iam sair?- perguntei com a voz ainda um pouco fraca.

-Você não encontrou o bilhete que eu deixei para você?-minha mãe olhou para mim espantada

-Não. Você colocou onde?-perguntei mesmo tendo certeza que havia procurado pela casa inteira.

-Na porta da geladeira como sempre... Tem certeza que você está bem?

“A cozinha!” -pensei me levantando.
Coloquei a Yin em cima do sofá, e ignorei a cara de confusa da minha mãe.
Corri até lá e encontrei meu pai guardando as compras na geladeira.
O bilhete em papel amarelo estava ali pendurado...
E a cozinha completamente intacta!
Não havia cacos pelo chão, nada!

Me segurei no batente da porta, tonta.

“O-o que está acontecendo aqui?”-Perguntei a mim mesma pela milésima vez

Antes de voltar para sala, passei em meu quarto:

O livro não estava lá, e a janela estava fechada.

“Será que eu dormi e sonhei com tudo isso?”pensei saindo do meu dormitório

Yang correu até mim, e começou a se esfregar em minha perna.

-Agora não. Não estou com cabeça para brincar.-disse

Mas o bicho continuou, e vendo que eu o estava ignorando completamente, correu alguns metros na minha gente e parou no meio do caminho virado na minha direção.

-O que foi agora?-perguntei me agachando na altura dele, quando vi que ele tinha alguma coisa na boca.

Estiquei a mão e ele soltou o objeto: Meu elástico de cabelo.
Olhei para o felino confusa. Porque ele estaria me entregando aquilo?


“ Esse elástico foi feito com o fio que vocês teceram... Vai proteger você.”


Pulei para trás, assustada. Eu sabia que não era o gato falando, e sim as vozes da minha cabeça.
Mas por uma fração de segundo.... Pareceu que era.

O gato só saiu do lugar depois que eu prendi meu cabelo com o elástico, voltando para sua cestinha.

“Até o meu gato está ficando estranho ultimamente... O que mais falta acontecer?”

Me arrependi instantaneamente do pensamento. Pois algo me dizia que eu não iria querer descobrir...



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Passeio resto do dia acompanhada.
Não conseguia ficar sozinha em um cômodo por nenhum minuto que fosse.

Depois de uma longa conversa com a minha mãe, mais alguns minutos no telefone consegui a autorização para passar a noite na casa da Ayumi.

Arrumei minhas coisas correndo, com aqui porta do quarto aberta.
Coloquei tudo que iria precisar, incluindo meus materiais para o dia seguinte.
Sairia de lá direto para a escola.

Quando já estava com as chaves na mão para ir embora, me lembrei do livro.
Não queria levá-lo, mas tinha que devolve-lo para Zeniba o mais rápido possível.

Voltei para o meu quarto e peguei ele de dentro do armário.
Depois daquela confusão toda, eu havia deixado o livro trancado em uma da gavetas.
Tremendo, joguei ele de qualquer jeito dentro da mochila e fui embora.

A casa de Ayumi ficava a poucas quadras da minha, e eu levaria no máximo dez minutos para chegar lá.
Comecei a caminhar pelas ruas perdida em meus pensamentos.

Não tinha nenhuma prova concreta das coisas estranhas que aconteceram comigo, então só podia ser algo imaginário.

“Será que eu estou ficando louca?” perguntava-me

Antes que pudesse perceber, estava em uma rua que eu não conhecia.
Era mal-iluminada, e tinha um cheiro forte de esgoto.
As poucas casas que eu consegui enxergar estavam bem velhas e mal-tratadas.
Resolvi voltar por onde vim, mas não fazia idéia de qual era o caminho, uma vez que a rua começava em um cruzamento.

Tirei meu celular do bolso para pedir ajuda.
Mas ele estava sem sinal.
Sem me deixar ser controlada pelo medo, comecei a procurar por um telefone público.
Porém, o único que eu encontrei estava quebrado.

“Pensa Chihiro, pensa!”- briguei comigo mesma

Olhei ao meu redor, mas não conseguir encontrar nada, nem ninguém que pudesse me ajudar.
O lugar estava deserto.

Escorrei-me em um muro, abraçando a mim mesma.
O tempo estava mudando, e meu fino casaco de algodão não me aquecia o bastante.

“Se eu soltar o meu cabelo, pelo menos meu pescoço estaria aquecido.” pensei desprendendo-o

Usando a pouca luz que iluminava aquele lugar, fiquei admirando o elástico, que aparecia brilhar.
Como se fosse feito com fios de alguma pedra preciosa.


“ Esse elástico... Vai proteger você.”- a voz ecoou em minha cabeça


Segurei firmemente o objeto na minha mão. Mesmo que fosse apenas algo imaginário, não iria me custar nada tentar acreditar e seguir o conselho dessa vez.

Segundos depois, escuto um barulho alto de moto.

“Será que é algum ladrão?”-pensei assustada.

Então comecei a ver a luz do farol do veiculo e me desesperei. Não tinha aonde me esconder ali.
O farol iluminou o lugar que eu estava, ofuscando minha visão.
Tinha sido encontrada

A moto acelerou, parando bem na minha frente.
Um corpo masculino desceu da moto, tirando o capacete, revelando um par de olhos verdes.

-Chihiro- Eriol largou o capacete no chão e me abraçou forte.

Senti meu rosto corar, mas não me mexi. Era muito bom encontrar alguém familiar.

- Estava tão preocupado com você! Quando sua amiga me ligou chorando, dizendo que você ainda não tinha chegado na casa dela, me desesperei! -ele se afastou apenas os suficiente para me olhar nos olhos- Nunca mais me dê um susto desses de novo, viu?

Balancei a cabeça afirmando e voltamos para a moto.
Ele me entregou um outro capacete, e colocou o dele.
Eriol ligou a moto, segurei firmemente em sua cintura e partimos a toda velocidade

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-Muito obrigada por tudo, Eriol - Falei quando chegamos em frente a casa da Ayumi- E desculpe por ter te deixado preocupado...

- Não foi nada.-o ruivo balançou os ombros, com seu típico sorriso no rosto- Se necessário iria até o fim do mundo por você, sem pensar duas vezes.

Abaixei o rosto encarando meus próprios pés constrangida. Não sabia o que dizer.

-Booom- falei depois de algum tempo de silêncio- Nos vemos amanhã?

-Com certeza- ele abaixou o capacete- Até mais, Chihiro!
Acenei enquanto ele saia com a moto.

-Até mais, meu amigo... -sussurrei

Entrei na casa, e encontrei Ayumi me esperando na sala.

-Amiga!-ela me abraçou-O que aconteceu? Por que você demorou tanto?

Sentamos no sofá e eu contei a história para ela, obviamente, escondendo toda as partes estranhas.

-Chihiro, quando você estiver fora de casa, não pode ficar tão distraída assim...Imagina se o Eriol não te encontrasse?

Fiquei em silêncio, de cabeça baixa.
Ayumi tinha toda razão em estar nervosa comigo.

-Ah....Esquece amiga!- ela me abraçou novamente- O importante é que você está bem.

-Obrigada- agradeci.

Liguei para mim mãe pára avisar que eu estava bem, e que apenas havia pegado o caminho errado.
Ela se acalmou e nos desejou boa noite.

Assim que desliguei o telefone, fomos direto para o quarto dela para ouvir música e conversar até a hora que o sono batesse.

Ayumi não demorou muito para dormir, enquanto eu rolava de um lado para o outro na minha cama improvisada.

Havia sido um dia muito agitado. E talvez por conta desse estresse que eu não estava conseguindo dormir.
Mas no fundo sabia que o motivo era outro...

Desde que eu entrei naquela rua, até aquele momento, deitada sã e salva no quarto de Ayumi estava sentindo a mesma coisa...


Alguém estava me observando bem de perto.

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