Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 39
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Notas iniciais do capítulo

Depois de muito, muito tempo, estou de volta. Espero que gostem :)

Anteriormente, em Os Outros:


Capítulo 17 - Dia ruim
Os dois ficaram sozinhos no corredor, apesar dos alunos que passavam por ali.
— O que não vale a pena?
— Você.
Sasuke baixou a cabeça.
— Não sei porque você me cobra tanto. – Sasuke ignorou o riso inconformado dela. – Nós podíamos estar juntos há muito tempo, se você entendesse que eu não posso fazer nada.
— Como não pode fazer nada, Sasuke? – Sakura encarou-o. – Se tem alguém que pode resolver isso, esse alguém é você!
— E o Gaara… E o Naruto… - Sasuke fez uma pausa. – Entenda, Sakura, nós não somos mais os mesmos. Não vamos voltar a ser amigos.
— Não se trata de voltar ou não a ser amigos, Sasuke. Eu sei perfeitamente que vocês mudaram e isso é natural. Mas fazer o Naruto pagar por… - Sakura tentou encontrar uma palavra, mas descobriu que não havia nenhuma. – Pagar pelo quê? Pelo quê, Sasuke? O que ele fez?
— Eu também não fiz nada contra ele…
— Não? Eu vi o estado que ele chegou na República no sábado!
— Naquele dia, nós perdemos a razão. Eu não briguei sozinho!
— Não mesmo. Porque os seus amigos estavam lá. Mas quem ele tinha para ajudá-lo?
Sasuke não respondeu. Ele e Sakura tinham começado a falar alto, atraindo a atenção dos colegas. Olhando em volta por alguns instantes, Sasuke encarou-a novamente e falou em tom mais brando.
— Nós vamos nos encontrar na casa do Naruto no domingo. – Sakura encarou-o, surpresa. – Vamos amarrar as pontas soltas e queremos que vá conosco. Pensei que o Naruto tinha dito isso.
Sakura não respondeu imediatamente.
— Isso é sério?
— É.
Sasuke manteve os olhos nos dela, que começava a se sentir incomodada por aquilo. Tinha prometido a si mesma que se manteria longe dele. E, mesmo que não houvesse todo aquela situação separando-os, agora havia Karin, que considerava-se a titular do coração de Sasuke. Mesmo que ele dissesse sempre que era de Sakura que gostava, ela começava a achar que Sasuke era incapaz de gostar de alguém. Uma pessoa que odiava outra sem motivo, não sabia o que era amor. Não podia saber.
— O que quer dizer com amarrar pontas soltas?
Sasuke deu de ombros.
— A idéia foi do Gaara. – Disse, tentando adivinhar o que se passava na mente daquela garota. – Pergunte a ele se quiser.
— Não falo mais com ele, você sabe disso. – Sakura baixou os olhos. – Eu tenho que ir, Sasuke. Minha aula vai começar daqui a pouco.
Sasuke fez menção de pegar em seu braço, mas conteve-se, pois havia muitos alunos lá e, para todos os efeitos, eram apenas amigos.
— Eu não quero perder você, Sakura. – Falou baixinho.
— Preocupe-se em não perder a Karin. Porque a mim, você nunca teve.

Capítulo 22 - O perigoso, o assassino e o outro
O ônibus de Sasuke chegou primeiro. Antes de ir, encarou Gaara.
— Um último ato de amizade... - Disse finalmente, fazendo Gaara arquear a sobrancelha. - Tome mais cuidado com o seu pessoal. - Avisou. - Um deles veio falar comigo esses dias. Eles não são confiáveis.
— Quem? - Gaara quis saber, mas Sasuke começou a se afastar.
— Não vou facilitar as coisas para você, Sabaku. - Disse, de costas. Por isso, Gaara não pode ver o sorriso que se formara no rosto do outro. Não era deboche. Era... "Um último ato de amizade". - A gente se cruza por aí.
— É. - Gaara disse mais para si mesmo. Um sorriso contido reservado para quando Sasuke fosse embora. - Tome cuidado você também... - Falou ao vento, pois o ônibus já se afastava.

***

Agora:



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― Aff, Suigetsu! ― exclamou Karin num tom alto, fazendo algumas pessoas na lanchonete olharem para a mesa deles. ― Se não consegue ser uma pessoa agradável, pelo menos tenha a decência de comer de boca fechada. Ninguém está interessado no que você está comendo.

A resposta de Suigetsu foi abrir a boca ainda mais na direção da garota e comer olhando-a diretamente nos olhos.

― Você é nojento. ― Karin virou-lhe a cara, disposta a fingir que Suigetsu não se encontrava naquela mesa com eles.

Sasuke ouvia-os como um som distante e impessoal, uma televisão ou um rádio ligado na casa, para o qual não dava atenção. Sua mente estava longe dali, daquela lanchonete. O dia não tinha começado bem e, embora ninguém falasse no assunto, ele sabia que tudo estava prestes a mudar novamente.

Sasuke, Karin, Suigetsu e Juugo, que comia silenciosamente no seu canto, eram tudo o que restava dos Populares. Kimimaru e os outros tinham se juntado a Neji no “clubinho” que ele tinha criado para si. Desde então, as coisas estavam diferentes. Não havia mais disputas sobre quem era o “Dono da escola”, coisa pela qual Sasuke nunca teve interesse.

Quando Jiroubou trocou de lado, fez questão de uma cena na frente de todo o colégio. Um dia simplesmente pegou sua bandeja, levantou-se da mesa em que estava com Sasuke e foi sentar-se com Neji. Todos que estavam no refeitório viram e durante semanas não se falou em outra coisa. Não demorou para Kimimaru e os demais seguirem seu exemplo.

Sasuke não demonstrou irritação e pareceu sequer notar a traição, agindo normalmente. Sua atitude irritou seus antigos companheiros. Eles passaram a cerca-lo onde quer que fosse, rotinha também imposta a Gaara. A mensagem não podia ser mais clara: de caçadores tinham se transformado em caça. A caça de Neji Hyuuga.

Ninguém podia afirmar quais eram os planos de Neji, que por hora estava apenas exercendo seu poder pela cidade, não se contentando mais com os limites do colégio. Havia um boato espalhado por toda a cidade sobre um toque de recolher. Não que isso tivesse sido imposto por Neji, mas todos pareciam saber que os vandalismos e algumas agressões a garotos que andavam sozinhos na rua depois das nove da noite eram obra dele e de seus novos seguidores. As pessoas não queriam problemas, por isso, grande parte do movimento costumeiro na rua durante a noite tinha diminuído. Sasuke sentia-se na obrigação moral de desafiar essa imposição, que era absurda. Sabia que não poderia, jamais, curvar-se às vontades de Neji Hyuuga, mesmo que isso lhe custasse muito mais que o seu orgulho.

Se as coisas já estavam difíceis antes, Sasuke sentia que a volta de Naruto Uzumaki tinha grande potencial para fazer tudo piorar. Todos sabiam, embora a entrevista de Gaara não o tivesse informado, que o garoto tinha uma parte importante em toda aquela confusão entre Populares e Impopulares. Quando Sasuke o viu naquela manhã, sentiu raiva. Não pela lembranças já complicadas que tinham da infância, mas por ele se recusar a partir e permanecer longe de Konoha. O que ele queria, afinal? Por que tinha voltado, de novo?

Apesar de saber que nada daquilo era culpa de Naruto, Sasuke não conseguia dissociar a atual situação e a volta de Naruto. Intuía a capacidade de seu antigo amigo de fazer com que tudo fosse ainda mais difícil, unindo forças com o pessoal do Jornal. Há seis meses, Shino Aburame e seus colegas tinham lançado uma edição especial sobre os “Donos da Escola” e revelando, com a ajuda de Gaara, Itachi e Kankuro, todos os podres daquela disputa que, Sasuke admitia, era ridícula.

Itachi e Kankuro tinham falado sobre sua antiga rivalidade, a antiga amizade de suas famílias, mas não tinham ido tão longe a ponto de revelar o motivo da separação. Gaara tinha feito todo o resto. E estava pagando sozinho por sua boca grande.

Desde então, Shino tinha a impressão de ter conquistado seu espaço no colégio, mas era ilusão. O que era o colégio comparado com o resto da cidade? O garoto não percebia que ele próprio estava na mira de Neji? Nos últimos meses, o Jornal tinha cutucado a ferida de todas as pessoas com quem não deveriam ter mexido. Sasuke tinha certeza que, assim que os planos de Neji estivessem concluídos, Shino e seus amigos seriam os primeiros a dançar. E agora Naruto voltava a se colocar no meio de um problema muito maior do que ele podia sequer supor.

Sasuke afastou aqueles pensamentos, que estava remoendo havia horas, mas que não o estava levando a lugar nenhum. Olhou ao redor, como se tivesse acabado de perceber onde estava. Suigetsu e Karin ainda discutiam bons modos à mesa. Juugo tinha terminado seu sanduiche e lia pela milésima vez uma edição velha e capenga de Laranja Mecânica, que ele carregava por toda parte. As demais pessoas na lanchonete conversavam e riam, e algumas já começavam a olhar no relógio. Era oito e meia e pessoas mais sensatas já estariam voltando para suas casas.

O barulho de pequenos sinos chamou a atenção dele para quem estava entrando na lanchonete. Satisfeito por ter dispensado pensamentos perturbadores pouco antes de Neji Hyuuga chegar, Sasuke observou seu novo rival caminhar pela lanchonete até parar diante de sua mesa.

― Quero falar com você. ― Neji anunciou, sem cerimônia.

― Ah, você quer? ― Suigetsu encarou-o com um sorriso de chacota. ― Você ouviu isso, Sasuke? O que podemos fazer por ele?

― É com Sasuke que quero falar, ― Neji o olhou com ar de superioridade ― não com você. E tenha a decência de engolir a comida antes de falar.

Suigetsu fez menção de continuar com as provocações, mas Sasuke pegou seu braço e o impediu de falar mais alguma besteira.

― O que você quer, Neji?

― Espero você lá fora.

A resposta autoritária de Neji fez o sangue de Sasuke ferver. Pelo visto, Neji tinha a errônea ideia de que poderia mandar nele. Mesmo insatisfeito com a imposição, Sasuke ficou curioso. Não era a primeira vez que Neji pedia para falar com ele, mas isso tinha acontecido há muitos meses. Torcia para não ouvir a mesma coisa dessa vez. Pediu licença a Suigetsu, que impedia sua livre passagem para o corredor da lanchonete, e saiu atrás de Neji.

Sasuke parou assim que viu Neji, sentado em um banco da praça, do outro lado da rua. De pé, ao lado dele, estavam Sai e Zaku, que o olhavam com ar de satisfação. Sasuke atravessou a rua e juntou-se ao grupo, sem dizer nada. Neji o olhou por um momento, depois fez um gesto com a cabeça e seus dois companheiros se afastaram. Depois, Neji fez outro gesto, indicando que Sasuke senta-se ao seu lado no banco, mas o rapaz permaneceu de pé.

― O que você quer? ― Sasuke repetiu, encarando-o com firmeza.

― Conversar. ― Neji deu de ombros. ― Quero saber qual é o seu jogo?

― O meu jogo? ― Sasuke quase riu, mas sabia que seria imprudente. ― Você é quem veio falar comigo.

Neji o olhou por um momento, parecendo avalia-lo, e Sasuke teve a impressão de estar diante de uma cobra, prestes a dar o bote.

― Desde que Gaara deu aquela entrevista estúpida, você deve ter entendido, assim como todo mundo, que acabou para você. Os Impopulares e os Populares acabaram. Seus amigos vieram para o meu lado. Em seis meses nós nos tornamos mais numerosos e fizemos mais do que você e Gaara jamais sonharam.

― O que jamais quisemos fazer. ― Sasuke corrigiu-o.

― Esse foi o problema de vocês. Não tinham ambição. Só queriam se provar um para o outro, ver qual dos dois tinha razão. No começo eu não tinha entendido aquela história das trocas de acusação entre seu pai e o pai de Gaara. Então, simplesmente pesquisei o caso e descobri que o pai dele está preso pela morte de Minato Namikaze. E imagina a minha surpresa quando descobri quem era o filho do morto? Naruto. ― Neji sorriu, mas não havia alegria em sua expressão. Havia escárnio. Neji estava adorando aquela história toda. ― Durante anos eu me perguntei porquê ninguém fazia nada contra aquele idiota. Será que ninguém percebia, como eu, que deixa-lo em paz, seria uma demonstração de fraqueza? Falei com Gaara várias vezes sobre isso, mas ele simplesmente decidiu banir Naruto e jogou-o para Shino Aburame. Foi um erro. Sabemos disso agora, não sabemos?

Sasuke o observava, ainda sentindo o sangue ferver. Não sabia onde Neji queria chegar. Não estava gostando do rumo da conversa. Naruto nunca fora, nem de longe, uma ameaça para Neji, então por que, agora, ele estava falando como se tudo fosse culpa de Naruto? Não fazia sentido.

― Eu fui a fundo nessa história toda. E descobri que vocês três, você, Gaara e Naruto tinham sido melhores amigos. E, com a dica que Gaara deu sobre a disputa de vocês por Sakura… ― Neji fez uma pausa, observando a reação de Sasuke ao nome da garota. Parecend satisfeito, continuou ― Não foi difícil descobrir que ela também fez parte da gangue de vocês.

Pela primeira vez desde que Neji entrara na lanchonete, Sasuke quase perdeu sua postura indiferente. Sakura era a única pessoa que tinha conseguido passar incólume por toda aquela história. Havia meses que ela não falava com Sasuke, estava contente com o fim dos Populares e tinha dado todos os sinais de que queria esquecer que ele, Naruto e Gaara existiam. Sasuke a deixou partir. Não podia pedir-lhe nada. E vinha cumprindo sua parte. Não a procurava, não tentava convencê-la a, pelo menos, voltar a falar com ele. Por mais que fosse difícil encontra-la todo dia no colégio, e vê-la cercada dos garotos dos grupos de estudo, Sasuke mantinha-se firme na promessa que fizera de não perturbá-la novamente. Porém, a ameaça de Neji – que ele ainda não anunciara, mas Sasuke sabia que viria – colocava sua promessa em risco. Ele não podia deixar que machucassem Sakura.

― Você está quieto ― comentou Neji. ― Quer dizer alguma coisa?

― Só quero saber onde você quer chegar.

― Bom, ainda não acabei. Tem certeza que não quer sentar? Isso pode demorar.

― Estou bem aqui.

Neji concordou com a cabeça e, sem mais jogos, continuou.

― Há vários meses, eu fui procurar você oferecendo uma aliança. Eu ainda não sabia dos laços que te ligavam a Gaara…

― Não temos laços!

― … então eu achava que você veria a minha proposta como uma chance de finalmente vencer seu grande rival. ― Neji o encarou, parecendo, pela primeira vez, irritado. Por um momento, mexeu-se incomodado no banco e interrompeu seu raciocínio anterior. ― Vamos combinar uma coisa, Sasuke. Sem jogos, sem mentiras, sem falsidade. Não venha me dizer, agora, que você e Gaara não têm laços. Vocês têm um passado e, ou muito me engano, ou você foi ao Gaara e contou meus planos. Por que outro motivo ele agiu da maneira que agiu?

Sasuke sabia que parte da suposição de Neji estava certa. De fato, Sasuke tinha avisado Gaara sobre seus “amigos” logo depois que saíram da casa de Naruto, numa noite que parecia ter acontecido há vários anos. Mas Neji estava errado sobre Gaara. Ele não tinha dado aquela entrevista para atrapalhar os planos de Neji. Há muito tempo Gaara vinha lutando uma batalha pessoal, muito mais importante que seus problemas com Populares e Impopulares. Apenas um pouco surpreso por ainda saber um pouco sobre como funcionava a mente de Gaara, Sasuke sorriu.

― Você acha que tudo se resume ao passado. Sim, nós fomos amigos e tivemos problemas. Mas Gaara é mais esperto do que você imagina. Não pense, nem por um minuto, que o derrotou e o tirou do caminho. Gaara saiu por conta própria. E seria um erro da sua parte, achar que ele não pode voltar a ser um problema para você.

― Ah, por favor! O que ele pode fazer? Ele está sozinho e, não sei se você reparou, está muito diferente. Estranho. Parece um maluco andando por aí de cabeça baixa.

Isso Sasuke não podia negar, nem estava interessado. Queria colocar logo um fim naquela conversa.

― Você falou um monte de merda, mas não disse o que realmente quer de mim. Você mesmo disse que não quer jogos. Eu também não. Que tal ir direto ao ponto?

Neji abriu os braços, como quem quer se mostrar amistoso e desarmado. Mais do que nunca, Sasuke viu o lado traiçoeiro de Neji. Ele já havia traído Gaara, não havia nada que ele não fosse capaz de fazer para conseguir o que queria.

― Quero te dar uma segunda chance.

Se Sasuke não estivesse olhando diretamente para ele, teria duvidado que aquelas palavras saíram da boca de Neji.

― Uma segunda chance para quê?

― Para escolher o lado certo.

Sasuke encarou-o, imaginando se havia alguma possibilidade de dizer “não” e sair ileso.

― Não quero escolher lado nenhum. Eu saí. Assim como Gaara. Populares e Impopulares não existem mais. Você mesmo disse isso. Eu não sou importante para seus planos. ― Sasuke pensou em acrescentar “nem vou me colocar no seu caminho”, mas agora já não sabia se seria capaz de manter sua promessa.

― É aí que você se engana, Sasuke. Se você não está do meu lado, está contra mim. Não posso correr esse risco. Quero você do meu lado, no meu time. Eu quero destruir qualquer um que se coloque no meu caminho. É ai que você quer estar? No meu caminho?

― Neji, eu não estou interessado em brigar com mais ninguém. É como Gaara falou. Meu problema era com ele. Agora que ele saiu, não me interessa quem vai mandar no colégio ou na merda dessa cidade. Na primeira oportunidade que eu tiver vou dar o fora daqui. Não vou perder meu tempo, nem minha energia, tentando dominar uma cidade que pretendo abandonar.

― A questão aqui, Sasuke, é justamente achar algo em que você tenha interesse, não é? ― Neji comprimiu os lábios, parecendo irritado com a negativa persistente de Sasuke. ― Vamos ver. Você não tinha interesse em machucar Naruto Uzumaki, tanto quanto Gaara. É comovente ver como vocês se importam com o garoto. De verdade. Mas eu não sou burro. O que acontece com ele também não te interessa. Quer apenas que seu pai continue com a ficha limpa e, acredite, posso entender isso.

― Essa conversa vai acabar ainda hoje? ― Sasuke provocou, incomodado com o quanto Neji sabia de seu passado.

― Imagino, também, que apesar de ter alertado seu amigo dos meus planos, você não está interessado no que acontece com Gaara. ― Neji prosseguiu, observando-o agora como um predador estudando sua presa. ― Se você se importasse com ele, já teria feito alguma coisa para ajuda-lo. Posso até acreditar que vocês desenvolveram tal aversão um pelo outro que sejam, agora, incapazes de ajudar um ao outro. Ignorando, claro, o que já citei sobre você tê-lo alertado.

― Não alertei.

― Ah, sim, vou fingir que acredito.

― Você pode fingir o quanto quiser, Neji. Mas tudo o que você está dizendo é um monte de bobagem, baseadas em coisas que acha que sabe sobre o nosso passado. Você não estava lá para saber como foi. Não tem ideia de como tem sido nossa vida, desde que o pai de Naruto morreu e o pai de Gaara foi preso, fazendo um monte de acusações sem sentido contra meu pai. Como eu poderia ajudar pessoas que me traíram? Pessoas que acusam meu pai, sem sequer apresentar uma única prova de que foi ele quem…

― Matou Minato Namikaze? Diga a palavra, Sasuke.

― Você está errado sobre mim, Neji. Eu não quero protege-los. Eu quero esquecer que eles existem. Quero minha família longe daquela gente. Não quero me associar com eles. Da mesma maneira que não quero me associar a você, que já provou ser tão traiçoeiro quanto os Sabakus e suas acusações.

― Certo. ― Neji se levantou e Sasuke desejou que ele encerrasse aquela conversa e aceitasse sua negativa. ― Você está esquecendo de uma coisa, Sasuke. ― Neji aproximou-se, mantendo os olhos presos nos de seu oponente. ― Ou melhor, de alguém.

Por um momento, Sasuke não entendeu sua insinuação. No entanto, no instante em que viu a satisfação nos olhos claros de Neji Hyuuga, ele soube que a ameaça à Sakura fora finalmente apresentada.

― Vou deixar você pensar mais nesse assunto. ― disse Neji, afastando-se e olhando por cima do ombro de Sasuke. ― Amanhã voltamos a conversar. Espero que você tome a decisão certa dessa vez.

Com isso, Neji passou por Sasuke e já ia atravessando a rua, quando o outro virou-se para observá-lo. Não demorou muito para Sai e Zaku saírem da lanchonete e se juntarem ao seu líder. Juntos, os três viraram a esquina e desapareceram da vista de Sasuke.

― O que ele queria? ― Suigetsu perguntou, assim que Sasuke se aproximou da mesa em que seus amigos estavam.

― Alguém para ouvir seus delírios de grandeza. ― Juugo fechou o livro e olhou para Sasuke. Os dois se encararam por um momento. ― Acho que está na hora de irmos para casa.

― O quê? Está cedo! ― Karin olhou de Sasuke para Juugo e de volta para Sasuke. ― Ele te ameaçou?

― Não. ― respondeu Sasuke, seco. ― Juugo tem razão, melhor irmos para casa.

Os quatro pagaram a conta e saíram da lanchonete. Geralmente, caminhavam pela praça ou iam para o parque, no limite da cidade, desafiando o “toque de recolher” de Neji. Mas naquela noite, Sasuke achou prudente irem para casa mais cedo. Não por medo de Neji, mas porque queria pensar. Pensar e tomar a decisão certa, o que não seria possível com as lamúrias de Karin e as implicâncias de Suigetsu. Talvez Juugo fosse capaz de entende-lo, se confiasse o suficiente no amigo para lhe confessar o quanto se importava com Sakura. Na verdade, era bastante provável que Juugo já soubesse disso há muito tempo, mas aquilo era algo que Sasuke nunca admitira em voz alta para ninguém, além de Sakura, que o recusara de todas as maneiras e com todas as desculpas que conseguira encontrar.

Os três garotos, como havia se tornado costume, levaram Karin em casa primeiro e, assim que a menina entrou, cada um tomou seu próprio rumo.


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Notas finais do capítulo

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