Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 37
Sem medo das consequências (editar)


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou de volta com a matéria que Shino fez, seis meses atrás, antes de Naruto ir embora de Konoha e que foi publicada na "Melhor edição de todas".



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*Seis meses atrás*

Gaara estava atrasado, mas não se preocupou. Sabia que Shino Aburame estaria lá, mesmo que seu atraso fosse de três horas, tempo em que o garoto ainda se deixaria convencer a ficar por sua obstinada teimosia de jornalística. Não estava nos planos de Gaara fazê-lo esperar tanto, mais do que ninguém, ele queria terminar aquilo o mais rápido possível e seguir com sua vida o melhor que pudesse. Não teria se atrasado se não fosse por Temari ter gasto todos os seus verbos para discursar sobre as responsabilidades de Gaara com a casa e a família. Bem, se tudo corresse como ele esperava, até no pior cenário possível, Temari não teria mais motivos para reclamar com ele. Gaara sabia que estava dando um passo maior que a perna, sabia que haveria consequências e que não seria fácil. Apenas tinha que fazer. Essa era sua decisão e nada o faria repensar e voltar atrás.

Quando desceu do ônibus, a conhecida sensação de nostalgia o invadiu. Tudo ao redor parecia ter parado no tempo, nos bons e simples anos de sua infância, um tempo sem complicações e desconfianças, de inocência e esperteza singelas de criança. Uma época da qual Gaara tinha saudade e medo, e sabia que ambos os sentimentos tinham uma razão justa. Dessa vez, caminhou com pressa mal contida, como se quisesse se esconder de algo ou alguém, até a casa que conhecia tão bem. No entanto, ao invés de passar pela porta da frente, esgueirou-se pela lateral da casa, até encontrar um pequeno portão de madeira que dava para o jardim dos fundos. Foi ali que encontrou Shino, sentado nos degraus em frente à porta da cozinha, com os braços apoiados nos joelhos, observando o jardim mal cuidado com interesse quase científico.

— Oi, – disse, pensando se deveria se desculpar pelo atraso – você já tinha vindo até aqui?

— Não. – Shino o olhou sem demonstrar muito interesse, ajeitando-se para pegar alguma coisa no bolso da jaqueta. – Naruto é muito reservado sobre o passado dele, essa casa faz parte disso. – Shino tirou a mão da jaqueta e Gaara percebeu que ele carregava um gravador digital.

— Como você descobriu sobre nós? – perguntou, sentando-se do outro lado do degrau.

— Pesquisando. – Shino deu de ombros. – Primeiro a família Uchiha, depois a família Sabaku, e então, as famílias Uzumaki e Namikaze. Essa é uma cidade relativamente pequena, qualquer um que tivesse interesse poderia simplesmente pesquisar jornais daquela época na biblioteca pública e teria o quebra-cabeça montado quase completamente. Para a maioria, só isso seria suficiente, - disse, num tom displicentemente arrogante - mas eu procurei sua irmã Temari e ela preencheu os pontos que faltavam.

— Temari sempre falou demais.

— Estou torcendo para que hoje você seja um pouco mais parecido com ela. – Shino apresentou o gravador – Importa-se se eu gravar?

— Eu me importaria se não gravasse. – Gaara fez um gesto com a mão, dispensando aquele assunto. – Pule o protocolo, Shino. Eu estou aqui e vou contar o que quiser saber. Não quero ter que repetir ou voltar para esse assunto nunca mais na minha vida. Estou colocando um ponto final nisso tudo.

Shino sorriu sem humor, felicitando-se por ter apertado “play” antes de Gaara começar aquele pequeno discurso sobre “ponto final”. Poderia colocar isso no “olho mágico” da entrevista, aquelas pequenas frases destacadas no meio dos textos com citações importantes do entrevistado.

Puxou a mochila que estava jogada aos seus pés e tirou dela um pequeno caderno onde fazia rascunhos de perguntas antes de suas entrevistas. As páginas reservadas para Gaara estavam rabiscadas e havia alguns adesivos coloridos marcando outros pontos do caderno, lugares em que Shino tinha anotado coisas sobre Gaara e Sasuke, coisas que queria entender e tirar a limpo. Era a oportunidade perfeita e não podia deixa-la passar.

— Muito bem, como quer fazer isso? – Perguntou, sem olhar para Gaara, estava entretido com seus rabiscos. – Perguntas e respostas? Quer começar contando sua história e eu sigo a partir daí?

— Você é quem sabe, tanto faz.

— Tudo bem. – Shino apoiou o caderno no chão ao seu lado e o encarou. – Como nasceu os Impopulares?

Gaara soltou um suspiro irritado. Não tinha ideia de como fazer aquilo, mas de certo modo estava contente por ter escolhido o garoto mais irritante do Jornal da Escola para ajuda-lo nisso. No entanto, será que a criação dos Impopulares era o ponto ideal para começar?

— Não foi algo planejado. Quando eu entrei no colégio, a rivalidade entre os garotos que fariam parte do meu grupo e os que fariam parte do grupo de Sasuke já existia. Não faço ideia dos motivos de cada um. Quando nos juntamos, não era para que tivéssemos uma denominação, não era para sermos nada além de um grupo de alunos que queriam tudo o que todos os outros querem: um espaço para se expressar, para conviver com pessoas que têm os mesmos gostos, as mesmas visões sobre as coisas… não planejamos nos tornar uma facção dentro do colégio, disputando poder e seguidores. Eu só… no começo eu só queria ficar longe de Sasuke e tudo o que ele representava.

— Quando você entrou no colégio, nos primeiros meses, você costumava andar com Sasuke Uchiha e Sakura Haruno. Há um boato de que ela foi a causa da rivalidade de vocês…

— Não exatamente. – Gaara se mexeu desconfortável. Falar de Sakura ainda era um ponto complicado para ele. – Sakura foi uma maneira que eu achei para fazer Sasuke entender que não poderíamos ser amigos… Sasuke e Sakura sempre tiveram uma espécie de ligação. Eles se gostavam. Ou se gostam, não sei como eles estão hoje e não importa. Então, um dia, quando eu já estava de saco cheio, eu roubei um beijo dela. Funcionou, Sakura nunca mais falou comigo e Sasuke entendeu o recado.

— Você já conhecia Sasuke Uchiha antes de vir para o colégio? Por que não queria ser amigo dele?

— Conheço o Sasuke a minha vida toda. – Gaara fez uma pausa, respirando fundo. – Nossos pais eram amigos desde a adolescência, estudaram juntos e montaram um negócio. Quando nascemos nossas famílias eram como uma só. Passávamos os natais juntos, as festas de ano novo, estudávamos juntos desde o maternal… Mas algumas coisas aconteceram e desde então as coisas mudaram. Nada mais é como antes.

— O que aconteceu?

— Meu pai, Kenn Sabaku, o pai do Sasuke, Fugaku Uchiha, e um outro cara, Minato, tinham um negócio juntos, uma oficina. Minato era parte da família, ele, meu pai e Fugaku eram como irmãos e todos diziam que eram inseparáveis. Eu poderia acreditar nisso se não tivesse visto eles se voltarem um contra o outro de uma hora para outra. – As lembranças invadiram a mente de Gaara sem que ele pudesse controlar. As festas, os encontros, os passeios no parque, no cinema, as vezes que ele, Sasuke e Naruto aprontavam na escola e a maneira como tudo acabou. Junto com a saudade e o medo que sentia daquelas lembranças, Gaara começou a sentir raiva. Não sabia bem pelo quê, apenas sentia-se raivoso e esse sentimento o impulsionou a continuar falando. Shino não se oporia. – Minato não era mecânico, tudo o que ele sabia sobre carros foram meu pai e Fugaku quem lhe ensinou. Um dia, ele deixou o carro na oficina para que meu pai verificasse as condições, se estava tudo bem. Meu pai aprendeu mecânica com meu avô, ele mexia em carros desde os treze anos. Ele conhecia tudo o que se pode conhecer sobre carros. Ele verificou o carro de Minato e estava tudo bem. O carro estava perfeito. Naquela noite, quando ele saiu, ficou apenas Fugaku na oficina.

— Você não vem? – Kenn perguntou, pegando sua carteira no escritório. – Vem, eu deixo você na sua casa. – Ofereceu, esperando que o ânimo de Fugaku estivesse mais calmo. Eles tinham discutido naquela manhã e o Uchiha tinha dificuldade para se acalmar. Kenn preferiu deixa-lo quieto pelo resto do dia, na esperança de que o silêncio ajudasse o amigo a pensar com mais clareza nas coisas e que isso o fizesse ver que a discussão não era assim tão importante. – Fugaku… - chamou, quando não obteve resposta.

Fugaku estava sentado em um banco de maneira alto, olhando para as próprias mãos, enquanto mexia e remexia numa bobina de motor. Kenn parou na porta do escritório, observando-o atentamente.

— Eu não vou agora. – Fugaku disse de repente, demonstrando que, apesar de sua aparente distância, estava prestando atenção no que Kenn dizia. – Eu preciso terminar aquele carro. – Apontou para um chevett marrom desbotado que visitava com frequência a oficina. Um carro que estava tão desesperadamente pedindo aposentadoria, mas que enfrentava a resistência apaixonada de seu dono. – Saito quer essa lata velha pronta para amanhã à tarde.

— Então deveria começar logo. – Kenn aproximou-se. – Fugaku, esse carro não tem conserto milagroso. Vai consertá-lo agora, e de novo na semana que vem, e Saito vai trazê-lo ainda mais arrebentado na outra semana. Junte um carro velho a um motorista que se não está bêbado, está de ressaca, e terá isso… - Kenn apontou para o carro. – Sinto pena dos filhos dele e de Tsume. Aquela mulher moveria uma montanha pelo marido e os filhos, não merece viver noite após noite perguntando-se se o marido vai voltar.

Fugaku subitamente irritou-se com o comentário do amigo e desceu do banco. Novamente, o motivo não dito da discussão daquela manhã, aliás, de todas as discussões entre eles nos último meses se colocava no caminho. Kenn respirou fundo, sabendo que precisava abrir os olhos de Fugaku para o que ele estava fazendo com sua vida e sua saúde.

— É assim que você vai acabar, se não parar de beber, Fugaku. Vai deixar que seus filhos e sua esposa vivam como Tsume e as crianças Inuzuka? Qualquer dia eles vão acordar sem um pai e…

— Cala essa boca, Sabaku! – Fugaku gritou e jogou a bobina para o fundo da oficina, produzindo um barulho estridente de metal batendo em concreto. – Você não sabe do que está falando, não sabe o que está acontecendo, então não haja como se soubesse, como se tivesse todas as respostas.

— Então me diz o que está acontecendo, – Kenn ofereceu, sem se amedrontar com a fúria de Fugaku. – talvez eu possa ajudar. Mesmo que apenas ouvindo você. Não precisa guardar só para você.

— Você não entende, Kenn. Você não entendeu e nunca vai entender. – Fugaku o encarou. Além da raiva e tristeza, havia um profundo desespero em seus olhos, fruto da falta de esperança e da solidão com a qual Fugaku sempre conviveu.

Quando eram adolescentes, Fugaku costumava causar boa impressão por causa de sua aparência imponente, perigosa, mas elegante como apenas um Uchiha consegue ser. Mostrava-se inteligente e seguro, porém escondia uma alma atormentada e desiludida, que carregava como se fosse uma carga preciosa. Kenn pouco sabia sobre o passado de Fugaku, além de uma ou outra referência a um pai abusivo e uma mãe omissa. Fugaku nunca se abriu sobre aquilo e, quando seu temperamento estava mais ácido e antissocial, Kenn sabia intuitivamente, que lembranças ruins haviam se apoderado de sua mente. Nada poderia distraí-lo nesses momentos, por isso Kenn e Minato apenas esperavam ele se recuperar para mostrar tudo o que a vida poderia oferecer-lhe de bom para o futuro. Venciam pequenas batalhas, na esperança de que a guerra travada no interior de Fugaku se tornasse menos intensa com o passar dos anos.

— Eu te conheço há vinte anos, Fugaku. É uma vida inteira dedicada à nossa amizade. Você diz que eu não entendo, mas nunca me deu parâmetros para começar a descobrir o que se passa na sua mente.

— Vai pra casa, Kenn, fique com sua família. Pode ser que, amanhã, sejam eles que estejam sem um pai. Vai querer passar o máximo de tempo possível com eles.

A frase soou não como uma ameaça, mas como um mau agouro. Pelo menos foi assim que Kenn interpretou no momento em que Fugaku o disse. Naquele momento e naquele contexto, parecia-lhe muito mais que Fugaku falava de si mesmo, mas, com os acontecimentos dos dias que se seguiram, Kenn começou a duvidar. Duvidou de Fugaku e de si mesmo. A única certeza que tinha era que Minato, um de seus melhores amigos, seu irmão, o melhor homem que conhecia estava morto. E a culpa ou era sua, ou de Fugaku.

— Isso foi uma ameaça?

A interrupção de Shino chamou Gaara de volta para a realidade. Por um momento, apenas o encarou, sem realmente vê-lo, imaginando se não teria falado demais.

— Não sei o que foi – disse, recuperando-se – a única coisa que eu sei é que Fugaku estava com problemas e, uma ou duas semanas depois disso, eu e minha família realmente perdemos nosso pai. Ele foi preso e não há nada que comprove sua culpa, embora também não há nada que prove sua inocência.

— Você acha que seu pai é inocente?

— O que eu acho não muda a condição dele. Ele foi preso e quando sair, será sempre um ex presidiário, independente de sua culpa. – A voz de Gaara estava fria, indiferente, mas dava para ver em seu rosto a mágoa. – O que importa nesse caso é que Fugaku, que era amigo do meu pai desde criança, não pensou duas vezes antes de acusa-lo e destruir tudo o que ele tinha.

Na noite em que esteve pela última vez na casa de Naruto, Gaara pretendia contar a parte na história de seus pais que eles não sabiam. Queria que Naruto pelo menos começasse a duvidar que Kenn fosse culpado e que Sasuke descobrisse que seu pai não era tão perfeito quanto pensava. Porém, não conseguiu. Olhar nos olhos de seus amigos, independente do que tivessem se tornado ao longo daqueles cinco anos, provocou uma mudança inesperada em suas convicções. Fraco e covarde. Era isso que tinha sido naquele dia.

Shino apertou um botão no gravador e encarou Gaara.

— Você tem certeza do que está fazendo, Gaara? – perguntou – Tem alguma ideia do que pode acontecer quando essa entrevista for publicada?

— Eu tenho várias ideias do que vai acontecer, Shino. Pensei em cada uma delas. Mesmo assim eu estou aqui. Não tenho medo delas. – Gaara desviou o olhar para o jardim por um momento, deixando que o ambiente o influenciasse. – Só tenho medo de uma coisa e não é das consequências pelo o que eu fiz, mas pelo que deixei de fazer.

Shino balançou a cabeça, compreendendo a situação melhor do que Gaara poderia supor. Religou o aparelho e sem esperar por uma pergunta, Gaara continuou:

— Depois que meu pai foi preso, a vida da minha família mudou muito. Nós mudamos de casa, tentamos nos reerguer em outros lugares, mas acabamos voltando para Konoha, por uma porção de motivos que não cabem aqui. Nossa vida estava miserável. Quando cheguei ao colégio e vi Sasuke, a vida perfeita que ele tinha, tudo certo e no lugar, como se nada tivesse acontecido, eu não consegui aceitar. Eu sei o que isso faz de mim, mas qualquer pessoa que estivesse nessa situação, faria o mesmo, com exceção de… - Gaara parou, por um momento, ia dizer Naruto. Por mais que tudo aquilo se tratasse de exteriorizar seus fantasmas, Gaara não queria envolver Naruto mais que o necessário. Não deu o sobrenome de Minato e não via necessidade de falar em Naruto. O garoto já tinha muitos problemas e, em toda aquela história, ele era a maior vítima, percebia isso agora. – Eu não sei se eu poderia ter feito algo diferente. Talvez eu pudesse ter evitado que meu problema com Sasuke se transformasse em uma disputa sem sentido pelos corredores do colégio. Talvez eu devesse.

— Pode não ser tarde demais. – Shino comentou, mais para si mesmo.

— Essa coisa toda de Populares e Impopulares está para acabar. – Gaara sentenciou, observando atentamente a reação de Shino. – Tornou-se muito maior que eu e Sasuke, e não tenho mais interesse nisso. Nunca tive, mas experimente misturar ódio com vaidade e você perde o controle de si mesmo.

O sorriso de Shino revelava que ele conhecia essa sensação, porém o garoto se recuperou rápido.

— O que você quer dizer com “está para acabar”?

— O que você acha? – Gaara deu de ombros, desinteressado. – Eu estou deixando os Impopulares, antes que Neji Hyuuga passe a perna em mim. – Dava para ver na expressão de Shino o quanto aquela parte o excitava. – Ser o líder dos Impopulares sempre foi a ambição dele, eu sabia disso e por um tempo tentei controlar a situação. Mas eu demorei para perceber que tinha perdido essa batalha quando Neji e Sai me convenceram a expulsar Kiba Inuzuka. O que acabou sendo bom para ele, imagino. Entrou para Os Outros, como vocês se denominam, fez novos amigos, entre eles a prima do Neji Hyuuga. – Gaara soltou um risinho sarcástico. – Essa eu não sei se foi a melhor ideia dele, mas ideias não são o ponto forte de Kiba.

Shino decidiu que a provocação de Gaara era desnecessária e Kiba não precisava disso. Transcreveria apenas até “Neji e Sai me convenceram a expulsar Kiba Inuzuka” e deixaria o resto de fora.

— Você já informou seus companheiros?

— Não. Está na minha lista. – Gaara mais uma vez deu de ombros.

— O que acha que Neji vai fazer na liderança dos Impopulares?

— Acabar com o grupo. – Gaara aproximou-se de Shino. – Tornar as coisas muito piores do que já estão. Isso vai mexer com a ordem atual e tudo vai mudar. Provavelmente, os Populares também vai acabar, porque Sasuke não tem tanta lealdade quanto acredita. Neji tem algo em mente, algo muito maior. Eu não sei o que é, se Neji falou com alguém sobre isso, foi com Sai ou outra pessoa em quem ele confie. Eu estava no caminho dele, não era considerado confiável.

Shino pensou sobre aquilo. Como poderia descobrir o que era até a publicação daquela edição. De repente, não via a hora daquela entrevista acabar.

— Mais alguma coisa? – perguntou, desejando que aquilo fosse tudo.

— Eu não sei, o que mais quer saber? – Gaara apontou para o caderno de Shino.

O garoto olhou para o objeto, perdido entre os pensamentos sobre o que Gaara tinha acabado de dizer e o que ainda haveria para saber. Passou um olhar atento pelas páginas. Sem muitas ideias, perguntou a primeira coisa que veio, algo que já havia perdido a importância:

— E quanto a Kankuro Sabaku e Itachi Uchiha? Pelo que eu entendi, quando eles estudavam, suas famílias ainda eram amigas. Então porque a rivalidade?

Gaara deu de ombros.

— Vaidade. Queriam saber quem era o melhor. Meu pai queria que Kankuro fosse como Itachi, mais dedicado aos estudos. Fugaku queria que Itachi fosse como Kankuro, mais agressivo e... sei lá, masculino. – Sorriu debochando.

— Isso não é mais problema, ao que parece. Eles são amigos agora.

— É o que parece. – Gaara concordou, sem interesse. – Mais alguma coisa?

— Acredito que está tudo certo. – Shino soltou a respiração num sopro aliviado. – Vou escrever o texto e te mandar para que confira se não foi acrescentado algo que você não disse.

— Não precisa.

— Faz parte do protocolo, Gaara. Se for só isso, podemos ir.

— Não é só isso, – Gaara afirmou categórico. – mas quem vai contar o resto da história não serei eu. – Dizendo isso, Gaara se levantou, sendo acompanhado por Shino. – Até amanhã, Aburame.

— Até amanhã.

Com um último olhar resoluto, Gaara deu as costas para Shino e voltou para casa.

Shino demorou-se um pouco mais no jardim da antiga casa de Naruto. O peso das revelações de Gaara seriam sentidos por muito tempo no colégio. Ele percebeu que Naruto não foi citado nenhuma vez e se perguntava se os leitores perceberiam quem era o personagem que estava faltando na história. Um pouco de pesquisa e descobririam quem era Minato... no entanto, depois de todo aquele tempo, ninguém tinha se preocupado em descobrir sozinhos quem eram as famílias Sabaku e Uchiha, as chances de alguém fazer isso agora eram mínimas. Ou estaria enganado?


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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida cuja resposta não envolva a revelação de um spoiler, estou à disposição.
Sei que na data em que esse capítulo será postado, muitos estarão de férias, então aguardarei ansiosamente por comentários, desejando boas férias a todos :D
Beijos e até mais.