Tomoyo Daidouji era a primeira filha de uma família de pessoas que fazem sucesso, sua mãe era estilista, seu pai um famoso empresário, sua tia era repórter e seu tio era medico, ela, sem decepcionar ninguem, fora a primeira colocada no exame de admissão, era incrivelmente atenciosa e adorava filmar, acredito que seu sonho era se tornar cineasta ou algo do gênero. Fisicamente não chamava muita atenção, era baixa e seus olhos eram muito bonitos, mas o que chamava realmente a atenção nela era seu lindo cabelo comprido, era negro e incrivelmente liso, tanto que quando andava mais rápido seu cabelo levantava e dava a ela uma sensação de como se o vento estivesse ajudando-a a ficar mais bonita.

                As coisas estavam indo mal para a garota, já haviam tentado seqüestra-la duas vezes só no ultimo ano, e ela ao se dava bem com nenhum dos guarda costas que lhe sugeriam, ela dizia que eles não passavam a sensação de proteção, e que isso tornava a situação ainda pior. Decidiu então procurar um guarda costas por conta própria, a escola era grande e poderia muito bem contratar alguém de lá para protegê-la.

                Procurou muito, mas nada encontrou, foi em vários clubes desde literatura até o de rugby, mas nada. Sentada no banco do pátio sua amiga Miwako chegou para conversar.

                - Olá! Tomoyo-chan, parece cansada, vi você correndo por ai nos últimos dias, que foi? Perdeu alguma coisa? Pode perguntar para mim, ajudarei se puder.

                A garota não entendia a pessoa ao seu lado, havia conversado com ela em um dos primeiros dias de aula, mostrando a foto de seu cachorro ou algo do tipo, parecia bem confiável, mas pensou duas vezes antes de se abrir, resolveu por fim que não tinha porque não pedir sua ajuda, ficara sabendo que ela juntara um casal na sala e pensou que alguém tão legal merecia sua confiança.

                - Eu não perdi nada mas...

               - Mas? Vamos, deixe Miwako te ajudar, e prometo que se Lider tambem puder ajudar, ele ajudará!

                Tomoyo começou a dar risada, nunca esperava que ela fosse voltar a falar no cachorro novamente.

                - Gosta mesmo desse cachorro não é?

                - Lider é minha familia, acho que sem ele eu já estaria bem longe daqui.

                - Como assim?

                - Não se preocupe, vamos falar de você – ela demontrou um sorriso que garantia a sua confiança. – já sei que não perdeu nada, mas provavelmente está procurando algo, acertei?

                - Nossa, na mosca.

                - Então conta, está procurando o que? Um namorado?

                Ela corou, Miwako percebeu que a menina apesar de sempre passar o ar de superioridade e espírito de liderança era tremendamente tímida.

                - Não, não, na verdade estou procurando algo parecido com um guarda-costas.

                - Quais as qualidades que procura?

                - ele tem que ser grande e forte, mas não pode ser assustador, tem que me proteger mas ao mesmo tempo não passar dos próprios limites, tem que ser alguém que eu goste e que goste de mim, para que possamos conviver sem nenhum problema, tem que fazer eu me sentir protegida, tem que...

                - Calma, calma.

                - Desculpe, me empolguei.

- Hahaha! Tranquilo, bom vamos pensar – Miwako colocou a mão sobre sua boca, estava pensativa e bem concentrada, acabou por suspirar. – Ai, essa é difícil, talvez devêssemos pedir mais ajuda.

                Miwako levantou, mas Tomoyo a impediu de sair andando.

                - Calma, escute, eu não quero que todos fiquem sabendo da minha situação, quanto menos gente souber melhor.

                - Fica tranqüila, a pessoa que eu vou te levar é de confiança.

                Será mesmo que era de confiança? As duas então andaram até chegar à sala dos professores, passaram por varias salas olhando para ver se aparecia alguém forte e bravo, mas que ao mesmo tempo passasse o sentimento de proteção. Não acharam ninguem, era difícil deixar a princesa satisfeita, e deveria ser mesmo, afinal alguém para entregar a proteção da própria vida não é algo fácil de se encontrar.

                Bateram na porta e alguém a abriu, uma mulher de cabelo preto comprido, preto e ondulado abriu para elas, Tomoyo pensou que se fosse homem serviria bem ao cargo.

                - Yuuko-sensei está?

                A moça se virou e gritou.

                - YUUKO!!! Duas meninas querem falar com você!

                Chamada então, fui até a porta.

                - Obrigado Ashura, eu assumo daqui – a moça então depois de tocar em meu ombro saiu dali. – então, o que vocês querem? Já comeram? o intervalo já vai terminar.

                - Yuuko-sensei, resumirei para não criar alarde, preciso de alguém forte de confiança.

                Olhei para elas com a cara mais confusa que consegui arranjar, sabia que Miwako não fazia coisas sem sentido e para ter Tomoyo ao seu lado não devia ser algo leviano.

                - Hum, alguém forte e confiável, já tentaram o clube de Kendô? Tem varios garotos lá, e eu tenho certeza que pelo menos dois deles são de confiança.

                - Obrigado! – Miwako, depois de dizer isso segurou a mão da menina e saiu correndo me deixando enquanto ainda falava.

                - Ué, eu nem disse quem era – dei de ombros. – descobrirão cedo ou tarde.

                O sinal para voltarem do intervalo tocou nesse exato momento o que deixou a viajem ao clube de kendô para o próximo período.

                Estavam atrasadas para a aula correndo pelos corredores que não se pode correr.

                - Vamos logo Miwako! Já estamos atrasadas.

                - Calma, eu não tenho mais fôlego.

                Tomoyo então deu de encontro com uma barreira bloqueando o caminho e foi lançada ao chão, sem ao menos pensar olhou para cima pedindo um milhão de desculpas e viu um monstro a sua frente, um garoto alto de cabelo preto, muito forte e com um rosto que assustaria até um leão, ele a encarou e por um instante.

                - Tudo bem? – ele estendeu a mão para ela. – vamos, ou você pretende ficar ai no chão o dia todo?

                Ela agarrou a mão dele sem saber se o fazia pela gentileza ou pelo medo.

                - Obrigada, me desculpe por ter esbarrado em...

                - Desculpe, estou com pressa.

                A porta a sua frente havia sido aberta e Ashura apareceu mandando-o entrar. Miwako que tinha ficado para trás aparecia agora e sua reação sem ao menos ver o garoto foi apenas a de segurar a amiga e a levar para sala. Alguns instantes depois de terem levado um sermão, a porta se abriu e Ashura junto do garoto de cabelo negro entraram na sala.

                - Desculpe, ele estava na diretoria.

                - Não se preocupe, Kurogane pode se sentar.

                A menina ficou abismada com o fato dele estar ali, já o tinha visto antes, mas sem dar a devida importância, o garoto estava com um olhar assustador, talvez tivesse levado sermão na diretoria, pois estava muito nervoso, ela então pensou que se ele não tivesse essa cara de mal serviria bem ao cargo.