Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 29
Depressão (editar)-


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorou, mas não foi por falta de tentativa de escrever um capítulo bom. Ainda não sei se está ótimo, mas não aguentava mais esperar.

Ano passado estive ocupada com o TCC e, para quem interessar, valeu a pena. :D

Espero que não tenham desistido de mim e dos três encrenqueiros...

Vamos a eles.



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Naruto fechou o caderno de álgebra sem sequer copiar os exercícios propostos na lousa. Qualquer matéria aprendida na escola parecia pouco importante, se comparada às coisas que se passavam pela cabeça dele naquele momento e em todos os momentos de sua vida. Naruto gostaria de poder ter uma folga, tirar essas coisas da cabeça, ter tempo de pensar em outras coisas e em pessoas que estivessem vivas, saudáveis e por perto. Contraditoriamente, todas as pessoas que eram importantes para ele eram sua mãe morta, seu pai em coma e seu padrinho Jiraya, que estava há quase dois meses sem dar notícias. E parecia não se importar com que o enteado poderia pensar de sua falta.

Havia um agravante naquela falta de contato. Naruto havia enviado para ele um e-mail pedindo mais informações sobre seu pai e, até aquele momento, nada. Sentia vontade de dar uma surra em Jiraya quando e se ele resolvesse aparecer.

Quando a aula acabou, Naruto foi um dos últimos a sair da sala, ainda quieto e perdido em seus pensamentos. Passou por Hinata sem sequer perceber que ela estava lá e seguiu para seu armário. O corredor estava cheio de alunos andando em diferentes direções. Naruto não desviou de nenhuma delas, sendo alvo de alguns palavrões que pediam para que tivesse mais educação. Naruto não ouvia ou dava importância para nenhuma dessas reclamações. Apenas seguia. Abriu seu armário rapidamente e trocou o livro e o caderno para os de geografia, depois foi para a sala do professor Asuma. Sentou como sempre perto de seus amigos do jornal, mas não falou com eles, mesmo quando Lee insistiu em pedir para ele uma caneta emprestada. Kiba, do lado deles, pegou uma das suas e emprestou para Lee, depois, encarou Naruto, sem dizer nada.

Desde o começo da semana, Kiba e Naruto não estavam se falando. Era como se não tivessem se tornado melhores amigos. Os Outros apenas observavam os dois que, embora não trocassem uma palavra sequer, não deixavam de andar juntos com o grupo, nem de sentar na mesma mesa no intervalo. Por outro lado, sequer se olhavam. Quem mais sentia essa mudança era Hinata, que se sabia culpada por aquela situação. Queria fazer alguma coisa, mas Tenten lhe aconselhara a ficar de fora de briga de garotos. Segundo Tenten, garotos podiam trocar socos em uma hora e na outra sair por aí como se nada tivesse acontecido e ainda mais unidos. Hinata ainda duvidava disso, mas Tenten lhe garantiu que o que os dois precisavam era aliviar a tensão com uma boa troca de socos. O que, claro, não agradou Hinata. Mas, afinal, o que poderia fazer que não piorasse a situação?

No entanto, os sentimentos que ocupavam a mente e o coração de Naruto, agora, eram bem diferentes de seus problemas com o amigo e a garota. Claro que a perspectiva de perder os dois, que faziam seus dias parecerem menos solitários, apenas fazia aquela sensação de vazio piorar. Vivia como se algo estivesse preso em sua garganta, implorando para sair e não tinha nada a ver com algo que tivesse comido. Era dolorido e o deixava cansado, desanimado, deprimido. Estava sempre triste demais, nervoso demais, distraído demais.

Foi no meio da aula de geografia que Naruto se deu conta disso. Aquele sentimento de não ser capaz de fazer nada além de ficar remoendo as mesmas coisas, toda a mágoa e a raiva... O descontrole sobre suas emoções, a falta de vontade de levantar toda manhã, a falta de sono, as dores de cabeça que começavam logo que acordava e só paravam quando estava distraído demais para dar atenção a elas. Tudo aquilo só podia ter uma explicação... Mas, tão difícil quanto senti-la, era admiti-la.

Naruto começou a se sentir incomodado, açoitado, precisava se mexer, livrar-se daquela angústia repentina que o invadia. Respirava mais profundamente agora, sentindo o coração anormalmente rápido, um leve torpor e suas mãos suavam frio. De repente, para espanto dos demais alunos, Naruto simplesmente levantou e saiu da sala, sob o olhar atônito de Asuma. Alguns alunos olharam um para o outro, procurando alguma explicação para o comportamento dele, mas nada pôde ser respondido.

— O que aconteceu? - Asuma foi até a porta e expiou para fora, mas Naruto não estava mais no corredor. Olhou novamente para dentro da sala, especialmente para os amigos de Naruto, que estavam tão surpresos quanto todos os outros. Naruto fizera um barulho repentino ao afastar a cadeira e em seguida estava saindo pela porta. - Alguém sabe o que deu nele? - Como não recebeu resposta, continuou. - Kiba, vá ver o que ele tem.

Sem questionar ou mudar de expressão, Kiba largou a caneta com que copiava as informações que Asuma ditava lá na frente e saiu atrás de Naruto.

O corredor estava vazio. Kiba parou no primeiro banheiro que encontrou e procurou lá dentro, mas Naruto também não estava lá. Seguiu para onde ficava o armário de Naruto, mas ali ele também estava. O armário de Naruto ficava próximo à quadra de basquete e naquele horário não havia aula de educação física ali. Então, Kiba entrou na quadra, encontrando Naruto sentado em um dos bancos da arquibancada, a cabeça encostada no banco de cima, o olhar perdido no teto. Kiba se aproximou devagar, por um lado com medo de ser pego em fora da sala de aula, por outro, incerto sobre se era realmente uma boa ideia falar com ele naquele momento.

— Asuma pediu para que eu procurasse você. - Naruto não respondeu. Kiba se aproximou mais. - O que aconteceu?

A resposta veio em forma de negativa, Naruto balançou a cabeça como se dissesse "não" para algo que Kiba não sabia exatamente o que era. Imaginou que fosse uma forma de mostrar que ele não queria responder àquela pergunta.

— Sabe, não dá para sair no meio de uma aula, do jeito que você saiu e depois dizer que "não foi nada".

— Não importa. - Naruto respondeu baixo. - Estar aqui, estudar, agir de modo aceitável. - Suspirou. - Não importa.

— Por quê?

— Eu... - Naruto fez uma pausa, baixando a cabeça e fitando a parede do outro lado da sala. - Eu não sei o que eu estou fazendo aqui. Sinceramente não sei se devia estar aqui.

— Do que você está falando? - Kiba sentou-se na arquibancada, um banco acima de Naruto. Olhava para ele, enquanto o garoto voltava a fazer "não" com a cabeça.

— Eu devia estar com Jiraya agora. Devia estar com ele, a minha família, longe daqui, longe de todas essas lembranças que ficam... Voltando e me torturando.

Kiba não disse nada, pois não sabia onde Naruto queria chegar. De alguma forma, sentia que não era boa coisa. Alguma besteira sairia daquela mente nem sempre brilhante. Mesmo assim, permaneceu calado.

— Foi ideia minha voltar, ficar perto do meu pai e enfrentar as coisas que deixei para trás. Mas, principalmente, voltei por causa do meu pai. Pensei que ficar longe dele não ajudava e que se eu estivesse sempre lá, talvez fosse melhor. Para que ele pudesse me sentir, sentir que podia voltar, pois alguém estava esperando. Mas depois de tanto tempo, fui eu quem ficou doente, ao invés dele melhorar. A cada dia que passa ele fica pior e a recuperação será mais difícil e menos provável. Quando eu completar dezoito anos, vão me perguntar sobre eutanásia e... Eu não posso matar meu pai, Kiba. Não posso. Não dá.

— Isso não vai ser necessário, Naruto... Eles... Seu pai ainda pode...

Naruto virou a cabeça e olhou por cima do ombro para Kiba. Foi a primeira vez em que o garoto realmente viu o quanto toda aquela situação estava afetando Naruto. Seu olhar não possuía nenhum resquício de vida, nenhuma vontade de levantar daquela arquibancada e seguir com sua vida normalmente. Kiba desceu mais um degrau na arquibancada, a fim de ficar lado a lado com ele e observá-lo melhor. Suas próprias sobrancelhas estavam curvadas, um pouco pela surpresa em ver tamanha fraqueza, um pouco pela percepção de que Naruto falava de uma derrota muito mais profunda do que jamais poderia ter imaginado. Quer dizer, até aquele momento, mesmo sabendo de todo o drama familiar dele, Kuiba continuava agindo como se o maior problema do amigo fosse enfrentar Gaara e Sasuke. Agora, simplesmente percebia que aqueles dois eram apenas uma das muitas pontas soltas com as quais o garoto precisava lidar. Naruto estava entrando em colapso.

Abriu a boca e tomou fôlego para dizer alguma coisa, mas Naruto mudou de assunto, o que o deixou um tanto desconcertado:

— Desculpe. Pelo outro dia, no cinema. Eu e a Hinata. - Naruto falava um pouco mais alto agora. E o encarava, desejando que Kiba se convencesse que estava sendo sincero. - Eu não devia ter permitido que acontecesse...

— Não estou pensando mais nisso, Naruto. - Kiba cortou-o, com a expressão irritada. - Não importa mais. Confesso que nessa manhã e até o momento em que você levantou do nada na sala, eu ainda estava pensando nisso, mas agora... Não importa se gosta da Hinata, se ela gosta de você...

— Eu e a Hinata não... Nós não somos... Eu...

— Eu sei o que eu vi, Naruto. Não sou tão idiota. Eu fiquei puto com você, realmente fiquei. Mas, tudo o que fiz para você no ano passado e o modo como você me ajudou. Quero dizer... Eu achei que ficar ao seu lado naquele dia, na sua casa seria o bastante, mas... - Kiba fez uma pausa. - Eu pensei que o que era realmente importante para você fosse se vingar deles. Mas eu estava errado. - Kiba se sentia um tanto envergonhado por não ter percebido antes. - Escuta, Naruto, eu nunca fui um ótimo amigo. Quando alguém estava com problemas, eu geralmente deixava que resolvesse sozinho, porque não sabia o que fazer ou o que dizer. Mas... No final eu descobri que era descartável e, quando fiquei sozinho, você me ajudou. E de repente sequer parecia que eu tinha te tratado como alguém que não merecesse minha atenção. Você se tornou meu amigo e não posso fazer menos por você.

— Também não sou um bom amigo, Kiba. - Naruto esticou as pernas. - Sou egoísta e não sei esquecer.

— Eu também sou assim. Talvez possamos melhorar isso.

— Kiba...

— O quê?

— Eu beijei a Hinata.

Kiba olhou para Naruto. Não esperava por aquilo e, por alguns instantes, sentiu raiva. Mas não conseguia direcionar aquele sentimento para algo específico. Sabia apenas que não odiava Naruto. E como poderia odiar Hinata que, verdadeiramente nunca lhe dera qualquer esperança.

— Eu não tenho o que desculpar. Eu esperava por isso, embora... Não esteja feliz com isso.

— Eu não devia ter feito aquilo. Foi idiotice. Dei esperança a ela...

— Vai precisar resolver isso...

— Eu não sei se consigo... Não é justo com ela, sabe... Eu não estou com cabeça para namorar e ficar despreocupado...

— Tenho certeza que ela entende isso. A Hinata é diferente.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Depois, Naruto encarou Kiba.

— Quais eram as chances de gostarmos da mesma garota?

— Eu sei lá. Mas deviam ser altas.

— Não quero que isso atrapalhe nossa amizade. Eu tenho alguma experiência nisso. E não quero que você se torne meu inimigo.

— Acho que isso não vai acontecer.

— Tem certeza?

— Eu não quero que aconteça. Você quer?

— Não. Eu preciso de ajuda. Não consigo fazer o que é preciso sozinho. Tem uma coisa que preciso te pedir. Eu pretendia fazer sozinho mais...

— Claro. Qualquer coisa...

Naruto não pôde completar a frase que diria a seguir. Shizune abriu a porta da quadra e encontrou os dois alunos ali. No entanto, apesar de carregar uma expressão nervosa, que geralmente viria seguida de uma bronca daquelas, seu rosto estava sério e, por algum motivo, parecia triste.

— Naruto, a diretora está chamando você na sala dela. Você precisa ir agora. - Aquela voz...

O garoto se levantou. Sentia-se repentinamente fraco e tonto. Kiba levantou junto com ele, indiferente à mudança no rosto do amigo. Naruto passou por Shizune e seguiu para a sala de Tsunade. Kiba olhou para Shizune.

— O que aconteceu?

— Alguma coisa com o pai dele. - Shizune respondeu, penalizada. - Acho que ele vai precisar de você...

Kiba sentiu o sangue sumir de sua face. Sem esperar mais, foi novamente atrás de Naruto.


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Notas finais do capítulo

***Sobre a nova cap, ela representa as mudanças que resolvi fazer na história.- Neji vai entrar em ação.- A relação Gaara - Sasuke será mais focada.- Os romances terão menos destaque, para que eu possa ir direto ao assunto. Para quem ficar triste com isso, só posso dizer que o foco nunca foi o romance.- Preparei mais uma surpresa para aqueles que querem saber mais sobre Minato e os outros pais.- E, Naruto terá mais motivação para procurar os Dez motivos para salvar seu pai...Espero que gostem.Entrem no meu blog: http://soky-tf.blogspot.com