A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 37
Surtando de Vez


Notas iniciais do capítulo

Me sinto envergonhada! Desculpem por esse tempo offline! Tive um "bloqueio" de imaginação! Demorou mas saiu!
Eu juro que vou tentar escrever bem rápido! Vou compensar vcs! Já estamos entrando no clímax da fic! As coisas vão esquentar!
Bjs!



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Quando iria embora, ela pareceu se lembrar de algo. Me parou, e disse:

- Eu tenho comigo uns folhetos e umas apostilas sobre o vírus, a doença, sintomas, tratamentos. Se você quiser dar uma olhada, eu posso te emprestar. Algumas são um pouco técnicas demais, outras estão em linguagem mais para a sua idade, mas, o que você não entender, é só me perguntar. O que você acha?

- Muito bom. Posso levar para ver em casa, e te trago depois?

- Claro.

- Obrigado. - Disse, sorrindo, e saí da sala. Eu não sei se estaria como estou agora se não fosse a Sophie. A minhaSophie.

Passei o resto da tarde lendo o material que Sophie me emprestou sobre Aids. Ela tinha razão, algumas apostilas eu não entendi quase nada, eram mais técnicas, outras eram mais para adolescentes. Eu percebi que eu estava totalmente errado em tudo.

A primeira frase da apostila para adolescentes tinha a seguinte frase: Em primeiro lugar: Não é o fim do mundo!

E então explicava os tratamentos, que, se a pessoa se tratasse, podia viver normalmente  e  com saúde até o resto da vida. Eu achava estranho. Minha vida só piorou depois de eu descobrir a Aids. Como eu podia viver com saúde, se eu ia para o hospital quase toda semana?

Ah, lembrei. A droga do AZT. Era óbvio. Inibidor de sintomas, adiador da morte...

Eu continuava pensando que eu podia me matar naquele mesmo instante. E eu podia. Eu começava a pensar que ninguém mais gostava de mim, que eu era um nada, que um garoto de 15 anos viciado em álcool era uma praga da sociedade, que, se eu sumisse do mundo, as coisas melhorariam para todos.

Um exemplo: Minha mãe. Quando eu aparecia ás duas da madrugada em casa, quase não me agüentando em pé de tão bêbado, eu sempre a ouvia chorar abraçada a Scooter, falando que podia ser diferente.

E então, eu fiquei trancado no meu quarto jogando uma bola de basquete pra cima, sem comer nem beber nada, (e, infelizmente, sem tomar banho) por mais de dois dias. Para pensar. E, como eu tinha muita coisa a pensar, fiquei muito tempo pensando.

-Justin! Você está aí há horas! – Minha mãe gritava, do lado de fora do quarto. – Saia daí e venha comer alguma coisa!

-Não tô com fome, obrigado.

Mas ela insistiu. E eu acabei saindo. Comi um tanto quanto bastante e tomei um banho. Mas não queria falar com ninguém. Logo estava conversando com Gabby pelo telefone, explicando o motivo de ter passado dois dias offline. Voltei a ir para a escola, ainda separado da sociedade, mas ao menos voltei a estudar.

Scooter percebeu que o que eu queria era me apresentar de novo. Eu era feliz no palco. Isso aumentava minha auto-estima. Mesmo no início da minha carreira, quando eu ainda sofria bullying por ser pobre e não ser tão avantajado tanto na força quanto na inteligência quanto os outros, o fato de eu estar com as minhas fãs me iluminava, me fazia ter força para agüentar aquilo. Então, eu fiz um show cinco dias depois de me destrancar do quarto.

E aquilo me deu uma injeção de bom ânimo. Ao menos voltei a sorrir. Uma semana depois do ocorrido da Porcaria do AZT, como comecei a chamar a minha crise desde o tempo que passei sem banho e trancafiado num quarto até quando eu voltei a me apresentar, eu voltei um pouco ao normal. Um pouco sóbrio. Um pouco menos deprimido. Um pouco mais atencioso nos estudos e na minha música.

Eu disse um pouco sóbrio.

Continuava bebendo. Não conseguia parar. Era uma condenação. Mas não foi o pior. O pior aconteceu depois.

Um certo dia, no meio da aula de português, meu celular toca. Primeiro, é risada geral com o meu toque. Um “Atende esse telefone!! Vamos, Justin, atende o telefone!! Qual é, cara, eu to esperando!! Atendee!!!” que eu mesmo gravei, aos berros, no volume máximo. Vejo que era minha mãe. Devia ser importante.

-Precisa atender, Sr. Bieber? – Sra. Sparks perguntou.

-Sim, é a minha mãe. Posso?

-Claro. Só não demore. – Assenti e saí da sala. Encostei no corredor, e atendi.

-Mãe?

-Justin, sim, sou eu. Eu... Eu tenho uma má notícia.

-C-como assim, má notícia? – Gaguejei. O que ela disse, me fez entrar em transe, e deixar uma lágrima cair pelo meu rosto, por baixo do óculos de grau pequeno. Depois da notícia, ela disse que iria me buscar na escola. (ela escondeu minha carteira de habilitação, não sabia quando eu estava bêbado, quando não estava, era melhor não arriscar)

Depois disso, ela desligou. Guardei o celular no bolso, e escorreguei pela parede até me ver sentado no chão, enxugando as lágrimas que caíam de meu rosto, murmurando a palavra não freneticamente em murmúrios. Assim que me vi em condições de levantar e voltar para a sala, o fiz. Abri a porta da sala e entrei. Sra. Sparks me perguntou o que havia acontecido.

Eu suspirei, mas a fitei.

-M-meu avô morreu. – Eu disse, em choque. A sala inteira ficou surpresa. – M-minha mãe vai vir me buscar, está bem?

-C-claro, Justin. – Ela disse, chocada. – Meus pêsames.

-Obrigado. – Fui até minha mesa e me sentei na cadeira, as lágrimas transparecendo em meu rosto. Juntei meu material e arrumei minha mochila. Logo, um inspetor apareceu me chamando, e eu fui guiado por ele até o portão, aonde minha mãe me esperava.

Eu não falei nem um “Oi”, de tão chocado que estava. Minha mãe me amparou até o carro, e eu me sentei no banco do carona, uma lágrima escorrendo no rosto. Fui para casa com a minha mãe. Ela confirmou que vovô Bruce havia morrido de insuficiência respiratória. Eu comecei a chorar abraçado a ela. Ela retribuiu, e ficamos abraçados lá na salad a casa de minha mãe, chorando.

Depois deste momento, tive de ir para a casa do meu pai. Fazia parte do acordo da separação. Quinze dias, mamãe, uma semana, papai. Minha mãe me levou até a casa de meu pai com as minhas coisas, e eu fui bem recebido por meu pai. Nós passamos um tempo juntos, esfriando a cabeça, jogando alguma coisa, conversando. Ele não sabia da morte do meu avô.

-Não devia estar na escola? – Ele perguntou, uma certa hora. Estávamos sentados á mesa. Eu estava com o olhar perdido em alguma outra dimensão mágica.

-Devia. Fui embora mais cedo, por que minha mãe me ligou e disse que meu avô estava morto. – Expliquei. Ele entrou em choque por uns instantes, mas depois retomou a compostura de pessoa séria, e disse que sentia muito por mim e minha mãe. Eu suspirei. Apoiei a cabeça nos braços.

Lembro que, antes de eu começar a beber, ele havia ligado para mim. Eu havia prometido que iria viajar para Stratford vê-lo. Eu prometi. E não cumpri minha promessa. Agora ele estava morto, e eu nunca mais iria vê-lo. Meus olhos estavam avermelhados e úmidos, eu me calei depois disso e não falei mais nada.

A única coisa que eu pensava era: POR QUE TUDO DE RUIM SÓ ACONTECIA COMIGO?!

POR QUÊ, MEU DEUS?! Primeiro de tudo, a Aids, depois, o tombo no palco, depois a morte do meu tio, depois a bebida, agora ISSO! Eu tenho algum tipo de azar, ou... Como é que os espíritas chamam? Carma, isso! Em alguma outra vida eu tinha feito uma coisa muito ruim! Só podia ser isso!!

Meu pai me convidou a ir dormir um pouco, e eu fui meio que amparado a ele. Quando cheguei no quarto, me sentei na cama, e ele se sentou ao meu lado. Colocou seu braço ao redor de mim, e disse que sabia que eu estava sobrecarregado. Tanto pela fama, quanto pelos problemas, fãs, brigas, doenças e mortes de entes queridos que estavam me assolando. Disse que eu não demonstrava isso, e que tinha medo de que eu escondesse a verdade dele e ficasse com aquilo para mim. E que eu poderia chorar á vontade.

E foi o que eu fiz. Chorei até adormecer no colo de meu pai. Ele me deitou na cama e saiu.

Eu odeio minha vida.


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Notas finais do capítulo

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